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XXXIII. Line without a hook

- O que estamos fazendo aqui?

Observou Charlotte girar a cabeça de um lado para o outro, os olhos brilhando ao encarar a paisagem do início da manhã. Havia levado a Page para passarem a manhã de domingo em um lago, tinha planejado um café da manhã estilo piquenique, uma fuga do que ela estava passando nos últimos tempos.

- Pensei que seria bom tirarmos uma manhã de folga.

Informou, entrelaçando seus dedos aos dela e a puxando em direção à uma das mesas que ficavam ao redor da borda do lago. Era um local para onde as famílias iam passar o dia, só que no momento ainda era muito cedo e não havia quase ninguém por perto. Henry colocou a bolsa térmica em cima da mesa de madeira e Charlotte logo sentou em um banco de frente para o lago. Pumpkin estava dormindo tranquilamente em seus braços.

- Aqui é lindo.

Ela soltou um suspiro aliviado como se pudesse finalmente respirar com calma. O Hart se aproximou e sentou ao lado dela, Charlotte olhou para ele com um sorriso agradecido no rosto. 

- Eu sei o que você está fazendo e. - parou, rindo baixinho ao desviar o olhar. Henry esperou. - Eu ainda não me acostumei, sabe, a ter alguém tão preocupado comigo assim.

- Muitas pessoas se preocupam com você, Charlotte. - afirmou, se virando para ficar de frente para ela e apoiando o cotovelo esquerdo na mesa. 

A Page se remexeu desconfortável e baixou o olhar para o gatinho em seu colo; os pêlos escuros do felino estavam brilhantes e ele aumentara desde a última vez que Henry o tinha visto.

- Eu não te contei algo, não sei muito bem porque escondi ou não mencionei, mas estou vendo uma psicóloga desde a última semana. - disse, inspirando profundamente e depois soltando o ar devagar. - Na última conversa que tive com meu pai, aquela pessoalmente, eu percebi que não devia ser normal eu me sentir tão... sufocada só em pensar em encontrar minha mãe. Isso não é algo que alguém deveria sentir, não é mesmo? - o encarou com um sorriso triste, Henry somente apertou sua mão e o gesto fez os ombros de Charlotte caírem. - Foi, eu não sei bem, mas acho que nunca tinha parado para pensar no quanto as ações dela me marcaram por medo de encarar. Eu a amo, por mais dolorosa que seja nossa convivência, eu a amo. Mas percebi, na verdade a doutora Julia está me ajudando a perceber, que só porque eu a amo não significa que tenho que fechar os olhos para o que ela provoca em mim.

Charlotte passou Pumpkin para Henry e esfregou as mãos em suas coxas cobertas pela calça jeans. Ela então virou de frente para o Hart e engoliu em seco antes de continuar sua fala.

- Ela me ensinou que sou forte, inteligente e capaz de tudo; me mostrou um mundo de possibilidades e as restringiu ao mesmo tempo. Quando eu era pequena, cresci ouvindo que eu era destinada ao sucesso, isso vinha dos dois. Porém quanto mais crescia, quanto mais ia para um lado diferente do que ela queria, mais ela me tirava a segurança. Ela sempre teve o poder de me elevar às alturas e no segundo seguinte, com uma única palavra, me derrubar em direção ao chão. - sua expressão se tornou fechada, em seus olhos o brilho das lágrimas que não demorariam a cair. - Essa é uma relação... difícil e… exaustiva. É como se ela também estivesse descontando toda a raiva que meu pai fez em mim e isso não é justo, nunca foi. Eles pagam terapia, fazem viagens, se acertam e vivem sua vida acostumados a não me ter todos os dias. Eu amo meu pai, só que não consigo entender porque ele não quer enxergar a forma como ela me trata e como isso me deixa.

Charlotte fechou os olhos e se inclinou para frente, suas mãos fechadas em punhos. Henry colocou o gatinho em cima da bolsa, ele abriu os olhos preguiçosamente e os voltou a fechar em segundos. O Hart passou seus braços ao redor da mulher e a apertou forte quando ela deitou a cabeça em seu ombro.

- Eu queria que não doesse tanto, queria que ela não tivesse tanta influência sobre mim ou que ao menos fosse mais, não sei, mãe? Ou é pedir muito? - sua voz estava embargada, porém nenhuma lágrima caía dos olhos da Page, era como se ela estivesse tentando a todo custo não chorar mais. - Não quero que ela seja perfeita, nem que magicamente perceba o que está fazendo porque sei que isso seria impossível, só queria que ela tentasse, que não descartasse meus sentimentos como algo incômodo e fútil. Meu pai diz que ela tenta fazer o melhor por mim e que me ama tanto que não quer que eu sofra o mesmo que ela, só que nenhum dos dois percebe que há inúmeras maneiras de se sofrer e que eu não preciso passar pelo o que ela passou para ter o meu coração partido ou a minha confiança até em mim mesma quebrada.

Henry beijou o topo da cabeça dela em um gesto de carinho, Charlotte se aconchegou ainda mais em seus braços e um silêncio inquieto caiu sobre os dois. Ao redor deles, o canto de pássaros podiam ser ouvidos, assim como vozes animadas trazidas pelo vento e cochichos cheios de significados. Um miado manhoso foi ouvido e logo Pumpkin despertou completamente e começou a esfregar a cabeça contra a de Charlotte. Ela abriu um sorriso sincero quando se afastou de Henry e pegou o gatinho novamente.

- Você acordou, meu pequeno destruidor de almofadas.

O gatinho miou como se estivesse se defendendo e pulou para o colo de Henry. Charlotte observou a interação dos dois com uma exagerada expressão de indignação.

- Não tem como, todos me amam. - o Hart decretou feliz, rindo quando recebeu um soquinho no ombro vindo dela. - É uma lei universal, querida.

- Infelizmente vou ter que concordar, meu amor. - alegou, soltando um suspiro longo e balançando a cabeça como se fosse um decreto triste. 

Henry riu novamente, feliz por vê-la mais leve.

- Bem, não é justo que somente eu fale dos meus problemas.

Charlotte declarou, voltando sua atenção para a térmica cheia de comida e se pôs a retirar tudo para que consumissem, ele agradeceu pois tinha certeza de que seu estômago iria começar a roncar a qualquer momento.

- O que você quer saber então? - olhou para o lago calmo, fechando em seguida os olhos quando sentiu uma leve brisa fria.

- Você já falou com o seu irmão?

Balançou a cabeça em negação, abrindo os olhos para encarar uma Charlotte o observando cautelosa. Colocou o gatinho em cima da mesa, a Page espalhando um pouco de ração para ele que prontamente começou a comer.

- Eu sinto falta dele. Como não sentir? - soltou uma leve risada mesclada de tristeza. - Sempre pude contar com ele, em cada momento da minha vida. O Noah sempre foi alguém em que eu confiava de olhos fechados, mas aconteceu tudo isso e eu não sei direito o que sentir. Por mais que ele tenha agido pelas minhas costas, de certa maneira ter me manipulado, eu ainda...

- Sente saudade. - completou sua fala quando ele não soube mais o que dizer. Henry sentiu seus ombros relaxarem enquanto a mão de Charlotte se moviemtava por toda a extensão de seu braço. - Você sente falta dele porque o ama. E o fato de você ama-lo é a causa dessa confusão. Apesar de tudo ele é seu irmão mais velho.

Assentiu porque ela estava certa. Apesar de tudo Noah era seu irmão, sua família. Era ele quem o protegia dos garotos mais velhos quando eram crianças, era Noah quem o levava para a escola segurando forte em sua mão, o colando ao seu lado como se assim pudesse proteger Henry de qualquer perigo. Ele fora seu confidente quando Henry se apaixonou pela primeira vez, quando amou pela primeira vez, quando chorou por um coração partido. Ele sempre esteve lá e agora...

- Eu não estou com raiva dele só imensamente magoado. O que não é justo! - exclamou impaciente, levantando-se em um salto. - Eu sei que na hora que eu encontrar ele, tudo o que aconteceu vai ficar em segundo plano. A familiaridade vai se impregnar e fazer com que nada pareça estar diferente. Mas eu vou sentir, Char, lá no fundo eu sempre vou sentir.

- E não há nada de errado nisso. - afirmou, ficando de frente para ele e apertando seus braços de maneira acolhedora. - Não há nada de errado em sentir que talvez a sua confiança nele esteja dilacerada agora porque nada vai voltar a ser o que era antes. E não há nada de errado nisso, Henry. Nada.

Seu tom foi mais firme, levando as duas mãos para o seu rosto e o puxando em sua direção. Charlotte colou suas testas, sua mão direta descendo para pousar em seu coração. Henry inspirou fundo, o cheiro de rosas misturadas com um toque cítrico preenchendo seus pulmões. Envolveu as mãos em torno dos cotovelos de Charlotte, regulando sua respiração com a dela, sentindo sua cabeça balançar em concordância.

- Tudo certo? - ela indagou, afastando-se para encará-lo. Henry sorriu minimamente, notando o olhar dela suavizar. - Bom. Eu estou aqui, certo?

- Eu sei.

Sussurrou, se inclinando para beijá-la de forma lenta e apaixonada. Charlotte retornou o beijo como se para provar que ela realmente estava ali por ele e Henry nunca poderia duvidar. Separaram-se com sorrisos apaixonados enfeitando seus rostos, Charlotte então voltou a sentar, o puxando pela mão para voltar para o seu lado. Acariciou a cabeça do gatinho com a mão livre quando perguntou:

- Você pode levar ele amanhã para o veterinário?

- Posso sim. Que horas?

- Depois das 15 horas. - informou, fitando animada os cupcakes de chocolate. - Vou ter uma reunião com a Bish e a vovó, então não tem como levar o Pumpkin.

- Vamos nos divertir, certo? - perguntou ao gatinho, o levantando na altura de seu rosto e recebendo um rápido miado como resposta. - Vou tomar isso como um sim.

Um riso anasalado saiu de Charlotte enquanto ela revirava os olhos. Os dois entraram a seguir em uma conversa aleatória enquanto devoravam todos os lanches que o Hart havia levado. Pumpkin andava ao redor da mesa à procura de algo que conseguisse pegar sem sua dona ver, ou um cantinho para voltar a dormir. Charlotte afirmou que nunca tinha conhecido um gato tão dorminhoco quanto aquele, Henry a provocou dizendo que ele fazia par à dona e ela logo se defendeu gerando uma série de provocações entre os dois. As horas passaram sem eles notarem, a companhia do outro bloqueando o mundo ao redor.

◇ ◇ ◇ ◇ ◇

- Vamos nos ver só no dia da exposição?

Henry se virou para ela quando pararam em uma vaga na rua em frente ao seu prédio. Charlotte tentou não soar tão desapontada; Piper afirmou que eles estavam na fase lua de mel do relacionamento e por isso não conseguiam ficar tanto tempo longe do outro, a Page esperava que tudo se normalizasse logo, era muito incômodo o turbilhão de sentimentos que a possuía toda vez que encontrava Henry ou passava alguns dias sem se verem.

- Falei que deveríamos aproveitar um pouco a viagem de volta.

Ela revirou os olhos dramaticamente para o tom malicioso dele e segurou Pumpkin para que o gatinho não pulasse para os bancos de trás. 

- E eu lhe falei que não ia. - parou, cobrindo as orelhas do felino antes de continuar. - Fazer sexo com você no meio da estrada com ele aqui dentro.

Henry gargalhou alto de como ela ficou sem graça e se inclinou para beijá-la, Charlotte levou uma mão à nuca do Hart para aprofundar o beijo enquanto a outra segurava o gatinho inquieto. Se separaram com pequenos beijos e uma enorme vontade de permanecer nos braços do outro.

- Tenho que ir. - ela sussurrou, sua testa colada à dele enquanto fazia um leve carinho na bochecha de Henry com o polegar. - Preciso mesmo ir.

- Ainda vou te sequestrar um fim de semana inteiro. - informou, soltando um suspiro frustrado quando ela se afastou.

- Não será sequestro se eu for por conta própria. - garantiu, rindo e se preparando para sair. - Aliás, tenta não fazer piada com sequestro na frente do Leo, ele ainda tem pesadelos com a ex dele.

Pediu, saindo do carro antes que Henry abrisse a boca para pedir uma explicação. Acenou para ele, que se afastou em uma clara confusão, porém os dois estavam cheios de trabalho e o Hart ainda tinha que começar a organizar o recital de fim de ano. 

- Vou te deixar com a senhora Clark e mais tarde venho lhe buscar. - falou com o gatinho, ela podia jurar que o escutou bufar, mas devia ser somente coisa de sua cabeça.

- Charlotte.

Uma voz um tanto anasalada a chamou quando ela estava prestes a entrar no prédio. Sentiu seu corpo gelar ao reconhecê-la, virando-se lentamente, como se para postergar o encontro o máximo possível, viu James em toda a sua glória. Os cachos rebeldes caindo sobre seus olhos, o sorriso que sempre continha uma nota de insolência e os olhos brilhando como se estivesse de frente para algo esperado há tempos.

- James?

A indagação saiu de seus lábios em um grande tom de descrença. O homem se aproximou e esticou o braço para tocá-la, porém ela deu um passo para trás e o fitou impaciente. James coçou a nuca sem jeito, sua blusa levantando no ato e deixando visível uma faixa de pele escura. Charlotte se forçou a desviar o olhar, se sentindo completamente irritada por suas memórias a estarem traindo. 

- Sei que faz muito tempo, mas será que podemos conversar?

Sentiu vontade de mandá-lo para o mais longe dali, porém respirou fundo e abriu um sorriso neutro, não iria deixar que James acabasse com seu ânimo. 

- Não temos nada para conversar, James. Agradeceria se você continuasse fora da minha vida como faz há meses.

- Lottie. - falou seu nome de forma carinhosa, se aproximando mais alguns centímetros mesmo que ela claramente não quisesse aquela aproximação. - Temos muito o que conversar, a forma como terminamos foi cheia de mal entendidos.

- Mal entendidos? - repetiu seca, sentindo toda a raiva que havia guardado por tempos borbulhar dentro de si. - Te encontrei na cama com a sua prima falsa e você vem minimizar tudo dizendo que não passa de um mal entendido? Não, nem ouse abrir a boca para se defender. Aliás, que diabos você está fazendo aqui? Teve tanto tempo pra me procurar e decidiu fazer isso agora, por quê? 

James abriu um sorriso que em um tempo distante a deixaria com as pernas bambas, porém no momento só a fazia querer virar as costas e esquecer de sua existência. O problema era que ela queria mesmo saber o que o levara até ali e essa sua mania de precisar esclarecer tudo, com uma pitada de curiosidade, sempre a levava em direção à confusões. 

- Eu.

O celular de Charlotte começou a tocar uma melodia calma. Ela ignorou James e procurou o aparelho na bolsa, Pumpkin não a ajudava enquanto miava e tentava escapar por algum espaço de seus braços. Atendeu a ligação sem nem ver quem era, só agradecia a intromissão.

- Alô?

- Creio que precisamos conversar. 

A voz de Clarice saiu do aparelho, ecoando em seu corpo e a fazendo prender a respiração. Sentiu seu coração apertar e seu corpo tremer levemente, um reflexo que a fazia querer que tudo parasse.

- No momento não posso. - afirmou com a voz um pouco ansiosa, dando as costas a James e tentando entrar no prédio, porém o homem se colocou rapidamente à sua frente, bloqueando assim o caminho.

- Charlotte, diminua um pouco essa atitude, sou sua mãe apesar de tudo.

Abriu a boca para responder algo, porém mordeu a língua impedindo o que tanto queria falar de escapar por seus lábios. James ainda se mantinha à frente dela, a observando em expectativa.

- Olha, mãe, a procurei diversas vezes para conversar e tudo o que consegui foram respostas curtas e secas. - informou, tentando soar o mais despreocupada possível, mesmo que seu coração parecesse que a qualquer momento iria sair por sua boca. - Papai já falou comigo, então não sei o que você quer de mim.

- Conversar, filha, só isso. - garantiu, a voz suavizando um pouco e a pegando desprevenida. - Tem horário livre agora? Estou de folga e podemos nos encontrar no restaurante do clube.

Mordeu o lábio inferior em um gesto nervoso, o celular colado a sua orelha enquanto seus olhos não deixavam James. O homem se aproximou um pouco e Charlotte recuou um passo.

- Só um minuto. - pediu à mãe, colocando a ligação em mudo e lançando seu olhar mais duro ao homem. - O que você pensa que ainda está fazendo aqui?

- Já lhe disse, precisamos conversar. - repetiu novamente, a voz em um suave ronronar que a irritou ainda mais.

- Não! Não precisamos. O que tínhamos acabou, você me traiu, não me procurou por meses e agora voltou se fingindo de redimido...

- Eu voltei porque te amo!

- Ama porra nenhuma! 

Seu grito chamou a atenção de alguns pedestres. Parou, ofegante e um tanto envergonhada pela atenção; deveria ser mesmo uma cena e tanto ver uma mulher segurando um gato impaciente com o braço esquerdo e balançando um celular com o outro na cara de um homem, bloqueando a entrada de um prédio. James a olhava como se não acreditasse em uma palavra do que ela havia acabado de falar, Charlotte quis esgana-lo, porém colocou a máscara de seriedade que sempre adotava perto de seus parentes e falou com uma voz mais contida.

- Sei que você veio atrás de algo, não teria sumido todo esse tempo e retornado só por saudade. Anda, diz logo o que você quer.

A expressão sedutora de James sumiu por uns instantes, mas ele logo se recompôs e cruzou os braços em frente ao corpo, obviamente querendo dar ênfase aos seus músculos, o que a fez quase revirar os olhos.

- Sou enfermeiro licenciado, sabe, e estou passando por alguns problemas. En...

- Então você lembrou meu sobrenome, fez uma pesquisa estúpida e veio pedir um emprego.

- Vim pedir para alguém que me ama ajudar. - a corrigiu suavemente.

- Chega. - disse cortante, o empurrando fortemente e aproveitando o instante de surpresa dele para passar pela porta.

James tentou segui-la, mas por sorte um morador conhecido estava perto da entrada e entendeu na hora o olhar suplicante dela. Ele impediu a entrada de James e Charlotte correu para o elevador, desabando contra a parede metálica assim que as portas se fecharam. Pumpkin miou alto, a assustando e a fazendo lembrar da ligação.

- Desculpa, um ex veio pedir um emprego com a desculpa de sentir minha falta. - informou no automático assim que levou o aparelho ao ouvido.

- Bom, isso não é surpresa dado o seu histórico. - a voz de Clarisse saiu meio risonha, porém o corpo de Charlotte tensionou ao ouvir o comentário.

Sabia que iria se arrepender, tinha consciência de que ouviria algo que a machucaria novamente, porém não conseguiu se controlar.

- Como assim?

- Seu histórico, querida, está cheio de oportunistas. Elliot talvez fosse o mais adequado, porém não tem como negar o quão interesseiro ele é. 

- Isso não é verdade. - fechou os olhos fortemente ao falar.

- Você sempre quis um conto de fadas, sendo que nunca precisou de um. Sempre lhe falei, Charlotte, você constrói seu próprio destino, pare de procurar diamantes em peças descartáveis. Um dia, quem sabe, talvez você aprenda.

E ali estava, o comentário que ela sabia que iria aparecer em algum momento, um ataque velado lembrando-a de que nunca conseguiu fazer escolhas sensatas ou inteligentes. Sabia de seus erros, tinha ciência dos relacionamentos fracassados, mas levar toda a culpa por erros alheios era carregar pesos desnecessários; Doutora Julia tinha razão, estava na hora dela se escutar.

- Preciso desligar, não posso almoçar com você. Depois te ligo.

Encerrou a chamada. Ela estava exausta, sabia que não precisava da aprovação de sua mãe, que o que ela tanto pensava não devia moldar sua vida. Porém ainda não conseguia internalizar aquilo, tinha consciência, mas ainda não possuía o necessário para ter uma conversa com sua mãe sem acabar em lágrimas ou se sentindo péssima. Uma parte sua queria retornar a ligação, a obrigando a conversar com Clarice, esclarecer coisas que não precisavam mais ser reviradas, a fazer sentir de novo o que tanto queria deixar para trás. Essa parte deveria ser abafada, colocada em um canto para que não tivesse o poder de a fazer se sentir mal por não ter a aprovação dos outros.

-Vai ser difícil, Pumpkin, mas vou conseguir. - o gatinho ronronou enquanto lambia seu pulso, parecia concordar com ela e isso era tudo o que Charlotte precisava naquele momento.

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