11- Mãos
4540 Words
Nossa que gafe.
Esqueci de apresentar todos os meus amigos, mas principalmente... nem falei direito dos meus pais. Que egoísta... foquei apenas em mim.
Bem hora de concertar isso.
Meu pai.
Nós sempre nos demos muito bem, e isso não mudou por conta do divorcio. Ele não queria assinar os papeis e nada do tipo e durante esse primeiro mês fiquei conversando com ele sobre isso ate ele aceitar que acabou.
O foda de ver meu pai chorar é que ele não quer. Tenta ser o machão que não chora que não se abala por nada, ate desmoronar.
Por isso fico entre as duas casas, não posso e nem quero escolher um dos meus pais. Eu amo ambos igualmente.
― Sabe o que é o pior de tudo...? Ela ainda não me disse o "por que". ― Ele murmura entre os soluços e eu só consigo me sentar a seu lado no sofá.
Eu entendo a dor dele.
Tanto tempo juntos para ser traído. Eu também iria querer saber o motivo. Mas eu não sei se reagiria como ele fez, eu sei que o que ele fez não foi certo, mas não sei o que eu faria no lugar dele; se iria terminar a relação... afinal ele ainda a ama. Posso ver isso.
― Eu acho que consigo descobrir. ― Digo pensativo e ele me olha surpreso, então logo completo a frase. ― Com as amigas dela. Estou... fazendo amizade com os filhos delas. ― Digo ao me levantar e desligar a T.V. que ninguém estava assistindo, e ele apenas olha pra mim e volta a fitar o nada como se rezasse por uma solução mágica.
― Filho. ― Ele me chama a atenção voltando a limpar o rosto e tentando fazer cara de serio. ― Você não tem que fazer isso sabe bem não é? Ficar se dividindo entre os lados. Isso pode fazer mal para você.
― Pai... Eu já estou. Eu não posso "só" escolher um lado. Você fez merda, magoou a mãe e ela pisou na bola com você e também te magoou. Não tem santo nessa historia. ― Disse ao voltar a sentar do lado dele e ele da aquela bufada de ar como quem quer rir, mas não viu graça o suficiente.
― Como "eu" criei um filho tão maduro? Quem você puxou? Será mesmo que sou seu pai biológico? ― Diz ao brincar com a situação, mas sinto uma ponta de duvida real.
― Se tem duvidas eu faço o exame. ― Falo serio e ele me olha.
― Não. Era brincadeira... mas mesmo que não seja... Pai é quem cria não?
― Sim. ― Respondi ao me levantar e ir ate a cozinha pegar uma jarra de suco para bebermos.
Sempre que estava frustrado, com raiva ou qualquer outro sentimento que no fim era tristeza... sim o meu pai ficava com sede. Era engraçado ver como seu psicológico e físico reagiam.
Nossa casa era toda colorida. Coisa da minha mãe. Quis pintar cada cômodo de uma cor por causa de alguma coisa psicológica que só ela entendia.
Então assim como a nova casa: A cozinha tinha armários brancos com portas verdes para dar relaxamento e harmonia, enquanto a sala era em tons de marrom e bege para ter um ar confortável e caloroso, nosso banheiro era amarelo só por que ela ama essa cor, e os quartos em tons de azul.
E eu tenho certeza que manter tudo da forma como ela gostava estava sendo muito "chato" para ele, e por isso tinha alguns baldes de tinta no corredor. Provavelmente iria pitar a casa toda na semana que ficasse com ela...
Mas a verdade era que Harye não saia da minha mente. Se minha relação com meus pais era tão boa assim por que eu escondia a verdade sobre mim deles?
Meu pai sempre me contou tudo. Ate o que não devia me contar.
― Pai. Acho que... Não tem hora pra isso. Preciso ter uma conversa seria com você. ― Respirei fundo, sentia minhas mãos tremerem.
Eu não conseguia adivinhar como seria a reação dele.
Mas sabia que era melhor falar para ele antes da minha mãe.
Tanto que ele respondeu como eu imaginava. Me olhou serio e se sentou reto no sofá esperando que eu voltasse com a jarra e deixasse os dois copos na mesa de centro; ficando em silencio esperando que eu falasse.
Eu já tinha repassado essa conversa na minha mente umas mil vezes; imaginando a melhor forma de falar, mas agora todas elas sumiram e me deu um branco de nervoso. Estava vendo tudo rodar e girar quando senti a mão pesada dele cair no meu ombro e me trazer de volta a realidade.
A mesma mão pesada que me segurou quando fui cair da arvore, que me segurava antes de soltar a bicicleta, a mão que me deu três tapinhas nas costas antes de entrar nessa escola predominante de brancos. Aquela mão pesada que eu confiava tanto.
― Pai eu sou...
― Gay? ― Ele completou me espantando. Eu imaginava que ele suspeitava, mas mesmo assim tomei um susto. E este meu susto foi a confirmação que ele precisava.
Se levantou e ficou andando de um lado a outro da sala, como quando algo de muito ruim e serio acontecia em casa.
Como quando minha mãe pediu o divorcio.
Ele tinha reações tão marcadas e características que dava pra o ler mais fácil que a um livro.
― Filho... ― Finalmente diz algo, mas estava de costas, com a mão apoiando na parede. Pose que ele fazia quando ia me repreender sobre algo errado que fiz. ― Eu... imaginava. Mas rezei muito para estar errado. Sinto muito. ― Diz ao finalmente se virar e se sentar a meu lado. Essa reação era nova. ― Isso deve ser assustador. ― Diz ao olhar nos meus olhos. ― Deixe que eu conte a sua mãe, ou melhor não conte ainda. Ela já esta bem desconfortável com o filho da amiga ser e dormir no mesmo quarto que você. ― Não soube como reagir nem o que sentir quando ele me disse isso. ― Desculpa eu não... estou sabendo reagir a isso. Essa noticia. ― Diz ao por as mãos nos meus ombros e segurar o meu rosto. ― Eu temo por você. Você já tinha que se esforçar duas vezes mais pra ser reconhecido neste mundo e agora tem que ser quatro vezes mais. Mas... acho que você já sabia disso não é mesmo? Por isso é tão esforçado? Ai meu filho... ― Murmura ao me dar dois tapinhas no ombro. ― Eu vou estar sempre aqui se precisar. Só não me conte da sua primeira vez por que eu não tenho cabeça pra isso. ― Brinca e eu não evito rir.
― Nossa. Por que demorei tanto pra te contar?
― O medo é útil. Nos mantém vivos. ― Responde serio voltando a olhar o nada. ― Ter medo de revelar isso... não é incomum ou burrice. Você é um garoto inteligente, sempre foi; consegue ver muito bem as pessoas a seu redor e analisar como agir com elas. Ainda acho que leva jeito para ser advogado.
― Valeu pai. Ainda estou pensando. Tenho um ano inteiro ainda. ― Digo pensativo. ― Mas... como você...? ― Não soube como terminar a pergunta, mas ele entendeu e sorriu para mim.
― Eu sou seu pai. ― Respondeu com um sorriso besta como se zombasse da minha cara e da minha pergunta. ― Quando você começou a perceber que gostava de meninos? Eu te vi crescer esqueceu disso. ― Zomba ao bagunçar meus cabelos com essa mão pesada dele. ― Você... ― Diz meio pensativo olhando o nada como se pudesse ver o próprio pensamento. ― Você se lembra do Julio? O filho do Andre que trabalha comigo? Ele sempre ia nas confraternizações da empresa, e o filho ia junto. Eu me lembro muito bem quando você o viu pela primeira vez. Ficou bobinho de mais. Devia ter uns doze ou treze anos, e eu lembro de pensar "Acho que... não. Meu filho não é isso." Me desculpa. Por pensar isso eu... não sei lidar com essas coisas. Mas vou tentar.
― Nossa... ― Murmuro ao me lembrar deste cara. Ele esta noivo agora, mas ele realmente foi a minha primeira quedinha, eu ainda achava que gostava de meninas afinal as achava bonitinhas só não via graça como os outros é esperava que fosse só por que não vi uma realmente bonita, mas quando vi ele meu mundo virou de ponta cabeça. ― Você soube no mesmo dia que eu praticamente; tivemos nossa negação juntos. Deus como eu tentei ser normal.
― Ei! ― Gritou comigo e eu já o olhei espantado. ― Jamais diga isso de você mesmo. Normal. ― Diz essa ultima palavra com asco. ― Você "é" normal. Esse normal não existe. Tira isso da sua mente. ― Bufa. Estava mesmo bravo comigo. ― Você sabia que existe homossexualismo na natureza? Já encontraram casais de pingüins e outros animais. Quando os pais morrem ou por algum motivo não podem cuidar dos filhotes esses casais é que cuidam. Então isso é algo natural. Um ajuste da natureza para tudo, pois ela da um jeito em tudo. Então não diga isso de você mesmo. Me ouviu bem?
― Sim. Obrigado pai.
O que dizer?
Meu pai não era perfeito. É um ser humano com falhas como todos, mas mesmo assim é uma pessoa incrível.
Minha mãe.
È uma pessoa agitada e enérgica, faz e acontece e tenho plena certeza que é a líder deste trio de solteiras.
Ela bate no peito com orgulho por ter subido ao cargo que chegou em apenas cinco anos, cargo esse que somente homens tinham ate então. E eu tenho "sim" muito orgulho dela.
Ah sim. Nem falei no que meus pais trabalham falei?
Meu pai é contador, ele trabalha para varias empresas diferentes e ganha muito bem para isso; e a minha mãe é a... melhor explicar o que o cargo faz do que dizer o nome. Sabe aquela pessoa responsável pela aparência da empresa e contratos com outras e com os clientes? Que faz as vendas e negociações? Que tem que viajar o tempo todo e sempre esta nas reuniões? Essa ai é a função dela.
― Mãe. Posso ser direto e reto?
Estávamos na cozinha tomando o café antes de ela sair e eu ir para o colégio e ela me olha curiosa.
Sempre preferia que as pessoas fossem assim, diretas ao invés de fazer rodeios. Odiava enrrolações.
― Eu preciso saber. Por que traio o pai? ― Digo serio encostando o corpo na geladeira e a sinto estremecer.
Minha mãe era pra mim como o pilar de mármore de um coliseu, iria sustentar o peso de tudo para sempre, mesmo que estremeça não se quebra, mesmo que rache e desgaste não se deixa abalar por nada.
― Eu não to perguntado isso por que estou "do lado do pai" eu quero entender. O que ouve afinal? ― Digo serio e ela põe a xícara na mesa, mas não se levanta.
― Não. Esta certo. É seu direito entender e... Você já tem idade para isso. ― Suspira seria. ― Na época seu pai... estava com "problemas de homem" e ele não me contou nada, apenas me evitava e não importava o que eu fizesse ele não... Me sentia tão feia que estava começando a me afetar no trabalho pois pegou na minha auto estima e com isso na minha postura. ― Diz ao por as mãos em volta da enorme xícara de café. Seus dedos longos e finos davam a volta perfeita nela; ela tinha mãos tão delicadas que era ate difícil por um anel ou pintar as unhas, tudo parecia ficar pesado de mais. ― Eu sei que errei. Devia ter o contado como me sentia, e ele devia ter me contado o que estava acontecendo. Mas... eu sei que isso não é uma desculpa. Nada é desculpa para trair e por isso agüentei tudo por esses anos todos. Mas não da mais. Ele nunca vai me perdoar. Então por que continuar juntos? ― Diz ao limpar uma fina lagrima que se formou no canto de seus olhos.
Pus minhas mãos sobre a dela e a dela sumiu ali. Vi um sorriso se formar em seu rosto ao notar meu gesto.
― Olha só... cadê aquelas mãozinhas fofinhas e gordinhas do meu bebe? Esta um homem. ― Diz ao segurar uma das minhas mãos e fazer carinho nela. ― E você? Me perdoa por der destruído tudo? ― Pergunta ao me olhar nos olhos.
― Você é minha mãe. Nada que fizer pode me fazer te odiar ou te ver diferente. ― Fiz questão de dizer a mesma frase que ela disse quando perguntaram como ela iria reagir se eu fosse gay, mas lógico que ela não se deu conta. Apenas sorriu. Minha mãe era assim. Não era boa em perceber as coisas, não era culpa dela ser assim.
Meu melhor amigo.
Antes de nos mudarmos para esse casarão todo, e ganharmos essa grana com o aumento do meu pai e a promoção da minha mãe eu morava em um prédio, e ele era meu vizinho de porta. Praticamente crescemos juntos por que minha mãe trabalhava o dia todo e eu vivia na casa dele e ele na minha.
A mãe dele não gostava muito da minha e vivia falando mal dela por trabalhar o dia todo e não cuidar de casa e do próprio filho. Achava ruim ela não cozinhar e sim meu pai, reclamava de tudo; mas a minha nem esquentava.
Ria com as amigas e a chamava de "dona de casa" como se fosse uma grande ofenssa. Para ela essa vizinha era apenas uma ótima baba para mim; e ela sentia pena por ela "estar presa em ideais tão antigos".
No fim as duas tinham uma péssima relação, mas eu e ele éramos quase irmãos. Estudávamos juntos no mesmo colégio e mesmo que não estivéssemos na mesma classe nos ajudávamos com as lições pra poder passar mais tempo brincando. E quando me mudei ele reagiu muito mal.
Ficou puto como se a culpa fosse minha. Como se eu estivesse me achando melhor que ele por ir para uma escola "melhor", um bairro "melhor". Ele virou a cara pra mim. Não quis se despedir e sumiu da minha vida.
Fiquei mega mal com isso. Foi como perder uma parte de mim.
Mas pouco tempo depois ele apareceu na porta de casa. Da nova casa.
Estava todo sujo e machucado, minha mãe achou melhor chamar a policia, mas meu pai não quis. Disse que ele podia dormir ali e se quiser ir para casa no dia seguinte ele ia; e apenas ligou para a mãe dele avisando onde ele estava para ela não se preocupar.
― Sou um idiota. A primeira merda que rola já corro pra você. ― Diz puto ao tirar a roupa suja pra tomar banho e limpar os cortes.
― Cara... ― Não tinha o que dizer. ― Que merda rolou? Por que tu ta assim acabado?
― Tu lembra da Cristina? Aquela vaca do caralho tava comigo e mais um outro cara. E no fim fiquei com cara de amante. Ele veio pra cima de mim com os amigos dele do nada na saída da escola.
― Caralho mano. Que porra.
Não sabia o que dizer não.
Você saberia?
Mas ele logo joga a conversa para outro lado; não tinha mesmo o que dizer sobre aquilo.
― E você? Já comeu alguma branquela gostosa? ― Diz ao entrar no banho e fico sentado na pia conversando com ele.
― Não cara. ― Disse pensativo. Ele era meu irmão de outra mãe. Se tinha alguém que eu podia contar era ele, e a cada dia sentia esse segredo me enforcar mais e mais.
― Porra. Por que não? Elas não curtem um pretinho?
― Vai a merda seu bosta. Não é isso!
― E o que é então? ― Disse ao ir sair do banho, mas fecho de novo o Box.
― Que banho de gato. Lava direito ae. Ta cheirando a lixo e merda. ― Zombo e ele volta para o banho. ― Não é elas... eu é que não curto elas. Entende?
― Saquei. São umas minhas sem graça e metidas? ― Disse ao pegar o shampoo não entendendo por que tinha sete diferentes tipos, dando de ombros e pegando qualquer um.
― Não cara... ― Não sabia como contar. Ele podia berrar e contar aos meus pais. Então só sai do banheiro e fui contar o que ouve com ele aos meus pais pra não se preocuparem em ser algo pior. Era só coisa normal de adolescente.
― Garotos sendo garotos. ― Ele ri meio preocupado. ― Algumas coisas não mudam. Mulher é um bicho perigoso, ainda bem que achei uma descente. ― Brinca ao afagar meus cabelos com aquela mão pesada dele.
Voltei para o meu quarto e o folgado já estava a vasculhar meu armário e pegar algo para se vestir.
― Fala ae. Como é o colégio de rico? ― Diz ao se sentar na minha cama vestido vendo o quarto todo.
― Resumindo? Tem mais coisas legais, as quadras e coisas são bacanas. Tipo o prédio. Mas o povo... Saudades da nossa escola cara.
― Imagino. ― Diz ao se jogar na minha cama e ficar olhando o teto. ― Pior que eu to puto ainda com aquela vaca mano. Eu amei ela e ela tava de zoas com a minha cara. Disse que só tava afim do meu pal mesmo, por que o outro era melhor de vida. Que ódio mano.
― Porra. Que... porra. ― Não tinha o que dizer. ― Mas ele é melhor de vida como? Mano ok que tu não ta rico como eu, mas nunca fomos pobres também poxa. O prédio lá era top de mais. Tinha ate piscina. Saudades dela.
― Pra você ver. Vaca do caralho.
Rolou um silencio mortal.
Ele ligou o vídeo game, sentei do lado dele e ficamos jogando como duas crianças que não tem problema maior do que passar de ano e do boz do game.
Meu pai trouxe uns lanches pra nos e deixou uma caixa de suco ali e varamos a noite jogando como antes. Foi ótimo.
― Que bom ter você de volta cara. ― Disse com sono querendo ir deitar.
Minha mãe tinha preparado um colchão pra ele dormir e esse já tava apagando também.
― Foi mal ter sido cuzão com você. ― Diz ao deitar no colchão todo mole de sono, mas ainda querendo conversar.
― Ta di boas. ― Respondi quase apagando.
― Mano?
― Diz... ― Queria o mandar calar a boca, mas tava com saudades mesmo.
― Por que tu nunca quer pegar as minas mano? Ok que elas são uma porra, e ainda te enchem por ser todo manchado. Mas nunca te vi falar de uma mina sequer. Nem a Bruna aquela gostosa do nosso andar.
― É que... eu... não curto. Saca? ― Saiu de qualquer jeito pelo sono, mas logo me dei conta do que falei e me sentei suando frio; olhei pra ele e ele estava tão acordado e assustado quanto eu.
― Mano... tu é gay? Tipo viado? Gay mesmo? ― Falou surpreso se sentando e quase levantando. ― Tu sempre foi? Ou virou nessa escola de viadinhos?
― Sempre fui.
Não sabia responder, estava mais em pânico que ele.
― Tipo... Tu gosta de macho? Mesmo? Tipo... sentar num pal? Essas coisa?
― Caralho mano que curiosidade é essa?
― Pô cara! Eu nunca falei com um viado na vida! Como eu vou saber...
― Tu fala comigo a vida toda seu corno!
― Mas eu não sabia que tu era gay!
― E muda algo? Não quer mais ser meu amigo por saber disso?
― Que? Não! Eu não sei... ― Disse pensativo. ― Porra tu já me viu pelado umas mil vezes! Tu já...
― Não teu filho da puta! Tu é meu mano caralho. Você bateria uma pra tua irmã?
― Claro que não seu maluco!
― Então caralho. E ela é gata. Sacou?
― Falou. Entendi. ― Disse serio pensando ao se levantar da cama improvisada e ficar andando no quarto. ― Mas e ai? Tu... já deu o cu?
― Que pergunta cassete!
Queria bater nele. Juro.
― O que mais eu perguntaria porra?
― Não caralho.
― E como tu sabe se gosta de macho mesmo?
― Tu precisou trepar com uma mina pra saber se gosta de minas?
― Não. Então já ficou de pal duro pra um cara? Já comeu alguém?
― Não caralho.
― Nunca ficou de pal duro pra um cara? Então tu não é gay é liso. Como nunca ficou de pal duro pra nada?
― Não cassete. Eu já fiquei de pal duro sim. Mas nunca comi ninguém sacou.
― Tendi. ― Parou pensativo voltando a se sentar na sua cama.
Ele era muito mais de falar do que pensar então quando ele fazia isso era serio.
― Que foi cara? ― Já perguntei na lata. ― Ta tudo bem entre nós? Tipo amigos?
― Claro pô. Tu sempre foi então não muda nada. Só to pensando aqui... tem que ser muito macho pra ser gay. Tipo... dar o cu pra outro cara comer é muita coragem. Eu quando dou aquela cagada forte já sinto o toba pedir arrego, e fico com o cu doendo mó tempo. Imagina uma rola entrar ali e ficar socando? Mano!
Não consigo evitar rir da cara que ele fez.
― Serio cara. Ser gay tem quer coragem de mais. Eu em! ― Diz voltando a se deitar. ― Mas também da uma inveja. Sair com caras deve ser bem mais fácil que com minas. Os caras são mais de boas; não tem frescura pras coisas e deve ate ser mais de boa pra trepar.
― Eu não sei. É o que dizem. ― Digo me deitando também, sentia o peito leve em como as coisas foram. ― Mas falando assim ate parece que você queria ser gay.
― Olha. Depois de hoje... se eu pudesse escolher eu queria sim. Não nego. Mas sou cuzãos de mais pra dar a bunda. Se é loco.
Não agüentei.
Ri muito.
É ele foi a primeira pessoa que contei a verdade.
Foi um alivio a reação dele e bem divertida ate. Ele tinha muitas duvidas mesmo, e passou a ficar me zuando sempre que saiamos juntos querendo saber que tipo de cara eu achava gato e fazia meu pal subir. É um corno filho da puta.
Minha... namorada?
Essa eu já apresentei e o carinha que ela ta pegando não tenho muito o que dizer por que ainta to conhecendo; então vou pular para o próximo tópico. Ok?
Galera do colégio.
Unf complicado. Esses vou ter que ir apresentando aos poucos não tem como.
Tem o Bumbum, eu juro que o apelido já existia quando cheguei e eu ate tentei não o chamar assim ou me atentar as suas nadegas no vestiário, mas foi foda.
Ele é o nosso jogador principal, o líder da galera o fodão do colégio. Me adotou assim que entrei no time e me apresentou toda a galera e o colégio, assim como me explicou quem são os trouxas e o que fazer para continuar no topo.
O nome dele é Bruno, mas ninguém mesmo chama ele assim, nem o diretor ou os professores. Foi uma piada que começou entre as lideres de torcida se espalhou e ele adotou com gosto. Alem disso ele dança muito bem. Sabe o cada hetero que me ensinou a dançar que falei? Então. É ele.
Também tem a Val, ou Valery para você saber.
Ela é o amor platônico dele, que ele não assume por nada na terra. Ate acho engraçado.
Val, é um problema em forma humana.
No primeiro dia de aula ela veio sem o uniforme, usava uma roupa mega gótica e chamou a atenção pra caramba.
Hoje ela ainda usa os cabelos coloridos e esta sempre com ele preso de modos diferentes, tem um pircing no canto da boca e outro na sobrancelha, unhas enormes e uma cara de nenhum amigo.
Esta sempre com a maquiagem pesada e quando a Chloe "tentou" a humilhar como sempre faz com todos a sua volta que ela julga inferior... mano.
Vou ate por um FB aqui pra você ter noção da coisa.
Eu não sou lá muito fã dela, e na verdade os demais caras só a aturam por que ela é gostosa e libera; alem de ter uma casa top e os pais dela deixarem o time ir lá na piscina sempre. Ou seja... ninguém gosta dela mesmo. Pelo menos no meu ponto de vista.
Então como sempre ela estava junto das amigas zombando uma por uma as garotas que passavam no corredor. Ate que a Val passou...
― Nossa... o que falar dessa "daí"? É tanta coisa errada nessa garota. ― Ela ri ao apontar descaradamente para a outra que passava com seus fones gigantes na cabeça, parecia não poder ouvir ninguém nunca. Mas estava... ― Ela parece um aborto só que anda. Como ela não tem noção que esta sendo ridícula?
Nessa hora Val parou de andar e olho diretamente para ela.
Os olhos azuis de baixo da maquiagem preta se encontraram com os azuis ornados com tons de rosa.
― É você que não tem noção que todos te odeiam. ― Diz vindo na direção da loura. ― Eu posso fazer o que quiser com você. E serei aplaudida por isso. ― Peita parando cara a cara. ― Você se acha a rainha deste lugar, mas não passa de uma prostituta.
― Como é que é sua vagabunda!
Por que mulher agarra o cabelo?
Nunca vou entender esse detalhe.
Chloe ficou puta com o olhar que Val a lançou ao ser chamada de vagabunda, como se usasse a carta do uno contra ela e agarrou seus cabelos, mas a gótica era brava de mais. Não sei de onde sacou uma tesoura enorme cortou a parte que a loura segurou e saiu dali, já agarrando seu rabo de cavalo e o cortando fora antes de essa conseguir reagir.
― Você só tem aparência. "Lixo". ― Diz ao jogar as madeixas louras no chão e sair andando como se não fosse nada enquanto a loura ficou em um total pânico e agonia.
Lógico que Val foi suspensa. Mas... virou uma lenda na escola.
A mina dava medo, ninguém tinha coragem de falar nada dela ou para ela; e ela parecia estranhamente feliz com isso.
Bem acho que consegui resumir as pessoas que mais influenciam na minha vida.
Já q ele na falou a da amiga pus pelo menos a foto dela.
Desenhando um pouco.
Jurava que os títulos dos 3 caps tinham ficado claros, mas foi coisa da minha cabeça ^_^" acontece. Como a obra ta aqui dentro sempre acho q tudo ficara claro pro leitor, mas como não, vou explicar melhor.
Essa obra foi feita para ser lida em 3 em 3 caps, mas já mudei isso. Então os primeiros seria apenas a apresentação dos narradores, usei do tema homofobia e racismo nos três caps apenas para demonstrar como eles vêem os mesmos assuntos alem de usar o primeiro cap para narrar a aparecia dos três e nos demais cada um foca em uma coisa como a descrição da casa que vão morar. Então a obra em si começa no cap 4 mesmo. Só isso. Vou tirar do 3 em 3 pra deixar mais fluido por ex essa cena do sexo deles iria ficar muito cortado se eu voltasse para o terceiro narrador, testei e n ficou bom.
Ou vc acha q fica bom por os 3 narradores no mesmo cap pra n ficar tão curto? Divido pra facilitar a leitura e n ficar longo.
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