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Enevoado

Eu não precisava dormir. Não tinha hora para acordar. O trabalho agora era em outra categoria, desde que se estabeleceu a pandemia. Home Office tornou-se a regra para essa nova vida. Estava tudo em pleno silêncio, sem perturbações, só meu monitor ligado e eu teclando alucinado. Sim, meu ofício era dos mais importantes nesse período. Eu era escritor e estava desenvolvendo uma nova trama, onde um homem, atormentado por seus traumas, espreitava as belas mulheres do bairro em que vivia, querendo uma diversão não autorizada, levando à extremos, gerando brutalidade máxima. 

Cheguei ao ápice desse enredo. Enlouquecidamente escrevia a cena final, aquela em que o personagem principal consumava seu desejo de vingança, de superar sua inferioridade diante de um passado perturbador, levando-o às profundezas da perversidade, da retaliação como defesa, da reprovação diante da sua inóspita sexualidade. 

Sua vítima fora caçada com zelo extremo. Era jovem, atraente e se encontrava indefesa e impotente. Estava deitada, despida, de bruços, amordaçada e com as mãos presas à cabeceira daquela cama, que em nada lhe acolhia. Ela tinha consciência que ninguém a salvaria a tempo de evitar o horror que logo se consumaria. Seu olhar, já machucado pela brutalidade com que fora atingida, era de escárnio e pavor diante de seu algoz, alguém que ela nunca antes vira.

Ele se aproximou com deleite, enquanto seu pênis vibrava em êxtase. Penetrou-a com rapidez, investindo sua insanidade e virilidade contra aquele corpo invadido inevitavelmente pela dor, agressão, desolação e humilhação, ao mesmo tempo que, com uma navalha, cortava suas costas de forma cirúrgica, em talhos pequenos, por onde o sangue escorria e era somente dessa forma que conseguia manter-se excitado.  

Foi descrevendo esse ambiente de incontestável atrocidade que minha emoção mergulhou no íntimo desse personagem para conhecê-lo e retratá-lo com veracidade. Eu estava tão absorto nesse cenário, envolvido com sua riqueza de detalhes, que não percebi a hora avançada, e, sinceramente, ela não importava.

Toc! Toc! Toc!

Olhei para o relógio. Quem poderia ser às 3:00? Não tinha ideia de quem seria nesse horário. Hesitei em atender, estava envolvido demais com a escrita, não era o melhor momento. Mesmo assim, lancei meu olhar em direção à porta, encarando a fechadura. Lembrava de tê-la trancado, afinal, fazia isso diariamente, no piloto automático. Então, por que a dúvida? Quando cogitava ser minha imaginação me pregando peças ou um engano...

Toc! Toc! Toc!

Cautelosamente, olho para o meu computador, esbravejando mentalmente a quebra desse elo empático com meus personagens e, contrariado, vou verificar no olho mágico quem seria a pessoa inconveniente e insistente.

— Rita! Você aqui?

— Estava com saudades e precisando de dinheiro, Ricardo. Você não veio me visitar como de costume. Esqueceu das minhas habilidades? Do quanto eu poderia tornar sua vida mais prazerosa e instigante?

— Você não deveria estar aqui! 

— Então, basta pedir que eu irei embora.

Não conseguiria recusar aquela lascívia proposta. Olhei para a mulher mascarada e imediatamente soube que, por baixo daquela capa puída, havia uma lingerie estrategicamente escolhida para me levar à loucura. Tentara inutilmente resistir ao desejo mais primitivo, mas fora impossível. Olhei para a minha mesa e, depois, para ela. A decisão havia sido tomada.

— Entre!

— Se eu for atrapalhar...

— Não se preocupe. Só vou precisar de alguns minutos para salvar o meu trabalho e já volto. Enquanto isso, fique à vontade.

Deixei-a na sala e corri para o meu texto, observando a última parte escrita, escrevendo logo abaixo uma pergunta que depois eu me faria. Levei o cursor ao seu destino, salvando o arquivo. Escolhi deixar o computador suspenso, afinal, voltaria ao trabalho, teria que finalizá-lo.

Assim que me virei, não vi a Rita por perto. Novamente, só encontrei o silêncio. Será que ela desistiu e foi embora? Lancei um olhar rápido para a porta, mas ela permanecia intocada, fechada. Fui caminhando pelo corredor, apenas usando como guia a luz oriunda do pequeno abajur, ainda aceso sobre a minha área de trabalho.

A porta entreaberta era a do meu quarto. Tudo escuro. O mundo parecia estar mudo. Segui em direção à cama. Tateei com expectativa. Um suspiro surgiu assim que minha mão encontrou a sua virilha.

— Pensei que não me queria.

— Pensou errado, Rita, mas quanto isso vai me custar?

— Tenho certeza que depois você me recompensará. Agora, venha!

Ela já se encontrava nua, então, eu precisava acelerar meu ímpeto, para precisamente acompanhá-la, incomensuravelmente desfrutá-la. Rapidamente despi-me. Mapeei, com toques vorazes, sua boca, pescoço, seios. Pressionei seu quadril, erguendo-o. Ela respirou descompassadamente, antevendo a minha investida. Não lhe dei tempo para as preliminares, apenas confirmei com meus dedos a sua umidade receptiva.

Os gemidos que ela fazia impulsionavam o meu furor. E, quando pensei que tinha total controle, me vi mergulhar em uma memória não desejada, resgatando minha primeira incursão nessa íntima jornada.

— Venha, meu rapaz! Deixe-me ajudá-lo a relaxar e, depois, a se excitar. Não tenha medo. Eu sei o que estou fazendo. Logo estaremos nos divertindo e você vai querer mais. Seu pai vai ficar muito orgulhoso do seu primeiro desempenho.

Comecei a estocar a Rita com intensidade. O prazer ainda não havia atingido o seu ápice e eu queria extravasar minhas necessidades naquele corpo que se oferecia com extrema permissividade. Porém, a lembrança retornara com mais crueldade. 

— Então, Guilhermina, como o meu filho se saiu? Esse garanhão lhe deu muito trabalho?

— Trabalho algum. E esse foi o problema.

— Como assim? Meu filho não mostrou bom desempenho? Virilidade? Capacidade?

— Não, Sr. Roberto. Ele não conseguiu, sequer ficou ereto.

Eu precisava ir além, mostrar à Rita que permaneceria potente, que a surpreenderia, que seu êxtase iminente não me abalaria. Mas, quando pensei em libertar meu prazer, minha mente bloqueou esse feito e resolveu relembrar-me das duras palavras ditas por meu pai.

— Você me envergonhou, Ricardo! Perdi tempo e dinheiro naquele prostíbulo. Se soubesse que brocharia na sua primeira vez, iria eu em seu lugar.

Meu corpo exigia minha atenção e uma pane parecia estar em ebulição. Com isso, voltei para a realidade, para o calor daquela intimidade. Rita estava em frenesi e aquele sentir ela não conseguiria fingir. Simplesmente, ela apertava ainda mais o meu membro à medida que eu acelerava o movimento. Suas unhas afundavam em minha carne. Seus gemidos haviam perdido o autocontrole. Mas ela parecia esperar algo mais. O que seria?

Olhei sua boca entreaberta, sua língua percorrendo-a, lubrificando-a. Se ela aguardava um beijo, não o teria. Jamais o fiz e não seria hoje que o faria. Aqueles lábios sedentos já haviam servido a outros parceiros, portanto, eu não os queria, não pagaria taxa extra por essa regalia desprovida de fidelidade.

Minha atenção voltou-se para a nossa sincronia, o ranger da cama, o lençol suado, o cheiro por nós exalado. Tudo ali era sexo, mas envolvimento zero. Essa mulher era quem melhor me conhecia, em anos de encontros periódicos naquele bordel barato, ela era a única relação sexual que eu me permitia. 

E agora, vendo-a pela primeira vez em minha casa, no resguardo do meu quarto, prestes a vivenciarmos um instante luxurioso, eu me questionava por que ela me procurara? Mulheres como ela não iam atrás de seus clientes, principalmente em suas casas. Isso seria o prenúncio de que algo entre nós mudara? Sem motivo aparente, ela soltou uma gargalhada estridente, algo que me pegou desprevenido, pois nunca antes havia acontecido.

A explosão de novas percepções, a erupção de antigas emoções, bem como, a velha insegurança com o meu desempenho, o prazer que por inúmeras vezes não esteve acompanhando o meu desejo, tudo ali extravasava minhas experiências equivocadas e, da mesma forma, me pressionava. Aquele prazer que nela eu observava, era por mim causado ou fruto de uma fantasia em sua mente alojada, onde eu, com uma ínfima parte, apenas contribuía para realizá-la?

Quando voltei a me concentrar, antes que viesse a brochar, o cenário era outro. Em um forte movimento, virei-a. Não era Rita quem estava comigo, nem as condições em que nos encontrávamos eram as mesmas. Naquela cama, havia uma outra mulher, amarrada, violentada, enclausurada. Ela encarava-me, com um lado do rosto inchado, o olhar de nojo estampado.

Voltei a atenção para o meu corpo e ele continuava mexendo-se, um vai e vem movido por outro sentimento. Nada ali apiedava-me. Meu peito transbordava raiva, e um deleite escarnoso aliava-se a essa euforia. O prazer que experimentava agora era imponente, mostrava força, determinação, satisfação. O propósito não era apreciar, gozar, mas sim, se libertar, se empoderar. E isso pretendia ir além, transformando-me em algo que sequer cogitei ou idealizei. Do nada, e sem rodeios, uma voz retumbante se fez ouvir em meus pensamentos.

"Duro como o mármore, resistente como o diamante, eu sou o que sobrevive, não você!"

Estremeci diante da mulher que ali via, que se tornara refém do meu desejo, e dela eu não largaria até dar-me por satisfeito. Ela precisava manter-me motivado, por isso o tabefe foi bem dado. De imediato, contração. Isso! O medo dela refletia diretamente em minha libido, atiçando o meu tesão ainda contido. Quanto mais ela tentava me repelir, mais selvagemente eu a invadia, adentrando ferozmente na profundidade que ainda resistia em ser por mim preenchida.   

Agora a mulher era novamente a Rita, que se mantinha embaixo de mim, amordaçada, machucada, desesperada. Mas eu não me importava, não enquanto meu pênis latejava, exigindo mais. Afinal, não foi ela que veio me procurar? Queria extorquir meu prazer, então o teria, mas como eu bem entendesse, pois, de agora em diante, eu determinaria quando, como e com quem, pelo tempo que fosse, sem nada para se interpor. 

Determinado, aproximei meu rosto do seu para anunciar o que viria, enquanto devorava aqueles últimos instantes de regozijo.

— Prepare-se para o gran finale!

Ergui meu corpo e, com firmeza, coloquei minhas mãos em seu pescoço. Senti as artérias pulsarem aceleradas à medida que meus dedos lhe empunhavam pressão, sem nenhum pingo de hesitação.

O ar foi deixando de abastecê-la. Seus olhos aterrorizados lacrimejavam. Sua compressão interna, nos instantes derradeiros, chegava ao máximo, despejando meu gozo sem barreira ou contenção. Dei-lhe o que merecia, como eu bem entendia. Ali jazia a moça bonita, a promíscua Rita e os fantasmas que haviam despertado sem que eu os tivesse chamado.

Esse seria o meu recomeço, tanto na escrita quanto na vida. Eu assumira o controle e, essa nova forma de ser, rugia dentro de mim. Nada mais me impediria de ser feliz.

Saltei animado da cama, deixando para trás aquele corpo já frio e apagado, que depois eu daria um fim apropriado. Agora, precisava acrescentar partes novas à trama, inserindo cenas complementares ao texto para melhor captar minha emoção e intento.

A escuridão e o silêncio permaneciam e me eram companhias queridas, mesmo diante do nebuloso ar gélido que pela fresta da janela vinha. Aproximei-me do computador, sentando defronte dessa nova perspectiva. Fui buscar a última observação que havia feito para retomar o texto e a encontro em destaque, sinalizada por uma reforçada grafia.

"Quem é você?"

Felizmente essa resposta eu não mais erraria ou temeria, afinal, eu a demonstrara de todas as formas, sendo não apenas o autor, mas o protagonista dessa minha nova história.

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