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Ultraviolet!


Moments gone and now wasted
It feels wrong, changes haunt me
Leave me lost, confused, searching
Still you ask me how I feel
I feel lost - that's how I feel
A shattered memory
For me it's more
Than I can seem to handle
It's the pain, my mind
Is writing on the wall

O pequeno guarda-chuva que me resguardava do quieto temporal escorregou de minhas mãos, tendo o mesmo destino do celular. As incontáveis gotinhas de água que se derramavam ininterruptamente sobre mim não foram importantes o bastante para que pudesse sequer demonstrar preocupação, apesar de ter feito o possível para que nada disso viesse a acontecer. O esforço para manter-me seca tornara-se inútil, nada além de um grande desperdício visto meu atual estado. Meu corpo tremeu fracamente devido as imprevisíveis rajadas de vento acompanhadas de estrondosos anúncios de cada trovão que atravessava o céu caótico. Esqueci totalmente do celular estragado que jazia no chão molhado e ter praticamente deixado Alexis falando sozinha. Naquele momento, minha mente concentrou-se exclusivamente no homem debilitado cujo aspecto tratava-se de alguém que enfrentará uma guerra solitária, embora trouxesse a vitória nas mãos seu estado físico era lamentável. As roupas que trajava consistiam; em uma calça verde escura desgastada e rasgada, a camisa negra não estava nas melhores condições já que havia cortes e manchas do que pude identificar sendo sangue, quanto o sobretudo azul além de sujo e severamente retalhado não o protegia como supostamente deveria ser antes de estar em tais terríveis formas, seus cabelos de incomum cor branca eram longos e não lhe permitiam ver adequadamente, ainda me cobrisse somente um lado de seu rosto.

Durante poucos minutos em que processava o ocorrido, me pus em prontidão para caso avaliasse necessário. Um pé atrás do outro, vaguei vacilante para perto dele. Fora rápido para poder assimilar, quando o corpo dele pareceu ceder prontamente intercedi e, meio pega de surpresa, consegui segurá-lo a tempo. No entanto, a diferença entre nossos pesos e altura dificultou minha tentativa de firmá-lo no lugar. Ele mostrou certa relutância para aceitar minha ajuda, mas ainda assim o impedi de afastar-se de mim. No final das contas, eu sentia responsável por Vergil. Juntei todas as estranhas peças desse quebra-cabeça para concluir meio que insanamente, sendo que eu, de alguma maneira, tenha o trazido para cá. Ele me dissera que aquilo não era um sonho e também me lembrei da antiga citação no qual mencionara algo sobre "dimensão das sombras", posso ter perdido o juízo, porém a possibilidade é bem relevante. Segurei-o com firmeza para não escapar e usei toda minha capacidade para levá-lo, se não fosse pelo fato de estar meio lúcido nunca, em hipótese alguma, poderia carregá-lo sozinha.

O tortuoso caminho para chegar a casa transcorreu sem grandes complicações, nem empecilhos. Um real carrasco era a chuva que não dava trégua e aparentemente ganhará força. Com palavras de incentivo por minha parte e obter um ritmo aceitável e contínuo para ambos, a custo trouxe Vergil para o meu quarto e delicadamente depositá-lo na cama. Ele mostrava mais consciente de tudo que o rodeava, apesar dos olhos azuis celeste estarem nebulosos e sem brilho. Meu coração apertou-se, nem ao menos soube explicar o motivo de ficar tão sobrecarregada. Rapidamente tratei de pegar toalhas limpas e água quente, tal como utensílios de primeiros socorros. Afastei a mecha de cabelo bloqueando a visão completa de seu rosto, e o susto fez com que quase tropeçasse, se não fosse meu equilíbrio e a ótima agilidade para atuar e coordenar nesse tipo de situação teria facilmente caído. Levei as mãos à boca, absorvida no choque. Eu já supus que as feições dele, de alguma forma, despertavam um sentimento de familiaridade e sem as cortinas das sombras e fulgor suave, podia ver como, de fato, era. E vendo-o plenamente a certeza que existia dentro de mim se aflorou mais. A primeira contração dolorosa na cabeça me fez reprimir um gemido, e expulsei qualquer pensamento que não tivesse um nível de urgência e gravidade consideráveis. Olhei para a camisa preta, cogitando se devia tirá-la para tratar dos inúmeros ferimentos ali presentes.

Não queria que ele tivesse interpretado uma ideia errada da minha real intenção. Minhas mãos estavam muito tremulas, mal contendo a ansiedade e o nervosismo exagerado, desbotando um a um dos botões. Uma boa e justificativa para tamanho terror é nunca ter tido um contato íntimo com um homem, ainda mais um semiconsciente — até me xinguei mentalmente por tudo, a cena em si, levar a crer que me aproveitaria do pobre homem. Abismada com tantos ferimentos, analisei-os cuidadosamente e embora não fosse grave — a quantidade proeminente ali é deveras assustadora — ainda deixaram uma dose de anseio e medo pelo tipo de coisa que ele deve ter passado nesse tempo. A vontade de chorar me incomodava muito, porém controlei. Molhei um pano e removi os resquícios de sangue seco que tanto lhe trazia uma aparência cadavérica, senti-o muitas vezes se travar a cada toque meu como se o estivesse ferindo ou causando lhe muita dor. Por essa razão sempre dava pausas nesse trabalho, e quando estava prestes a repetir o processo a mão fria dele agarrou rudemente a minha. A pressão exercida me fez acreditar que pudesse quebrá-la, para ele não seria tão difícil.

— Ah, pare... Vergil pare... Está me machucando — pedi, soando mais como se implorasse. — Por favor...

Demorou mais do que gostaria para ele me liberar de tal constrição, minha mão doeu assim que o sangue voltou a circular novamente. Sem dúvida a marca feita por ele permaneceria por um longo período. E com o mínimo que conhecia dele não esperava que se desculpasse por esse ato.

— Você... — hesitei antes de tomar fôlego e coragem para prosseguir. —... Está acordado?

Ele não respondeu, mas olhando para seu rosto calmo e levemente tenso minha pergunta fora respondida.

— Espero que não se importe por tê-lo trazido para cá, além disso, não conseguiria te levar ao hospital para cuidar dos seus ferimentos pela chuva forte.

— Não há necessidade disso, esses ferimentos logo desaparecerão. Então sua preocupação não tem um motivo. — afirmou apático, ele levantou-se depressa sem se importar em abrir mais os machucados.

— Não fique andando por aí como se estivesse bem! — resmunguei, interpondo-me no caminho que ele traçava. — Agindo assim vai acabar se matando!

Vergil colocou a mão em meu ombro, empurrando-me para fora da sua passagem.

— Sei que deve estar tão confuso quanto eu, mas não queira fazer tudo sozinho. Estamos no mesmo barco, então me deixe ajudá-lo! — expliquei segura. Um suspiro profundo e resignado escapou de seus lábios, em seguida, sentou-se na cama aguardando que eu fizesse o que deveria por ele.

— Você não possui nenhum tipo de auto zelo. Sabe que eu posso facilmente matá-la, não é?

— Sei e isso dá para esperar vindo de um desconhecido. Mas fique ciente que sua ideia de "me matar" — fiz aspas com os dedos — não vai interferir na minha vontade de querer te amparar, claro que estarei alerta. Por enquanto jogue fora esse orgulho para que aceite meu auxílio, só isso que te peço Vergil.

O silêncio regeu assim que cuidava dos machucados, até esse momento teria que conter o sangramento e limpar antes que possa ter alguma infecção. Tudo apontava que ele não estava tolerando o fato de não ter nenhuma lembrança, nem noção de que tipo de pessoa era antes e nem o que fizera, também depender de uma desconhecida.

— Não quer tomar um banho antes que faça os curativos?

— Não é algo que eu deva negar visando meu atual estado, preciso me livrar dessa sujeira. — murmurou pensativo. Mostrei onde ficava o banheiro, também pus a disposição toalhas e produtos de higiene. Para meu constrangimento, tive que dar uma mãozinha e estava tão atrapalhada que ele me encarou como se — louca — não entendesse minha estranha e estúpida reação. A espuma misturada na água gradativamente ganhará tons de vermelho.

— Hm, quer que eu corte seu cabelo? — inquiri evitando o fitar fixamente. Vergil tocou o próprio cabelo num sinal mudo de consentimento. Ele claramente demonstrava ser um homem de poucas palavras e os sinais que ele dava, conseguia perfeitamente compreender. Agilmente dei um corte nas longas madeixas claras, ajeitando-as ao gosto do dono e retirei-me do banheiro. E foi então que lembrei não ter nenhuma peça de roupa masculina e a única salvação morava a alguns metros a frente, sem guarda-chuva a missão teria certo grau extra de dificuldade. Corajosamente cruzei a porta e impulsionei meus pés a correrem com o máximo de rapidez admissível, queria tentar amenizar o inevitável — que seria me molhar ainda mais. Saltei para a entrada coberta da casa e apertei a campainha, a espera não durou muito e Olly abriu a porta com uma expressão engraçada.

— Diva! O que faz aqui e ainda nessa chuva mulher?

— Um pequeno sacrifício — forcei uma risada. Formulei uma desculpa aceitável. — Bem, é que meu — pigarreei — namorado passou em casa e foi pego desprevenido pela tempestade e ficou molhado só que não tenho roupa para que ele possa usar já que as dele estão muito encharcada.

Olly estudou meu rosto e o senti esquentar conforme seus olhos se estreitavam.

— Namorado? Finalmente! — ergueu as mãos para o céu como se tivesse presenciado um milagre. — Oh, ela está namorando! A rainha do gelo se apaixonou! — revirei os olhos.

— Dramático! — chiei visivelmente desgostosa. — Vai me emprestar ou ficara de deboche?

— Não se pode nem brincar mais. Entra criatura!

— Obrigada! — sentei no sofá de acento acolchoado, quase me afundando nele enquanto aguardava o regresso de Olly. Apesar das brincadeiras, Olly sempre foi um ótimo amigo — típico amigo gay que toda garota gostaria de ter. Ele voltou carregando roupas demais para meu gosto, pedi algumas e ele trouxe o armário todo e eram coisas do namorado dele.

— Aqui querida, pode levar todas essas. O Robby não vai precisar mesmo. E não se preocupe que são todas realmente masculinas.

— Muito obrigada Olly — Examinei-as cuidadosamente e notei que a maioria das camisas não caberia em Vergil pelo porte musculoso dele. — Um detalhe; boa parte dessas roupas nem daria para ele. O Vergie é bem... Digamos, grande.

— Hm — um sorriso malicioso estampou suas feições. — E além de arranjar um namorado, ele é bem dotado.

Engasguei pasma.

— Você é igualzinho a Lyana, só pensa besteira!

— Eu? Foi você que deu a entender isso — ele riu do meu visível rubor. — A Lya e eu podemos decifrar você, Divinha.

— Eu agradeço pelas roupas mais eu tenho que ir, se não ele pode resfriado por ficar sem roupas secas e...

— E depois não quer que pense besteiras, madre Tereza. — entregou-me a sacola de roupas e um guarda-chuva — Vai com cuidado e nada de sair de casa na chuva sem proteção. Ande logo para aproveitar o calor do seu namorado.

Pensei em retrucar, mas essa atitude só me faria perder tempo. Puramente segui meu trajeto para retornar para casa.

— Vergil, estou de volta! — proclamei entrando no quarto. Conduzia-me sem ímpeto para dentro do cômodo, esquecendo que havia um novo hóspede. Na realidade, a ação em si fora tão habitual e instintiva que nem tive intervalo de tempo para pensar. Por sorte, não invadira justamente numa situação desconfortável para ambos. Era previsível que ele estivesse esperando de toalha sendo que não possuía roupas para lhe fornecer, e para deixar mais afoita é que Vergil não demonstrou estar incomodado de andar por aí usando uma toalha. Entreguei as roupas correspondentes para que não continuasse livremente seminu, até por que não conseguia evitar o encarar — o que seria considerado meio que assédio. Tinha sucesso em disfarçar tal afronta, porém não pude estabelecer um limite correto para meu comportamento. Eu buscava nele, nos gestos dele algo que nem sabia o que é, levando em conta o intenso sentimento de familiaridade e segurança que compartilhava com ele, ainda quis ver um motivo lógico. Em determinado momento, desejei me aproximar mais e descobrir que exatamente me ligava a ele. É muita loucura para discernir, assimilar e pior é pôr em ordem meus pensamentos que me atormentava.

E um movimento simples de mãos, jogou o cabelo para trás evidenciando sua preferência nesse tipo de penteado. O flash inesperado atravessou minha mente, seguido por imagens turvas, cobertas por uma densa névoa escura que cuja fonte de luz tornara-se ocluída. Dentre elas, uma se destacou a ponto de causar uma violenta pulsação nos músculos que revestiam meu cérebro: identifiquei a mim mesma de cabelos curtos e ruivos junto com um homem assombrosamente idêntico a Vergil, e a cena vivenciada além de comprometedora sugeria a algo — explícito — relacionado a lago intimo... Recobrei os sentidos, perplexa demais para fazer nada mais do que olhar uma última vez para Vergil que me confrontava com semblante estoico, virar e sair do quarto como se fugisse de um assassino. Recusei a adentrar o recinto, não sem antes desfazer meu pânico que anunciava nítida e claramente desenhada em meu rosto, quão temerosa presumi estar. E recuperando-me de toda confusão, fingindo o mais tenso sorriso já visto enfaixei seu peito e certas zonas do braço. Vergil ainda mantinha a pose passiva, sem se perturbar pelo fato de agir estranhamente. Meu desempenho não surtiu o efeito que queria, mas também não o instigou o bastante para interrogar-me.

— Quer algo para comer? — indaguei exalando meu ar, dissimuladamente, confiante.

— Não estou com fome — respondeu monótono, logo sendo contrariado pelo ruído de seu estômago. Reprimi uma risada e ele fez um muxoxo nada satisfeito, por ter sido traído.

— Eu trarei algo para você, tente não ficar fazendo esforço. Não vai querer sangrar até morrer, não é?

Vergil semicerrou os olhos, altivo. Minha resposta nada lhe pareceu uma mera e tola alegação, como se fosse ignorante sobre algo que estava muito acima da minha concepção. Decidi não focar nisso, impressão ou não, nada justificaria iniciar uma incessante investigação. Esquentei a sopa que havia feito no dia anterior, não era um banquete, mas não deixaria a desejar. Ousei fazer piada do ocorrido que dava a entender que eu era uma verdadeira dona de casa, coisa que detestava desde que tive meu primeiro contato com uma enorme carga de responsabilidade que vinha no pacote (Optei ser uma mulher independente, sem me prender a costumes antiquados dos nossos antepassados). Não fiquei com Vergil no quarto para dar privacidade, talvez ele preferisse dessa forma. A chuva diminuirá, transformando-se numa leve garoa. Segui para o quarto extra e acomodei-me, se por um lado queria ter distância dele o outro queria garantir a comodidade que sua presença transmitia. Delimitei meu descanso para ler alguns livros de psicologia que obtive recentemente, para mim funcionava como uma ótima fórmula para escapar da preocupação e esquecer, embora os tenha comprado para um maior conhecimento da amnésia pós-traumática. O tempo passou depressa, então por curiosidade — realmente estava curiosa e muito, mais muito inquieta —, fui ao quarto no qual Vergil repousava. A princípio minha coragem se dissipou ao tocar na maçaneta, porém ao escutar alguns barulhos vindos do cômodo, me vi entrando sem cerimônia.

A postura rígida e os músculos contraídos me bastaram para assimilar o que acontecia diante de mim; ele estava tendo pesadelos. Seu corpo molhado de suor e a tensão blindando seu corpo, já serviam de evidências. Sentei na beirada da cama, chacoalhei-o para despertá-lo e nada. Pela expressão dele, sem dúvida tratava-se de um terrível pesadelo. Instintivamente toquei seu rosto pálido com a ponta dos dedos, ainda insegura. Conforme adquiri mais confiança, segurei e tirei algumas mechas que grudavam em sua testa. Minha falha tentativa de trazê-lo a realidade não fora o suficiente, contudo não desisti.

Uma legítima Valentine nunca desiste! (Um grande exemplo é a Jill Valentine, minha personagem favorita).

E em velocidade desumana, prensaram-me contra o colchão. Assustada, observei Vergil invertendo nossas posições e apertou meu pescoço com demasiada força, o ar me faltou imediatamente. Não soube ao certo se fora uma alucinação, mas os olhos azuis dele se tonalizaram no vermelho e no mais sombrio e decrépito negro e ao redor deles, surgiam veias escuras que lhe davam um aspecto doentio. Vi em seus olhos a sombra de um ser temível.

— Me... Sol... Te — quis afastá-lo usando minhas mãos livres, e esse empenho deixou claro a inconfundível diferença no grau de força e que minha desesperada busca pela liberdade é precária e inútil. Experimentei a sensação de desfalecimento e as unhas dele perfurarem a carne do meu pescoço tal como o cheiro pungente e enjoativo de sangue.

Ele cumpria sua palavra em me matar.

Vergil regressou a si, tirando as mãos de mim. Eu lancei-me para fora da cama e desmoronei no chão sentindo tudo rodar, contive o sangramento com uma mão. Respirei atordoada, tateando o pescoço para comprovar o estrago e paralisei, ressabiada, quando deslizava pelo contorno sem encontrar qualquer ferimento. Se não houvesse sangue, juraria que nunca havia tido um corte. Estática, olhei para Vergil que não escondia sua exaltação por perder o controle e também por que sua mão manchada insurgia uma fumaça — semelhante àquelas que apareciam ao injetar ácido em material frágil — denunciando uma queimadura.

Nenhum de nós quebrou o silêncio imposto, imediatamente sai às pressas do quarto. Mais do que tudo ansiava dormir para assim decidir o que queria e restabelecer um pouco de ordem ao caos dos meus pensamentos, uma noite tranquila para aliviar o estresse acumulado.

Não sabia que terreno pisava, mas seja como for, minha vontade ardente de respostas não se extinguira.

***

Naquela manhã, planejei ir ao shopping comprar roupas adequadas para Vergil antes de ir conversar com Alexis, mesmo por que — apesar da vantagem de vê-lo sem camisa, não me julguem — conformidade com certas limitações não consideraria uma atitude saudável e também, ele não fazia o gênero exibicionista, também não ser conveniente se expor assim, mas não chegava a ser incômodo nem quando o admirava igual um idiota. Existiam várias maneiras de olhá-lo sem chamar tanta atenção e manter a dignidade, e como sou uma idiota completa não usava isso a meu favor. Eu nunca agi tão estupidamente, cheguei a questionar se estava ficando louca.

Vergil já estava desperto e bem disposto quando eu levantara, ele tinha preparado café e o aroma impregnava o ambiente. Eu nunca fui fã de café por achá-lo amargo e adquiri uma apreciação peculiar por suco de tomate. E para não fazer desfeita, após depositar o conteúdo na caneca, beberiquei-o — despejei uma quantidade significativa de açúcar. Graças ao que acontecera ontem à noite, a tensão juntamente com a quietude que pairava pelo ar mal troquei meias palavras com Vergil — não que não quisesse —, era por opção dele que dava a entender ter cometido tamanha atrocidade — realmente queria paz. Agora, para mim dependia do presente, se não concluiu a tarefa de me matar, não há razões plausíveis para querer distância. Enquanto ainda não puder obrigar alguém a ceder as minhas vontades e ideologia — embora jamais pensasse em tal —, teria que dar espaço para ele.

Definitivamente não sou esse tipo de garota, simplesmente não consigo me distrair fazendo uma atividade tão supérflua. Uma boa causa existia, contudo ainda preferia encontrar outros métodos mais eficientes para tirar minha mente da lama de apreensão. Comprei algumas peças de acordo com o gosto de Vergil — eu possuía uma habilidade estranha de saber e identificar aspectos muito pessoais daqueles que me cercam —, levando comigo somente o necessário e indispensável.

Olhei por cima dos ombros a multidão de pessoas que transitavam no shopping.

Eu não o sentira até finalmente concentrar na nova presença que seguia meus passos.

— Senhorita Ivy Valentine? — chamou direto, seu tom imponente e autoritário. Ignorei-o sem diminuir a velocidade e ele não se deu por vencido e imitou. — Senhorita Diva!

Cogitei a possibilidade de parar para escutar o que teria a dizer, mas não quis arriscar.

— Eu tenho algo importante que pode lhe interessar.

— Sinto muito, não tenho nada a falar com você. Além disso, há uma regra imposta pelos pais de que nunca se deve conversar com estranhos - principalmente suspeitos que te seguem! Sendo assim não estou afim de assuntos diplomáticos!

— Não encontrei outra forma de chamar sua atenção.

Precisava despistá-lo, urgentemente. Em todo caminho que percorria o homem prosseguiu no encalço, e só um lugar poderia me dar uma falsa sensação de segurança: banheiro feminino. Corri e tranquei a porta impedindo qualquer chance dele entrar e me encurralar. O banheiro estava deserto, sem ninguém para pedir socorro. Observei o cenário para encontrar uma rota de fuga, havia uma minúscula janela e não tive muita certeza que conseguiria passá-la. Para abri-la utilizei a força que vinha nas descargas de adrenalina causada pela perseguição. Atirei primeiro as sacolas — por que paguei muito caro para deixá-las —, em seguida, me disponibilizei a passar pela abertura da janela sem graves obstáculos. Refiz o trajeto por fora a saída, convicta de ter tido êxito nessa empreitada.

— Não podia deixar uma oportunidade em potencial passar. Não vale o risco, não é?

Girei nos calcanhares e titubeante, dei de cara com o mesmo individuo estranho que me seguiu por todo shopping.

— Mas... Como?

— Lhe disse que havia algo muito importante em relação a você, Srta. Valentine.

— O que você quer? — rosnei hostil.

— Talvez devêssemos conversar em outro lugar, afinal é um assunto que não só diz respeito a você como também ao homem que abriga em sua casa.

                                     

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