Semeio
Eu, Rafael Honório, acreditei estar vivendo mais um dia comum na minha atribulada rotina como Gerente de TI. Tinha acabado de prestar suporte remoto para o CEO de uma multinacional, que não conseguia ter acesso ao seu provedor e e-mail, quando recebo uma ligação que mudaria a minha vida.
Fazia algum tempo que não falava com meu melhor amigo, Ismael, mas era compreensível. Com tanta tecnologia envolvida, nos habituamos a teclar, principalmente via Whatsapp. Facilitava, já que ambos tínhamos vidas profissionais atribuladas. Ele era famoso, o chefe do Centro Nacional de Pesquisas Epidemiológicas, portanto, referência máxima no monitoramento de possíveis ameaças à saúde da população. E a ligação identificada no meu celular fora muito rápida.
— Ismael! Há quanto tempo?
— Olá, Rafael. Você poderia me encontrar hoje, às 17h.
Havia algo estranho ali, mas não seria por telefone que iria descobrir, sendo assim, horas depois, encerrei meu expediente mais cedo, para estarmos frente a frente, na antiga cafeteria em que costumávamos ir, por ser próxima ao seu trabalho.
— O que houve, Ismael? Fiquei preocupado. Você nunca havia sido tão insistente, além de me parecer bastante preocupado.
— Meu amigo, o que vou lhe contar é confidencial, portanto, morre aqui.
Ao terminar essa frase, ele riu sarcasticamente, deixando-me ainda mais receoso com o que estaria por vir. E, confesso, aquele não era o lugar certo para estarmos porque, o que ele me revelou, teria que ser acompanhado de uma bebida bem mais forte e encorpada.
A bomba era simples de assimilar: iríamos morrer. Até eu sei que esse sempre fora o destino mais certo de nossas vidas, mas ter o ponto final decretado por um vírus modificado, que só apagaria da existência os portadores do cromossoma Y, eu não queria. Seria uma interrupção abrupta demais para aceitá-la com fé e resiliência. Eu, de fato, estava consternado e revoltado!
Saí daquele encontro com um turbilhão de questionamentos mostrando-me que cada segundo era precioso demais para perdê-lo. O que realmente eu gostaria de desfrutar em meus últimos momentos? Viajar? Seria muito bom, mas eu poderia morrer ainda na poltrona do avião, antes mesmo de chegar ao local paradisíaco por mim escolhido.
E se investisse em melhorar meu casamento? Dar-nos noites tórridas de amor e gozo a todo momento? Eu amava minha mulher, mas infelizmente estávamos acomodados em quase vinte anos de fidelidade conjugal. Um esfriamento tinha se estabelecido naturalmente, tornando nossa relação sem muitas perspectivas e inovações, restando-nos uma intimidade escassa e trivial.
Mas, diante dessa nova realidade, minha urgência pelo desfrute instantâneo falou mais alto. Eu sabia que um dano colateral estaria irremediavelmente ligado às decisões que tomasse, mas a moral já não trazia o bom senso para o meu discernimento.
O que eu ganharia sendo o cara de todos os dias, quando meus instantes finais se esvaiam em um cronômetro que não estava mais em minhas mãos? Estaria cometendo um crime? Sim, o da infidelidade, mas nada seria perfeito, não é mesmo?
Foi assim que, com a ajuda do Google, desviei do caminho de casa e cheguei à Eros's House. Meu trabalho ali seria inédito. Escolhi o programa mais completo, que me daria total liberdade com a garota que eu desejasse. Logo estava acompanhado de uma morena deliciosa, Karina, que, vestida de forma provocante e sensual, conduziu-me a um quarto minuciosamente decorado.
Era um local espaçoso e, assim que entramos, vi a cama king size bem arrumada, com travesseiros fartos. Do outro lado, uma banheira, com velas aromáticas já acessas. Mas, o que verdadeiramente prendeu minha atenção, foi uma cadeira de couro preto, estrategicamente posicionada no quarto. Só a conhecia através das imagens divulgadas em sites de pornografia.
Comecei a imaginar as mais interessantes posições sexuais quando fui surpreendido pela mão safada da Karina na minha virilha que, vagarosamente, dirigia-se ao centro da minha masculinidade, mostrando-me o quão profissional ela era. Fiquei empolgado com a iniciativa, pois sempre gostei de mulher decidida e, mais ainda, faminta. Ela rapidamente percebeu um volume maior que o convencional embaixo daquela calça social, sorrindo para mim com expectativa.
Não esperei que ela dissesse algo. Apenas puxei-a para mais perto e desci minhas mãos em direção ao laço que mantinha aquele vestido ainda sobre seu corpo. Ele não demorou muito a cair, revelando a nudez apetitosa com que ela me serviria. A primeira sensação prazerosa foi descer o olhar e deixar minhas mãos irem em direção a sua bunda, segurando-a com vontade. Mas eu também precisava me despir e, enquanto o fazia, a vi sentar-se confortavelmente no assento mais alto daquela cadeira do sexo, afinal, ela percebera o meu apreço e curiosidade pela novidade.
Ao me aproximar, um banquinho mais baixo, logo a sua frente, era destinado a mim para obter ângulos privilegiados. Assim que me sentei, ela reclinou seu tronco para posicionar-se adequadamente no encosto, colocando, a seguir, seus pés nos suportes laterais. Eu parecia um médico prestes a fazer um exame ginecológico, mas, nesse caso, o espéculo inicialmente seria a minha língua, depois o meu pênis.
Eu iniciei aquela deliciosa empreitada percorrendo os seus pelos pubianos com meus dedos, dirigindo-me ao seu clitóris. A safadeza estava estampada em seu olhar e, para me instigar ainda mais, ela fez um movimento lento com a língua, contornando de ponta a ponta a sua carnuda boca. Comecei a circular e pressionar aquele ponto sensível, intensificando-o conforme ela ia se mexendo.
Eu queria incendiá-la, tocar em todas as partes capazes de excitá-la para receber meu vigoroso membro, já latejante pelo que eu estava vendo. Aproveitei para mergulhar um dos meus dedos em sua vagina, percebendo a vontade que já a tomava. Retirei-o abruptamente, dando a ela tempo suficiente para acompanhar meu próximo movimento.
Minhas mãos seguravam-na pelo quadril enquanto eu me posicionava para sugar todo aquele tesão expresso em sua lubrificação. Não poupei esforços. Deixei aqueles lábios ainda mais rosados à medida que minha sucção aumentava seu frisson e minha língua ia e vinha brincando de locomotiva.
Já não estava aguentando mais. Entre minhas pernas havia uma cabeça ereta e latejante, implorando para a sua tão aguardada entrada triunfal. Uau! Aquela cadeira ajudava demais, pois fazia com que meu alcance fosse profundo e no ângulo ideal para cutucar seu Ponto G. Isso sim era foder! E aquele prazer foi me tomando, levando-me a investir com intensidade e velocidade, fazendo com que gozasse como há muito não o fazia.
Como eu precisava sentir isso! O poder de estar vivo, com liberdade e livre-arbítrio para seguir meus instintos primitivos. E eu não pararia aí, não mesmo! Estávamos suados, mas o tempo ali era bem gasto, portanto, eu queria tirar proveito máximo. Pedi a ela que se virasse naquela cadeira e arrebitasse ao máximo sua bunda, para que eu vislumbrasse plenamente o que viria a seguir.
Observei aquela abertura molhada pelo meu gozo. Novamente inseri meu dedo ali, buscando a melosidade necessária para estimular o seu clitóris, até chegar ao ponto onde começaria adentrar em seus ânus, algo que minha esposa jamais permitiu, mas eu sempre tentava persuadi-la. Enfim, antes que a morte me levasse, eu realizaria essa fantasia.
Lubrifiquei bem o meu pênis para, lentamente, entrar naquela nova possibilidade de êxtase. E, que sensação! Eu literalmente me senti comprimido, espremido, enquanto meu membro latejava, vibrava e impulsionava cada vez mais. A mulher que eu fodia, gemia, mexia e me engolia a cada investida. Gozei mais rápido do que gostaria, mas daquela opção eu não mais me privaria, não enquanto pudesse desfrutar minhas novas escolhas pervertidas.
A hora prazerosa com a Karina, infelizmente, havia acabado e eu precisava voltar para casa. Tomei um banho rápido, antes de sair dali, para que a Lídia não sentisse o cheiro de sexo impregnado em mim. Cheguei com apenas dez minutos de atraso em relação ao horário habitual, portanto, ela nada estranhou. Apenas me recebeu com o beijo rápido de sempre e voltou apressada para a cozinha, a fim de terminar o jantar. Comemos silenciosamente e, enquanto mastigava, flashes do momento fogoso com a Karina começaram a pipocar em minha mente, fazendo com que eu me esforçasse para não sorrir involuntariamente.
Fui ao banheiro fazer minha higiene pessoal antes de deitar. E, ao olhar-me no espelho, sorri, porque ali estava refletida a fisionomia de um cara que, apesar do infortúnio ocorrido, havia descoberto o sentido que deveria dar a cada novo dia que pudesse aproveitar.
Quando cheguei no quarto, Lídia não estava deitada como de costume. Assim que a porta fechou, ela apareceu atrás de mim, vestida para matar. Sério isso? Seria meu dia de sorte? Com ela, porém, não era só tesão, mas amor, cumplicidade e parceria. O nosso envolvimento era em outro nível, afinal, tínhamos um histórico emocional de peso, com erros e acertos. E, nesse caso, as preliminares importavam.
Estávamos tentando quebrar esse gelo já há algum tempo, mas sempre que recomeçávamos, o entusiasmo durava pouco e o fogo não era mais o mesmo, bem diferente das labaredas com que nosso relacionamento começara. E, como eu sabia que logo encontraria o fim dessa jornada, resolvi não magoá-la. Iria amá-la com empenho, mesmo me odiando por enganá-la.
Não posso dizer que amar a Lídia foi como foder a Karina, mas, amanhã, se tudo desse certo, eu iria me aventurar com as outras opções de satisfação garantida que o cadastro me sugeria — Rita, Letícia e Melissa — e com quaisquer outras que me interessassem, em orgias contratadas e consentidas, até meu corpo sucumbir à enfermidade, que logo pelo mundo se alastraria. Sei que o sexo que buscava não era a cura real, mas sim minha liberdade de deixar o medo de lado e semear o amor por mim, por tudo que já fiz, mas, prioritariamente, pelos poucos sonhos que conseguiria cumprir e que me dariam o poder de escolha, o que antes desse baque parecia não existir.
Amanhã, nada seria como antes, não mais. Eu já havia alterado minhas metas e começaria abolindo minha obrigação diária com o trabalho para aproveitar cada instante ao máximo. Dessa forma, iria gerir meus horários privilegiando o prazer, em tempo integral. E, para garantir que a Lídia não tivesse conhecimento disso, realizaria minhas mais íntimas aventuras no horário comercial.
Até quando assim o faria? Só o vírus poderia me dar essa resposta, mas, na atual conjuntura, ninguém estava apto a decifrar essa incógnita porque, assim que ele despertasse, eu não mais existiria. Esse desafio não enfrentaria, apenas esperaria abrir meus olhos e encararia tudo que me fizesse feliz na vida.
Seria imaturidade, fuga do problema ou apenas uma forma de esquecer disso com uma mórbida ironia? Não! Esse seria o meu casulo interno, a sanidade impondo-se diante dessa contagem regressiva. Estaria errado tomar essa atitude? Talvez, porque nenhuma escolha desse nível é fácil, mas eu me arrependeria mais se permitisse que minha impotência me deixasse apático, morrendo até mesmo antes da hora fatídica.
E, se contasse algo para Lídia, pior ficaria. Eu não precisava de mais problemas, não depois de saber que convivia com um hóspede indesejado em minhas células até então sadias. Sendo assim, preferia morrer no auge, não da carreira, mas da razão mais básica da existência de um homem: a cópula prazerosa sem o ônus do envolvimento emocional.
No dia seguinte...
— Você ligou para a Eros's House. Bom dia! Em que posso ajudá-lo? — disse a atendente com a frase de praxe oferecida.
— Quero reservar três horários consecutivos para hoje.
— Senhor, por gentileza, me forneça o seu nome para localizar o seu cadastro de preferências.
— Claro. Eu me chamo Rafael Honório.
Com o horário reservado, preparei-me para sair de casa rumo ao meu novo "trabalho". Antes, porém, beijei carinhosamente a Lídia, desejando-lhe um atencioso bom dia, afinal, nem tudo mudaria, não ainda.
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