27 • Sem sucesso
Insegura sobre o cap, mas só vai.
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Shoto adentrou o enorme salão pertencente ao seu pai, Enji. O rei lia alguns pergaminhos, entediado, enquanto estava sentado em seu trono. Já haviam passado cinco dias desde o ocorrido.
- Pai. - chamou-o, recebendo atenção dos orbes azulados afiados - Algum progresso? - perguntou de uma vez, ansioso pelo resultado.
- Não. - negou, suspirando e explicando - Meus guardas capturaram alguns dos malditos caçadores de All for one, mas nenhum deles sabe sobre alguém chamado Shigaraki Tomura.
Sim, Shoto havia solicitado que seu pai buscasse pelo maldito do Tomura. Tanto pela confusão enorme que causou, que certamente enfureceu o homem mais velho, quanto pelo fato de terem tentando sustentar o comércio de partes draconianas, algo que também enfurecia Endevoar.
O rei possuía sangue de dragão, logo, ele também se sentiria ameaçado caso alguém estivesse tentando ferir tais criaturas por motivos egoístas.
E ele também não era mais o mesmo de anos atrás.
***
Após seu encontro com Midoriya naquela noite, ele voltou para o Palácio, dando de cara com ninguém menos que seu pai, qual ficou enfurecido com sua escapada noturna e começou a atacá-lo como forma de punição. Shoto tentou a todo custo se defender, porém, é evidente que não conseguiria devido a força de Enji e a influência que tinha sob si.
Sua mãe tentou intervir, tentou protegê-lo, mas não adiantou.
Aquela noite terminou com ele indo para seu quarto depois de levar uma surra de seu pai, ainda traumatizado por não ter sido capaz de ajudar sua mãe, que também acabou sendo agredida no meio daquilo. Se sentia um estorvo.
Mas mal sabia que se sentiria pior ainda na manhã seguinte, quando foi hesitante tomar o café da manhã e não notou a presença da mulher. Se desesperou, achando que seu pai, que estava na mesa, havia feito algo com ela.
- Sua mãe está demorando, vá ver o que houve com ela. - O homem disse, uma pequena porção de preocupação em sua voz.
Shoto então fez como mandado, indo até o quarto e encontrando a pior cena que viu em sua vida. Sua mãe possuía uma corda em volta do pescoço e estava suspendida no ar. Seus olhos opacos e sem vida.
Gritou, caindo no chão e observando a figura morta. Não queria acreditar naquilo...
- O que diabos está acontecendo aqui? - Enji surgiu, pondo-se em frente ao bicolor e vendo o que ele via.
Ficou igualmente espantado. As palavras travaram em sua boca e sua face ficou pálida. O desespero tomou seu ser.
- FOI VOCÊ QUEM FEZ ISSO COM ELA? - Shoto esbravejou, as lágrimas começaram a sair de seus olhos enquanto acusava o pai. Só poderia ter sido ele, esse maldito sempre a maltratou, não duvidava que a mataria. - SEU DESGRAÇADO! - Tirou forças do além e se levantou, partindo para cima de Endevoar. Estava irritado demais para pensar se seria capaz de derrubá-lo ou não.
- Não fui eu... - ele respondeu, segurando o punho do bicolor que ia em direção a sua face. - Filho, eu...
- NÃO QUERO OUVIR SUAS DESCULPAS, EU SEI QUE FOI VOCÊ! - Gritou novamente, seus orbes queimavam de ódio. Logo, não conseguiu controlar sua ira e o fogo começou a ativar em seu corpo. Queria queimar aquele desgraçado, queira muito queimá-lo vivo e fazê-lo sofrer por seus atos.
Iria fazer isso, mas seus irmãos chegaram mais rápido e apartaram a briga. Não tinham visto a situação ainda, mas quando notaram o cadáver pendurado na corda, desejaram nunca ter parado o irmão mais novo, que agora chorava nos braços de Fuyumi.
Enji se distanciou daquele quarto e volveu à grande mesa no salão. Não comeu nada, não falou nada, não demonstrou nada por dias. Passou-se um ano em que seus filhos acabaram indo embora, querendo distância dele. Shoto foi o único que restou, pois não queria se afastar de Midoriya, que passou a apoia-lo enquanto se conheciam melhor durante as saídas do bicolor, que passou a possuir permissão para visitar o mundo exterior contanto que escondesse sua aparência dos cidadãos.
Com esse tempo todo tendo passado, Todoroki percebeu que seu progenitor ficou realmente abalado com a morte de sua mãe. Se recusava a acreditar nisto, mas era uma verdade.
- Shoto. - o mais velho o chamou. Depois de um ano, apenas os dois frequentavam aquela mesa em silêncio e sozinhos.
O bicolor não disse nada, mas esperou que o ruivo continuasse.
- Me desculpe. - ele disse - me desculpe por ser um péssimo exemplo. Seus irmãos me abandonaram e estão certos, eu fiz coisas horríveis com sua mãe e com todos vocês, e só agora, após um ano com suas faltas, reconheço isso.
- Está dizendo que realmente matou ela? - sua estava embargada, mas não choraria na frente daquele maldito assassino.
- Não. - negou - Não fisicamente, ao menos. Eu nunca seria capaz de matá-la, jamais faria algo tão horrendo...
- Mentiroso. - disse seco. Não iria cair em uma daquelas mentiras.
Mas Endevoar olhou em seus olhos, eles brilhavam por conta das lágrimas que caiam. Se arrependia de verdade e Shoto reconheceu isso naquele dia, naquele momento em que soube da verdade pelo próprio Enji Todoroki. Ele ainda havia feito muito mal a todos que viveram por lá, principalmente sua mãe, porém, após sua morte as mudanças foram notáveis e com o passar dos dias seguintes, só tendeu a melhorar.
Todoroki ainda não confiava no ruivo totalmente, após quatro anos terem se passado depois da conversa, mas foi o único capaz de recorrer para ter ajuda em relação ao sumiço de Shigaraki, além de precisar de buscas pelos dragões que levaram Eijirou.
Enji estava mais que disposto a caçar o maldito que invadiu suas terras e instaurou o caos na vila, além de ter ferido um de "sua espécie" por assim dizer. E, por se tratar de um amigo do filho, que tratou de se redimir durante esses últimos anos, não negaria a ajuda.
***
- Kacchan, não se esforce muito! - o esverdeado alertou quando Bakugou se levantou, indo até a sala - Seus ferimentos vão se abrir.
- Cala boca, Deku - rosnou para Midoriya, que levantou do estofado em que estava.
Bom, não estava apenas ele na casa. Denki e Sero também estavam por lá, além dos pais do loiro, que acabaram sabendo do ocorrido um dia depois.
Estavam lá esperando por Todoroki, que havia ido ao encontro do rei Endeavor para saber se haviam encontrado o azulado.
- Não trate seu anfitrião assim, garoto! - Mitsuki repreendeu o filho, se levantando e indo na direção do loiro que encontrava dificuldades para se mover, visto que apoiava-se na parede. - Você é insistente demais, Katsuki. Sabe que deve ficar na cama para se recuperar.
- Não me dê ordens, velha - rosnou - Quero ao menos saber sobre como estão indo as buscas, quero ser útil nessa porra! - esbravejou irritado.
- Você não vai ser útil se continuar machucado assim. - disse a verdade e tratou de apoiá-lo em seu corpo para levá-lo até o sofá.
- Fica calmo, Bakugou. Logo o Todoroki volta com alguma notícia. - Sero disse ao loiro. Todos estavam muito ansiosos ali. Precisavam fazer Shigaraki pagar por seu feito e Bakugou era quem mais ansiava por aquilo. - Vai dar certo, cara.
E em questão de segundos, a porta foi aberta pelo bicolor, que avisou ao grupo que não houve sucesso nas buscas por Shigaraki, mas que alguns dos homens que participaram do ataque foram capturados e foram identificados como pertencentes da vila de Katsuki, qual pertencia ao rei All for one. Os malditos se infiltraram pela floresta, abateram alguns guardas que vigiavam as ruas durante a parte da manhã e conseguiram sequestrar Bakugou e leva-lo à floresta.
Bakugou ficou em silêncio ouvindo toda a explicação. Seu semblante estava fechado e se encontrava enfurecido com toda a merda de situação. Queria Eijirou de volta, ter certeza absoluta de que estava bem, ao passo que se visse Tomura por aí, não pensaria muito antes de partir para cima dele e terminar o serviço que a rosada fez.
Não pretendia fraquejar, então jurou a si mesmo que se esforçaria para encontrar o amado.
[...]
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