Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Um crime quase perfeito

"— Rosa,

Tu és divina e graciosa, 

estátua majestosa..."

Escutei a voz do tenente Cardoso xavecando a minha vizinha.

Rosa deu-lhe um sorrisão e entrou. Não pude deixar de falar com ele:

— É, tenente,  mexendo com mulher casada, isso vai acabar mal...

— Ah,  eu não resisto a essa mulher, é um pedaço de mau caminho! — E me assegurou: —  Essa tá no papo.

Com uma barba muito bem feita, olhos verdes, corte disfarçado, corpo esbelto, era um cara boa pinta: será que Rosa resistiria?

Sacudi a cabeça e entrei. Logo mais teria a votação para o próximo síndico e eu não escaparia, não deu outra:

— Parabéns, Fernando, você vai ficar rico administrando nossa fortuna — pilheriou o Raul,  marido de Rosa.  Ele fora síndico por dois anos seguidos e já não queria mais. 

Senti falta de Rosa:

— Ela não está se sentindo bem,  foi deitar-se mais cedo —  informou Raul.

Guardei para mim a conversa que tivera com o  tenente.Longe de mim causar intrigas conjugais.

— Rosa quer mudar algumas coisas no guarda-roupa, vou lá terminar, senão  ela vai falar a noite inteira, você conhece as mulheres.

Me dando uma piscada conspiratória foi-se, tocando sua cadeira de rodas com apenas um braço que funcionava.

***

A rotina de síndico não atrapalhava no meu trabalho como programador de software. Desde a pandemia de 2020, o homeoffice tornara-se a melhor opção. Então conciliei minha nova função ao meu trabalho, sem problemas.

Estava recolhendo as correspondências, 2 dias depois, quando deparei com Raul com o rosto estranho:

— Acho que vou ter que chamar a polícia. Rosa sumiu.

— Sumiu? Como assim?

— Saiu para trabalhar ontem e não voltou, liguei no trabalho e falaram que ela  não aparece lá desde ontem.

— Será que ela não foi visitar alguém?

— Não temos parentes aqui.

— Alguma amiga (ou amigo ? — pensei).

—Não temos segredos, ela teria me contado.

— É, acho melhor chamar a polícia.

A polícia veio, fez perguntas e eu permaneci junto a Raul, para lhe dar um apoio moral.  Meu pai Everaldo chegou e ficou um pouco com ele, fazendo-lhe um pouco de companhia depois.

***

Três  dias se passaram e Rosa não deu notícias. A polícia voltou, interrogou  várias pessoas do prédio, informou que interrogara a patroa dela, a esposa de um dos Dirigentes e não percebera nada suspeito.

Após a saída da polícia, Raul desabafou:

— Foram eles que sumiram com Rosa.

— Eles quem?

Falando baixo, cochichando:

— Os Dirigentes.

— Mas... por que eles a matariam?

— Talvez ela deve ter ouvido alguma coisa. Eles não precisam de motivo pra sumir com alguém. 

— E o Miguel ? Ele pode saber do paradeiro da mãe.

— Ele  só aparece pra pedir dinheiro, não vale nada. Não sei o que farei sem minha Rosa, ela era tudo para mim.

Ele não era inútil, mesmo na cadeira de rodas e com um braço só funcionando, fazia muita coisa dentro de casa.

Apertei o seu  ombro e saí, condoído com sua sorte, torcendo para que Rosa aparecesse.

***

Meu pai, Everaldo,  chegou da rua com uma expressão intrigada no rosto:

— Sabe com quem encontrei no centro da cidade?

— Com Rosa?

— Não, com o tenente Cardoso. Achei curioso...

— O quê?

— Ele me disse que pediu transferência de setor.

— É mesmo?  Por quê?

— Não entendi bem a explicação, há anos ele era do nosso setor.

— Ele sabe de Rosa?

— Disse que não sabia, pareceu genuinamente surpreso.

— Eita! Será que...

— O que  está pensando? 

— Ele me disse que ela estava no papo. Será que estavam saindo?

—  Rosa era faceira, risonha, mas acho que não traía o marido.Eles viviam num agarramento só.

— Mas é esquisito ele ter saído daqui justamente agora que Rosa sumiu.

— É verdade, ele saiu poucos dias antes.

—Estranho, muito estranho...

***

Os dias passaram e Rosa não apareceu. Raul decidira passar uns tempos no interior na casa de parentes, estava muito abatido. Despedi-me dele com a promessa de informar qualquer novidade.

Como síndico, eu precisava zelar pela ordem e bem-estar no edifício.Certa noite, recebi um telefonema da vizinha do 102:

— Fernando, tem um barulho suspeito no apartamento 101.

Desci rápido,  levando uma lanterna. Peguei a chave reserva. Quando abri a porta, percebi um vulto na cozinha. Acendi as luzes: era o  filho de Rosa.

— Miguel, que você está fazendo aqui?

— Aqui é minha casa.

— Você sabe do paradeiro de sua mãe?

—Não, por que eu deveria de saber?

— Ela está sumida há quase um mês, você não sabia?

— Eu liguei,  mas ela não atendeu, então  não tinha como saber. Tem mais de um mês que não venho em casa, tô trabalhando.

Pelo  estado de suas roupas, sabia o que ele andava fazendo.Vivia na Cracolândia perto da Pedreira. Quando Rosa falava dele, seu rosto perdia toda alegria, pesarosa com a vida que o filho escolhera, mas depois voltava a sorrir, resignada.

— Mas  você veio fazer alguma coisa aqui.

— Não é da sua conta.

— Talvez seja da conta da polícia que está investigando o sumiço de sua mãe.

— Tá bom, eu vim buscar  dinheiro, mas aquele...— xingou um palavrão — deve ter levado tudo com ele.

—Não está preocupado com sua mãe? —  Eu estava perplexo.

— O  que  posso fazer se a velha resolveu dar no pé ? Ela inventou de morar com aquele aleijado de uma figa, que só sabia gastar o dinheiro que ela custou a ganhar.

— Ela ganhou dinheiro recentemente?

— Ela recebeu uma herança boa faz uns três meses.

— E ela te deu uma parte da herança?

— Deu uma parte.

Entendi porque ele estava sumido de casa, mas o dinheiro devia ter acabado.

—Mas ela tinha que me dar mais, sou filho dela, tenho direito.

Foi para os quartos, mas o Miguel não tinha chave. Pedi a ele que fosse embora, dei-lhe  R$ 50,00 que tinha no bolso e ele se foi. Percebi que a tranca  da porta da cozinha estava quebrada e precisava mandar arrumar.

***

— Vem dormir, amor. — Renata, minha esposa, me tirou dos meus pensamentos. Ela se inclinou e viu meu desenho:

— O que é isso?  Virou detetive?

— Não, sim, é que... estou encucado com o  desaparecimento de Rosa.

— O que  descobriu?

— Nada ainda, mas veja que interessante: temos um tenente que xavecava Rosa todos os dias e, de repente, antes do seu sumiço, pede transferência.

— Hmmm, interessante.

— Temos o  filho viciado e que hoje voltou ao apartamento passando pelo muro e sabia que a porta da cozinha não trancava. Nem um pouco preocupado com o sumiço da mãe.

— Certo e temos o marido, o marido é sempre suspeito.

—Sim, temos um marido, paraplégico. Qualquer um dos dois, o tenente ou o filho, poderia sumir com o corpo,  passando pelo muro, é difícil mas não é impossível, porém  o marido fazer isso  é mais difícil, né? Só que a polícia já investigou e descartou essa possiblidade.

— Raciocínio certo.

— Outra coisa, já olhei as filmagens, não há nenhum movimento suspeito.

—  O  que está pensando?

— Não sei, tem algo estranho, senti falta de alguma coisa no apartamento hoje, e nas filmagens, não sei o que é ...mas  tenho uma ideia.

***

.Fui até à Praça Sete, no dia seguinte, aproveitei para passar na banca do Manoel, ali na rua Carijós, para fazer um jogo:

— A Rosa  tá sumida ainda, né?

— Como você soube?

— Raul teve aqui ontem  e me contou, aproveitou e pagou uma dívida antiga. Teve sorte no  jogo.

— Ganhou aqui?

—Não, noutra banca. Me pagou e voltou a jogar como antes — dinheiro grosso. Mas tá sofrendo demais por causa da Rosa, coitado!

Despedi dele e subi a avenida Amazonas, já sabendo que Cardoso estaria por ali. Na segunda volta, trombei com ele:

— E a Rosa apareceu?

— Até hoje não.

— Deve ter cansado dessa vida ferrada, só trabalhando para sustentar vagabundo.

— Mas o Raul era de boa, por que ela o  deixaria?

— Sei não,  cara estranho, tem alguma coisa errada com ele. 

—  E  você mais a Rosa?

— O que é que tem?

— Você vivia mexendo com ela e me disse que tava pegando...

— Que é isso cara? Tá me estranhando? — De repente ele ficou nervoso — O que tá insinuando?

—Não estou insinuando nada,  fica tranquilo, só estou me lembrando que você me falou que tava saindo com a Rosa.

Ele se enfureceu comigo e  me levou a um canto:

—Eu falei aquilo de zoação, entendeu? Eu nunca tive nada com a Rosa, me deixa fora disso.

— Calma, cara,  tem que falar sobre  isso é com a polícia, não comigo.

— E se você envolver a polícia nisso, você tá ferrado comigo.

Despedi-me do tenente que suava profusamente.

***

Saí para fazer caminhada com Lupe, nosso cachorro, para chacoalhar as ideias.  Quando voltei, vi luzes no apartamento 101. Toquei a campainha, Raul me atendeu depois de uns 5 minutos.

—Tudo bem,  Raul? Vi luzes aqui...

—Tudo! Vim aqui buscar umas coisas, mas amanhã  tô voltando para o interior.

—Ah, é?  Por enquanto nenhuma notícia?

  Seu rosto ficou sombrio:

— Nada, esses Dirigentes jogaram Rosa nalgum lugar difícil de descobrir.

Despedimo-nos, mas quando ele fechou a porta, eu descobri do que dera falta em sua sala. Subi, dei uma boa olhada nas filmagens de um mês atrás e dei um telefonema.

***

Bati na porta de Raul uma hora depois, ele demorou de novo  a abrir, estava suado, imaginei que fizera atividade física.

— Trouxe  janta.

— Ah! Agradece  dona Carmem por mim.

— Raul, quero trocar uma ideia com você, estou suspeitando de uma pessoa. Posso entrar?

Lupe entrou comigo.

— De quem?

— Tenente Cardoso.

Seu rosto se iluminou:

—  Eu nunca fui com a cara daquele sujeito, sempre cantando a Rosa, é um safado.

— Será que fugiram juntos?  Afinal Rosa recebeu uma herança, não é verdade?

Sua expressão se iluminou mais ainda:

— É isso mesmo, como eu não liguei os pontos?  Sempre dando de cima dela e Rosa não sabia calar aquela matraca, sempre dando bandeira.

— Tem ideia de onde estariam? 

—  Aposto que em alguma praia.

Nessa hora, ouvimos um  ganido do Lupe,  vindo de um dos quartos.

—Acho que o Lupe  está lá dentro, Raul.

— Chama ele aqui.

— Vou ver onde ele está.

— Não! —  Ele me segurou com seu braço bom,  era forte.

— Qual o problema?

— Chama o seu cachorro e sai daqui.

Sua agressividade me impressionou:

— Não tô te entendendo.Por que não posso ir ao seu quarto?

— Você quer ir ? Então vamos.

Foi me empurrando para o quarto. Lupe escavava junto ao guarda-roupa. Abri suas portas. Lupe ganiu feito um louco. Olhei as gavetas, as roupas, tudo normal.Então uma ideia me ocorreu. Afastei as roupas e bati no fundo do guarda-roupa: a parede cedeu.Para meu horror, senti um mau cheiro horrível e a ponta de um tapete apareceu. Entendi tudo: eu sentira a falta do tapete da sala e lá estava ele, enrolado.Na ânsia da descoberta, eu até me esquecera do Raul. Quando me virei, uma 38 estava apontada para mim, segura em duas mãos:

— Rosa está aí dentro,  não está?

—É isso mesmo, ela tá aí dentro, e você e seu cachorro xereta vão fazer companhia pra ela.

Tentei ganhar tempo:

— Calma aí! Por que você fez isso?  Rosa era gente boa.

— Porque eu precisava do dinheiro e aquela vaca só liberava no  conta-gotas.

— Mas por que voltou aqui?  Por que não sumiu?

— Quase foi um crime perfeito: sem corpo, não há crime. Mas eu esqueci de um detalhe:  guardei a bolsa com o cartão do banco junto dela e não tive como sacar o dinheiro, entendeu?

Engoli em seco, pesando minhas possibilidades, agora que eu o desmascarara. Ele sorria, perverso:

— Só não sabia que ia encontrar alguém bancando o detetive, vai pagar caro por isso.

Esticou o braço e puxou o gatilho.Lupe pulou na hora para me proteger e tombou baleado. A arma tinha silencioso, eu não teria sorte, a próxima bala era minha.

Para ganhar tempo, pedi:

— Me deixa  despedir do meu cachorro?

Ele me apontou a arma:

—  Fim de linha!

Fechei os olhos, mas o que se seguiu foi uma confusão. Raul  tombou pra frente, imobilizado, com um braço em seu pescoço, sua arma pulou pra longe e eu me deparei com o  Tenente Cardoso e mais quatro policiais. Eles chegaram bem a tempo! Eu começara a suspeitar de Raul, porque há uns dias olhara nas filmagens e  não vira Rosa saindo no dia de seu sumiço. Então, liguei para Cardoso, que puxou a ficha de Raul: era longa.O mais curioso foi ver o criminoso  sair andando normal, sem problema: era um excelente ator, enganara-nos a todos com a sua performance.

Abracei meu valente cachorro: ele respirava, estava vivo!

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro