31 • Ideia
Os dias passam tão rápido, meu deus, nem tinha percebido que ficou muito tempo sem atualizar... Mas enfim, aqui está.
Boa leitura!
***********
Minutos antes
Jirou acenou negativamente após fechar a porta da casa de Fumikage. Shinsou arqueou uma sobrancelha, estranhando a negativa da arroxeada e não hesitando em questionar:
- Como assim? Ele não está no quarto?
- Não. - negou com uma expressão confusa tomando sua face - Isso é estranho. Kirishima disse que não sairia mais até que o cio acabasse.
- Realmente... é estranho. - massageou as têmporas, imaginando se deveria se preocupar ou não com aquilo. Eijirou afirmou com todas as forças que não se relacionaria com outro que não fosse Bakugou, e por mais que discordassem do ruivo por ser tão fiel a um humano, respeitaram sua decisão mesmo que aquilo incitasse seu sofrimento. Uma possibilidade passou por sua mente e deixou que viesse para fora - Talvez ele tenha fugido.
- O que? Por que ele faria isso?
- Você sabe muito bem, Kyo. - chamou-a pelo apelido que utilizavam quando estavam às sós, levando um rubor a espalhar-se pela face da garota.
- Eu sei. - suspirou desistente. Não havia argumentos para aquilo, Kirishima provavelmente não hesitaria em sair caso captasse alguma brecha no sistema de segurança, e por estar no cio com um parceiro em mente, seu desejo seria afastar-se dos demais dragões. - Mas eu realmente não gostaria de acreditar nisso.
- Nem eu. Não gosto de imaginá-lo lá fora, ainda mais em época de cio. - admitiu, engolindo em seco, não querendo botar em palavras o que aquilo poderia significar, vendo Kyoka torcer a cara e compreender sua fala, mas logo tentando mudar o assunto para o principal.
- Bom, vamos tentar procurá-lo para ter certeza, talvez ele só tenha saído para dar uma volta.
Hitoshi concordou em silêncio, olhando atentamente ao redor em busca da cabeleira ruiva espetada. Com alguns poucos minutos de busca depois, seu olhar caiu sob Mina, que aparentava voltar de algum lugar com um sorriso satisfeito no rosto. Parecia empolgada demais, levando o arroxeado a estreitar os olhos em suspeita. Ashido sempre fora uma dragoa animada e divertida, sempre buscando ajudar àqueles ao redor, todavia ela andava mais tristonha pela condição em que Eijirou se encontrava. Foi a primeira vez que a rosada viu um dragão estar tão apegado a um humano, era realmente muito estranho e pavoroso, ainda mais quando sua experiência com humanos não era das melhores.
- Ashido? Você viu o Kirishima por aí? - Kyoka, ao também avistar a rosada, gritou, fazendo a garota se aproximar rindo.
- Vi sim! - declarou orgulhosa - Eu consegui arranjar um parceiro para ele!
- Você o quê? - Shinsou questionou incrédulo, como Mina poderia ter feito isto se o ruivo já estava cansado de explicar que não ficaria com mais ninguém que não fosse Katsuki?
- Sim, ele ficou mais excitado perto do Inasa, acredita? - ela conta, seus orbes amarelados brilhavam em empolgação - Finalmente ele vai esquecer aquele humano e ser feliz!
"Tem algo errado" foi o que o casal pensou.
- Inasa... - Jirou repetiu o nome, buscando em sua memória a localização da casa do rapaz alto - Mina, o Kirishima disse que queria passar o cio com ele?
- Bom... não exatamente, mas ele ficou mais excitado, então... - tentou explicar, repensando um pouco sobre a cena anterior. Estava tão eufórica que não notou este pequeno detalhe... será que ele era relevante? - Mas o Kiri encontrou alguém, não estão felizes por ele?
- Mina... - a arroxeada lhe encarou com certo espanto ao vê-la desviar do assunto. Se Kirishima não havia dito nada, o cio provavelmente deve ter se sobreposto aos seus reais desejos. Sabia disso, pois já passou por algo parecido. Colocou a mão na boca, apavorada com a possibilidade de Eijirou realmente não querer aquilo, desviando o olhar para o parceiro. - Nós temos que ir. - apenas disse isso e começou a assumir sua forma draconiana, se concentrando em realizar a rota até a casa de Yoarashi.
Hitoshi viu Kyoka começar a voar velozmente em determinada direção, e antes de segui-la direcionou um olhar repreensivo à rosada, que se demonstrou confusa com a atitude do casal. O arroxeado começou a assumir sua forma bestial e logo bateu as asas, voando atrás da parceira em direção à casa de Inasa.
Esperavam que não fosse tarde demais.
***
- Vocês o conhecem? - a pergunta veio de Yoroashi, que apareceu na porta da casa poucos segundos depois de Eijirou sair correndo.
O casal, que ainda olhava para a direção onde Eijirou voou, se assustou com a voz do mais velho. Shinsou foi o primeiro a virar, dando passos brutos até Inasa e lhe encarando furioso. Ouviu sim as palavras de Eijirou, mas ele parecia tão confuso, que imaginou se o mais velho pudesse tê-lo ameaçado para mentir.
- O que fez com ele? - questionou, e assim que Inasa respondeu seu poder agiu sobre o maior. - Diga.
- Shin, se acalma... - Kyoka se aproximou do rapaz, colocando a mão em seu ombro, não gostava quando o amado ficava tão furioso - mesmo que fossem poucas as vezes que ele extravasava sua raiva. Fitou-o com uma expressão receosa por estar preocupada com Eijirou - Ele pode ser inocente, como o Kirishima disse.
- E se Inasa tiver o ameaçado?
- Você vai descobrir isso agora, então não fique tirando conclusões precipitadas. - avisou, deixando um pequeno sorriso despontar em seus lábios - Vou ir atrás do Kirishima acalmá-lo. - Hitoshi acenou positivo e fora surpreendido por um selar em seus lábios pela garota, que rapidamente se despediu, tomando a forma bestial e indo na direção onde o ruivo foi. Sentiu sua face queimar de repente pela carícia repentina, mas deixou que um sorriso escapasse por seus lábios antes de virar a face para fitar Yoroashi.
- Me diga o que aconteceu. - sua expressão tornou-se rígida novamente.
Assim, Inasa contou-lhe toda a situação; incluindo o fato de Eijirou parecer hesitar em silêncio, mas seu corpo mostrar um desejo que contradizia isto. Hitoshi analisou a situação descrita pelo maior, suspirando ao ver que de fato Yoroashi não estava mentindo. Logo o efeito de seu poder de hipnose se desfez, fazendo o maior sentir-se aturdido diante da situação, um pouco descontente por ter sido forçado ao falar, sendo que falaria por conta própria de qualquer forma.
- Sinto muito por te forçar, mas era necessário. - disse friamente, preso em seus próprios pensamentos.
- Tudo bem... - respondeu, ainda meio inconformado, mas mantendo o respeito para com o filho do líder daquela aldeia. - Eu realmente não queria machuca-lo.
- Entendi.
E então, Hitoshi começou a assumir sua forma draconiana para ir à procura de Kyoka, ajudá-la quanto ao Kirishima.
***
Eijirou ouviu o toque suave na porta de madeira qual estava recostado. Estava desesperado, completamente angustiado com a situação a qual fora submetido anteriormente. Saiu daquele lugar o mais rápido que pôde, entrando na casa de Tokoyami, ignorando os questionamentos do dragão negro e se trancando no quarto que sabia ser seu único esconderijo no momento. Estava aterrorizado com a possibilidade de quase ter sido forçado a fazer algo que não queria por conta da merda de cio que lhe enfraqueceu o suficiente para não conseguir pronunciar sequer uma sílaba direito.
Não queria abrir a porta, não queria falar com ninguém, não queria ver ninguém. Queria apenas aquele que sabia - e bem, queria acreditar nisto - se importar consigo, e que lhe acalentaria em um momento tão desesperador quanto o que estava passando agora. Queria ir embora dali naquele exato momento, mas sabia que era incapaz, já que Shinsou e Jirou haviam lhe visto e provavelmente estavam alertas quanto ao seu paradeiro.
Porra.... maldita aldeia.
E falando na arroxeada, fora capaz de ouvir sua voz qual exibia uma enorme preocupação do outro lado da porta junto às batidas suaves.
- Ei, Kirishima, sou eu, a Jirou. - informou, preocupada com o estado mental do ruivo. Compreendia sua dor naquele momento e todo o terror que havia sido submetido, portanto queria acalmá-lo e apoiá-lo. - Pode abrir a porta?
- Não. - disse com a voz ainda embargada pelas lágrimas que derramou por longos minutos. - Vai embora, Jirou.
- Não posso ir embora sabendo que algo horrível assim aconteceu com você.
- Aposto que você também gostaria que eu aliviasse meu cio com ele. - disse ríspido, desconfiado dos verdadeiros desejos da dragoa. Já não conseguia confiar nos demais dragões, ainda mais quando uma amiga tão querida assim quanto Ashido lhe abandonou daquela forma. Era imperdoável. - Se veio me dizer que era para meu bem, por favor, vai embora. - segurou as lágrimas que, novamente, acumulavam-se em seus orbes rubros.
- Não vim te dizer isso. - afirmou, desistindo de adentrar o quarto do ruivo e encostando as costas na madeira, se sentando sob o piso de mesma textura. - Eu imagino o quão angustiante deve ter sido. Nunca apoiaria que fizesse isso com alguém quando você não está de acordo com isso.
- Sei. - rosnou, desconfiado da garota - Vocês me mantém aqui como se eu não soubesse me cuidar sozinho.
- Te encontramos em um estado terrível por causa de humanos, Kirishima, você sabe nossos motivos. - explicou receosa, não era uma boa hora para explicações como essa. Sabia que o dragão vermelho se sentia sufocado por estar lá e que queria liberdade, todavia temiam que algo ruim ocorresse com ele; antes estava machucado demais para sair, agora estava no cio e era um alvo fácil para os predadores que habitavam as montanhas. - Eu não quero que você continue sofrendo, tá bem? Mas não podemos te deixar ir como se seu bem-estar não importasse.
- Eu não estou bem, não sem meus amigos, não sem meu parceiro. - sua voz soava mais sôfrega. Sabia muito bem que, no momento, era perigoso para ele estar lá fora, mas sua mente não ficaria estável estando longe daqueles que lhe importavam. - Jirou, eu não consigo mais confiar em vocês depois disso... eu realmente não quero estar aqui, não me sinto seguro.
O peito de Kyoka apertou, era doloroso ouvir a voz embargada de Kirishima e imaginá-lo chorando, sentindo-se inseguro naquele lugar por conta do que ocorrera momentos atrás. Imaginou-se em seu lugar, não conseguindo captar toda a dor que era estar longe de seus parentes, amigos, parceiro, mas compreendendo o quão difícil era a situação de Eijirou. Sabia que este não possuía pais, - o próprio lhe contou - sendo assim, as pessoas que conhecera naquela aldeia humana e, principalmente, o homem de fios loiros eram o que mais lhe importava.
- Entendo. - foi está sua resposta no fim enquanto se levantava e respirava fundo, organizando suas ideias.
Do outro lado, Eijirou não se abalou com a resposta, achando ser apenas uma afirmação vazia. Não achava que ninguém ali lhe entenderia, afinal, não o deixavam partir.
- Kirishima, eu sei o quão imperdoável isso foi pra você e realmente sinto muito por isso. - disse mais uma vez. - Sinto mesmo...
E então passos lentos foram ouvidos. A arroxeada havia se afastado. Kirishima respirou fundo, pensando em toda aquela conversa e voltando a abraçar os joelhos, deixando que as lágrimas caíssem sem receio de estar sendo ouvido. Não havia outra coisa que pudesse fazer por hora a não ser chorar, saudoso das pessoas que gostava.
Kyoka estava tensa quanto a situação, mas uma pequena ideia - talvez uma completamente descabida - havia passado por sua mente, e com ajuda de Shinsou, talvez pudessem executá-la. Viu o arroxeado entrar pela porta, ofegante pelo voo que deu até lá, indo até a dragoa um pouco mais desesperado que o normal.
- Ele está bem?
- O que você acha? - não era a intenção haver maldade em suas palavras, mas acabou sendo assim. Jirou estava frustrada por ter sido incapaz de impedir aquele incidente, e pior ainda, por não saber como ajudar o ruivo.
- Droga, isso deve ter sido horrível. - murmurou, pesaroso pelo dragão de fogo.
- Temos que fazer algo.
Hitoshi viu a determinação no olhar de Kyoka. Conhecia bem a garota e sabia o que aquele olhar significava, então não tardou a perguntar:
- Tem algo em mente?
[...]
************
Bom, talvez haja um reencontro no próximo capítulo, não sei rs...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro