Cursed Blood!
Diva graciosamente saltou de encontro às novas companhias em seu entediante exílio. Seu vestido branco dançava com agitação do vento de maneira que parecia uma flor desabrochando em pleno ato, uma visão digna de ser representada em uma pintura. Aconteceu rápido demais para que pudessem processar, seus movimentos ágeis e com a leveza de uma pluma eram mais que um sopro sutil e despercebido de brisa, a qual exigia uma percepção aguçada para acompanhar, ela os abordou. Assim que seus pés tocaram o chão, ela inclinou-se diante de Dante com um sorriso infantil e dissimulado, portadora de uma aura cheia de escuridão. Ela balançou-se de um lado para outro, olhando as duas pessoas que não haviam sido convidadas para aquele evento como se a mera presença deles não fosse interessante suficiente para sequer lhes dirigir a palavra. A única pessoa que realmente queria ver estava ali, na frente dela com o choque estampado no belo rosto.
— Trouxe mais gente? — deu um rodopio, cantarolando. — Tudo bem. Não teria muita graça se não tiver bastante gente para aproveitar a festa.
Dante não conseguia assimilar o que via, um conflito interno se iniciou: seus olhos enganadores diziam ser a Diva, mas sua alma tempestuosa contrariava afirmando com convicção que aquela mulher era uma impostora. A semelhança assombrosa o confundia. O mesmo cabelo longo que ela adotou depois de anos da última vez que estiveram juntos, cuja cor mudara de um mar castanho para a completa umbra. A pele alva e cremosa com o fraco rubor nas bochechas ainda permanecia igual. E os olhos. Diva, de todas as pessoas que ele conheceu, transparecia através do olhar tudo que sentia e seus pensamentos mais profundos. E na maioria das vezes, o encaravam com destemor. Agora possuíam uma perversidade incompatível com a essência da garota. Diva retrocedeu em uma gargalhada carregada de malícia e zombaria, levando uma das mãos a boca para disfarçá-la. Os rubis miraram Dante, um singelo e distraído estreitar de olhos direcionados a ele, como se só existissem os dois. Dante reagiu ao toque suave das mãos dela, o choque não passara e provavelmente demoraria a digerir aquilo.
— Você veio. Por mim. Como esperava de você. — a voz dela soava doce aos ouvidos, embriagando seu mente. A energia que dela emanava o encobria, havia traços de maldade que pareciam querer devorá-lo.
Diva tracejou delicadamente os contornos do seu rosto, um sorriso travesso e secreto iluminava suas feições. Embora Dante quisesse desviar o olhar, era impossível escapar das gemas vermelhas que o hipnotizavam, proibindo-o de prestar atenção em qualquer outra coisa que não fosse exclusivamente nela. Independente de quem realmente fosse, seu poder sobre Dante era total. Sua razão o abandonava gradativamente e seu corpo não respondia mais aos seus comandos, naquele momento ele concentrava-se na garota, na respiração quente dela mesclando com a sua, no calor que dela irradiava. Era como se não pudesse resistir a ele. Dante sempre se gabou por nunca ficar em uma situação de submissão, mas não conseguia voltar a lucidez. Ela facilmente poderia manipulá-lo e o esforço dele seria combatido.
— Você é meu, Dante. — sussurrou.
Maleavelmente, conforme o induzia, Dante tomou-a nos braços, seus lábios aos poucos quebrando o doloroso espaço que os separavam. Ouviu um grito, uma precipitação, e Diva saiu da restrição de seus braços como se tivesse evaporado em uma explosão de pétalas de rosas. Ela parou poucos metros de onde estava, sua franja fora do lugar em uma bagunça encantadora. O sorriso que carregava se desfez, sendo substituído por uma frieza virulenta. A íris vermelha intensificou-se, resplandecendo maquiavelicamente.
— Garoto insolente — disparou em tédio, dois buracos fumegantes jaziam no gramado aos pés dela.
A pulsação de poder maligno e violento estremeceu os presentes, ressoando por todo ambiente e martelando em suas mentes com tamanha pressão. Uma nova movimentação das plantas, em assustadora velocidade, imperceptivelmente ela retornou ao lugar segurando em sua mão um punhal. Sangue vertia pelos sulcos da lâmina enquanto ela fazia uma breve pirueta, alegre e satisfeita pela sua atuação. Uma contentação infame. Dante ainda afetado pela misteriosa influência da garota sobre seus sentidos, com certa dificuldade, olhou por cima dos ombros Nero agonizando com o braço em estado avançado de petrificação e resquícios de sangue que escorriam das rachaduras pareciam estar em chamas. De acordo com que sabia sobre o sangue da Diva era que o contato a pele de seres sobrenaturais — principalmente demônios — acarretaria o mesmo efeito de ácido — que variava do nível do ser em questão —, porém ao entrar no organismo pela corrente sanguínea seria mil vezes pior e nada anularia o envenenamento e, consequentemente, a morte. Em meio ao desespero pela possibilidade de ter o corpo todo transformado em pedra, Nero arrancou seu Devil Bringer com um grito estrangulado que fez Diva rir animadamente. Nero praticamente esgotado, desmoronou próximo a uma Lyana visivelmente atordoada.
— Eu sou a voz do amor que não pode viver, no entanto, nunca morre — sua potência vocal, a serenidade da canção que agora se elevava aos céus, obrigou a todos ainda de pé a ficarem prontos para sua investida. A princípio, quando chegaram ali, a melodia melancólica lhes serviu como um guia indicando o caminho a seguir. Entretanto, Dante caiu em si sobre a canção tê-los levado exatamente aquele ponto, não era inofensiva quanto aparentava inicialmente. Essa também era uma amostra da habilidade de controle demoníaco que Diva tem, sua voz utilizada da maneira certa produziria uma frequência atrativa e irresistível para todos os demônios. Talvez nem o mais poderoso fosse imune a ela. A medida que se envolvia na própria canção, sua voz adquiriu sonoridade capaz de ser escutada até por aqueles que estavam de fora do jardim. Alto, vibrante e impossível de ignorar.
Dando elegantes passos de dança, Diva rodeou Nero com curiosidade, e tão simplesmente erguendo-o do chão, agarrou seus cabelos e travando sua única mão de modo que ficasse incapacitado a sua mercê. Nero, apesar da exaustão e das dores que percorriam seu sistema nervoso, mantinha consciente o que tornou a cena mais divertida no ponto de vista da garota. Ele grunhiu em resposta ao aperto dela em seu couro cabeludo. Usando a mão livre, cortou o dedo na lâmina do punhal permitindo que o sangue preenchesse os sulcos, uma pequena quantidade pingava no rosto do garoto.
— Sabe o que vai acontecer se eu perfurar seu coração com a lâmina banhada com meu sangue? — indagou em tom íntimo e confidente. — Será morte instantânea. Vocês possuem um fator de regeneração que os impede de morrer com ferimentos graves, mas... Meu sangue é o meio mais eficiente de destruir essa capacidade. Em outras palavras, nem toda resistência pelo fato de não serem humanos os salvarão. Considere-se sortudo por receber a sentença de morte pelas minhas mãos. Morra!
— Diva, não! — antes que a sádica jovem terminasse o serviço, Lyana atacou com as garras afiadas. O farfalhar das folhas e a chuva de pétalas que subia foram um indício de seu deslocamento de esquiva. A paciência de Diva ao ser constantemente interrompida, começou a desaparecer. Ela exibiu um sorriso encantador e predatório, jogando-se contra a mestiça, atirando-a junto a si pelo gramado. Os joelhos de Diva estavam estrategicamente posicionados sobre os braços de Lyana e sua mão comprimia fortemente a garganta dela, prestes a esmagar a traqueia.
— Diva... Diva... Diva... Diva... Você é um incomodo chamando meu nome — anuiu abrindo um sorriso e expondo os perfeitos dentes brancos. — Você está no meu caminho. Vou fazer com que vá para o inferno primeiro, assim vou garantir que não terei mais preocupações. — elevando o punhal sobre sua cabeça, um instinto a paralisou interferindo na sua ação, pequenas lágrimas se acumularam no canto de seus olhos caíam sobre a face da mestiça que olhava perplexa. Diva estava chorando, sem poder fazer nada além de olhar com uma expressão de tristeza quase inexistente, havia uma contradição em seu olhar: sua vontade em matar Lyana era nítida, seria bobagem negar. E havia também, uma pequena racional e calorosa luz que emergia, descobriu ser uma parte da consciência da verdadeira Diva, que lutava pelo direito de posse de seu próprio corpo e para não deixar que continuasse a cometer tantas atrocidades.
Lyana arfou ao ver a súbita mudança em Diva. O rosto outrora belo retorcia-se e transformou-se em algo que não soube identificar, não era humano e nem animal. Algo queimou em seu olhar antes da garota esvaecer criando uma bagunça de flores e bruscas oscilações de vento que se contorciam ao redor deles. Dante caiu sobre os próprios joelhos, livre da imposição de Diva. Lyana massageou a garganta, tossindo dolorida e foi ao socorro de Nero. Apenas uma dúvida restou naquele momento: onde ela poderia ter ido?
***
A pequena folha girou no ar incontáveis vezes antes de repousar serenamente no colo da garota adormecida. Se não fosse o mexer fraco de seu peito em um ritmo sôfrego juraria que estava morta. Tão imóvel quanto uma boneca de cera. Uma que possuía os traços físicos de Diva, porém com distinções bem óbvias. Raios de sol infiltravam-se nas fendas da parede da antiga construção em ruínas, feixes de luz descansavam sobre a garota que não esboçava nenhum sinal de consciência. Ela estava anormalmente pálida encostada no único pilar de pé em meio a rosas que tomavam conta do local, quase encolhida, em suas mãos jazia um punhal com sangue fresco. Mechas soltas emolduravam a face inexpressiva e frágil. Milhares de perguntas irromperam em sua mente, dos quais não teria obteria nenhuma resposta aceitável. A mais importante, no entanto, Vergil já sabia.
Levou cuidadosamente a jovem aos seus braços, olhando-a. Ela parecia muito mais vulnerável que em qualquer outra situação que passaram, que foram muitas. Ele chacoalhou-a gentilmente tentando despertá-la de um sono interminável que ela recusava-se a abandonar. Seu esforço era infrutífero diante da falta de reação de Diva. A frustração correu em suas veias. Agora que finalmente tinha encontrado-a, perderia novamente? Havia um maremoto dentro de si, sobre o qual não tinha controle. Diva abriu os olhos trêmulos, olhando Vergil, no entanto, sem realmente vê-lo. Ela piscou e seus lábios se comprimiram em um sorriso sem jeito. Vergil quase retribuiu, mas permaneceu com o semblante estoico. Beirando a debilidade vislumbrou a fita azul que presenteara Vergil com o selar de uma promessa de retorno, que um dia se reencontrariam. A felicidade encheu seu coração até transbordar, amenizando a tristeza que assolava Diva. Apesar do temperamento e da atitude fria do mestiço, ele conservava os laços que fizeram. Meio sem forças, ela acariciou o rosto dele com imenso afeto algo que demonstrava com frequência quando estavam juntos, ainda que no começo sentisse incomodado com aquilo. Nenhum deles ousou quebrar o contato visual, presos nos olhares um do outro.
— Pensei que veria um sorriso seu. Você também pode sorrir. — segredou, elevando-se o suficiente para a testa dele tocar a sua. Um gesto singelo de intimidade compartilhada. Vergil entendeu a motivação do irmão sobre ter alguém para proteger. Sua vida tinha sido uma jornada para adquirir poder. Esse foi seu verdadeiro objetivo, nunca se importou com que teria que sacrificar ou quão sanguinários seria para alcançá-lo. A visão que ele criou da humanidade era que seriam nada mais que criaturas inferiores, e com esse pensamento eliminou muitos no decorrer dos anos. Esqueceu que parte desses seres que desprezava existia nele também, a herança de sua mãe. Decidiu abraçar por inteiro seu demônio interior, queria certificar-se de não haver nenhum resquício de humanidade em si. Entretanto, durante alguns momentos desfrutou de emoções que resolveu simplesmente reprimir, como o amor fraterno pelo irmão, o carinho de todas as vezes que lembrava a mãe, da forte empatia e atração por uma mulher humana ao que pareceram séculos e, agora pela garota que trazia em seus braços. Cujo calor envolvia-o como um sol próprio e a luz que irradiava fazia-o experimentar uma paz incomparável.
Lágrimas deslizaram pelas bochechas ruborizadas de Diva, despontando em contidos lamentos. Vergil firmou os braços ao redor dela, ouvindo com impotência o choro baixinho. Nunca esteve em tais circunstâncias, sem saber como agir. Ela pegou o punhal e entregou a Vergil.
— Mate-me, por favor! — pediu num sussurro quebrantado. — Enquanto ainda tenho controle de mim. Por favor, te imploro! Faça isso! Salve-me desse pesadelo!
Vergil filtrou as palavras proferidas, mas não seu significado. Não tinha motivos para que ela quisesse morrer, embora o medo atravessasse seus olhos castanhos. Ele encarou a imagem da fragilidade e sofrimento estampados em Diva. Olhou para o punhal e depois para a garota que lhe indicava o ponto exato para perfurar, diretamente em seu coração. Estava em suas mãos a decisão mais difícil e não poderia realizá-lo. Vergil nunca hesitou em tirar vidas se julgasse necessário, não temeu o confronto mortal com o irmão ou com Mundus. Acima de tudo não baseava suas ações em sentimentos, somente na razão. Caso contrário seria admitir fraqueza. Deveria atender o seu pedido, ceifar a chama de vida dela. Recuperando-se, sem ter outra opção, preparou-se para o golpe. Diva colocou a mão sobre o peito, o maxilar travado em uma dor angustiante e debateu-se freneticamente. Então parou e sorriu. Seus olhos escureceram em vermelho doentio.
— Você deveria ter sido mais rápido, Vergil.
Ela gargalhou.
Uma explosão e ambos se separaram.
Vergil aterrissou com máxima elegância na campina próxima as ruínas. A área aberta dava uma ampla visão dos das duas figuras. Algumas árvores circundavam a extensão verde, aquele espaço tinha menos vegetação comparada com os outros hectares do jardim botânico. Diva saltou alegremente a alguns metros mais afastados. Sacudiu o vestido para espanar a poeira e terra dele, e assim limpá-lo. Duas mulheres apareceram: uma claramente humana e outra que não identificou o que seria. Diva bateu o dedo indicador em seus lábios como se refletisse profundamente sobre um assunto.
— Tentar me matar não é algo que esperava de você Vergil — anunciou com uma careta. — Você é meu amante. Como pôde?
— Poupe-me desse teatro. Você não é a Diva. — cortou em tom cético.
Diva fez um muxoxo.
— Claro que sou. Está duvidando? — ela semicerrou os olhos. — Como você e cruel. Tudo bem. Eu gosto de você.
— É triste saber que me trocou e já tem um substituto para meu lugar em seu coração.
Diva riu do comentário. Dante aproximou-se do irmão, logo atrás vinha Nero apoiado em Lyana. Ela parecia extremamente satisfeita com todos reunidos e suas atenções direcionadas a ela, o centro daquela reunião sombria. Sendo a anfitriã desse encontro, queria garantir que sairia de acordo com o planejado.
— Não seja ciumento. Amo os dois igual. — respondeu afável, uma cortina fugaz de vento denunciando a ágil e sobrenatural movimentação da garota que surgiu ante Lyana que pelo susto desequilibrou-se ligeiramente e por pouco não caiu e derrubou Nero que estava perdido entre o completo breu do cansaço e a vigilância.
Diva projetou o corpo preguiçosamente para frente.
— É engraçado. Deveria tê-lo largado. Agora ele é só um empecilho. Mas quer saber... Vou brincar com todos vocês! — garantiu agradada, empunhando o delicado punhal.
Vergil desferiu um ataque em Diva, ela escapou rindo.
— Que estressadinho, querido Vergil! — ronronou, os lábios dela comprimiram-se em um biquinho descontente. — Nervosinho como sempre. E pensar que você tentaria me cortar justo quando nos reencontramos. Devia seguir o exemplo de Dante, ele nunca faria isso comigo — escarneceu desbocada.
— Eu devia ter te matado. — Vergil expôs indiferente.
— Oh! Entendi! — Diva topou o punho fechado na palma de sua mão. — Você quer brincar disso, não é? Vamos nos divertir tentando matar um ao outro... Ou melhor ainda, todos devem se unir!
“Onde o amor foi?”
“Nada resta, apenas sangue e a tristeza”
Diva cantarolou com entusiasmo. Seus cabelos eram uma nuvem espessa e escura que oscilava conforme ela andava.
“Meu coração sangra por você”
“Por você eu rastejo dentro... Da escuridão”
— Quero que todos participem desse jogo — fixou sua atenção no grupo. — Faremos o seguinte: vocês tentam me matar e eu tentarei matar vocês. Concordam?
— Está louca! — Lyana guinchou.
— Louca não. Apenas quero proporcionar diversão a todos. Gostam de diversão, não gostam?
Diva levou a mão à boca e riu por trás dela, travessamente.
— Quero ver o olhar de raiva em vocês. É uma visão impressionante. Assim poderão me entreter.
— É, doçura, não dá pra negar que talvez você esteja certa — Dante lançou um sorriso inquietante e enigmático a Diva, maravilhada por ele ter entrado no jogo.
— Você matou aquelas pessoas, não é? — Lyana questionou, mas no fundo já sabia a resposta.
— Matei. Odeio os humanos, por isso os matei. Logo farei isso com o resto do mundo. Meu sonho é fazer o mundo ser tomado pela minha escuridão, que há muito tempo foi impedida — ela contemplou com êxtase mudo a lâmina do punhal, tão exultante quanto uma criança com um brinquedo novo — A propósito, não há prazer maior que matá-los. Tão divertido ouvi-los implorar por piedade. O terro estampado em suas faces. Vê-los chorarem por suas vidas...
Foi num ímpeto, mal tiveram tempo para conciliar o ocorrido quando um baque alto reverberou.
— O mundo... As vidas humanas não são um playground feito pra você jogar! — vociferou.
Diva afagou o lado dolorido, recuando cambaleante. A malícia infantil e o sorriso caprichoso desapareceram de seu rosto, dando lugar a surpresa e, após o efeito passado, olhou com indignação. Diva saiu novamente do campo de visão, ressurgindo ao lado de Thanatos e da mulher humana. Os olhos dela estavam vagos e opacos, como as profundezas de lago vazio. O vermelho leitoso e sem nenhum brilho. O vento rugiu enquanto uma rápida sequência de expressões ininteligíveis trespassava no rosto de Diva. Ela estendeu a mão e penetrou o peito da mulher, agarrando o coração pulsante e o esmagando por entre seus dedos sem dar chance à reação da vítima. Sangue espirrou no tecido branco e imaculado do vestido, encharcando a manga e sua mão. O líquido escorreu e pingou no gramado. Nem matando aquela mulher pôde aplacar a sensação do vazio vil que floresceu em seu âmago. Precisava urgentemente fazer algo para se sentir inteira e menos afetada. Abraçou os cotovelos, transtornada e derrotada. Thanatos apertou Diva em seus braços, aninhando-a contra si como um bebê e sumiu.
Lyana olhou para a palma de sua mão, lembrando-se da agressão. Foi instintivo e não pensou nas consequências, mas não esperava que o tapa tivesse causado uma instabilidade na garota a um nível que ela, por despeito, matasse alguém. Cerrou os punhos, a raiva fervilhando em seu interior. Ela endireitou-se, tendo cuidado ao mover Nero e não aumentar as dores que ele deveria estar sentindo. Dante ajudou, mesmo que a diferença de tamanho entre os dois tenha complicado sua ação.
Vergil mirou Nero, então se virou sem dizer nada e se afastou do grupo.
— Ei, espere! — Lyana chamou. — Precisávamos ficar juntos! Aonde você vai?
— Não é da sua conta — replicou rispidamente. Dante pôs a mão no ombro da mestiça e meneou a cabeça negativamente. Ele conhecia-o melhor que Lyana e se disse para não interferir era por que sabia que o irmão voltaria.
Agora a verdade estava exposta a todos, sabiam o destino de Diva: a garota estava viva, mas não era realmente ela. Eles tinham que buscar uma forma para reverter a desagradável situação.
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