22 Entendendo o que é Dreg
2682 words
Enfiei o batom quase no olho dele e fechei meu punho na forma de um murro.
Os olhos claros dele se arregalaram e ele me olhou surpreso e com medo.
― De onde você tirou isso? ― Perguntou e eu dei um soco bem no meio da sua cara, vendo o sangue escorrer entre seus lábios.
― Sou eu quem esta fazendo as perguntas aqui. Me diz! Ou quer outro murro na cara? ― Brigo o batendo contra o banco.
Mas ele limpa o rosto se desfazendo do susto inicial e sorrindo.
― Você é mesmo um cão de guarda eficiente. Mas... entendeu tudo errado. ― Diz ao pegar o celular e eu o solto. ― Esse batom é meu. ― Diz ao mostrar uma foto de ele transvestido de Drag Queen.
Fiquei perplexo.
Só o reconheci por que ele estava bem na minha frente mas... não entendi.
― Esta enganando ela? ― Gritei irritado.
― Sim e não. Ela não sabe disso. Ainda não contei, porque tenho medo de como ela vai reagir. Mas... eu gosto dela. Sou hetero. Não confunda as cosias como todo mundo.
Com assim confundir? Se você se veste como mulher é gay!
Que caralho!
― Olha. Eu... sei que as pessoas não entendem. Por isso eu escondo de todos; essa porcaria ai passa desapercebida sempre. Ninguém imagina que é meu, e eu simplesmente achei que pensariam que era dela. Ela fica sempre linda de amarelo.
― Fica, mas ela não tem essa cor.
― Caraça, tu sabe de cor?
― Sim é fácil já que ela só tem três batons que gosta. E nunca pois coisas berrantes assim.
― Olha. Eu entendo a sua raiva; você viu isso e achou que eu estou traindo ela. Mas não. Ok. Agora pode se acalmar por favor.
― Vai ter de me provar isso. Ok? Eu não conto teu segredo eu entendo, mas vai ter de provar.
― Tudo bem. É justo. Mas como? ― Ele pergunta serio, mas logo faz de ligar o carro.
― Espera. Onde acha você vai?
― Te provar. ― Responde serio e eu seguro sua mão para não sair com o carro.
― Espera. Não vou a lugar algum sozinho. ― Digo descendo do carro esperando que aqueles dois estivesse lá no apartamento. ― Oi. Podem me dar um apoio aqui. Descobri uma parada sobre o Kenny e to indo conferir. Podem ir comigo?
― Quem é Kenny? ― O Harye diz já se levantando como quem diz: topo, não ligo para onde vamos.
― O namorado da Katy. ― O outro responde. ― Por que quer que vamos junto?
― É tipo um lance de negro. Se rebanhar pra se sentir seguro.
― Isso é um instinto humano. ― Ele responde antes de eu bater no japa filho da puta.
― Vou te chamar de japa ou de coréia. Quero ver. Racista de merda.
― Parei. Desculpa. ― Diz ao ir ate a porta passando por mim. ― Mas o que o Ken da Barbie fez? Serio aquele cara parece uma boneca de porcelana. Por que só tem caras gostosos na sua vida? ― Diz ao ir ate o elevador enquanto o Ton tranca a porta. ― Você é lindo. Ai tem aquele seu amigo albino que parece um eufo de gelo. Ai o Ton é uma coisa fofa de deus. Fora o seu amigo do colégio. Como é o apelido mesmo Nadegas? Bunda? E tem esse loiro delicia.
― Bumbum. Mas eu entendi. E o Ton também esta na sua vida não. Fora que ele tem o Marcos na dele.
― Verdade. Manooo aquele homi me faz perder o sono! Que cara lindo meu deus! O Marcos é gostoso de mais! ― Ele diz tentando parecer um tarado, mas era claro que estava exaltando isso para esconder que tremia ao falar o nome do cara.
Tinha algo de muito errado nisso.
― Vocês dois podem parar com esse papo? Os vizinhos vão ouvir e...
― Mas eu não falei nada de mais. Ele quem ta zuando. ― Respondi serio estava mesmo sem humor.
― É e eu sou uma bixa assumida e desinibida. ― Diz entrando no elevador e logo estamos no carro. ― Então tu é Drag? Fala serio! Eu não acredito. Posso te ver montado? Eu sempre quis ver como se faz. Só pro curiosidade mesmo. Deve ser muito divertido.
― Eu acho incrível. A liberdade. O poder. ― Ele responde rindo ligando o carro e manobrando para sairmos. ― Esta ficando tarde. Tem uns amigos que se reúnem neste horário. Podemos ir à casa de um cara. Ele tem tudo lá. É onde me monto para ir aos bares sempre. Querem ir? ― Convida todo casual.
― Montados? ― O tom se espanta. E ate muda de cor. Era muito fofo quando ele fazia isso, mas eu já sabia que quanto mais vermelho ele estava mais putaria estava pensando. Taradinho. ― E... eu não to pronto pra isso.
― Cara eu sou hetero. Isso não tem nada haver com sexo.
― Eu quero! ― Harye diz feliz. Posso sentir a zombaria em sua voz e o Kenny o olha serio. ― Deve ser muito divertido.
― Sim. É mas... Não satiriza isso assim ok? ― Ele diz serio com tom de bronca. ― Eu não fico zombando vocês serem gays fico?
― Opa. Desculpa cara. Serio. ― Diz ficando calado e eu logo me intrometo.
― Você não estava com esse discurso todo quando nos conhecemos. ― Pontuo serio e ele se cala olhando a rua.
― É complicado...
― Não é não. ― Tom o interrompe vendo que estava nervoso. ― É como uma garota ter de provar ser hetero por usar cabelo curto, ou curtir HQs e games. As pessoas ainda falam que é só pra chamar a tenção de homem como se elas não pudessem curtir. E no fim... isso é só uma roupa como quem gosta de jogar RPG vestido de personagem. A sexualidade de alguém não devia ser medida pela forma que a pessoa se veste, se comporta ou o que gosta. Não sei...
― Nossa. ― Fiquei ate bobo com a maturidade dele em lidar. E me calei refletindo um pouco ainda.
― Obrigado por entender. As vezes nem eu entendo eu... só sinto. Me sinto bem montado. E acabo ficando na defensiva sobre comportamentos, por que sou tão julgado... ― Responde ainda com os olhos no transito.
― Eu entendo. Tipo... eu sou gay mas... não quero ser visto como gay. Entende? O gay que o mundo imagina. Eu... eu não sou assim. Nesse ponto de comportamento quero ser hetero, por que é como me sinto bem. ― Digo e Harye me olha se pondo a refletir serio.
Tinha algo de errado com ele hoje.
No seu normal já estava falando pelos cotovelos suas opiniões fortes.
E um lado meu queria muito ouvir elas.
― Nunca pensei sobre isso. ― Diz ao olhar pela janela. Parecia realmente abatido com algo, mas não soube o que era. ― Eu me "montei assim" pra confrontar meus pais. Sempre tive orgulho de erguer essa bandeira. Mas se não fosse por ela... não sei.
― Acho que você é o estilo mais rockeiro mesmo. ― Ton diz sorrindo e estranhamente isso parece abalar ainda mais o Harye.
Nome difícil da porra. Ainda preciso de um apelido pra ele.
Tudo fazia muito sentido.
Mas não posso negar que uma parte minha ainda não acreditava nesse papo todo. Eu precisava ver pra crer.
Mesmo que fosse; como ele podia ser hetero? Sinto muito, mas ainda não entrava na minha cabeça. Afinal eu sempre vi isso nas paradas ou palcos. Achava legal a idéia... mas nunca tive coragem de fazer. Olhava as maquiagens da minha mãe e de suas amigas com desejo, mas e o medo?
De todos ali eu acho que era o mais próximo ao entender. Afinal meus gostos "eram bem masculinos", mas a curiosidade pelo que as pessoas falam de gays me invadia as vezes; e queria saber como eu ficaria pelo menos para matar a curiosidade.
Mas ainda sim... não entendi como ele podia ser hetero e gostar disso.
O papo deles ate me ajudou a entender melhor e logo ele parou o carro em frente a uma garagem ligou para alguém e uma voz grave atendeu. E assim o portão se abriu e ele parou atrás de uma vã enorme extradeira 4x4 toda rosa com gliter.
― Trouxe amigos. Pode me ajudar amontar eles? ― Diz ao entrar na sala que era um ovo de pequena. E um homem magro com uma longa e forte barba aparece e o encara feio.
― Nem fodendo. Eles usam as suas maquiagens. Essa porra é cara seu retardado. E eu não vou deixar eles estragarem as minhas roupas. Já basta eu esconder as coisas aqui. ― Diz ao sai para o fundo da casa e logo uma garota baixinha mas aparentemente da nossa idade vem ate ele o abraçando.
― Vai sair com o meu pai de novo? Desde que começaram com isso você sai mais com ele do que comigo. E com essa namorada piorou de vez. ― Reclama como certa autoridade sobre ele logo olhando para nos. ― Oi. Prazer. ― Sorri meiga.
Fofa ela parecia uma criança, mas dava para ver que tinha a nossa idade.
Não tinha dada de curvas, mas era uma gracinha.
― Luana é uma amiga de escola. Nos conhecemos desde... sei lá. Foi graça ao pai dela que conheci esse mundo. E sim o carro lá fora é dela ok. Ela pratica corridas e coisas assim ai customizou pra todos ver que ela é uma coisa fofa. ― Ele se explica todo olhando para mim. Esperando cada reação como eu fiz com ele antes. Me sondando para saber se eu reagiria mal ou não. Na real achei que o carro seria do travesti. Mas não. Quebrei a cara. E também estava curioso para a relação dessa garota em tudo.
― Foi baseado na Penélope charmosa. Minha ídolo! ― Ela diz ao o seguir pelo corredor. ― Bem. se vocês querem se vestir, vão ter de se depilar. ― Diz nos encarando. E logo ri. ― Bom passeio. E Kenny. Para de me dar perdido. ― Sorri ao sair.
― Pode deixar. Que tal amanha curtimos na pista que abriu? ― Ele diz todo casual.
― Vai levar essa sua namorada para eu conhecer? Ou quer esconder mais tempo. ― Mas ela retruca com um tom de revolta.
― Eu não to escondendo ela. É que...
― O que foi? Acha que eu vou contar seus segredos? Fala serio! ― Ela pareceu mesmo ofendida com isso e dessa foram se foi pelo corredor.
Quando entramos no quarto ele nos olhou e foi pegar algumas meias.
Tudo que a sala tinha de pequena o quarto tinha de grande. Era muito desproporcional isso. Quem foi o arquiteto dessa joça?
― Ninguém tem de se depilar se por isso... Ela estava zombando vocês. ― Explica entregando uma para cada um de nós.
― E... eu não sei se quero fazer isso. Vou só olhar vocês. ― Tom diz todo encabulado, e ele sorri de lado como quem duvida.
De fato seria difícil ele não fazer nada se todos nos matássemos. Era aquele efeito "seu amigo esta fazendo e você vai ficar de fora".
― Tudo bem. Eu acredito em você. Eu vou. ― Digo e Harye me encara.
― Ai bicha safada. Ta morrendo de vontade de se montar né. ― Zomba da minha cara mudando o semblante de espanto de uma forma forçada. Serio... tinha algo de erado com ele e eu ia descobrir o que era de uma foram ou de outra. Nem que tivesse de socar esse puto. ― Ok vamos deixar você bem diva.
― Serio. Para de zombar disso. ― Kenny diz incomodado.
Ok não posso negar que ele estava sendo bem honesto em seus sentimentos. Eu custava crer que le era realmente uma pessoa boa, por ciúmes? Não achava ninguém bom o suficiente pra Katy e... bem ele não é perfeito ninguém é. Mas não sei como ela reagiria em saber deste segredo bizarro.
É muito errado eu achar bizarro um hetero querer ser travesti? Ok... to pegando as inseguranças e questionamentos do Ton. Bosta. Sempre tive opiniões tão firmes... Bosta!
― Po desculpa. Serio ta osso. Mas juro que to tentando. ― Responde me tirando de meu devaneio.
Tinha algo estranho com ele e fazia uns dias. Mas não ia perguntar isso ali.
Então nos vestimos e foi divertido.
Ver toda a atenção que ele tinha ao me maquiar e as excreções dos dois me olhando foi interessante.
― Ta feio? ― Perguntei e Harye fez que não com a cabeça, e logo vejo o cara voltar com uns dreads. ― Cara eu não vou por isso ai não. Vão dizer que eu to com problemas em casa e o caralho.
― Para de se preocupar tanto com o que dizem de você e vive um pouco. ― Harye bronqueia e depois desvia o olhar como se arrependesse de seu conselho. Mas foi um bom conselho.
Enquanto ele punha as tranças em mim o pai da mina, o barbudo dono da casa foi maquiar o Harye.
E...
Nossa.
O cara era rápido de mais nisso.
E como profetizei no fim o Ton entrou na brincadeira.
Meu... ele fez algo mais minimalista mas estava uma garota perfeita. A meia calça dourada ficou perfeita com a maquiagem detalhada e artística, e os detalhes de colméia de abelha na lateral do rosto ficou muito bonito, mas minha vontade era de arrancar aquele batom preto de seus lábios. Deu uma bela acentuada.
― Deus! Eu não tenho uma boca deste tamanho! ― Ele diz envergonhado. Como era fofo.
― Esse é o poder da maquiagem. ― O dono da casa diz logo indo se vestir também.
Harye ficou olhando o belo vestido vermelho que combinava perfeitamente com a maquiagem e eu finalmente resolvi me olhar no espelho.
― Mano. De onde ele tirou esses peitos? ― Assim que comentei os demais se puseram a rir muito.
Foram maquiagens bem discretas perto do que eu esperava, e na real eu estava uma gata. Foi tão divertido que pensei em me vestir assim no carnaval com os meus amigos; e tenho plena certeza que os putos iriam adorar a idéia. Ate tirei umas fotos para conversar com eles depois.
Mas posso dizer que quebrei a cara quando chegamos ao tal bar e todos conheciam o Kenny e ele ate se apresentou no palco.
Era um bar fechado onde qualquer um podia subir no palco, como em um karaokê.
Acabei me divertindo muito, mas... tinha algo estranho com Harye e dessiti de dar foco a minha raiva e fui ver o que ele tinha de uma vez.
― Que, que esta pegando cara. ― Disse direto como ele mesmo costuma ser.
― Nada não cara.
― Fala. ― Pontuei firme e ele me olhou e desviou o olhar.
― Aquela... vaca ta certa? Eu... sou má influencia pra vocês? ― Diz olhando o palco fingindo estar com toda a atenção em Kenny, mas não estava não. Seus olhos pareciam marejados.
― Cara. ― Me sentei a sua frente o obrigando a olhar para mim. ― Sim você esta nos influenciando. Mas não é uma má influencia. Esta nos ajudando a ter coragem e força. Acha mesmo que o Thomas estaria ali antes de te conhecer? Vestido assim e se divertido tanto?
― Não mas... ― Ele vota a desviar o olhar. ― Ele também não teria sido fixado.
― Oi? Como assim? ― Fiquei perplexo.
Como... quando? O que rolou?
Esse foi um assunto que tive de pesquisar muito e tive a idéia lendo ??? da linda ???
Peguei umas imagens para fazer eles, mas pfv sempre vai pela descrição. A imagem é uma ajuda ela nunca ta certa pq n existe e n me baseio nelas, mas como dreags é algo muito mais visual pode pegar das imagens desta vez ok? Por isso narrei menos.
Como a falou : Como um amigo meu fala: falta cabide pra pendurar tanta bandeira. Kkk essa obra é meu armario de bandeiras kkk
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