Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Um pequeno caso, breve, mas quase perfeito

Eis o caso: foi encontrado morto meu primo materno, o fanfarrão e pagodeador Roberto Montecarlo, no lago da propriedade dos Montecarlo, numa manhã de domingo, com as vísceras estraçalhadas por piranhas e a goela aberta.

No exame de seu corpo, além do rasgo na garganta, encontrei vinho em sua boca e arranhões em suas pernas, um hematoma de pancada em sua nuca e uma ferida em sua testa. E haviam dentro de seu sapato pétalas de rosa do deserto. Um dos serviçais disse-me ter visto um homem deixar o jardim altas horas da noite.

Ora, achavam-se ali uns convivas, entre eles este que vos fala, que se encheram de temor ante o ocorrido, mas surpreendi srta. D. Agnela Montecarlo, prima paterna de meu primo, a observar os peixes que boiavam, ainda naquela manhã.

— Agradam-lhe as piranhas, minha senhora? — Aproximei-me.

A dama relanceou-me que não uma olhadela sob as abas de seu chapéu.

— Não, mas cultivo especial afeição por estas que estraçalharam meu detestável primo, que o diabo o carregue.

— Que palavras cruéis, minha dama. Um desconhecido poderia mesmo insinuar que a senhora tenha quinhão com a morte de nosso primo. Ora, motivos nunca lhe faltaram.

— E eu diria a tal desconhecido que o que me excede em motivos, meu caro sr. Alberto de Aragão, faltam-lhe em provas. Portanto, acuse-me novamente e eu escorraçarei de minha propriedade como a um cachorro de rua.

E a srta. D. Agne marchou em seus botins para o casarão.

Todavia, no festim, da noite anterior vestida rendas e pérolas negras, srta. D. Agne era uma adorável senhorita. Roberto, meu primo, puxou-me junto a um gabinete que ali se achava e confessou-me:

— Não te atraiçoeis pela beleza, é uma latet anguis, venha em dias de semana e a verá metida em calças como homem. É uma diabinha estouvada e caprichosa.

— Com efeito, também eu o seria se fosse o principal herdeiro das fortunas dos Montecarlo — ri-me, mas Roberto fez um gesto afadigado.

— Pois veja, nobre amigo, veio a mim o filho mais novo do Barão de Laranjeiras, um desengonçado que aí está e tu o verá no jantar, resquestar-me para fazer seu pé de alferes com minha prima. Ora veja se hei de entregar Agne a tal patife de ceroulas e, com ela, as fortunas de minha família?

— Decerto que não o farás.

— Ora, tu és o gênio dos enigmas e da leitura de caráter, todavia não é necessário o seres para saber que eu estaria morto antes de convir com tal disparate.

Assim foi dito e feito.

Roberto requestara-me a tais festividades que oferecia na propriedade rural de sua família, pois necessitava de minha visão para negócios, que dizia-me ser um "gênio de leitura de caráter e análise de fatos". Desejava vender as terras dos Montecarlo em Minas — que pertenciam, por direito de nascença, à srta. D. Agne, que era filha única do falecido Duque de Montecarlo, mas, sendo ela mulher, Roberto mesmo se pusera como seu agente —, e precisava saber se o Barão de Laranjeiras era bom comprador.

E foi à mesa de jantar que vi no Barão um macaco velho que sabe os galhos em que pula e faz agir suas ganâncias através falácias generosas.

— Ora, srta. D. Agnela — disse o velho Barão. — Haviam muitos boatos de que a senhora houvera desaparecido, até mesmo morrido, que Deus a livre, mas aí está a sra. D. Margarita que não me deixa mentir, pois deve ter tomado um tremendo susto quando a viu em sua porta.

— Com efeito — anuiu sra. D. Margo, que era esposa de Roberto, uma dama que costumava ser enfermeira junto às freiras no Hospital da Caridade, antes de casar-se. — Nos mudamos para a propriedade dos Montecarlo, pois haviam boatos de que a filha do Duque houvera sumido, não fosse por isso teríamos permanecido em São Paulo. Que cidade terrível! Quando Agne apareceu em nossa porta, que era tida como morta, foi um grande espanto.

— Pois veja — retomou o Barão, sorrateiro. — Srta. D. Agnela, chegou a meus ouvidos que V. S. estava em Minas, gerenciando vossas fazendas de algodão.

As intenções do Barão ao referir-se à srta. D. Agne, que era dona de direito das terras, e não a Roberto, que era seu agente, era conseguir enlaçá-la por considerá-la menos sagaz para os negócios que um homem e então adquirir as terras de Minas dos Montecarlo por nada mais que uma bagatela.

Há eras do Barão tinha seus olhos famintos sobre as terras de Minas e agora Roberto era seu único empecilho.

— Com efeito, Barão — respondeu srta. D. Agne. — Andei por muitas partes do mundo, mas no último ano, reclusei-me nas fazendas de Minas e estava a cuidar de tudo.

— Uma mulher, cuidado de negócios? — insinuou o primeiro filho do barão, sr. Henrique de Laranjeiras, cuja esposa ali estava com uma rosa do deserto nos cabelos. — Que ultraje!

— Que ultraje! — concordou srta. D. Agnes. — De fato, que ultraje que uma mulher use o cérebro que Deus a deu para pensar. 

— Agne — alertou Roberto.

— Para que diabos é que mulheres se metem em tais negócios? Que fiquem quietas e bordem! Não, melhor seria que uma praga ou epidemia as extinguisse do mundo, não se precisa delas pra nada!

— Agnela — avisou Roberto, mais alto.

— Por favor, srta. Agnela — sibilou o barão, uma verdadeira latet anguis. — Todos nós, homens, amamos e respeitamos nossas mulheres.

— Não, barão, não. Vós, homens, só amam outros que lhe sejam iguais.

— Agnela! Não profira mais uma palavra sequer!

Srta. D. Agne se pôs de pé.

— Não dê ordens a mim!

Roberto se pôs de pé também.

— Agne, por favor — pediu temerosamente sra. D. Margo.

A srta. D. Agne cedeu ao olhar dela.

— Por meus pecados, que comoção — disse ela com um sorriso altivo. — Devo ter-me excedido no vinho. Peço sua licença, senhores, retirar-me-ei a fim de me recompor. Bom jantar a todos.

Pelo resto da noite, não vi mais srta. D. Agnela.

E, no dia seguinte, Roberto foi encontrado morto com a goela aberta.

Fiz-me menestrel e reuni todos no salão. Ali estavam o Barão e seus dois filhos, sr. Henrique e sua esposa, e o mais novo, Luís. Sra. D. Margo, sentada em um canapé ainda choramingava junto à srta. D. Agne.

— Meus nobres amigos, um crime hediondo foi cometido — palestrei. — E tenho absoluta certeza que o assassino está entre nós, pois sequer fez questão de mascarar os vestígios de seu crime.

Houve um burburinho temeroso.

— Quem poderia ter...?

— Revejamos os eventos. Depois que srta. D. Agne se retirou e o jantar foi finalizado, Roberto e sra. D. Margo se ausentaram enquanto nos reuníamos no salão de festas.

— Eu fui falar com Agne — disse sra. D. Margo, com voz embargada. — Fui consolá-la

— De fato — anuiu srta. D. Agne. — Roberto procurou-me para desculpar-se também e pedir que eu fosse menos... tempestuosa. Depois, Margo veio para me consolar e, então, retirei-me para meu quarto.

— Em seguida, Roberto e sra. D. Margo juntaram-se ao sarau — retomei.

— Eu me juntei a vós e ao sr. Montecarlo no gabinete dos homens pouco depois do sarau para tratar de negócios — concluiu o Barão. — Como nenhuma das partes parecia ceder, retirei-me para meus aposentos também.

— Depois da reunião, juntei-me à sra. D. Margo na biblioteca, onde discutimos literatura por horas — emendei. — Todavia, sra. D. Margo, não achou estranho depois retornou a vosso quarto e as horas se acumularam sem que vosso marido retornasse?

A sra. D. Margo envermelheceu-se de todo.

— Ora, meu senhor, meu marido... sempre tem negócios de homem a tratar quando se enche de vinho...

Bem sabia eu como meu amigo tinha negócios e nunca poderia aquietar-se com uma só mulher em sua cama. Esse fora o motivo pelo qual sra. D. Margo o arrastara para o campo um ano antes, para mantê-lo longe das rameiras. Todavia, Roberto seria infiel aonde quer que fosse.

— Eu digo que sei que matou o sr. Montecarlo — anunciou sr. Henrique. — Pois vi srta. D. Agnela, aos amassos com o jardineiro no escuro. Decerto, sr. Roberto deve tê-la surpreendido também e eles o mataram para que se calasse.

Virei-me para o sr. Henrique.

— E que fazia no jardim, monsenhor? 

Sr. Henrique empertigou-se.

— Ora, eu... eu tinha ido colher uma flor do jardim para minha dama, como fizera na noite anterior.

A sr. D. Adelaide acenou em concordância.

— Uma flor com pétalas como essa? — ergui a pétala de rosa do deserto. Houve um burburinho tenso. — Encontrei-a nos sapatos de Roberto, junto a arranhões em sua perna que sugerem que ele foi arrastado com dificuldade, por alguém que poderia ser tanto o sr. Barão, com seu reumatismo, como uma mulher com um vestido complicado.

— Ora, se eu quisesse matar meu primo, vestiria calças e não vestidos complicados — anunciou srta. D. Agne.

— É mesmo? — confrontei-a e tirei de minha algibeira uma pérola negra. — Pois que será isto, que encontrei sob as lapelas de Roberto?

Os convivas prenderam a respiração.

— Mulher dos diabos! — praguejou sr. Henrique.

— Cale-se, meu lorde, e eu farei com que se junte a meu primo como refeição de piranhas!

— Então, a senhorita confessa que matou vosso primo, srta. D. Agne? — perguntei.

— Agne? — choramingou sra. D. Margo. — Tu... tu...

Srta. D. Agne apenas bebericou de seu chá e disse:

— Não o matei.

— Srta. D. Agne — continuei. — Todas as pistas vos incriminam, pois há jardins em todo o entorno da mansão, mas somente crescem rosas do deserto sob sua janela e vossa pérola estava sob a lapela de Roberto.

— Foi ela! — acusou sr. Henrique. — Ela deve ter golpeado sr. Montecarlo e como o golpe não o matou, cortou-lhe a garganta.

— Todavia — retornei. —, não pode ter sido srta. D. Agne, pois ela e Roberto eram amantes.

— Como?! — exclamaram todos em uma voz.

— Cala-te! Cala-te ou... — proferiu srta. D. Agne.

— Srta. D. Agne e Roberto tinham um caso — continuei. — É por isso que Roberto recusava-se a dar-lhe a mão a quem quer que seja.

Houve um silêncio profundo.

— Roberto não foi morto nem por pancada nem por corte — prossegui. — Hoje de manhã, quando fui ao lago, os peixes boiavam, mortos. Roberto foi envenenado. O golpe na cabeça foi deixado para livrar a suspeita do veneno. O corte no pescoço foi feito cirurgicamente para fazer jorrar o máximo possível de sangue da carótida, que atrairia as piranhas. O hematoma na cabeça sugere que ele sofreu uma alta queda. Seu corpo foi lançado do segundo andar, quando ele já estava morto. Só depois foi arrastado, cortado e então lançado às piranhas.

— E quanto à pérola? — pergunto o Barão.

— Quando Roberto abordou srta. D. Agnes logo depois do jantar para acariciá-la, apesar de seus protestos, havia uma testemunha e era esta mulher. Ela descobriu o caso proibido dos primos e cheia de raiva, usou um veneno, pois é conhecedora das medicinas, e o colocou em uma garrafa de vinho que deixou em seu próprio quarto.

Todos os olhares voltaram-se para a sra. D. Margo.

— Então, depois da reunião com o sr. Barão, Roberto voltou a encontrar srta. D. Agne no jardim e foi ele que sr. Henrique viu. Srta. D. Agne recusou Roberto e acabou partindo seu colar ao empurrá-lo. Então, Roberto voltou ao quarto, mas sua esposa não estava lá, pois estava comigo na biblioteca. E quando ela retornou, o marido já estava morto ao lado da garrafa de vinho quebrada que ela deixara. Ela o empurrou pela janela para baixo depois desceu as escadas, roubou uma rosa do deserto do jardim de srta. D. Agne e colocou suas pétalas pela roupa de Roberto, arrastou-o até o lago. Só então deu-lhe a pancada para simular um ataque furtivo, cortou-lhe a carótida e lançou-o lá dentro.

A sra. D. Margo não abriu a boca para defender-se, senão um sorriso sutil. Sua cartada final havia sido dada.

Srta. D. Agne estava vermelha. Tossiu e tombou. Deitando um olhar para a chávena ao lado de sra. D. Mago, eu soube que srta. D. Agne houvera sido envenenada também.

...

Encontrei o Barão no teatro estes dias. Deu-me seus comprimentos pela solução do caso. A sra. D. Margo nunca mais vi, pois foi presa ao confessar que matara sim o marido e nunca se arrependeria disso. 

Quanto à Agne? Salvou-se pela agilidade com que a trouxemos, o Barão e eu, a um socorrista.

Dias atrás, enquanto líamos à cama, ela e eu, disse-me:

— Qualquer dia desses, meu amado, matarei um homem apenas para entretê-lo.

E desde então, aguardo ansioso.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro