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O PRETO, O AZUL E O VERMELHO

Era tudo questão de uma hora só, o suficiente para conseguir fazer com que ela voltasse viva. Ninguém daria falta de um só tubo de ensaio daquela substância, que já estava sendo produzida aos galões. Por isso, quando Mauro Heisenhoff chegou em casa aquela tarde do trabalho na usina, a única coisa que ele conseguiu fazer foi correr para a cozinha, abrir a o tubo de ensaio e despejar aquela substância preta e viscosa, muito parecida com petróleo, no chão da cozinha.

Era uma única chance, uma chance de uma hora, pelo que ele havia conseguido calcular, depois de dois anos de estudos só para ter certeza disso. Aquela quantidade de substância abriria para ele aquilo que no laboratório chamavam de "Olho de Deus", pelo qual conseguiria voltar para o momento em que sua mulher, Lídia, cujo coração levara consigo no momento em que morrera, viva para o presente, do jeito que ela sempre deveria ter estado.

A substância foi então se espalhando vagarosamente pelo chão da cozinha, transformando-se em questão de minutos em uma poça, que parecia de água preta, de mais ou menos um metro e meio de diâmetro. Quem olhasse por ela, viria seu próprio reflexo, mas Mauro sabia que não era somente aquilo, e pegando o cronômetro que havia preparado especialmente para aquele momento, iniciou nele a contagem regressiva de uma hora, o tempo para se encontrar com Lídia ainda viva e trazê-la de volta para o presente, viva, e se jogou dentro daquela poça preta.

Caiu no chão da cozinha, no mesmo ponto em que tinha jogado a substância. Depois de se recompor do tombo de dois metros, olhando para o teto, viu que a substância estava na verdade lá, do mesmo tamanho, forma e cor, como se tivesse passado de um andar ao outro por um buraco. Mas ele sabia exatamente o que aquilo significava e por isso correu para acender a luz da cozinha e olhar para o calendário pregado na geladeira: era o dia 30 de abril, dia em que Lídia tinha sido tirada dele sem que ele tivesse chance de defendê-la.

Já faltavam cinquenta minutos e Mauro começou a chamar por ela pela casa. Ninguém respondia. Pelo que ele podia se lembrar, Lídia tinha ido às compras naquele dia, então o pior acontecera depois de sua chegada, quando ela fora deixada mais ou menos naquele ponto, sangrando e desacordada.

Lídia era o amor de sua vida. Tinham se conhecido na universidade e tinham tudo para não dar certo: ele, estudante de física e ela, de pedagogia. Isso também havia gerado entre os dois muitos conflitos, depois do casamento, sobre ter filhos, mas como, ah, como ele queria ter tantos filhos com Lídia caso pudesse! Era tudo o que ele queria: resgatá-la finalmente para que pudessem ser felizes.

Pelo que soubera da morte da mulher, ela tinha sido atingida com um objeto contundente na cabeça, pelas costas. O covarde que tinha feito aquilo a ela certamente estaria por perto, agora que só faltavam quarenta minutos. Mauro precisava fazer algo, então correu até a garagem, pela porta da cozinha que dava para ela, e começou a vasculhar nas suas ferramentas, procurando por um machado, a única arma que lhe vinha à cabeça naquele momento e que pudesse usar para defender a mulher de algum ataque. Usaria a arma sem pensar duas vezes, se isso significava ver Lídia viva.

A causa e a motivação da morte de Lídia, até aquele momento, constituíam grande mistério para todos: uma professora de educação infantil, encontrada morta no chão de sua cozinha, sangrando graças a um golpe na cabeça, e absolutamente nada da casa havia sido levado, tampouco houvera qualquer tipo de arrombamento, tanto que quando a polícia chegou, a casa estava completamente fechada.

Mauro chegara naquela terrível tarde do trabalho no laboratório, animado com a notícia de que Lídia ia preparar seu prato preferido, macarrão a carbonara, mas tudo o que encontrara foi o corpo da mulher ali jogado, ferido mortalmente, as compras sobre a pia, as luzes do carro da polícia pintando tudo de vermelho e azul.

Olhou para o teto, olhou para o cronômetro: quinze minutos. Tanto Lídia, quanto quem estaria para lhe fazer mal, poderiam chegar a qualquer instante. Precisava que isso ocorresse logo, porque o Olho já estava se fechando, agora com metade do diâmetro original.

Um tanto impaciente, mas certo de que fazia o melhor, escondeu-se atrás da porta da cozinha e apagou as luzes, espreitando o tempo todo o lado de fora.

Dez minutos.

Onde estaria Lídia?

Cinco minutos.

Nem sinal dela, nem de mais ninguém.

Isso até que um vulto se avolumou próximo da porta da cozinha. Mauro tentou divisar de quem se tratava. Por certo não se tratava de Lídia: vestia um moletom preto com capuz. Lídia nunca vestiria aquilo, sempre tão fina e requintada, com seus vestidinhos de professorinha de primário e colares e brincos de pérola.

Por isso, assim que entrou pela porta da cozinha o sujeito, um olho nele e outro no Olho de Deus que se estreitava no teto, Mauro só conseguia pensar no seguinte: se não consigo levar Lídia comigo viva, ao menos consigo salvá-la de ser morta.

Faltavam dois minutos no cronômetro quando a chave virou na maçaneta e o sujeito entrou.

Com o lado do machado, Mauro deu com ele naquele que entrava pela porta, fazendo-o cair já ali no chão da cozinha.

Uma sacola de compras caiu no chão, fazendo rolar longe uma garrafa de vinho branco e espalhando para longe um pacote de pappardelle e um naco de toucinho.

Acendendo as luzes, já faltando um minuto para que o Olho se fechasse por completo, Mauro puxou o capuz do moletom e viu lá dentro, já desacordada e ferida, a amada Lídia.

Ainda havia tempo para que ele pudesse entrar pelo Olho e voltar atrás, mas tudo o que ele conseguia fazer era segurar com uma força irada a própria cabeça ao perceber que fora exatamente aquela tentativa de salvar a mulher que a levara àquilo.

Poucos eram os segundos para voltar, bastava que ele pusesse a ponta do indicador na parte da substância que ainda ficava que iria de volta para dois anos depois, a mulher morta e a vida de sempre.

Mas agora, ele sabia e via que era por causa dele que aquilo tinha acontecido.

Enquanto a substância recrudescia e sumia no teto da cozinha, Mauro se sentou ao lado do corpo de Lídia e o apoiou sobre suas pernas, chorando sobre ele e beijando-o repetidas vezes, pedindo perdão.

Quando o cronômetro apitou o segundo zero, as sirenes dos carros de polícia começaram a se ouvir, as paredes de toda a casa pintadas com as luzes azuis e vermelhas dos carros.

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