Capítulo 1
Adam Stanford sentou-se nervosamente na sala de espera. Ele estava lá há mais de uma hora, o tique-taque do relógio de parede marcando cada minuto com a sutil agonia da incerteza. Ele se mexeu na cadeira, olhando novamente para a porta do escritório do Sr. Jones. Finalmente, ela se abriu.
"Sr. Stanford, por favor, entre!", chamou o Sr. Jones.
Adam se levantou de um salto, grato pela chance de encerrar sua espera ansiosa. Ele entrou no escritório, onde o Sr. Jones, um homem alto com cabelos finos e grisalhos e um sorriso rígido, gesticulou para uma cadeira em frente à elegante mesa de madeira.
"Por favor, sente-se", o Sr. Jones deu um sorriso que não poderia ser chamado exatamente de educado.
Adam assentiu e sentou-se. Ele não pôde deixar de notar o quão meticulosamente tudo estava organizado — nem um único papel fora do lugar, e nem uma partícula de poeira em lugar nenhum. Tudo parecia um pouco perfeito demais, quase encenado, o que só aumentava seu crescente desconforto.
"Sr. Stanford, acredito que você saiba por que foi chamado aqui", continuou o Sr. Jones.
Adam piscou, confusão cruzando seu rosto. Ele não tinha ideia do por que estava ali, apenas que foi chamado em um tom bastante urgente.
Ele pensou que talvez estivesse em apuros, talvez processado por aquela loja de souvenirs — afinal, ele acidentalmente quebrou um item enquanto zanzava pelos corredores. A última coisa que ele esperava era o que o Sr. Jones disse em seguida.
"Você vai receber uma herança,"
Os olhos de Adam se arregalaram, suas sobrancelhas se ergueram em choque. Ele se inclinou para frente. "Herança? Mas..."
"Sim. Seu tio deixou um testamento,"
O Sr. Jones puxou uma pasta da gaveta esquerda de sua mesa, colocando-a na frente de Adam. Adam olhou para ela, sua mente acelerada.
"Mas eu não tenho um tio, Sr. Jones", Adam respondeu com um sorriso nervoso.
"Claro que tem. Um tio distante ",
Havia algo estranho na maneira como o Sr. Jones falava. Seus olhos piscaram, um brilho estranho passou por eles, quase como se ele estivesse se divertindo com a confusão de Adam. Aquele homem estava feliz porque Adam tinha um tio distante, rico o suficiente para deixar um testamento? Ele nem mesmo o conhecia e menos ainda as suas circunstâncias!
"Tio distante... Quem é?" Adam estava curioso, porque não tinha parentes vivos, até onde sabia.
"Lord Phantous Belial,"
O nome soava estranho — estrangeiro até. Adam nunca o tinha ouvido antes, nem em reuniões de família, nem em histórias antigas. Ele franziu a testa.
"Deve haver um engano. Não tenho ninguém com esse nome na minha família. Posso lhe garantir isso", Adam riu. Ele estava apenas perdendo seu tempo.
"Como eu disse..." o Sr. Jones cruzou as mãos, apoiando-as sobre a mesa enquanto seus lábios se curvavam naquele sorriso inquietante. "Um tio distante."
Ele abriu uma pasta, deslizando os documentos em direção a Adam. Ele pegou uma caneta — uma caneta vermelha, a cor tão forte que quase parecia sangue.
"Por favor, leia e assine", disse o Sr. Jones.
Adam pegou a caneta, notando o quão pesada ela parecia em sua mão. Ele tentou escrever, mas nenhuma tinta fluiu. Ele olhou para o Sr. Jones, confuso.
"Não está funcionando. Acho que não tem tinta", Adam sacudiu a caneta, olhando para o outro homem.
O sorriso do Sr. Jones se alargou, seus olhos brilhando com algo que enviou um arrepio pela espinha de Adam.
"É um tipo diferente de caneta, Sr. Stanford,"
"D-diferente?" Adam olhou para a caneta e a piscou. "Quão diferente? Como funciona?"
O Sr. Jones abriu uma pequena tampa no topo da caneta, revelando uma ponta afiada.
"Você precisa pressionar aqui. Vai doer só um pouquinho,"
Adam franziu a testa, olhando para o homem com um olhar hesitante. Uma sensação de mau presságio o invadia. Algo parecia muito errado. Ele engoliu em seco, se preparando para pedir para usar outra caneta.
"Confie em mim, Sr. Stanford. Este é um testamento muito especial. Você ficará encantado quando souber mais sobre ele. Mas, é claro, somente depois que você assiná-lo você poderá ver por si mesmo,"
Adam engoliu em seco, o medo roendo suas entranhas. Ele estava lutando — desempregado, quase despejado de seu pequeno apartamento. Talvez aquela fosse a sua chance. Qual era o problema com uma picadinha no dedo?
'Acho que isso é algum tipo de armadilha, mas... preciso de grana', pensou Adam. 'Bem, talvez seja apenas algum tipo de coisa esquisita, tipo fetiche, sei lá.'
Ele pressionou o dedo na ponta afiada. A picada o fez estremecer, mas ele continuou. Lentamente, a tinta começou a fluir — uma tinta escura, cor de vinho, que parecia suspeitamente com sangue.
"Hmm... O que essa parte significa?" Adam perguntou, apontando para uma frase no documento. Estava escrito em uma caligrafia elegante: "Você aceita a casa em sua totalidade, com todos os seus propósitos e responsabilidades?"
"É só uma formalidade", disse o Sr. Jones. "Claro, já que a casa será sua, qualquer assunto relacionado à propriedade deve ser cuidado pelo proprietário, você não acha isso certo?"
"Mas... o que isso significa, exatamente?" Adam coçou a cabeça. "Quer dizer, estou quebrado. Sendo bem claro aqui, ok? Então, se houver alguma dívida..."
"Significa que você aceita a casa, Sr. Stanford. E tudo o que vem com ela", o outro homem parecia estar ficando irritado.
O jeito que ele disse 'tudo' fez os cabelos da nuca de Adam se arrepiarem. Algo estava errado. Mas Adam sacudiu a cabeça — ele precisava disso. Ele não podia ser exigente.
"Ok, ok, lá vamos nós!"
Ele assinou os papéis. A tinta — sangue ou o que quer que fosse — parecia quase viva enquanto sangrava pela página.
"Obrigado, Sr. Stanford," o Sr. Jones sorriu amplamente, satisfeito. Ele se levantou, alisando seu terno. "Agora, vamos ver esta casa maravilhosa ."
Adam se levantou, seu coração batendo forte, sem saber se era excitação ou medo que o fazia acelerar.
"Claro,"
Eles foram para a garagem, onde um carro preto e elegante estava esperando.
"Entre, por favor,"
O Sr. Jones dirigiu, e Adam olhava pela janela, a cidade rapidamente dando lugar a campos abertos e florestas densas. Quanto mais eles avançavam, menos familiar o ambiente se tornava.
"Não deveríamos ir ao cartório?", perguntou Adam. Ele não era especialista, mas leu sobre isso uma vez e para se tornar o dono de uma propriedade, era necessário registrá-la oficialmente, caso contrário, você estaria arriscando outra pessoa fazer isso na sua frente, e aí, já era.
"Não se preocupe, Sr. Stanford. Nós cuidaremos de tudo,"
O Sr. Jones sorriu novamente — aquele sorriso perturbador e conhecedor de algo que Adam estava por fora. Adam forçou um sorriso em troca, embora seu estômago se contorcesse em nós.
'A quem diabos ele está se referindo quando diz 'nós'?'
Depois de uma parada em um prédio pequeno e meio escondido onde Adam assinou mais alguns papéis — a Srta. Gomez, a balconista, mal olhando para ele, seus olhos disparando para o Sr. Jones com algo parecido com medo — eles estavam de volta à estrada.
Logo, o carro diminuiu a velocidade, aproximando-se de um portão de metal alto e de grades grossas.
"É isso?" Adam perguntou.
"Sim. O portão da propriedade", o tom do Sr. Jones era o de alguém tentando esconder um temperamento azedo.
Adam espiou pela janela, mas tudo o que viu foi escuridão além do portão. Árvores se avultavam de ambos os lados, seus galhos se retorcendo como dedos esqueléticos contra o céu. O portão se abriu sozinho, rangendo ameaçadoramente.
'Ótimo! Uma casa fantasma ou algo assim. Acho que isso foi um mau negócio! Que sorte essa minha, heim!'
"Quem abriu?"
"Automático", o Sr. Jones levantou um controle remoto, mas Adam não conseguia se livrar da sensação de que estavam sendo observados.
O carro avançou, cascalho triturando sob os pneus enquanto eles serpenteavam por um caminho longo e sinuoso. Finalmente, a mansão apareceu — uma estrutura enorme que surgiu da escuridão como uma fera adormecida.
"Uau... Parece um castelo", disse Adam.
"Mais como uma mansão. Ou um palácio."
Adam olhou fixamente, sua boca ligeiramente aberta. O lugar era enorme, com torres altas e grossas paredes de pedra. As janelas estavam escuras, e todo o edifício parecia ceder sob o peso de sua própria história.
Eles pararam em frente às grandes portas duplas. O Sr. Jones as abriu, a madeira pesada gemendo em protesto.
"Esta casa é tão..." Adam começou, então tossiu, poeira enchendo seus pulmões. "Empoeirada."
"Você precisa de ajuda com suas coisas?", perguntou o Sr. Jones, num tom monótono, indicando que ele não queria ajudar coisa nenhuma.
"Não, estou bem. Obrigado,"
O Sr. Jones apertou a mão de Adam, seu aperto se prolongando por um momento a mais.
"Lembre-se, Sr. Stanford: às vezes, a ajuda vem das formas mais inesperadas," Adam tinha certeza que tinha ouvido aquilo em algum filme.
Com isso, o Sr. Jones se virou e voltou para o carro, deixando Adam sozinho nos degraus da mansão. Adam observou o carro desaparecer pela entrada, engolido pela noite.
Adam se virou de volta para a casa, o chaveiro pesado em sua mão. Ele respirou fundo.
'Vamos acabar logo com isso', ele pensou.
Ele abriu a porta e entrou, a escuridão o engolfando por inteiro.
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