Um reencontro
Assim que sai da casa dos meus tios, frustrado com a minha vida e me perguntando em qual momento tudo desandou. Recebi a ligação do Michel de que a filial em Londres estava com um desfalque grande, que podia comprometer vários dos investimentos. Não estava com cabeça para pensar naquilo, depois de tudo que ouvi na casa dos meus tios. Mas como empreendedor eu disse que iria mais tarde e pedi que ajeitasse tudo para mim. A viagem de carro foi tranquila, apesar da minha cabeça estar a mil por hora. Entrei no apartamento, tomei um banho gelado, arrumei a mala e tentei dormir.
Mas quem disse que eu consegui? Aproveitei a insônia para por algumas coisas sobre o trabalho em ordem e quando percebi já estava na hora de ir. Cheguei em Londres com o corpo todo dolorido por causa dos últimos acontecimentos. Precisava descansar de alguma forma. Mas toda vez que fechava os os olhos ela veio na minha cabeça novamente. Que feitiço era esse que essa mulher lançou que cada parte do meu corpo ainda reagia a ela? Tentei mais algumas vezes dormir e nada.
Resolvi que isso não daria em nada e me levantei antes do sol nascer. Tomei um banho e decidi correr em um parque ali perto. Depois fui para a academia e só sai de lá quando já estava exausto. Corri novamente para o hotel e me arrumei para a reunião. No caminho percebi que havia uma mensagem no meu telefone. Era o James meu amigo de longa data. Ele estava me convidando para um jantar na casa dele. Respondi que iria com certeza e mandei um abraço para Helena. Nunca entendi a atitude do James. Em um momento ele era um dos investidores mais ricos do país, no outro ele mudou de ramo, casou e pelo que soube iria ser pai. Uma vez conversando, ele me disse que era muito mais feliz desse jeito, fazendo o que gosta e estando com a mulher que ele amava. Amor? Não sabia o que era isso. Não dessa forma que ele descreveu. Mas se ele estava feliz era o que importava no final, né?
A reunião foi cansativa e turbulenta. Tive que demitir funcionários e isso era algo que eu detestava. Depois de resolvido o problema, passei no apartamento, para me arrumar e fui com o carro em direção a casa do meu amigo. Fazia tempo que eu não o via e assim que entrei ele me informou que tinha uma convidada. Não liguei para isso e nem estava me importando até que descobri quem era. GIOVANNA? Eu pensei estar vendo coisas e não seria louco para alguém que não dormia.
Assim que ela me encarou vi seu rosto perder a cor e acredito que o meu deveria estar mais ou menos assim. O que ela fazia ali? Como? Por quê? Ela desviou o olhar quando meu amigo nos apresentou e eu não conseguia escutar nada, só me concentrei nela. Ela estava diferente, o cabelo estava loiro e mais curto. Mas não era só o físico. Tinha algo a mais. Não parecia aquela moça inocente. O corpo continuava o mesmo, espetacular e cheio de curvas. Saí do meu devaneio quando a voz dela me trouxe de volta.
- Prazer, senhor.
Ela estendeu a mão para me cumprimentar como se não me conhecesse, como se não tivéssemos tido aquela noite, como se fossemos desconhecidos. E como eu não conseguia formular nada, respondi no mesmo tom.
- Prazer.
O que estava acontecendo ali? Eu não sabia, mas eu queria puxá-la para meus braços e atacar aquela boca. Meu Deus, todo meu corpo estava queimando de desejo. Eu precisava me controlar, precisava saber o que ela fazia ali. Fomos guiados para a sala de jantar e ela e Helena conversavam, como se fossem melhor amigas de longa data. Eu fiquei paralisado naquele sorriso dela para a Helena. Queria que fosse pra mim, queria ela pra mim. Mas depois do nosso último encontro suspeitava que eu era o último homem que ela gostaria de ver. James engatou um assunto sobre negócios, quando o jantar foi servido. Estava um silêncio quando decidi abrir a boca.
- E você Giovanna o que faz?
Ela parou de comer e me encarou com o olhar de fúria, mas respondeu com muita calma.
- Vou trabalhar com o James.
A Helena se intrometeu, virando-se para mim.
-Henri você sabia que a Giovanna produz vinhos e que são os melhores?
Como?
-Fui pessoalmente convidá-la. Essa garota tem um dom nunca visto por mim há muito tempo e antes de contratá-la muitos críticos comentaram sobre o vinho de autora desconhecida. - James elogiou.
Aquilo era novidade pra mim. Ela nunca me disse que produzia vinhos. Olhei pra ela com interrogação e ela simplesmente evitou me olhar, me ignorando.
- Que tal um pouco de vinho? Posso compartilhar com o meu amigo, Giovanna? - James disse, se levantando.
Ela concordou sem tirar os olhos da comida. James serviu um pouco de vinho para nós três e quando eu experimentei eu não pude acreditar. Era muito bom. Eu não era especialista mas era viciante aquele sabor.
- Muito bom mesmo! - Eu disse.
Giovanna balançou a cabeça em sinal de agradecimento e voltamos a comer em silêncio. Depois da sobremesa me sentei com o James para conversar, enquanto a Giovanna acompanhava a Helena para visitar o quarto do bebê.
- É uma bela moça, não é? - James virou pra mim e disse.
- Sim... Muito bonita.
- E talentosa! Verdade que vai precisar aprender muita coisa. Mas com estudo me atrevo a dizer que será uma das melhores no meu ramo.
Olhei para a bebida, perdido em pensamentos.
- Como descobriu ela, meu amigo?
- Investigamos os ingredientes do vinho e alguns só são encontrados na Itália.
Bebi um pouco do whisky e concordei com ele. Assim que as garotas desceram, Giovanna anunciou:
- Muito obrigado pelo jantar Helena e James. Estava tudo uma delícia. Mas tenho que ir.
Helena fez uma cara triste em resposta.
- Promete que vem me visitar em outra ocasião?- Ela pediu.
- Claro! - Giovanna respondeu, animada.
- Você vai voltar como Giovanna? - James disse.
- Vou pegar um táxi.
- Eu te levo! - Eu disse no impulso.
Ela me encarou como se aquilo fosse o maior absurdo.
- Obrigado! Mas dispenso. Prefiro ir de táxi mesmo.
Eu tentei contestar, mas ela estava irredutível e no final Helena disse que o motorista deles a levariam. Ela pareceu aliviada e agradeceu. Assim que ela foi embora, também me despedi e agradeci o jantar. Quando entrei no carro, comecei a seguir o carro do meu amigo e assim que ela desceu eu quase fui atrás dela. Mas sabia que ainda estava ressentida comigo e aquilo só iria agravar mais ainda a situação. O que eu ia fazer? Não sei. Mas tinha que fazer.
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