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55 dias antes

"Como é que a princesa conseguiu escapar do seu castelo com uma agenda tão ocupada?"

Encaro as luzes da cidade antes de me sentar ao seu lado.

Tinha saudades do conforto dos seus braços.

A última semana tem sido de loucos. Estou completamente exausta. Quando não estou nas aulas tenho passado o tempo todo com o meu irmão e o meu pai, e não quero parecer mal agradecida de todo, mas eles são um bocado chatos. E não me deixam em paz. O que eu adoro, mas já estava habituada à tranquilidade da solidão.

O loiro boceja ao meu lado e eu sorrio.

Bem, quase solidão.

"Já tinha saudades do terraço." suspiro e encosto-me ao seu braço.

Já não me lembro da última vez que tinha conseguido vir aqui acima para destressar-me.

"O que achaste da Karen?"

Conheci a mãe dos irmãos ontem, quando eles vieram visitar o Luke. É claro que a Kath não pode deixar passar a oportunidade de dizer que os olhos azuis do meu irmão possuíam a beleza de 3 oceanos pacíficos, ao que eu tive que revirar os olhos.

"Ela é super engraçada. As vossas mães são adoráveis. O pai deles está a trabalhar ou assim para não ter vindo?"

Encaro as suas feições e os seus olhos azuis que se tornam mais escuros durante a noite.

"O pai deles não faz parte das suas vidas. Nunca pensaste porque é que a Katherine ficou tão afetada quando lhe contaste do Dylan?"

Franzo as sobrancelhas e lembro-me da primeira vez que vi a loira à beira das lágrimas.

"Ele batia-lhes?"

O loiro assente e finalmente olha para mim. Tento disfarçar que estava a olhar para ele e volto a encarar as luzes lá em baixo.

"A Karen fugiu de casa quando eles tinham 6 anos porque não queriam que eles achassem que o que o pai fazia à mãe deles era correto. E levou-os claro."

Penso no meu pai e no meu irmão lá em baixo e um fraco sorriso surge na minha cara. Ainda bem que ainda há pessoas fortes assim.

Aperecebo-me de que o Luke nunca mencionou o seu progenitor. E eu sei melhor do que perguntar. Será que os pais dele estão separados?

"O que queres saber?" a sua voz traz-me à realidade e eu olho para ele com um olhar confuso?

"Emma, quando queres perguntar alguma coisa as tuas sobrancelhas juntam-se e o teu nariz fica mais para cima e uma covinha surge do lado esquerdo da tua cara."

Viro-me completamente para ele e resisto à tentação de beija-lo.

"Tu és um stalker creepy."

"Eu apenas gosto de observar detalhes."

Mordo o lábio ao mesmo tempo que um sorriso teimoso invade a minha cara.

Sento-me confortávelmente no seu colo, colo os nossos lábios rapidamente e encosto a minha cabeça no seu ombro.

A insistência da Kath, os olhares do Michael e os comentários sugestivos do meu irmão vêm-me à cabeça e eu fecho os olhos.

Estou mesmo caidinha por este rapaz. O que não é conveniente mas não é algo que consiga evitar.

O meu telemóvel ilumina-se e o Luke passa-mo.

de: eddie

desde quando é que tu sais às escondidas menina inocente?

"Se ele soubesse o que eu já te fiz não dizia que eras inocente."

Abro a boca e olho para a cara do loiro, não me importando com a vermelhidão que aparece nas minhas bochechas.

"Luke!" guincho e bato-lhe no braço.

"O que foi? Já para não esquecer que me estás a dever uma."

Não consigo conter a minha vergonha e escondo a minha cabeça no seu pescoço.

Sinto-o a rir se por debaixo de mim e a afagar as minhas costas.

"Não te preocupes. Eu não lhe vou dizer nada. Até porque provavelmente ele me desfigurava se eu tivesse a lata."

"Provavelmente. E não queremos arruinar essa carinha bonita não é?" pergunto contra o seu pescoço.

Afasto a cara para olha-lo nos olhos e a sua mão põe delicadamente uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

O seu olhar de adoração vai ficar para sempre no meu coração. Nunca pensei que alguém me fosse olhar assim. Como se não tivessemos uma vista estonteante à nossa frente, porque só a pessoa à nossa frente é que interessa.

"Pergunta-me o que me querias perguntar."

A sua voz rouca quase me faz ceder mas eu não quero tocar em assuntos que sei que não são da minha conta. Nego com a cabeça e um pequeno sorriso surge na sua cara.

"O meu pai saiu de casa no momento em que os resultados dos primeiros exames da Marianne chegaram."

"Luke-"

"Deixa-me falar. Eu confio em ti."

Fecho a boca e encaro os seus olhos da cor do mar após entrelaçar os nossos dedos.

"Tínhamos acabado de fazer 8 anos quando a minha irmã começou a vomitar e a não conseguir respirar, logo não conseguia dormir. Consequentemente ninguém naquela casa dormia porque era uma agitação. Quando a minha mãe percebeu que não era uma gastroenterite qualquer levou-a à pediatra. Que nos disse para estarmos preparados para o pior. Umas semanas depois descobrimos que ela tinha cancro do pulmão. Ela era uma criança por amor de deus! O mundo da minha mãe desabou naquele momento. Pôs toda a culpa no meu pai, porque ele fumava, e o raio do homem não disse nada sem ser 'As minhas coisas já não estarão cá esta noite.' Nunca mais o vi. Honestamente não sei se quero."

Sinto o meu coração apertado com as palavras que saiem da sua boca. O seu olhar magoado dá-me vontade de abraça-lo e nunca o largar até ficar tudo bem.

Com a minha mão que não está junta à dele, faço-lhe festas nos pequenos caracóis que lhe caem sobre a testa.

"Lamento imenso que tenhas tido de passar por isso."

"Parece que todos temos broken homes, hm?"

E naquele momento, ao vê-lo tão vulnerável e em sofrimento prometi-me a mim mesma que iria protegê-lo, não importa o que se passasse.

Pego na sua cara com as minhas duas mãos e junto os nossos lábios.

Desta vez num beijo simples mas cheio de significado.

Um beijo que dizia que mesmo que fosse o fim do mundo, nenhum de nós estaria sozinho.

♥♥♥

deixem-me chorar, estou com o período

acho que este é capaz de ser o meu capítulo favorito até agora, não pela tristeza eu não sou uma pessoa, mas pela cumplicidade deles *enrolo-me numa bola e choro*

quem me dera ter um luke para abraçar

espero que gostem, adoro vos

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