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♥ Capítulo 09 ♥

Nota: Agradeço novamente por cada visualização, voto e comentário. Deixe sua presença, porque ela é importante pra mim. Deus abençoe você e sua família e boa leitura... nos vemos no próximo sábado... beijinhos.


Capítulo 09

— Veremos o que? — Perguntei meio agressiva, não estava muito a fim de brincadeiras nesse momento, apesar de Jonathan não ser assim.

Ele virou seu olhar sério para mim, nossos olhos se encontraram e senti um arrepio percorrer todo meu corpo, perdi-me por alguns segundos em seu oceano e quando me dei conta, virei de repente e bati a testa com força em uma das prateleiras da estante, soltei um gemido de dor e fechei os olhos, tentando aguentar, apesar de que isso não era nada para mim.

— Você está bem? — Abri meus olhos. Jonathan estava bem a minha frente, com seu porte de príncipe protetor e misterioso, pegou minhas mãos com as suas e analisou o machucado, com o dedo gentilmente, ele tocou e eu dei um passo para trás por causa da reação. Abaixei a cabeça e senti meu peito queimar com a aproximação dele. — Já disse para tomar cuidado, não estarei aqui para sempre...

Lá vem ele com essa fraseologia padrão. Porque ele não estará aqui para sempre?

— Porque? — Perguntei, segurando a tristeza dentro de mim, não quero ele longe... preciso dele.

Jonathan me encarou seriamente, mas seu olhar possui um ar a mais, meio tristonho. Ele ficou parado e comecei a me imaginar sem ele ao meu lado, era estranho. Em breve farei seis meses que estou aqui, desde quando cheguei ele simplesmente fez meu mundo virar de cabeça para baixo e me ensinou muitas coisas, apesar das minhas teimosias... não posso ficar sem ele.

— Porque está chorando? — Ele chamou minha atenção, olhando-me serenamente. Ergui meus olhos até os seus e coloquei uma das mãos no peito, com o punho fechado; a outra mão eu segurei o pulso da primeira, olhando alheiamente para ele.

— Não quero que me abandone, você prometeu lembra? — Respondi, com a esperança que ele me desse uma resposta sensata.

Jonathan ficou me observando, com uma das mãos, ele retirou a mecha do meu cabelo que atrapalhava meus olhos e de repente, me puxou pela cintura, fazendo meu corpo colidir com o seu e no final, repousou seu queixo no topo da minha cabeça, cheirando depois as minhas madeixas negras.

— A pior coisa para mim, é ficar longe de você, apesar de não me amar, eu a amo profundamente, mas o perigo que corremos é muito grande e eu nunca hesitaria em me colocar na sua frente, para salvar a sua vida... mesmo que eu morra.

Tomei um enorme espanto, como assim morrer por mim? Nunca!

— Nunca... — Bradei o encarando de forma assustada. — Não posso perder você, Jonathan... você não pode morrer.

— Não fique pensando nisso, apenas saiba que estou aqui, e sempre irei protege-la, não importa o que aconteça. — Olhei para o chão, ainda absorvendo essa informação e Jonathan depositou um beijo no topo da minha cabeça, me abraçando e depois se soltou de mim, indo até um compartimento em sua mesa, aonde havia band-aids e algumas coisas médicas, para emergências.

Minutos depois, após ele limpar meu machucado e colocar um band-aid. Ele se sentou na sua cadeira e eu a sua frente, estávamos separados apenas pela mesa e começamos a conversar sobre o assunto a qual ele queria tratar comigo.

— Deve confiar em Geovanne Lirceu, ele é um dos nossos, mas não vá pedir informações, ele está proibido e pode ser morto por isso. — Jonathan avisou severamente, sabendo o quanto sou teimosa nessa parte.

— Você é um chato, fica escondendo as coisas de mim e ainda pode morrer por tentar me proteger, não consegue perceber o quanto isso me afeta? Porque Jonathan não me diz logo de uma vez? Hein! — Me exaltei com as palavras, ele continuou calado e fez pouco caso de mim.

— Você entendeu, Serena?

Mesmo emburrada, me surpreendi ao ouvi-lo me chamar por Serena, faz um tempinho que ele só me chamava de Branca, por isso me senti estranha.

— Entendi... — Cerrei os dentes e mostrei a língua para ele, o mesmo sorriu e acabamos por rir um do outro.

— Alteza? O café já está preparado. — Ouvimos uma batida na porta. Jonathan se levantou do seu lugar e veio na minha direção, parou a minha frente e ofereceu a sua mão para eu me levantar, aceitei e saímos juntos do escritório.

Andando pelo corredor largo, vejo quadros de pessoas pendurados na parede e a oposta a ela, é cheia de janelas quadradas e cobertas por cortinas de seda leves. Era tudo muito luxuoso, o que me incomodava, pois não era o meu mundo.

— Aonde estamos? — Perguntei, enquanto seguíamos em direção a sala de descanso, pelo que ele me disse.

— Estamos em uma das residências da família Imperium, é dentro do terreno do colégio, então você está segura aqui.

— Com você?

Perguntei e Jonathan interrompeu os passos, olhou para mim um pouco perdido e depois voltou a andar, me deixando intrigada.

— Imperium é o seu reino, não é mesmo? — Perguntei e ele concordou com a cabeça. — Então você será rei? Já achou uma garota que pudesse ser sua rainha?

Jonathan arqueou a sobrancelha para mim, me fazendo calar.

— A única pessoa que se tornará a minha rainha, é a mulher mais importante da minha vida. — Ele disse, me deixando morrendo de curiosidades. — Mas ela está apaixonada por outro e meu dever é apenas protege-la.

Apaixonada por outro? Como assim... espera...

— Eu não esto... — Fui interrompida por uma voz feminina que vinha em nossa direção.

— Irmão! — Destiny correu na direção de Jonathan e o abraçou alegremente, estava tão feliz que sua animação quase me contagiou, porém ao me ver, ela desfez o sorriso e encarou o irmão. — O que ela faz aqui?

— Assuntos que não lhe diz respeito, sinto muito minha pequena irmã. Com licença.

Passamos por ela e percebendo o choque nos olhos de Destiny.

— Você a esqueceu? — Destiny falou irritada. — Você a amava... como pode ter esquecido dela? — Aos poucos, fui percebendo o timbre indignado da irmã de Jonathan.

— Eu nunca me esqueceria dela, ela era tudo para mim. — Jonathan avisou calmamente, mas suas palavras eram bastante sérias.

— Se Shara estivesse aqui, você não estaria a traindo com outra.

— Já chega, Destiny! — Jonathan bradou a irmã, que já estava com lágrimas nos olhos e ela passou por nós, aos prantos e correndo descontrolada.

— Quem é Shara? — Perguntei, percebendo o quanto aquele nome pareceu ter afetado Jonathan.

— Um dia saberá, não posso lhe dizer nada, esqueça o que ouviu, devemos prosseguir. — Ele desconversou, acelerando os passos e indo na minha frente.

Tomamos um belíssimo café na sala de descanso, sendo servidos por vários empregados e no final das contas, Jonathan não me disse mais nada, apenas me levou até um carro, a qual me conduziria ao dormitório feminino. Lá, desci do automóvel e fui a procura de Geovanne, precisava conversar com ele.

Fiquei um pouco perdida com as palavras de Destiny, quem era Shara e porque ela era tão importante para Jonathan? Pensei que só eu tinha essa ligação forte com ela, no entanto, ele parecia bastante afetado quando a irmã relembrou de Shara; fiquei sem reação, porque apesar de tudo, o príncipe de Imperium me esconde muitas coisas e cada vez que me aprofundo na sua história, lágrimas são escorridas.

Encontrei o maestro no teatro, ele estava ensaiando com uma outra turma; então fiquei sentada no auditório, esperando acabar o ensaio e aguardando ficarmos a sós. Quando tudo acabou, antes de chama-lo, observo Mary (Princesa Herdeira de Surgens) ir até ele, os dois conversaram por alguns minutos e quando ela o tenta tocar, Geovanne se desvia e não permite tal aproximação. Me escondo bem na poltrona, para que os dois não me vejam...

— Oi! — Dou um tapa na cabeça de Thomas, que apareceu subitamente na cadeira atrás de mim, por sorte Mary e Geovanne não prestaram atenção, ele pula para a frente e fica ao meu lado.

— Psiu! — Sussurro.

— Porque estamos sussurrando? — Ele pergunta bem próximo a mim, estava olhando para frente e quando viro meu rosto para encara-lo, sinto seu hálito irradiar meu rosto e nossos olhos se encontram. — Já disse que você é a garota mais espetacular que conheci em toda minha vida?

— Tho... — Ele me beija, gracioso e delicado, tentando tornar aquele momento bom e prazeroso. Depois encosta a ponta do seu nariz no meu e continua me encarando, perdido em suas emoções assim como eu. — Porque fez isso?

— Porque eu precisava sentir seus lábios nos meus, desde o dia em que a conheci e simplesmente me apaixonei por você; pelo seu jeito protetor, independente e gentil. — Ele disse, entregue aos sentimentos.

— Nós não podemos Thomas. — Falei, tentando cortar aquele clima romântico, antes que o magoasse mais ainda.

— É por causa de Jonathan, não é mesmo?

O encarei surpresa, permaneci calada, porque não sabia o que responder, ele era inteligente e percebia as coisas.

— O que você tem com meu primo? — Perguntou se tornando um pouco ciumento. — Não quero você perto dele, não conhece Jonathan tão bem quanto eu, ele pode ser perigoso.

Thomas desvaneceu todo aquele ar gentil, para algo sério e tenso.

— Porque Jonathan é perigoso? — Curiosa eu fiquei.

— Pergunte a ele, alguém que assassina o próprio irmão, acha mesmo que não é perigoso? — Thomas quase cuspiu as palavras, não se importando sobre como elas surtiriam efeito em mim. — Não o julgo, mas mesmo assim, não se aproxime tanto, a história do meu primo é dolorosa e tensa, se você se aprofundar mais nas feridas dele, é capaz de se machucar.

— Não devia ter dito isso para mim. — Respondi, levantando da cadeira e saindo de perto dele, aquilo com certeza me deixou irritada.

— Eu sempre vou esperar por você, mas quero que saiba a verdade antes que se machuque, Rosa Branca, você me conhece muito bem e sabe o que sinto, só quero o seu bem e mais nada. — Thomas voltou ao seu jeito amigável, mesmo assim, aquelas palavras me atingiram em cheio e precisava tirar satisfações com Jonathan.

Saio a pressas do teatro e encontro no corredor da saída, Geovanne conversando com Mary, me escondo não sei o porquê e vejo a princesa dar um beijo rápido no maestro, o que surpreende ele e a mim mesma, os dois discutem e ele se afasta, parecendo arrependido por algo.

Quando a princesa está longe, eu puxo o maestro pela calça e ele cai de cara no chão.

— O que foi isso!? — Ele reclama, alisando a testa dolorida e o ajudo a se levantar. — Rosa Branca, porque fez isso com seu professor? — Com uma cara de dor, ele perguntou e parecia pronto para me dar uma bronca.

— Corta essa professor, sei que me conhece por Serena e... — Ele arregala os olhos e tampa a minha boca o mais depressa possível, nos salvando de alguma coisa.

— Psiu garota! Você é louca em dizer esse nome? — Ele sussurra desesperado, retrucando e me puxa pelo pulso, conduzindo-me a uma sala acima do auditório do teatro, bem trancada e fechada, com vista panorâmica ao palco.

— Porque estamos aqui? — Pergunto, me sentando em uma poltrona preta de couro, bem confortável, enquanto ele pega uma cadeira e fica a minha frente sentado nela.

— O que Jonathan lhe contou?

— Nada. — Respondo indiferente para ele.

— Típico dele, só conta o necessário e mais nada. No entanto, vou fazer o mesmo, não vai conseguir arrancar respostas de mim, sinto muito. — Ele antecipa, antes que começássemos a discutir sobre isso e perder nosso tempo.

— Tudo bem, mas não é sobre isso que quero falar, é outra coisa.

Geovanne franzi o cenho, parecendo não esperar aquilo.

— Príncipe Jonathan é um assassino? — Pergunto diretamente, Geovanne não pareceu surpreso com a resposta, mas nem contente também.

— Porque quer saber isso? Quem lhe disse isso?

— O informante não vem ao caso, mas o que me importa agora é se posso confiar ou não numa pessoa que assassina outras e depois diz que vai me proteger, dando a vida por mim; não acha meio contraditório? — Tentei ser astuta, talvez eu conseguisse arrancar algo dele.

— Não teste a lealdade do príncipe, se ele disse que irá protege-la, ele vai dar a vida por você? Sim, ele não hesitaria um segundo em se colocar a sua frente, para protege-la de tiros, espadas ou qualquer coisa que a machucasse. — Geovanne respondeu com convicção.

— Mesmo assim, porque eu? Desde que o conheci, minha vida ficou de cabeça pra baixo!

— Entendo, mas tem coisas que você ainda não está pronta para saber, quer a verdade sobre essa história? Pergunte diretamente a ele... pronto. — Geovanne se calou, colocando os cotovelos nas coxas e apoiando a cabeça nas mãos, parecia cansado e pensativo.

— O que sente pela princesa herdeira de Surgens? — Perguntei. Ele rapidamente me lançou um olhar estranho, desviando logo após.

— Acho que isso não tem a ver com você, neste momento. — Ele se negou a dizer.

— Mas não a acha muito nova para você? Desculpa me intrometer, mas já deve ter percebido que sou muito protetora com minhas colegas e percebi o quanto Mary parece quieta demais, olha que só tivemos um contato e hoje, vejo o quanto ela realmente sente algo por você, tanto que o beijou... só espero que não a magoe. — Falei abertamente, dizendo minha opinião de forma sincera e ele olhou para mim, depois abaixou a cabeça e afagou os cabelos.

— Sou apenas um maestro de orquestra, não estou pronto para ser rei e muito menos me casar agora... ela precisa de alguém que a apoiei e cuide do povo com coração, não sou esse homem. — Geovanne lamentou.

— Entendo... realmente a gente vê o quanto pessoas assim tem uma vida luxuosa, mas nos bastidores, suas responsabilidades são tão enormes que chega a desgasta-los. Mas deve dizer isso a ela, antes que Mary se magoe.

— Agradeço a compreensão, acho melhor você voltar para o seu dormitório, antes que dê o toque de recolher. — Ele avisou, olhando a hora no relógio de pulso.

— Tudo bem. — Me levantei da poltrona. — Antes, só quero saber uma coisa.

Ele me olhou, permitindo que eu continuasse.

— Quem é Shara?

Geovanne franziu o cenho, deixou a postura ereta e desvaneceu todo aquele ar gentil, para algo sombrio e misterioso.

— Desculpe, mas não sei do que está falando, vamos é melhor você ir. — Ele puxou a minha mão de repente, conduzindo-me para fora do local e não veio comigo, apenas fechou a porta e a trancou, ficando lá dentro.

— Nossa... que grosseria.

Afinal, quem é Shara?

Até a Próxima...

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