Dark Winter!
Embalada por uma suave e reconfortante sensação de paz, sonhei que estava sozinha em uma passagem subterrânea nos quais sons repetitivos de gotas de água caindo ecoava pelo ar. Minha mente enviava alertas para correr, embora não soubesse a razão. Enquanto andava, senti algo crescer atrás de mim, enchendo o espaço com uma sede incontrolável de sangue. Ela ergueu-se, quase como se estivesse prestes a me atacar, uma força atroz que se sobreporá a mim. Tomada pelo terror, disparei em uma corrida desesperada. A passagem, no entanto, não tinha fim. Ou era essa a impressão que causava já que, não importava o quando me movesse, não saia do lugar. E, de repente, não havia mais passagem. O cenário claustrofóbico fora substituído pela escassa vegetação do que, aparentemente, julgaria ser uma floresta. Os sons das minhas botas no terreno lamacento e os batimentos frenéticos do meu coração pulsavam em meus ouvidos, junto à agitação perigosa que sabia que permanecera no meu encalço. Novamente, o cerco fechou-se e não tinha escapatória: ele me pegaria. Era a presa dele, meu rosto estaria na memória da terrível criatura. Paulatinamente, a sombra elevou-se, ansiosa, deleitando-se com meu medo. E então, prestes a me dilacerar...
Um grito rouco e sem fôlego escapou pelos meus lábios entreabertos, algo que soou mais como um gemido temeroso. O pesadelo fresco em minha mente enrijecera todos os músculos do meu corpo, travando-o. Liberando o ar imobilizado em meus pulmões, tentei afugentar os maus presságios. De olhos fechados, tateei o outro lado da enorme cama e não encontrei nada além do vazio frio, um claro indício de que Vergil não chegara. Apertei firmemente o tecido dos lençóis, querendo apagar a frustração de ser desperta por um pesadelo. Pressionei o rosto na maciez do travesseiro, respirando profundamente. O simples exercício ajudou a limpar minha mente e amenizar a pressão que exercia sob todo meu corpo. Abri os olhos, piscando-os para acostumá-los a pouca iluminação presente no quarto. À princípio, demorei um pouco para identificar o local em que estava. O raciocínio lento dificultou uma melhor e rápida avaliação.
Desorientada, procurei o relógio mais próximo, vendo quanto tempo se passara desde a saída de Vergil. Para minha surpresa, não era nem onze da noite. Chutei os lençóis e o frio prontamente me recebeu, fazendo minha pele arrepiar-se. Levantei-me e segui para o banheiro, com o objetivo de tomar um quente banho relaxante. Preparei o que precisava e entreguei-me aquela prazerosa experiência, finalmente e verdadeiramente descansada. A água quente proporcionou um efeito calmante instantâneo. Sai do banho totalmente revigorada, quase como se o pesadelo de antes nunca tivesse acontecido.
De toalha, vasculhei a mochila em busca de uma roupa confortável. Ao menos que me aqueça bastante diante do frio que adentrava o luxuoso cômodo. Entretida na tarefa, senti um calafrio percorrer minha espinha e um ruído que irrompeu a quietude chamou minha atenção.
Fiquei tentada, muito tentada a procurar a origem do barulho.
— Nada mais emocionante que ir explorar uma casa praticamente nua — chiei, meditativa. Absorvida na questão de ficar ou verificar o que quer que tenha causado a perturbação no ambiente, resfoleguei. Escolhi a parte da minha mente que a curiosidade ocupava — que nem sempre era uma boa conselheira —, mesmo trajando somente uma toalha arrastei-me pelo escuro corredor.
— Que não seja nada de mais... Como monstros... — suspirei profundamente — Pelos céus! Sou uma adulta, tenho que agir de acordo com a minha idade.
O estalido pesado no assoalho vindo de um ponto desconhecido, petrificou meu corpo. Desajeitadamente, recuei alguns passos, imaginando o que surgiria nas sombras. Prendendo a respiração, vi a silhueta sem forma definida tomar aparência humana, do que seria um homem. Segurei firme na borda da toalha para impedir que ela se soltasse, então ainda com o olhar fixo na interminável escuridão e no que escondia nela, acelerei até finalmente estar correndo.
O toque em meu ombro descarregando o terror em meu sistema nervoso mesclado a adrenalina impulsionou-me a, instintivamente, arremeter um soco contra meu carrasco. Devido a minha habilidade intuitiva para converter energia em força, em geral, meus socos possuíam mais poder de destruição — David explicou certa vez um pouco sobre esses poderes, ainda que não possa usá-los indiscriminadamente graças ao selo. Contudo, para meu espanto, não só pararam meu golpe como nada aconteceu.
Ao menos o que esperava.
— Precisaria mais que isso para me derrubar — Vergil sussurrou indiferente, afrouxando o aperto em minha mão e abaixando-a.
— Vergil! — arfei, o coração aos pulos. — Você me assustou!
Sem dizer mais nada, Vergil guiou-me de volta para o quarto.
— E o mistério? — indaguei, vendo-o fechar a porta com baque mudo.
— Investiguei as imediações, e há inúmeras passagens para as minas. Algumas bem escondidas em meio à vegetação e a neve, porém não são confiáveis.
— Quando diz que não são confiáveis... — instiguei-o a continuar.
— Pode ter desmoronamentos, precisamente. Se formos pelas minas temos que estar cientes dos riscos. — explicou, sério. — Sem saber em que parte exata da mina está a Chave, um desmoronamento significaria que a perderíamos.
— Entendo. Isso não é conveniente. — cruzei os braços, refletindo sobre as palavras de Vergil. — Temos que procurar o quanto antes, não é?
— De fato. — a expressão de Vergil endurece, seus olhos azuis se estreitam e, por alguns segundos, sua respiração fica profunda e pesada. — Já que está restabelecida, temos que ir. E se vista.
Pisquei desnorteada, lembrando-me da falta de trajes e um guincho escapou pelos meus lábios. Sem dizer nada, recolhi minhas roupas e tranquei-me no banheiro. Usei mais tempo que o necessário para recuperar a compostura, porém, já devidamente vestida partimos.
A determinação que me trouxera ali, dissipou-se diante da provação ocasionada pela nevasca branda que nos recebeu. Flocos de neve rodopiavam continuamente, enquanto eram varridos pelo vento para longe. Estava mais frio comparado ao momento em que chegamos, obviamente devido a mudança no clima. Por viver em um país no qual só veria neve em shoppings — no natal e perto de onde o velho Noel estaria —, me habituei a temperaturas de inverno amenas e calor escaldante. O frio rigoroso não era algo que me prestaria a suportar, além de me causar uma série de problemas de locomoção. Teria mais sorte em andar se não fosse a camada escorregadia de neve espalhada pelo percurso, elas faziam parecer que não possuía coordenação motora para sequer manter-me de pé. Precisei de muito autocontrole para não dar meia volta e retornar para o chalé.
Afundando um pouco na fofa camada branca que cobria um caminho ladeado por pinheiros, encontramos uma entrada bloqueada por madeiras e uma placa com dizeres "PERIGO". Isso é o mais lógico que fariam, visto que toda a estrutura poderia desmoronar, não deixarem o acesso livre. Vergil ignorou o alerta, e quebrou algumas tábuas, liberando assim uma minúscula cavidade para atravessarmos. Liguei a lanterna, prendendo-o no bolso do casaco. Com curiosidade, olhei para todo local até onde se atinha a luz proveniente da lanterna. Basicamente estávamos cercados por uma massiva quantidade de pedras, uma parte da neve conseguiu penetrar a barreira e se alojou por ali, instalações feitas de madeira corroída também ocupavam as paredes e carris de aspecto enferrujado indo em linha reta até o completo breu. A cratera escura no qual o trilho terminava era muito maior que calculei a primeira vista. Saltar não era uma opção válida, correndo o risco de que a terra ceda pelo impacto. Procurei ansiosamente por algo que seria útil, nada parecia maleável para utilizar no caso. Cogitei a possibilidade de pegar uma das tábuas ainda intactas na abertura, elas criariam uma forma de passarmos se fôssemos cuidadosos. Antes que me tivesse a chance de pôr em prática meu plano, Vergil o fizera. Às vezes até tinha a impressão que nossos pensamentos estavam sintonizados. Ou que ele lesse minha mente, algo que não duvidaria.
O fino e, aparentemente, desgastado suporte de madeira fora posto entre uma parte do trilho e a outra, assim cautelosamente conseguimos seguir em frente. Havia cercas com intervalos que se fixavam em barras de aço, grades e madeiras estavam pregadas em determinados pontos, alguns com fita amarela indicando que a partir daquele ponto o perigoso era mais iminente. Os trilhos ainda se faziam presentes por todo trajeto — faltando poucos e os que permaneciam jaziam tortos —, bastante velho e retorcido. Carrinhos de metal estavam tombados em cantos diversos e placas de ferro fixadas próximas delas. O cheiro de ferro e bolor preenchia o ar, tal como o aroma de terra úmida.
O sentimento de claustrofobia sufocou-me.
Aprofundamo-nos na mina, sem ter certeza de que traria resultados positivos na busca. Atordoada com a pressão, balancei a cabeça para apagar qualquer pensamento ruim.
— Hm — Vergil parou, examinando uma parede feita de grades presas e pedaços mal posicionados de madeira. Seus olhos voltaram-se para mim e novamente para uma quase insignificante passagem na parte superior do lado direito. — Acha que consegue passar?
— Sério? — sorri meio sem jeito.
— É. Sério. — respondeu sem emoção.
— Eu sou magra, mas não tanto. — bati de leve no meu quadril, em tom de brincadeira.
— Por isso mesmo, o espaço é compatível com seu porte físico.
— Nossa! Obrigada, fico realmente feliz que confie tanto no meu físico — brinquei. — Vou tentar, só não garanto que dê certo.
Vergil se colocou em posição e sinalizou para que subisse, prontamente o atendi. Pisei firme em suas mãos e ele impulsionou-me o suficiente para alcançar o espaço. Agarrei a lateral, lançando-me para dentro com certa dificuldade. Tive que fazer um pouco mais de esforço para, finalmente, chegar ao outro lado. Saltei desajeitadamente e com a lanterna iluminei o caminho para identificar onde cairá.
— Vergil? — chamei.
— Achou alguma coisa? — inquiriu, sua voz baixa.
— Parece outra passagem, mais estreita que as anteriores.
— Siga em frente, arranjarei uma forma de te encontrar. — instruiu solene. — Seja cuidadosa.
— Certo! Tome cuidado também! — renovando minhas forças, conduzi-me para dentro da passagem com passos apressados e espremida entre as extremidades. Nada mais confortável para sua sanidade que esgueirar por um túnel circundado por paredões rochosos gelados e apertados. A luz laranja e oscilante que surgiu no fim dele me motivou a prosseguir, embora tivesse consciência que seria um indício de não estar sozinha. Desliguei a lanterna, garantindo que não denunciasse meu atual esconderijo. Antes de arriscar me expor completamente, verifiquei se não teria alguma presença, espiando camuflada em meio as rochas, sem avistar nada e ninguém.
— Abandonado... — murmurei, aliviada. — Hora da aventura!
Mergulhar na zona de escavação da mina, até o momento, tinha sido dado frutos. Esperava apenas não precisar ir mais a fundo, a simples menção de estar dentro de um local que poderia desabar sobre minha cabeça não soava nem um pouco agradável. Senti um leve tremor que despejou uma pequena quantidade de terra em mim, no qual tive que chacoalhar para limpar-me da camada de sujeira. Enquanto pensava na minha condição e no que possivelmente enfrentaria — fora minha imaginação —, constatei que não peguei minhas armas. E o único objeto de defesa que trouxera foi um canivete, mas era por costume que para usar realmente. Sabia que se tivesse sorte, escaparia dali sem arranhões ou entrar em combates. Lembrando que grande parte das buscas pelas Chaves envolviam situações estressantes e ameaçadoras, rezei para que dessa vez o universo estivesse do meu lado.
Explorei o cenário obscuro e suspeito com devida atenção, vasculhando cada mínimo detalhe. O som dos meus pés esmagando a terra ecoou pelo interior da mina, como um lembrete que contava somente comigo mesma. Em meio a pedras e um lampião quebrado, achei um caderno bastante danificado.
— O que escondiam os mineiros... — com delicadeza, peguei o caderno e li o que dava já que grande parte do que estivera escrito apagou-se. — "Havia uma relíquia na montanha... Inestimável...”.
Relíquia? Seria a Chave?
— "Ganharíamos muito dinheiro para achá-la... Mas sabemos que a montanha pode cair sobre nós e também os segredos que ela guarda”.
Eles sabiam, mas continuaram procurando... Pergunto-me se a Chave carrega tanta importância como parece.
— "Eles viram... Estão por toda montanha... Pessoas mortas, aquelas que se aventuram mais a fundo morrem... Não nos deixam mais sair... Tenho medo..." — engoli em seco, receosa. — "São guardiões, eles protegem a relíquia desde muito tempo... Nossos ancestrais mencionaram isso... Posso ouvi-los chegando... Não são humanos... A morte está vindo!"
Virei a página, em um misto de pavor e curiosidade.
— "Não vamos sobreviver muito tempo... Não ouço mais meus companheiros... Estou certo que todos morreram, apenas eu continuo vivo... Até quando? Eles vão me achar... Nunca vá além daqui... Oh, deus... Tenha piedade da minha alma..."
Meu estômago revirou-se violentamente. O coração palpitava fortemente no peito e o frio congelou todos os meus músculos, deixando-me momentaneamente entorpecida em puro temor. Segundo o que diz o registro de um dos mineradores, alguma coisa reside nessas montanhas. De repente, fui atingida pela temível certeza de que para ter mais chance de encontrar a Chave, gostando ou não, teria que me aproximar de onde possa ter contato com os guardiões que a protegiam.
— Isso não é bom! — resmunguei, adentrando outra passagem.
Tropecei em uma pedra solta e, para variar, rolei para outro caminho de trilhos e piso reforçado de madeira, claramente não muito resistente. Contrariada e dolorida, levantei-me e observei a nova localidade descoberta graças a minha capacidade de equilíbrio invejável. Deveria ter uma continuação dos trilhos para o outro lado — fora a passarela de madeira —, ou uma maneira de chegar lá. Dois caminhos possíveis: dar a volta ou tentar me equilibrar nas armações nada seguras que substituíram os trilhos.
— Não sou a Lara Croft e não tenho vida extra — exclamei, pensativa. Nem pude calcular direito o que aconteceu quando me choquei contra chão, espalhando mais terra sobre mim. Minha visão ficou turva por um segundo enquanto minha mente processava o ocorrido. Mexi os pés e percebi algo enroscado nele, pelo ângulo que estava vi o que julguei ser uma corda. Ergui-me e usando as unhas, resolvi desfia-la.
— Está sendo um bom dia para cair — ri da minha boba observação.
O eco da minha suave risada se propagando no ambiente me fez encarar o verdadeiro sentido de ficar sozinha. A terrível solidão. E todas as sensações ruins, as que inconscientemente reprimi, vieram em rota de colisão. O medo, a ansiedade correndo pelo meu corpo, embriagando a razão. Tudo que minha mente projetava era que coisas escondiam-se na escuridão prontas para dar o bote. Minha respiração travou em meus pulmões e, devagar, virei o rosto na direção no qual meus instintos gritavam para não olhar. Queria evitar o máximo exprimir ruídos indesejáveis e atrair o que não devia. O ar tornou-se abafado, tenso e fúnebre.
Engasguei, a onda de pânico jorrou feito ácido pelas minhas veias. A criatura esguia de pele escura disposta diante de mim, fitou-me. Os olhos opacos e leitosos pareciam me estudar com precisão, ainda que não oferecessem uma prova real de estarem me enxergando. Ele emitiu um estridente grito, cortando o silêncio. Arrastei-me para fora de seu alcance, mesmo estando perto do improvisado piso de madeira velho que rangeu audivelmente com o peso extra, o som provocou uma reação estranha na criatura.
Estava encurralada: atrás de mim um frágil pavimento que a qualquer instante cederia e na minha frente um dos guardiões da Chave. Ouvi o estalo vindo abaixo de mim, não duraria muito a estabilidade e ainda mais com rachaduras abrindo-se nele, isso somado ao peso da coisa que também se aproximava furtivamente. Preparando psicologicamente para a queda que prometia ser terrível, fechei os olhos. Concentrei-me nos sons e senti a estrutura desfazendo-se, imediatamente a gravidade puxou meu corpo. No entanto, a dor do impacto não veio. Apenas um impulso inexplicável que me jogou e içou-me, ao mesmo tempo.
Abri os olhos, agradecida por não ter conseguido tirar a corda anexada ao meu tornozelo, sendo salva da morte. A lanterna colidiu junto da coisa a poucos metros de onde pendia, a luz fraca o distraiu o bastante para esquecer minha existência. Sem um plano de emergência, estava praticamente indefesa e incapaz de fazer algo além de torcer por um milagre. Não tinha, de modo algum, como escalar a corda e apesar dela ter diminuído a distância entre o meu corpo pendurado e o chão, cair dali resultaria em minutos de dor intensa e confusão. Demoraria cerca de meia hora para recuperar dos danos, nesse ínterim a criatura teria a vantagem para me matar.
— Por favor, queria ao menos não precisar encarar a morte de perto... — sussurrei irritada. Outra criatura apareceu, esta demonstrando um pouco mais de inteligência, farejou o ar. Ele se movimentava com extrema rapidez, ainda que seu aspecto desajeitado dissesse o contrário. A coisa fincou as garras afiada, capazes de rasgar em milhares de pedaços um ser humano, próximo a luz da lanterna. Um silvo alto reverberou pelo corpo delgado dele, quase semelhante a um chamado de caça. Controlando minha respiração, tentei encurvar meu corpo para frente e pegar a corda, mas minha empreitada não funcionava como desejava. Todos os fatores pareciam contra mim: inclusive a parte desfiada já mostrava que não aguentaria muito tempo. Comecei a balançar meu corpo de um lado para outro, no intuito de ter impulso para lançar-me para o outro lado. Esse exercício repetitivo acarretou no rompimento da corda.
É em situações como essa que começa a acreditar que o azar te persegue.
Despenquei de uma altura considerável, não o suficiente para a morte instantânea, mas para agonia duradoura. Quando meu corpo atingiu o chão, senti a tremenda dor se instalar. Meus braços e tronco absorveram o impacto: tive muita dificuldade para puxar oxigênio para meus pulmões, e sem fôlego a sonolência fora inevitável. Não precisava ser especialista para saber que fraturei duas ou mais costelas com o golpe, a cabeça girava e sem dúvida também havia quebrado o braço. De início, a dor fora terrível e paralisante. Mas de alguma forma, milagrosamente, não desmaiei. Permaneci deitada, olhando na direção da luz ciente de que se não fizesse nada, acabaria morrendo. Qualquer mero esforço gerava insuportável desconforto. As duas criaturas rastejaram para perto, poucos centímetros nos separavam. Não queria me dar ao luxo de desistir, mas sem opções, me limitaria a aceitar o que viesse.
Ruídos de moagem e ossos sendo partidos encheram meus ouvidos.
O líquido quente e pungente respingou em meu rosto e, horrorizada, vi um ser maior e mais amedrontador esmagando o crânio da esguia criatura que se debatia loucamente enquanto o outro jazia morto. Em uma dar mãos trazia um artefato que reluziu o fulgor prateado.
A Chave — o Halo da Lua!
Com o restante de força, encarei o frio e inexpressivo rosto do meu salvador e, provavelmente, meu algoz.
— Diva... — pronunciou em tom de voz demoníaca.
Vendo o brilho em seus olhos azuis, sabia que seria a próxima.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro