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Amigos?

Assim que o as portas do elevador se fecharam minhas lágrimas ameaçaram cair mas não iria permitir que aquele homem me abalasse! Situação essa que independia da minha vontade. E isso já estava acontecendo! Cheguei em casa esgotada e fui trabalhar pois era a única coisa que me relaxava e não me deixava pensar em tudo que tinha acontecido.

Depois que terminei minha parte, pousei minha cesta em cima da mesa e fui ajudar minha mãe na cozinha. O cheiro do que ela estava preparando estava muito bom e assim que abri as panelas ela começou a me xingar.
- Giovanna! A comida ainda não está pronta, bambina.
- Calma mãe! Só queria ver o que era isso que a senhora estava preparando que tem um cheiro tão bom!
Ela riu antes de responder.
- Você não muda nunca, minha linda! Aproveita que está aqui e pica aqueles legumes pra mim.

Comecei meu serviço quando o Sandro chega na cozinha e agarra minha mãe por trás. Ela grita e começamos a ameaçá-lo. Ele se esquiva da colher de pau e me dá um beijo.

- Gio!
- Ei! Cadê meus sobrinhos?
- Devem estar aprontando por aí!

Quando menos espero, meus irmãos começam a chegar e o silêncio é substituído por gritaria e muito barulho. As mulheres começam a conversar sobre o casamento da Fran  e eu tento me concentrar no meu trabalho de picar os legumes quando a campainha toca e um dos meus sobrinhos corre para atender. De repente todos ficam em silêncio, o que realmente me parece estranho. Ignorei a situação e voltei a picar meus legumes quando a Fran chega na cozinha.
- Ãn...visita pra você.
- Pra mim?
Ela balançou a cabeça concordando e com um sorriso enorme. Sai da cozinha limpando as mãos, quando  vejo o Henri parado na porta com as mãos no bolso meio desconcertado com tanta gente olhando para ele. Me aproximei dele, confusa com a aparição.
- O que você está fazendo aqui?
- Eu...Bom você não quis me ouvir e eu pensei que podíamos conversar...
- Henri! Eu já disse...
De repente meu pai chega perto de nós, interrompendo.
- Filha convide o moço para entrar!
Olhei para meu pai e para o Henri que já estava cumprimentando um ao outro amigavelmente e não tive muita escolha depois disso.
- Entra Henri! - Eu dou espaço, e ele passa por mim.

Minha mãe veio correndo e abraçou ele sem nem mesmo perguntar o nome. O Sandro apertou sua mão e começou a fazer perguntas constrangedoras que ele respondia calmamente. Com isso tudo comecei a ficar nervosa. Mas sempre piora, né?! De repente meu sobrinho puxa a mão dele, com os olhinhos pidões.
- Você namora minha titia?
Eu não sabia onde enfiar a cara de vergonha e corri para perto dele, contornando a situação.
- Não meu amor! Somos amigos...
Henri me olhou de forma interrogativa antes de dizer.
- Eu não queria atrapalhar o almoço de vocês.
A Fran pegou o braço dele, me impedindo de dizer qualquer coisa.
- Nada disso! Não atrapalhou nada, gostamos da casa cheia né, Gio?
Todos se viraram pra mim a espera de uma resposta e senti meu rosto queimar.
- Claro...Você pode...Se quiser...Ãn...ficar para o almoço.
Ele sorriu, aliviado, antes de responder.
- Vai ser um prazer!
Minha mãe interrompeu o momento, gritando da cozinha.
- O almoço está na mesa!
O Henri sentou ao meu lado e o simples toque das nossas mãos fez meu corpo arrepiar e isso não era um bom presságio. Todos começaram a conversar. E de repente meu pai pergunta:
- É você Henri? O que você faz?
A Fran quase engasgou nessa hora, respondendo por ele.
- Pai! O senhor não sabe quem é ele?
Todos pararam de comer e olharam para o Henri. Foi Enzo quem abriu a boca primeiro.
- Dio mio! Você é....
A Fran responde mais uma vez.
- É ele mesmo!
Minha mãe olhou bem para ele e deu grito, reconhecimento estampado em sua feição.
- Você é o cara da televisão!
O Henri acena, respondendo calmamente.
- Eu trabalho no ramo de joias, senhor Benine.
Todos olhar assustados para nós dois, e meu pai diz em seguida:
- Desculpa nosso espanto, Sr. Henri! É que não estamos acostumados com uma pessoa famosa em nossa casa...
- Tudo bem Sr. Benine, mas não  precisa dessa formalidade toda comigo. Pode me chamar só de Henri mesmo!
O almoço foi servido e aproveitei para bebericar meu vinho, deixando o momento de descoberta para lá. Até que meu pai me pega desprevenida.
- Então Henri. Quais são suas intenções com a minha filha?
Nessa hora engasguei com o vinho. Assim que me recuperei do momento disse:
- PAI! O Henri é meu amigo! Que pergunta é essa?
O Henri me interrompeu, tomando controle da situação.
- Sr. Benine. Eu e a sua filha no momento somos amigos. Mas se tivéssemos algo a mais saiba que seria as melhores intenções possíveis.
Eu olhei para ele indignada e surpresa. "No momento ?". De onde ele tirou isso? Depois disso meu pai não fez mais nenhuma pergunta constrangedora e o Henri ficou conversando com meus irmãos como se tivesse intimidade. Ele parecia se encaixar bem naquela confusão. Assim que retiramos a mesa do almoço, e o pessoal se dissipou, ficamos eu e Henri na cozinha com ele insistindo em me ajudar a secar a louça. Entreguei o pano para ele, que começou a secar o que eu lavava. 
- O que você veio fazer aqui? - Eu comecei dizendo.
- Vim conversar com você. Da última vez somente você falou e não me deixou dizer nada.
- Hum! - Eu fiquei sem graça. - Desculpa a minha família. Eles conseguem ser intrometidos quando querem. 
Ele riu, antes de responder.
- Não sabia que sua família era tão grande! E eles são pessoas ótimas.
- Tirando as partes constrangedoras eles são ótimos.
- Não me importei com as perguntas.
- Sério? Eu no seu lugar sairia correndo.
- Eles se preocupam com você. Isso é bacana de ver.
- É! Eles sempre foram super protetores.
Ele riu e disse:
- Eu queria te fazer um convite!
Parei o que eu estava fazendo e olhei para ele que me encarou e continuou:
- Estou querendo conhecer a Itália. E queria sua companhia...
- Por que minha companhia?
- Eu gosto de estar com você. - Ele disse simplesmente. - E já que você deixou claro que não quer nada comigo, considere um convite de amigos.
- Henri... Eu não conheço quase nada da Itália. Nunca sai dessa região.
Ele me olhou espantado.
- Por que?
- Somos muitos filhos e temos obrigações aqui. Nunca nos afastamos dessas terras.
- Melhor ainda! Vamos poder conhecer juntos.
Olhei para ele secando os pratos, pensando no convite.
- Não era pra você estar trabalhando?
- Era. Mas pensei no que você disse e bom... Sempre viajei a trabalho e nunca conheci verdadeiramente nada. Preciso me divertir também!
Ele sorriu, e Henri ficou ainda mais lindo com aquele sorriso perfeito no rosto. Nesse momento senti vontade de beija-lo, mas voltei a me concentrar nos pratos, ignorando esses pensamentos confusos.
- Ok. Eu irei com você. Mas com uma condição.
- Qual?
- Você terá que pedir ao meu pai!
Ele deu uma risada alta, aceitando o desafio.
- Tudo bem Sra. Giovanna! Eu enfrento a fera!

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