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Confissões de mamãe

Se vocês estão vendo este vídeo, é porque eu já não estou mais aqui.

Não sei se isso é bom ou ruim, mas com certeza é o melhor que eu pude pensar para agora, trancada dentro desse quarto. Não sei como as enfermeiras permitiram que eu ficasse aqui por minha conta, gravando isso sozinha... Com certeza sabem melhor do meu estado do que eu! Mas entre ser bom ou ruim, não me sobra muita alternativa. E então estamos aqui, vocês e eu, em realidades completamente diferentes.

Por algum motivo, vocês podem considerar isso um pouco injusto, porque, afinal de contas, eu já estarei inatingível. Dizem que a gente fica vivo na memória dos outros, mas vocês sabem que eu sempre achei isso um pouco de besteira, na verdade pura pieguice... Vamos tirar a prova dos nove hoje.

Mas antes de tudo, eu desejo do fundo do coração que vocês me perdoem, principalmente você, Ricardo, mais até do que o Júnior. Quero que ambos me perdoem, mas o perdão que você, Ricardo, tem que me conceder, é muito maior que o de Juninho. Sei que de alguma forma ele vai me entender e que entre vocês, nada vai mudar, ele que ama tanto o pai... Comigo é que a coisa é diferente e eu não tenho tanta certeza assim sobre a vida após a morte, e eu também não quero que este vídeo seja uma justificativa, mas só uma tentativa de amenizar o grande mal que eu causei a vocês dois.

Sim, eu nem sempre fui a melhor esposa e mãe que eu pude ser, e isso desde o primeiro dia.

Ah, por onde eu posso começar isso?

Você se lembra quando nós nos conhecemos, Ricardo? Pareceu uma coisa completamente aleatória e eu simplesmente não conseguia acreditar que pudesse estar acontecendo daquele jeito. É até engraçado pensar naquele dia: o elevador parado, nós dois, completos estranhos, com medo de morremos sufocados, mas distraídos com as histórias que contávamos um para o outro... E vinte minutos depois de ficarmos dentro daquele elevador, já tínhamos até esquecido o que íamos fazer naquele prédio e ficamos até de madrugada sentados na calçada da minha casa, comendo pizza e bebendo cerveja. E as coisas foram se sucedendo, uma atrás da outra, até que eu descobri, naquele homem que eu conheci por acaso num elevador parado, o amor da minha vida.

É isso que você sempre foi pra mim, Ricardo: o amor da minha vida.

E desde sempre você dizia que queria ser pai. Era um desejo seu que ficava mais evidente a cada dia que passava. Foi passando o tempo, um, dois, três anos de casados, e a criança simplesmente não vinha. E nós dois vivíamos aquilo num silêncio absoluto, com medo de culpar um ao outro por alguma falha que obviamente era da natureza, e tentando nos resignar com o fato de que talvez nós não pudéssemos ter filhos.

Mas de alguma forma, eu sentia, e sabia também, que ter filhos era parte do seu plano pra ser feliz e a cada dia que passava do nosso casamento sem uma criança, você ficava mais triste, mais amargurado, desconfiado de si mesmo... Lembra-se daquela vez que eu te surpreendi acordado no meio da noite, seu rosto iluminado pela luz do poste da rua que entrava pela nossa janela semiaberta no calor de setembro, e acariciando-o te perguntei o que era e você disse que achava que simplesmente não era pra você ser feliz?

Eu sempre te amei, Ricardo, mais do que qualquer coisa. Acho que te amei até mais do que a meus pais, eu tenho quase certeza disso! Como eu poderia olhar para aquele homem, deitado e com aquela tristeza que deixava seus olhos opacos, quase mortos, e não fazer nada? Aquilo era culpa minha? Estava tão triste, eram tão opacos seus olhos, que nem a luz do poste da rua ou as lágrimas que começavam a correr dele o iluminavam, e eu chorei com meu rosto junto do teu, lágrimas sinceras de quem estava desesperada por fazer alguma coisa.

Fiz os exames eu mesma, sem que você soubesse. Estava tudo bem comigo, eu estava no pico da minha fertilidade e o médico se surpreendeu que eu não tivesse engravidado pelo menos umas duas vezes nos últimos quatro anos. Mas eu não te daria essa facada, que poderia te ser fatal. Precisava resolver as coisas de outro jeito.

Eu sei, você pode não entender a explicação que eu vou dar, e eu vou entender perfeitamente, e Juninho, eu sinto muito por não ter contado isso pra vocês antes. Eu peço perdão a vocês dois mais uma vez, mas eu precisava tirar aquela tristeza do seu pai sem que ele soubesse. Agora que eu sei que a morte é quase certa, e depois de todo esse tempo lutando contra esse câncer e agora com esse vírus com o qual sinceramente eu não tenho a mínima chance no estado em que estou, eu não posso ir embora sem antes deixar esse assunto resolvido, principalmente agora que tenho certeza que não os verei mais na minha frente...

Sempre fui fiel a você, Ricardo, tão fiel ao ponto de querer te dar aquilo que você tanto queria, mas que não podia dar a si mesmo. Quero que você tenha isso bem presente com você, enquanto eu te digo essas coisas.

Não sei se você se lembra da festa de batizado do Juninho. Bem, é meio difícil de esquecer. Você estava espocando de alegria! Mas mais do que isso, quero que você se lembre de quando entrou na cozinha e encontrou Cláudio agarrando meu braço, eu com uma bandeja de canapés na mão, e você perguntou o que era e ele simplesmente saiu da festa, e vocês só se viram no dia seguinte, no escritório da marcenaria. Não lembro ao certo a desculpa que eu dei a você, e que ele também deu, porque nos falamos aquela mesma noite pelo telefone, mas era algo sobre ele ter ficado nervoso com o fato de eu não ter aceitado assinar aquela proposta para os móveis da prefeitura... Sei também que você continuou meio ensimesmado com aquilo (afinal de contas, por que a gente haveria de brigar por aquilo, se a minha assinatura era irrelevante?), mas você sempre foi assim, Ricardo, sempre de deixar as coisas pra lá, e até aqui eu dei graças a Deus por isso...

E eu fui tocando isso pra frente, ignorando tudo, pra que você continuasse feliz. E como era um pai feliz! Tornou-se até um esposo melhor depois disso, agora que a tristeza tinha ido embora, e esses dezesseis anos desde o nascimento do Júnior foram os dezesseis anos mais felizes da minha vida, apesar de tudo, e eu só tenho a agradecer a vocês dois.

Por essa dívida de alegria é que eu não posso deixar de ser honesta com vocês e só Deus sabe o quanto isso me custa...

Não liguem pras lágrimas... Não é dor, eu nem sei mais o que é dor, de tanto remédio que me enfiam aqui todos os dias. É que... eu não sei explicar. Eu só preciso terminar isso logo, antes que me acabe o fôlego!

Então vamos lá.

Sabia que tinha ido longe demais e estava tentando fazer Cláudio perceber isso também, mas aquela cena no batizado, as coisas que ele me disse, estava óbvio que não. Era simplesmente agora mantê-lo longe de mim, com as ligações e as idas lá em casa com o pretexto de ser o padrinho do Júnior. Estava tão cansada daquilo, mas o que eu podia fazer?

Juro que não cedi, Ricardo. Por mais que ele tentasse, eu não cedi. Sabia muito bem sobre o que eu tinha conversado com ele e isso não envolvia que qualquer um de nós voltasse a repetir as cláusulas daquele contrato. E, no entanto, ele insistia, sempre tão perigosamente próximo de mim nas ocasiões em que ia lá em casa, olhando pra mim o tempo inteiro, eu simplesmente não posso te dizer quantas vezes ele tentou me beijar e as vezes ainda que ele conseguiu.

Eu só consigo te pedir perdão, Ricardo, e meu filho, a você também. Juro que não foi porque quis, mas eu precisei fazer aquilo por você, meu amor. As coisas só saíram do controle.

Quando Cláudio percebeu que eu seria incapaz de dar a ele o que ele queria, foi então que ele fez aquilo, e se matou no escritório da marcenaria. Eu sabia o que ele estava para fazer, mas achei que fosse só mais um blefe para que ele conseguisse ficar mais perto de mim, conseguir alguma coisa comigo, fazer com que eu correspondesse àquele amor, àquela paixão que estava nutrindo por mim e que eu simplesmente não queria porque, Deus, como eu não queria que ele tivesse caído naquilo!

O sangue do Cláudio que espirrou por todo o escritório de vocês, manchando mesa e chão e papéis, manchando tudo, manchou também a minha consciência mais do que já estava, mas eu continuei calada até hoje.

Mas hoje eu não posso mais. Tenho que dizer e me deixar ir, mesmo que vocês não sejam capazes de me desculpar pelo que eu fiz.

Ricardo, sabendo que você não podia ter filhos naturais comigo e para que aquilo não se tornasse algo mais difícil pra nós, com exames e descobertas desnecessárias, tentativas sem sucesso e tudo o mais, eu convenci Cláudio de fazer em mim o filho que seria seu. Pensei que aquilo fosse ser algo de momento, e eu pretendia realmente que fosse, e pra mim foi na verdade: eu só dormiria com um homem e daria o filho que você tão ansiosamente esperava, pra te devolver a alegria, pra devolver aquele brilho nos seus olhos!

Mas as coisas saíram do controle porque ele queria mais de mim. Apaixonou-se por mim. Como eu sofri pra esconder isso de você! Como eu sofro de ter que contar isso pra você! Não consigo dormir em paz com isso na cabeça, quanto mais descansar, e me sinto por demais envergonhada para te contar isso pessoalmente, principalmente agora que não posso.

Cláudio é o pai do Júnior, Ricardo, e eu sinto muito, e eu sinto por ter acabado duas vezes com a sua família.

E não quero, meu amor, que agora você olhe para o nosso filho, e veja nele os olhos do seu irmão, apesar de você ter achado que desde sempre eles eram os seus. São seus, são nossos olhos, não os de Cláudio. Não são aqueles olhos que se fecharam aquele dia com aquele tiro, que foi dado por minha culpa, pela qual eu paguei uma vida inteira em silêncio, só para que vocês pudessem ser felizes.

Não quero que nada mude entre vocês dois, apesar de saber que isso será inevitável. E se vocês não conseguirem me perdoar, ao menos não morro com esse segredo que tanto me afligiu.

Eu só não consegui falar antes, porque nunca achei que fosse necessário, mas agora é tarde demais para tomar outra decisão.

Só peço a Deus que a culpa não me consuma antes da hora...

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