Três anos depois

A claridade da janela me acordou e assim que eu me viro para o lado ele não estava lá. Levantei preguiçosamente e abri a cortina, me deparando com um dia lindo e com isso deixei meus pensamentos irem para um dos dias mais especiais para mim. Olhei a aliança em meu dedo e lembrei do nosso casamento e de todas as juras de amor que fizemos um ao outro.
De repente alguém entra no quarto correndo me fazendo sair dos meus devaneios. Era Gabriel com toda sua energia de uma criança com seus "quase três anos" como ele costumava dizer. E quando olhei pra ele constatei mais uma vez desde que eu tinha o pego nos braços que ele tinha mais do pai do que de mim.
Pois é. Carregamos durante nove meses para parecer com o pai. 
- Mamãe vem! - Ele ergueu o bracinho, me dando a mão.
E saiu me puxando para a sala. Assim que adentrei no lugar percebi que tinha um café da manhã completo arrumado na mesa, um cartão e a revista falando sobre a minha entrevista.
Sim. Agora eu sabia de onde vinha minha inspiração: da minha família! Do meu Henri. Isso podia ser visto no sabor de cada um dos vinhos que foi produzido durante todos os momentos que passamos juntos. Uma vez que, quando não estávamos juntos o vinho que era produzido tinha um gosto mais forte e depois que nos reencontramos, o vinho era suave e foi assim que percebi que nossos encontros e desencontros eram minha inspiração. Tinha mais a ver com o sentimento e a ligação entre nós dois. Assim que abri o envelope do lado estava escrito:

        "Hoje completamos 2 anos de casados e eu não poderia deixar de mostrar a mulher mais linda desse mundo o quanto eu a amo...

    Por isso siga os meus bilhetes e aproveite o café...

Com amor, Henri!"

Eu e o Gabriel tomamos o nosso café e fui me arrumar, já que o meu filho já estava todo arrumado, o que eu achava ser coisa do Henr. Quando cheguei ao quarto e abri o armário lá estava mais um bilhete colado no cabide de um vestido e assim que abri tinha as seguintes palavras:

"Esse vestido me lembra um dos dias mais especiais da minha vida! Então escolhi ele para o dia de hoje...
Com amor, Henri!"

Depois que já estava pronta, segui uma trilha de pétalas que me levaram a um carro e o motorista me entregou outro bilhete.

"Sei que deve estar linda vestida com aquele vestido florido! Entre no carro meu amor e lá estará o próximo passo...         

Com amor, Henri!"

Entrei no carro e ajeitei o Gabriel na cadeirinha. Ele não parava de me fazer perguntas que eu não sabia responder, mas aquele suspense todo estava me deixando ansiosa já. Depois de um tempo o carro parou em um aeroporto e eu não sabia o que estava acontecendo, quando o motorista me ajudou a descer e me entregou o Gabriel. Uma mulher se aproximou, com um sorriso no rosto.
- Venham comigo por favor. - Ela indicou o caminho à frente.
E a seguimos sem saber o que nos esperava. Depois de um tempo seguindo a moça chegamos em um jatinho particular que eu já conhecia bem. Era o mesmo que eu e o Henri viajamos em nossa lua de mel.
Assim que entramos a aeromoça me entregou um outro bilhete que estava escrito:

Te desejo uma boa viajem meu amor! Te espero aqui...

Com amor, Henri!"

A viagem durou um bom tempo e tudo aquilo já estava me deixando louca de curiosidade. Quando pousamos, a moça pegou o Gabriel no colo e vendou meus olhos. Acredito que nos guiaram a um carro porque pude sentir um pouco do vento no meu rosto e assim que percebi que o carro havia parado meu coração foi a mil.

Alguém me ajudou a descer e foi então que eu senti um perfume conhecido e mais que depressa retirei a venda sem perguntar se podia. Eu o vi e não havia visão mais linda que o homem que eu amei e amo até hoje. Ele estava com um sorriso tranquilo no rosto e o nosso filho veio correndo para seus braços. Eu realmente nunca vi uma ligação como a deles. Para o Gabriel o Henri era seu herói e para o Henri o nosso filho era o motivo de tudo. Então ele se aproximou de mim com o Gabriel e disse:
- Você está linda.
- Alguém tem bom gosto. Agradeça a quem escolheu a roupa.
Ele sorriu e eu questionei:
- Posso saber onde estamos?
- Curiosa.
- Muito. Estou me corroendo aqui.
Ele colocou o Gabriel no chão e me abraçou por trás me fazendo focar em somente em um lugar: era o pôr do sol da minha Itália! Lágrimas vieram rápidas demais para segurar e eu o olhei sem saber o que dizer. E então ele pegou a minha mão e a do nosso filho e nos guiou a um lugar lindo.
- Foi nesse lugar, vendo esse pôr do sol que me apaixonei por você. Então para celebramos o nosso aniversário de casamento resolvi fazer algo concreto.
Então ele apontou para uma casa que estava no mesmo lugar em que havíamos sentado para ver o sol se pondo. Eu o encarei surpresa.
- Como? Você...Quer dizer...
- Sim. É aqui que você pertence e onde você estiver feliz eu estarei também. Então resolvi passar a sede da empresa para cá e conversei com James sobre sua transferência.
Não me contive e o beijei, não um beijo rápido mas um daqueles que marcam momentos eternos em nossas vidas. Fomos interrompidos pelo nosso filho que puxou o meu vestido e disse com aqueles olhinhos curiosos:
- Mama...
Me ajoelhei para ficar na sua altura e respondi:
- Oi, meu amor.
-Papai disse que aqui é nossa casa.
Vi Henri ficar também na altura dele e dizer:
- Filho. A nossa casa é onde nossa família está, então não importa onde for o que importa é estarmos juntos.
Ele pareceu meio confuso quando resolvi apresentar o lugar que uniu seus pais de mundos divergentes e culturas diferentes mas que se renderam ao amor. O virei para aquela imensidão de terras e montanhas e disse:
- Filho! Bem vindo a Itália!