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Texto 13

Reinicialização Humana


Parecia um dia comum de trabalho. Eu me dirigi ao departamento para monitoramento de epidemias potenciais, da Organização Mundial de Saúde, do qual era responsável. Regularmente recebíamos informações enviadas pelos Ministérios da Saúde de inúmeras nações, mas algo surpreendente alterou nossa rotina. Começaram a chegar, simultaneamente, notificações de morte súbita em pessoas do sexo masculino, de todas as idades, sem restrição a uma região, nação ou continente, tornando isso um fenômeno mundial.

Imediatamente, um alerta fora acionado em escala global. Um quadro preocupante se estabelecia rapidamente. A progressão dos casos notificados era alarmante. Em questão de minutos, passamos de milhares para milhões de vítimas, e a escalada vertiginosa desses números não cessava. Jamais uma doença se mostrara tão seletiva. Não importava a idade ou a presença de comorbidades. Até pessoas plenamente saudáveis eram acometidas. A pergunta que deveríamos responder: "Por que apenas indivíduos do sexo masculino eram afetados?"

Autópsias feitas mostraram uma característica comum. As células do corpo desses indivíduos pareciam ter explodido, resultando em um sangue negro, coagulado. Testes em massa foram realizados e comprovou-se que todas as amostras coletadas estavam infectadas. 

Impressionante eram os relatos que complementavam esse quadro. As pessoas falecidas encontravam-se em plena atividade e, do nada, simplesmente apagavam, sem demonstrar reação, sequer aparentar dor, como se fossem simplesmente desligadas. E esse apagão tornava-se mais evidente em áreas de grande concentração populacional, gerando histeria e caos.

Uma pandemia desenrolava-se diante de nossos olhos e, devido à letalidade envolvida, o curso que ela indicava era devastador. Ninguém do grupo de risco sobrevivia e, em nossa escala evolutiva, enfrentáramos inúmeras doenças, mas, em nenhuma delas, nossa extinção estivera ameaçada de forma tão real e explícita.

Para perpetuar nossa espécie, precisamos que uma fecundação ocorra através do encontro de um gameta masculino com um feminino. Mas, se o cromossoma Y estava sendo exterminado, isso, inevitavelmente, decretaria o nosso fim.

O ponto elementar dessa jornada era identificar o paciente zero. Cientistas do mundo inteiro buscavam respostas e, por isso, fomos verificar a primeira ocorrência feita nesse período. Nesse caso, tratava-se de um homem de meia-idade, plenamente saudável e que trabalhava com pesquisa de ponta em uma conceituada universidade. 

Era um profissional da área de genética, portanto, havia relevância nesse caso e, por isso, fomos analisar o último projeto em que ele esteve envolvido. Tratava-se de um experimento de aprimoramento dos espermatozoides humanos utilizando, para essa finalidade, uma cepa de herpesvírus humanos alterada geneticamente em laboratório.

Infelizmente, todas as evidências levavam a crer que ele fora infectado durante o processo de manipulação. Já estávamos providenciando análises mais específicas do material post mortem desse indivíduo, bem como, tomando medidas de segurança necessárias para evitar o contágio da equipe encarregada desse estudo. 

Enquanto aguardávamos os resultados, solicitados em caráter emergencial, o mundo agonizava. Lares eram desmantelados pela ação desse hospedeiro invisível que, ao entrar em ação, dava fim à história de um cidadão. O maior problema era a velocidade com que os óbitos vinham acontecendo. Nenhum local tinha como sepultar tantos cadáveres, portanto, todos passaram a ser cremados, porém, a fila de corpos que aguardava esse destino aumentava em uma proporção inimaginável.

Em consenso, todos os governos tomaram medidas drásticas. Uma lei marcial entrou em vigor em todas as nações. Qualquer representante biológico do sexo masculino, seja bebê, criança, adolescente, adulto ou idoso, deveria se apresentar em um dos centros de intervenção em saúde pública, criados para cadastro e fornecimento de material coletado para análise laboratorial. 

A medida mais importante adotada foi considerar como patrimônio da humanidade todos os bancos de sêmen existentes. Essa era a única maneira de evitar o nosso desaparecimento. Só assim garantiríamos, por inseminação artificial, o surgimento de novos seres humanos.

Entretanto, havia um fator mórbido nesse momento de desespero e pânico extremos. Só poderíamos recomeçar com gestações assistidas após termos certeza de não haver mais possibilidade de novas contaminações, e isso só ocorreria com a inexistência de um representante vivo do sexo masculino, considerando todos como infectados. Não havia cura, nem vacina até o momento. Era um fim angustiante e derradeiro.

O material genético utilizado nas mulheres seria de doadores que forneceram seu sêmen um ano antes de ser notificado o primeiro caso. Todo o material coletado após essa data seria descartado. Portanto, as crianças nascidas após esse evento drástico para a humanidade, não seriam provenientes de relações afetivas estabelecidas anteriormente. Isso fazia parte da nova lei vigente: garantir a procriação a qualquer custo. 

Nada seria cobrado das mulheres em idade fértil que seriam incumbidas de dar continuidade à nossa existência. Elas receberiam assistência plena durante todo o processo, desde a inseminação até o desmame. Precisávamos repor com urgência, e extrema eficiência, esse gênero vital para a perpetuação por via natural. 

Revolta também passou a ser um novo ingrediente nessa jornada pela sobrevivência. Além disso, havia inúmeras cobranças sendo feitas aos institutos de pesquisa que tentavam resolver o quanto antes esse problema. Mas, infelizmente, nada nessa área tem soluções mágicas. Requer pesquisa, análise e testes. Não tínhamos como burlar o básico, muito menos descobrir as fraquezas desse patógeno em tempo recorde, portanto, a corrida que estávamos dispostos a nos empenhar se mostrou ineficaz.

A solução plausível, que iria resolver definitivamente o problema, já estava sendo aplicada eficazmente por uma sábia condição imposta. A morte do hospedeiro traria consigo o fim de um vírus novo, fabricado, que também sucumbiria ao não ter mais portadores do cromossoma Y para infectar já que eles teriam desaparecido do planeta. Haveria outra maneira? Provavelmente sim, se tivéssemos conhecimento e avanços tecnológicos para além de nossa época. Difícil era tomar consciência de que essa luta estava perdida desde que as mortes começaram e, mesmo diante disso, persistíamos, lutávamos.

Eu fazia o backup na nuvem de todos os dados coletados diariamente, dando acesso pleno às instituições de pesquisa, órgãos governamentais e qualquer outro profissional que viesse trabalhar, no desenvolvimento atual ou futuro, com medidas de contenção para algo igual ou similar ao que enfrentávamos agora. 

Descobrimos que o vírus, além de altamente contagioso, possui um estado de latência assintomática de até um ano. Ele infecta as células do seu hospedeiro e, como em uma contagem regressiva e sincronizada, desperta para matá-lo instantaneamente, sem dar chance ao sistema imunológico de reconhecê-lo e criar mecanismos de defesa.

O gatilho de reprodução era o cromossoma Y, que atraía o vírus para dentro das células, ficando dormente em seu núcleo. Já nas mulheres, não havia esse fator atrativo, fazendo com que ele não sobrevivesse em seus corpos, portanto, elas não o propagavam.

Infelizmente, o pior tornava-se evidente a cada segundo. Não havia como dar um fim digno àquele volume de corpos, que passaram a ser literalmente incinerados para evitar problemas maiores. Já as mulheres que deram à luz nesse período, perderam seus filhos antes deles completaram dois anos. Dor extrema marcava essa geração que enfrentava um inimigo comum. E isso criou novas diretrizes para a sociedade que renasceria dali.

O que restará dessa triste e mórbida experiência evolutiva, além de um registro indelével, é a certeza de que não estamos preparados para eventos dessa grandeza. Ainda gatinhamos, mesmo depois de tantas descobertas e avanços tecnológicos. Seriam justamente esses os pilares dos nossos próximos tormentos? 

Vírus letais criados, como fora esse, só tornariam o desafio imposto à ciência ainda mais complexo, abrindo infinitas possibilidades para o mal que podemos causar a nós mesmos, seja por descuido, como nesse caso, ou na busca de poder e supremacia, tornando nosso caminhar um retrocesso para nossas conquistar.

Sei que esse legado começa por verdades inóspitas, mas eu sinto ter que ser portador póstumo desse registro em nossa história. Você já deve ter imaginado que, sendo eu um exemplar genuíno do cromossoma Y, também fui acometido desse mal. Não sei dizer como, nem quando, fui contaminado. Tampouco, qual será meu último feito ou pensamento voluntários. 

Caberá incondicionalmente ao cromossoma X desse planeta, reiniciar a sociedade que, por décadas, vimos incorrer por desígnios não tão nobres quanto suporíamos. O que levou o paciente zero ao deslize, não importa. A intenção fora aparentemente nobre, mas o erro se mostrou um perigo muito além dos benefícios a serem obtidos. Precisávamos correr esse risco?

Não sei quanto tempo me resta, mas, nesse instante, estou com minhas faculdades mentais intactas, pleno em minha lucidez e esclarecimento. Dessa forma, se você me permitir, lhe darei um conselho. Use as informações coletadas nesse período da pandemia com discernimento e bom senso, mas, acima de tudo, com amor pleno, para atingir o destino final a que toda ação científica deveria ser conduzida.

Problemas novos sempre irão acometer nossa sociedade, principalmente ao selecionar os mais aptos para nela estarem. Essa é a lei natural descrita por Darwin. O que ele não acrescentou, eu humildemente o farei, pedindo-lhe que fique atento às escolhas que tomar. Elas podem não ser perfeitas, mas, se visarem a saúde em seu aspecto mais amplo, surgirá a sociedade que realmente queremos. Seria utopia pensar assim? Essa resposta cabe à você, que será capaz de inovar em uma realidade que eu jamais vivi.

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