10 dias antes

Endireito o pacote do gelo sobre o meu joelho e continuo a comer o meu iogurte enquanto vejo Catfish. Não me julguem, eu gosto destas coisas.

Ouço a porta de minha casa a ser aberta e de seguida uma batida na mesma.

"Estás em casa? Claro que estás, tens aqui os teus sapatos." Ouço o Luke falar sozinho e sorrio para mim mesma.

Sinto o seu perfume a entrar na sala e de seguida, o seu corpo jeitoso a mandar-se para o sofá.

"Nunca ouviste dizer que nunca se interrompe a hora de relaxamento de uma senhora?"

Os seus olhos azuis são rápidos a virar e um sorriso ilumina a sua cara.

"Primeiro, nunca ninguém disse isso. Segundo, não és uma senhora. És uma adolescente quase com 18 anos."

É a minha vez de revirar os olhos ao som das gargalhadas de ambos.

"O que se passa com o teu joelho?"

Sigo o seu olhar para a embalagem de gelo enrolada num pano e encolho os ombros.

"Tenho treinado quase todos os dias, é normal que me doa de vez em quando."

"Continuo a achar que isso é demasiado exaustivo."

"Que querido, a preocupares-te comigo." aperto-lhe a bochecha enquanto observo as suas covinhas a aparecerem.

"Preocupo-me sempre contigo. E é por isso que não te posso deixar ir ao baile de inverno sozinha."

Mordo um sorriso e desvio o olhar.

"Boa ligação. E deves estar a precisar de óculos já que a tua visão te falhou ao não veres a fila gigante de pessoas para irem comigo ao baile à minha porta."

"Mas essa fila de pessoas invisíveis não têm a chave da tua casa. E para além disso, eu tenho privilégios."

Sento-me de lado, desta vez, lançando um olhar desafiante.

"Ai sim? Tipo quais?"

"Tipo, eu tenho o privilégio de te poder ver despida."

Abro a boca chocada e mando-lhe uma almofada à cabeça, que ele apanha enquanto se ri.

"Tu és um idiota." 

Vejo o loiro a aproximar-se de mim e a puxar-me para o seu colo, fazendo-me deixar cair o gelo, que provavelmente vai molhar o chão. Nada de que não se possa tratar mais tarde.

"Nesse caso, somos perfeitos um para o outro."

"Totalmente." mordo o lábio e sou puxada para um beijo.

As suas mãos  desmancham o meu rabo de cavalo e eu tento fechar as pernas num movimento inconsciente.

O Luke quebra o beijo e dá-me um olhar convencido.

"Estás com algum problema?"

Semicerro os olhos e deslizo uma mão pela sua bochecha.

"Queres que te deixe com ela na mão de novo?"

"Bem visto."

Quando estou prestes a colar os meus lábios aos seus de novo algo começa a vibrar nas calças do Luke, o que, já agora, me deixou bastante desconfortável.

O rapaz à minha frente revira os olhos e tira o seu telemóvel do bolso, onde 'Mãe' estava escrito no ecrã.

"Não podes deixar a Liz pendurada." sussurro contra o seu pescoço, mandando um arrepio por ambos os nossos corpos, e o Luke manda-me à merda por entre dentes antes de atender.

Deito a cabeça no seu ombro e movo o meu dedo pelo seu braço, fazendo desenhos imaginários e aleatórios.

"Lukey! Posso saber porque demoraste tanto tempo a atender?" Ouve-se do outro lado da linha e eu não consigo evitar sorrir contra o seu pescoço.

"Estava a meio de uma coisa, mãe. Está tudo bem por aí?"

"Eu não nasci ontem, Luke. A Kath acabou de tentar ligar à Emma e ela também não atendeu."

"Deus, vocês as duas são horríveis." ele ri, fazendo o seu peito vibrar contra o meu. O que é uma sensação maravilhosa e que me consegue sempre fazer feliz pelo momento mais curto que seja. 

"Desde que usem prote-"

"Gostei muito de conversar contigo, até à próxima!"

O Luke desliga-lhes na cara e eu encaro-o com um sorriso divertido.

"Não faço ideia de como aquela frase pudesse acabar." encolho os ombros alcançando o meu telemóvel que estava na mesa de centro, verificando que existia de facto uma notificação com uma chamada não atendida da Kath. O que não seria de estranhar porque eu tenho sempre o telemóvel no silêncio, mas parece que toda a gente gosta de gozar connosco.

"Oh meu deus, tu ainda tens essa foto?" o meu telemóvel é me retirado das mãos para o loiro conseguir observar melhor a minha foto de fundo, que consiste em o Luke a dormir adoravelmente enrolado nos lençois. Não era suposto nunca ele descobrir esta fotografia.

"Não sei do que estás a falar. Este é só o meu cantor favorito." ironizo ganhando um sorriso seu.

"Oh sim? Nunca te julguei uma fangirl."

Encolho os ombros e volto a pegar no meu telemóvel deitando-lhe a língua de fora, ao som do Nev ainda a falar na televisão.

5 dias antes

"Acorda, Ems." 

Dou uma chapada no ar e grunho, virando-me para o outro lado.

A gargalhada suave e matinal do Luke preenche o seu quarto eu abro um olho para vê-lo sentado ao meu lado.

"Temos teste de matemática daqui a bocado."

"Eu sei. Deixa-me dormir."

Sinto-me a ser puxada para fora da cama e dou um pontapé suave no braço do loiro.

"Aqui vai mais uma nega." resmungo ao sair de casa, já vestida.

"Só tens que te lembrar do que estudei contigo, vai correr bem."

"Luke, eu só me lembro do que nós não estudamos." 

O meu "namorado" estende-me a mão à porta de casa, para eu não tropeçar no degrau.

"E eles dizem que o cavalheirismo já não existe." declaro, fazendo-nos rir, enquanto passamos por umas carrinhas brancas e uns bmws chiques daqueles pretos.

"Estás a pensar em tirar logo a carta?" pergunto-lhe.

"Bem, talvez. Se decidir ir para a Austrália. Vai ser mais difícil para ti, agora que já estás habituada a ver tudo ao contrário."

"Como assim se decidires ir para a Austrália?" Viro-me para ele enquanto continuamos a andar, embora ele continue a olhar em frente.

"Bem, eu até gosto disto aqui."

Franzo as sobrancelhas e sorrio para baixo. O que é que ele quer dizer com isso?

"Mas ias estar longe da tua família." Insisto, ainda sem perceber.

"Felizmente, não nasci numa família necessariamente pobre. Embora os tratamentos da Marianne não sejam baratos eu ainda ia poder visitá-las. Eu não sei. Era só uma hipótese."

Encaro o chão chutando uma pedra.

Seria eu capaz de fazer o mesmo? 

Se bem que eu sei que a grande questão seria 'Será que me deixavam fazer o mesmo?'.

Apanho-o a olhar para trás com um olhar desconfiado.

"O que foi?"

"Nada, estava só a ver que aquele café não existia ali."

Aponta com a cabeça para um toldo cor de mel, que realmente não estava ali na semana passada.

"Então querida Emma, estudaste muito?" a voz da Carrie chama-nos a atenção e eu reparo que já estamos a chegar ao portão do inferno.

"Queres levar um soco?" encaro-a com a minha expressão facial de quem quer morrer e rimos os três como se não estivessemos prestes a ter um teste de matemática.

Deus me ajude a sobreviver a isto.

Dirigimo-nos à porta e ao ouvirmos o toque, o Luke aperta-me a mão e murmura um 'tu consegues' o que me faz aperceber do quão provavelmente apaixonada estou por este idiota.

"A vossa troca de olhares queridos é assustadoramente adorável, mas convinha entrarmos na sala." a nossa amiga sugere, já com o Calum a seu lado e, mais uma vez, ignoramos o que eles nos dizem.

  ♡ ♡♡ 

então, esta seria uma boa altura para vocês se prepararem para a montanha russa que aí vem já que eu decidi juntar dois capítulos num e a merda começa já para o próximo, avisos não vos faltou

os próximos capítulos vão me dar mais trabalho a escrever porque são tudo o que já tenho planeado desde o início, mas acho que no fim não me vão odiar assim tanto (esperemos)

espero que gostem, adoro vooooos ♡