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Perfect Strangers!


Can you remember?
Remember my name?
As I flow through your life
A thousand oceans I have flown
.
I am the echo of your past
.
I am returning the echo of a point in time
Distant faces shine
.
I know I must remain inside this silent well of sorrow
.
A strand of silver hanging through the sky
Touching more than you see
The voice of ages in your mind
Is aching with the dead of the night
.
And if you hear me talking on the wind
We must remain
Perfect strangers

Criar uma postura inabalável e feroz não tinha sido um plano que gerou o sucesso correspondido, minhas mãos tremulas denunciavam a ansiedade que a custo dominava. David havia me dado instruções claras para dar um fim definitivo nesse homem, portanto era minha obrigação elimina-lo. Estava ciente dessa meta, porém me sujeitar a ferir uma pessoa chegava a ser terrivelmente cruel e abominável. Comparando aquela vez no qual matei diversas criaturas que por pouco não dizimaram as pessoas inocentes, apontar uma arma para um ser humano me deixava receosa. Tinha que ser sincera comigo mesma, um trabalho dessa estirpe servia para alguém de sangue frio e nervos de aço e, eu não possuía nem uma coisa nem outra. Enquanto conservei a atitude intimidante, não pude evitar ficar observando-o e suas evidentes semelhanças a Vergil — isso é que se espera de gêmeos. No entanto, algo nele me chamava tanta atenção que me sentia vagamente vulnerável. Repreendia-me por demonstrar fraquezas diante do adversário, embora ele fosse a cópia exata do seu único aliado. A consequência de um possível encontro de ambos causaria efeitos catastróficos, segundo David.

Os olhos azuis dele que examinavam meu rosto percorreram meu corpo, foi assim que me dei conta de como estava vestida e ruborizei. Um pijama de tecido leve não era adequado para iniciar uma discussão — talvez uma luta —, pois tinha a sensação de estar despida. A audácia provinda daqueles olhos navegantes atribuía uma dose extra de consciência da longa semitransparente camisola, tal qual a maneira que se ajustava em meu corpo conforme a brisa invadia o local. O ligeiro constrangimento influenciou meu empenho e estabilidade, fazendo com que recuasse. A brecha que, consequentemente, mostrei deu ao homem mais uma razão para tentar quebrar a distância existente entre nós. Desastrada e temerosa, engoli em seco e fiz menção de puxar o gatilho. O fino filete de suor escorreu em meu rosto, respirei fundo controlando o medo que lentamente me tomava. Meu coração de tão rápido que batia se pressionava dolorosamente nas costelas.

Atrás do homem a indefinível escuridão desenhava sombras, e em meu interior afirmava que a noite combinava com ele. De algum modo, eu tive a impressão de que um forte sentimento me prendia a ele, mas também resquícios de dor e raiva vinham juntos — entrelaçados. O homem sorriu, seus lábios comprimidos. A expressão dele era de puro orgulho de um feito inigualável, seu comportamento sendo de clara arrogância. Permanecemos um longo tempo em silêncio, e minha mente um flash irrompeu e lembrei-me das palavras de David: Esse homem condenou Vergil aquele lugar horrível e repleto de trevas. Posso concluir se está impedindo David e seu pessoal de destruir os postais de trazerem monstros a esse plano, então ele não é bom. Não posso imaginar um irmão infligindo tanto sofrimento a outro, independente dos conflitos passados envolvendo ambos.

Ele aproximou-se e num ímpeto de coragem, apertei o gatilho e o som ensurdecedor rompeu a quietude. Chocada, vi a minúscula cápsula fumegante presa no peito dele como se não lhe tivesse causado dano. Ele continuou seu trajeto em minha direção, assustada disparei consecutivamente na intenção de para-lo. Em cada tiro, um novo buraco surgia e se fosse um humano normal teria sido abatido facilmente. O suave tilintar das balas caindo no chão encheram meus ouvidos, assim como o tique indicando que a arma descarregou. Tropecei aterrorizada, ainda puxando o gatilho. Larguei a pistola e, desajeitada, apoiei-me na estrutura de madeira velha do corrimão. Os passos dele estavam perigosamente perto demais, eu inclinei-me para trás e senti o estalo juntamente quando a madeira cedeu a forte pressão exercida sobre ele. A ideia fixa de despencar para a morte não me permitiu outra ação além de, inutilmente, agarrar a uma das estacas intactas. Fechei os olhos desejando que a dor fosse breve, pois devido a grande altura a queda prometia não ser deleitável.

— Peguei você, doçura. — o homem proclamou segurando minha mão como se nada pesasse.

— Não! — chiei afoita, mordendo o lábio inferior.

— Não tenha medo e sem imprudências, doçura — ele sorriu. — Não vai querer virar uma manchinha bonita lá embaixo, não é?

— Se acha que me o fato de me salvar vai mudar algo. — busquei no outro espaço do coldre a outra pistola, munindo-me. — Está enganado!

— Nem cogitei isso, mas talvez você pudesse me dar uma chance. — disso em tom sutil deboche. — Além disso, suas condições não são as melhores para negar a oferta.

— Me solte se quiser. — rugi o mais convincente possível, embora estivesse pasma.

— Essa não é bem a resposta que esperava e eu nunca te soltaria. — a sinceridade tangível nas palavras dele, por um segundo, despertou um frio em meu âmago. O homem elevou-me até que pude estabilizar no chão de madeira ouvindo-a ranger devido ao peso. Joguei meu peso para o lado, sacando a pistola.

— Já fizemos isso antes, vamos pular a parte que você tenta me matar. — ele deu de ombros, olhando desinteressado para a arma. — Apesar de ter alguns assuntos pendentes, sempre terei tempo para você. Claro, que era melhor quando você ouvia antes de atirar, mas assim torna as coisas mais divertidas.

— O que você é? — indaguei indignada. — As balas não tiveram efeito e você parece bem, nenhum humano pode fazer isso!

— Quem sabe? — rebateu. — Não estou aqui para discutir "minha existência", doçura. Entretanto estou aberto a explicações detalhadas em privado.

— Pare de me chamar assim! — vociferei. — E pare de agir como se me conhecesse!

— Eu te conheço, Diva. — recuei enquanto ele me acuava contra a parede, colocando um braço de cada lado próximo a meu rosto. — Mais do que imagina, doçura. Você pode não lembrar, mas isso também não importa.

Meu corpo travou e a cabeça rodava. Desvencilhei-me dele, atordoada. O timbre compreensível da voz dele falando comigo, de algum modo, me trazia a sensação de estar inteira e remotamente perto de relembrar, milhares de memórias queriam escapar a força bruta e enorme nitidez plausível. Meu encontro com esse homem julgava ser previsto, em teoria, não sendo nossa primeira vez. Como se estivesse anos o buscando e finalmente o tivesse achado, mas também senti assim com Vergil. Talvez a aparência de ambos me confunda, isso é demasiado exaustivo para minha mente entender.

Ele era exatamente o mesmo, também, a pele clara e perfeita, seus olhos azuis celestes constratando com os cabelos brancos rebeldes. As similaridades acabam por aí, Vergil tem porte e requinte de nobreza quanto a esse homem, tipicamente, relaxado e descolado — principalmente vendo a barba mal feita, ou por fazer.

Eles são água e vinho.

— Pare! Pare! — repeti descontrolada.

— Eu conheço tudo sobre você. — ele girou em meu entorno. — Absolutamente tudo. A maneira que enfrenta o perigo, seu orgulho em ser uma guerreira, sua determinação implacável, o jeito que fica quando eu te chamo, seu doce cheiro, seus cabelos sedosos, — e com um sorriso atrevido, levou uma mecha ao nariz e aspirou fundo, sentindo o perfume. Intuitivamente afastei-me, estava confusa demais para assimilar o ocorrido, abaixei a cabeça. — e mais importante: seus lábios.

Ele levantou delicadamente meu queixo, obrigando-o a encara-lo. Seus olhos azuis vibrantes ainda conectados aos meus, a parte racional gritava para não permitir que esse completo estranho me tocasse intimamente daquela forma à outra, entretanto, estava vencida e rendida. Sei que deveria ouvir a razão, mas tinha algo irresistível puxando para ele e era impossível ignorar. Nossas respirações mesclavam-se e seus lábios roçaram gentilmente nos meus. E, de repente, como uma luz na penumbra, poderoso lampejo quebrou o encanto naquele momento, e aproveitando a proximidade disparei no teto alertando-o que seu jogo de sedução falhara miseravelmente.

— Sem jogos, querido. Não vou cair num golpe tão baixo! — afirmei convicta e fria. Diferente de outrora, mantive a mira sem pestanejar no alvo, pronta para lutar com tudo que tinha.

— Certo, faremos do jeito difícil. Será divertido testar suas habilidades, doçura. Ah, me chame de Dante. — apresentou-se com uma curta reverência. — É um enorme prazer para mim reencontra-la, doçura.

— Dispenso apresentações! — enunciei sarcástica.

— Estamos um pouco selvagens, não é?

Eu deteria o dobro de cuidado ao confronta-lo, se minha dedução for precisa posso ver que esse Dante — já ouvi o nome dele em algum lugar, mas onde? — possuía experiência superior comparado a uma novata igual a mim. E embora, conseguisse notavelmente visualizar aspectos de sua posição defensiva não há certeza que estávamos no mesmo patamar — e sua atitude dava-lhe um ar superior. Contudo, também era provida de determinadas capacidades e as usaria a meu favor. Dante muniu-se de duas armas, uma cor escura e outra clara. De certa maneira, a desvantagem ainda me seguia feito minha sombra — cola a cola. Atirei nele e ele fez o mesmo, porém seu principal objetivo era somente ricochetear minhas balas que explodiam sem sequer toca-lo. Depositei a pistola em um canto, e avancei de mãos limpas. A possibilidade de vitória é mínima, tentar um gesto impulsivo e inesperado pode inverter a tabela, em consequência a minha sorte — ou ao menos tenho esperança. O intervalo de milésimos de segundos efetivos, fora suficiente para  ver o abismo de diferença entre nós, visto que mal pude conciliar o golpe dele que teria me levado ao chão se próprio Dante não tivesse me amparado em seus braços. Parecíamos um casal embalado numa dança que tivera seu final.

— Ainda não está bom, doçura. Isso até me lembra dos velhos tempos, pena que não possamos terminar como antes, não é? — Dante murmurou serpentando mais possessivo minha cintura. Libertei-me de seus braços sentindo uma corrente elétrica atravessando meu sistema nervoso, rechaçando qualquer mero contato entre nós. Girei em meus calcanhares indicando a desistência por minha parte, e por trás da encenação aguardei que ele baixasse a guarda. Via mais contras que prós nessa ideia suicida, mas estava disposta a fazê-lo para que, não simplesmente, o meu serviço de finalizar a interferência de Dante e também para Vergil pudesse ter uma vida tranquila e recuperar aquilo que lhe é de direito. E num movimento ardiloso, arremessei meu peso com toda minha força e velocidade que me era permitido e derrubando nós dois na abertura da torre. Eu tinha conhecimento do que me esperava — depois de escapar na primeira queda a sorte não estaria novamente ao meu lado — e quão desgastante e incrivelmente doloroso ganharia pelo insano e impensável feito. Dante manteve o sorriso sereno e o semblante encantador, quase me esqueci de meu lamentável estado.

Para meu total espanto, não caiamos de acordo com o esperado tampouco alcançamos o solo esverdeado abaixo de nossos pés, havia longos centímetros que os separava. O calor emanando do abraço que me segurava salva era o sinal de que a causa dessa interrupção vinha dele, de Dante. A luz da lua preencheu a visão das grandes asas e a sua aparência modificada, em outra circunstância ousaria assemelha-lo a um anjo, contudo de ser celestial Dante não tinha nada. E, não seria correto afirmar que anjos teriam essa imagem — e nem sequer tive medo, o que seria uma reação normal de um ser humano.

— Me... — balbuciei coisas incoerentes, mas com forte pudor proferi: — Ponha-me no chão! Solte-me!

A risada dele soou rouca, ele se divertia bastante no meu desempenho em afastá-lo e disfarçar meu rubor.

— Tem certeza, doçura? É uma longa distância até lá.

Estremeci a possibilidade, e para meu desgosto que não era a única razão de tremer. A brisa gélida da noite castigava minha pele, ainda que minha posição dissesse o contrário, pois a malícia nos olhos de Dante envolveu-me numa onda quente de percepções. E ele queria continuar assim, vivenciando o momento comigo. Aparentemente ele apreciava minha presença, após alguns incontáveis minutos, tornou-se mais evidente minha constatação. Por mais bonita e singela que a ocasião nos proporcionava — e sentia-me vagamente embriagada —, não conseguia tirar da cabeça que ele era meu adversário e que para mim esse sentimento é proibido definitivamente. No entanto, algo dentro de mim não o via sendo uma pessoa ruim.

Como posso nutrir sentimentos por um homem que mal conheço?

A desordem povoou meus pensamentos, devastando tudo que seguramente acreditava. Diante dessa fraqueza, no tumulto sensorial, nos apelos de minha mente para não cruzar os limites e um impulso querendo bravamente sair da prisão no qual se enclausurou as dores foram cruéis. Quase como sentir o cérebro ser esmagado violentamente, cortado em mil pedaços, ter inúmeras preso enterrados nele e deturpado e tantas formas de dores eram insuportáveis. Dante pousou e praticamente pulei para longe dele, cambaleante.

— Não! Para trás! Não se aproxime! — pedi, uma das mãos apoiada na cabeça que latejava vertiginosamente. — Por que faz isso? O que quer de mim?

— Estou apenas refrescando sua memória, doçura. Esse mundo de sonhos você terá que despertar, então faço minha parte para acelerar o processo. E eu te devo isso, não é? — o sorriso dele fora substituído pela seriedade que, sinceramente, não combinava com ele. — Nós dois temos assuntos mal resolvidos.

Dante estendeu a mão na minha direção, olhando-me ternamente. Apertei o pequeno pingente que continha o anel. Ao perceber minha ação, Dante sorriu orgulhoso.

— Você ainda conserva isso como um tesouro. É típico seu fazer isso mesmo. — semicerrei os olhos, confusa. — Volte para mim... Vamos voltar juntos, resolveremos esse problema e daremos uma lição nos responsáveis nessa bagunça. Como nos velhos tempos.

O comportamento e as palavras davam a entender nas entrelinhas que pertenci a ele, que tivemos algo. E aquele turbilhão fora o que transbordou, minha cabeça doía severamente e, naquele momento, a opção mais agradável foi ceder ao choque da dor e sucumbir a escuridão.

O ofuscante brilho do sol roçou impetuoso em meu rosto, o leve ardor me trouxe a consciência. Usei minha mão para protege-me dos raios de luz que ainda conseguia penetrar minha barreira improvisada, algo que me frustrava profundamente. Sem alternativa, abri lentamente os olhos, piscando-os contínuas vezes para acostuma-los a forte luminosidade sem deixá-lo irritados ou sensíveis. O céu límpido se formou em meu campo de visão, sons de animais silvestres foram rapidamente captados pelos meus ouvidos e a doce fragrância de flores me embalou num lindo e calmo devaneio. Pisquei ao escutar risadas próximas a mim e vi dois meninos me encarando: o do lado esquerdo era loiro com olhos curiosos em tom de esmeraldas, quanto o do direito possuía cabelos negros como a noite e olhos cor de safiras — quase lápis-lazúli. Ambos sorriam cheios de pureza e amabilidade.

— Você caiu no sono, irmã. — o loiro disse depositando uma flor próxima a meu rosto.

— É, espero que após esse descanso tenha energia para brincar conosco. — completou o moreno.

Um rompante brusco estilhaçou o sonho, me obrigando a regressar a realidade. Senti alguém gentilmente me segurar e erguer o bastante para ficar numa posição menos desconfortável, tal como o protesto de meus membros debilitados ao fazê-lo, o dedo frio dedilhava os contornos do meu rosto a procura de ferimentos e checava se realmente estava bem e sã. Vendo um pouco de positividade, tirando o fato de estar esgotada e meus músculos paralisados como se estivesse correndo sem parar e não ter feito o aquecimento, estava me sentindo bem, se pudesse dormir mais ficaria ótima. Olhei ao redor e reconheci o topo torre, Vergil recostou-me perto a ele tendo o cuidado de não me machucar.

— Estive procurando você a manhã toda. — explicou reprovador. — David me informou que havia te instruído a uma missão e que depois não soube nada do ocorrido. O que houve?

Toquei minha testa dolorida, procurando em minha reserva meio intacta de lembranças os último momentos que registrei. No entanto, somente surgiu uma parede branca bloqueando meus avanços e implicando o que, de fato, já suspeitei. Minha amnésia ataca novamente.

— Eu não sei... Não consigo lembrar muito... — gesticulei aflita por me expor a tais situações. Notei que em uma das mãos segurava uma rosa. — Minha cabeça dói. Aliás, meu corpo dói como se tivesse sido atropelada por um caminhão.

— Tente relaxar, a dor passará logo. — Vergil me tirou do chão com uma facilidade impressionante.

— Ah, Vergil... Alguém pode ver... E interpretar errado.

— Dificilmente, nesse horário as pessoas normais dormem... Em seus quartos. — anuiu, a indireta alcançou sem empecilho o alvo, isto é, eu. Minhas maçãs do rosto queimaram. — E não há nada que possam repreender em uma atitude protetora de um professor e sua aluna

— A aluna em questão está de camisola. — retruquei me sentindo mais desconfortável quanto possível. — E estamos em um lugar isolado.

— Esses detalhes são irrelevantes. E se está preocupada com o que pensarão disso, lamento, mas não posso fazer nada. Considere um castigo, deveria ter pedido minha ajuda, não me admira estar nesse estado.

Revirei os olhos.

— Isso é um ultraje, Vergil! — resmunguei contendo a vontade de rir. — E também, não preciso ficar pedindo sua ajuda para tudo. Sei me cuidar.

— Estou vendo, fez um excelente trabalho. — retorquiu rígido.

— Você é um chato orgulhoso que pensa que o mundo gira ao seu redor, Sr. Vergil. Eu sei muito bem me cuidar, fique o senhor sabendo.

— Se essa for sua melhor cota de insultos, creio que se equipara a suas desculpas de fracasso. Igualmente ridículas.

Dei um perceptível riso.

— Prometo melhorar tanto nas desculpas como nos insultos. Agora pulamos a parte que você me repreende e iremos direto ao "Bom Dia, Diva". Coisas que pessoas normais dizem após acordar, sabe?

— Você, com toda certeza, não classificaria como normal.

— E você tampouco! — ri, deleitando-me com a circunstância.

Vergil ignorou meu último comentário, e auxiliou-me durante meu caminho para meu quarto.

— Obrigada por se preocupar e me ajudar, Vergil. Nem sei como agradecer. — murmurei afável.

— Não é necessário, mas se teremos que trabalhar juntos é preferível que confie em mim. — o brilho nos olhos dele adquiriu solidez, geralmente isso significaria que ele ficou intransigente.  — Então não saia por aí sem me consultar, tente não agir com imprudência, pois seria um erro fatal. E, além disso, eu tenho uma dívida com você e até pagá-la é minha obrigação mantê-la a salvo.

Entrei no quarto, consternada. Fiz minha higiene matinal, mudei de roupa e guardei o que deveria. A delicada rosa pus dentro de um copo cheio de água. No pequeno relógio em cima da escrivaninha indicava poucos minutos para cinco da manhã. Deitei na cama, aproveitaria o pouco tempo que restava para descansar adequadamente. Em determinado momento, ouvi alguém me chamando e a medida que retornava a realidade elas tornaram-se mais claras e altas.

— Levanta, Alex! — Cassie me chacoalhou com sua típica animação. — Hoje é um novo dia que promete ser um dos melhores. Então levante seu corpo preguiçoso daí!

Contragosto, sai da cama. Arrumei meu cabelo e desamassei meu uniforme. Nunca me acostumaria a roupas tão sem graça, e só o vestia em conformidade com o código de vestimenta desse colégio — que é um dos mais rígidos.

Cassie admirou a rosa sonhadora.

— É sua? — perguntou, em seguida suspirando como uma apaixonada.

— Sim.

— Sabe o que dizem sobre as rosas vermelhas? — ela voltou a atenção para mim e neguei com a cabeça. — A cor vermelha por si só representa fogo, elegância, paixão, perigo, energia e excitação. E, claro, virilidade e masculinidade. — Cassie sorriu ao meu súbito constrangimento. — Considerada uma cor quente. Tem um simbolismo mais abrangente do combate e conquista; cor de aproximação e encontro. Contudo a rosa vermelha sendo a mais popular no quesito flores de presentes, normalmente é ligada ao amor, seja ele espiritual ou carnal. A pessoa que lhe presenteou deve te amar muito e ser um homem bem sexy.

Pigarreei, descontente.

— Isso é tão romântico! — afirmou dando uma pirueta. — Queria ter essa sorte!

Cassie tinha uma visão extremamente romântica do mundo, ainda que em certos momentos mostre sabedoria assustadora e malícia.

— Acho que é melhor irmos logo, não queremos nos atrasar na primeira aula. E ela é com o professor Dimitri. — disse como uma descarga de ânimo em Cassie que, prontamente, me puxou para fora.

— Será que terei a chance de fazer o lindo professor Dimitri se apaixonar por mim? Oh, ele é tão encantador!

— E frio feito um cubo de gelo — adicionei rindo.

Iniciado o horário usual das aulas, os corredores encheram-se de vida. Pessoas apressadas seguiam seu próprio caminho, vez ou outra tropeçavam em mim. As dores de cabeça não eram mais um grande problema, mas elas ainda estavam presentes em leves pontadas. Conforme andávamos para nossa sala, os estrondos foram duplicando-se e sobrepondo-se a outros ensurdecedores ruídos. Desorientada ao experimentar tantas novas sensações inesperadamente, e, com um aperto no peito e o bolo sufocando a garganta, percebi que as vozes altas demais não vinham dos lábios e cordas vocais daquelas pessoas, mas de suas mentes.

Devo ter adquirido algum poder telepático, não existia nenhuma explicação plausível além dessa. Embora David não tenha sido muito claro, ele mencionou que eu possuía habilidades que seriam essenciais na missão. Eu nunca imaginaria que fossem se manifestar justo naquele momento, onde não teria como fugir. Tantas mentes, tanto para assimilar. A exaustiva pressão de tantos padrões de pensamentos, as vozes mentais fechando o cerco a ponto de sentir presa, sobretudo a tontura que as acompanhavam.

Dentre todas que ali estavam, uma se destacava. Seus pensamentos melancólicos me atordoaram, e ao mesmo tempo, serviam para criar uma ponte. Tentei concentrar o máximo nela para esquecer as vozes ao meu redor e retomar o controle de mim, devido a esse estranho poder não sentia sendo eu. Um toque no meu ombro fez os barulhos cessarem totalmente, o que foi alívio. Vergil lançou um olhar interrogativo para mim, esperando uma resposta. Eu apenas entrei na sala em apelo mudo de falar sobre a questão depois, acomodei-me na cadeira. A primeira aula seria de Vergil, ele designou uma tarefa em grupo e Cassie me obrigou a ficar com ela, só que eu também tinha meus próprios objetivos em mente. Cassie não se opôs, o que elevou e muito o apreço que nutria por minha colega de quarto e recém-formada amiga. Espreitei-me para o fundo da sala, de encontro à mesa de Sofia. Ela ruborizou ao ver o que pretendia, então tentou ignorar minha presença e fingiu ler um livro — que estava ao contrário.

— Olá, espero que não se importe de te incluir no meu grupo.

— Ah, eu... Bem, não. Tudo bem.

— Eu sou Alexandra, você é Sofia, correto?

Ela assentiu.

— Espero que possamos ser amigas, Sofia. — o rosto de Sofia adquiriu tons intensos de vermelho, ela encolheu-se.

— Esse trabalho será incrível! — Cassie se jogou entusiasmada entre nós. Rodeando seus braços em nosso pescoço e puxando-nos para perto. — Podemos aproveitar ter uma noite de garotas e posso contar histórias assustadoras — emendou com a voz grossa — e uma lenda do símbolo mais importante do colégio: o halo do sol.

— Lenda? — inquiri curiosa.

— Como uma novata, logicamente, você nunca saberia sobre o assunto. Mas não posso contar ainda. Então, o que acha?

De tudo de estranho que ocorreu em um dia, essa pode ser a oportunidade de saber mais sobre a Chave — embora não fosse através de histórias verídicas. Enquanto não tivermos uma única pista, o disfarce seria necessário. Qualquer mera informação é indispensável.

— Claro, será divertido.

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