10- Lidando, saber lidar
2373 Palavras
O dia anterior tinha sido como um sonho dourado.
Desperto entre os lençóis cheirosos, cheios de provas do nosso pequeno crime. Meu pequeno crime.
Podia ouvir as pessoas conversando na cozinha e logo me dou conta que tinha esquecido a porta aberta o tempo todo.
Me levanto assustado e me dou conta que já estava completamente vestido. Não me lembro de ter me trocado...
Olho o relógio e já era hora de sair para a escola então corro para tomar banho e me trocar, comendo o café no caminho mesmo enquanto penteava os cabelos. Sorte que a mãe de Harye me da uma carona ate lá.
― Muito obrigado pela carona! ― Grito ao sair e entrar pelos portões correndo, subindo as escadas ate a minha sala. ― Unf! ― Paro em frente à porta sabendo que estava cinco minutos atrasado. Bato e logo o professor me permite entrar me olhando serio.
Não ia ter jeito. Ia ter que falar com ele ao fim da aula e explicar o por que do atraso.
O que eu ia dizer?
Perdi a hora por que perdi a virgindade?
Não dava!
E em falar de dar...
Só agora que sentei na cadeira e relaxei a mente e o corpo que senti meu corpo responder da aventura de ontem.
Minhas pernas estavam bambas de cansadas e doloridas, não só pela corrida. Meu quadril ardia e não era a única parte do meu corpo que estava assim; meu interior ate pulsava.
Respirei fundo e tentei fingir que não estava sentindo nada.
A aula passou de uma forma que nem percebi, só conseguia pensar no que ouve ontem, no que fiz com o Dylan ou melhor o que ele fez comigo. Ok. Matei minha curiosidade de como era... fazer com um cara. Ainda bem que ele tinha experiência pra comandar e tal.
Eu tenho que comprar uma pomada saindo da aula.
― Thomas? ― O professor diz firme ao meu lado. E vejo que todos já haviam saído para o intervalo. Nossa tinha passado todas as três aulas dele? ― Você esta bem avoado hoje. O que ouve com você?
Dei. Muito...
― M-me desculpa professor. ― Digo sentindo o rosto corar com meus pensamentos. ― Isso não ira se repetir. ― Tento parecer o mais serio olhando nos olhos frios daquele homem tão bruto.
Ele franze sua grossa sobrancelha e aquéia o bigode com certa raiva para me responder. Mas logo suspira e sai andando.
― Bom mesmo. Não vou aturar essas coisas garoto.
Obrigado deus!
Sai direto para a enfermaria onde a sorte me sorriu novamente. A enfermeira estava distraída com outra pessoa e pude pegar uma pomada escondido.
Nunca roubei nada na vida fora balas da minha avó ou besteiras deste nível, então meu coração já acelerou. Entrei de fininho sem ser visto por ninguém pequei uma pomada qualquer e sai para o banheiro mais próximo.
Li o rotulo daquela pomada genérica para arranhões e cortes e não achei que fosse me fazer mal. Tranquei a porta do banheiro e passei ela bem passadinha.
Entendi por que chamavam isso que "queimar a rosca". O meu... chegava a estar quente. Só de encostar a pomada ali foi um alivio enorme.
Com isso fui para o intervalo tentar me distrair do ocorrido, mas ainda sentia que estava andando estranho; por sorte ninguém prestava atenção em mim, sendo que assim que a aula acabou fui para o curso ainda com a imagem de Dylan na mente. Não adiantava nem tentar resolver isso conversando. Eu não tinha contato dele, e mesmo que tivesse não sabia o que dizer.
Mas não tinha jeito. Minha mente estava no evento e eu não conseguia me focar em mais nada. A não ser o meu medo de alguém "perceber". Notar que estava andando estranho como estava me comportando ou qualquer outra coisa.
Não conseguia nem ir ao banheiro com medo de alguém estar no mictório e eu ver algo. Por sorte não tive educação física.
Mas e ele? Como ele deve estar se sentindo?
Será que esse tipo de coisa é normal pra ele?
As coisas vão ficar estranhas quando chegar em casa?
Ele vai querer falar do que ouve? Eu quero falar com ele sobre isso? Eu quero que ele ignore ou toque no assunto?
Meu deus...
Esqueci completamente desta partes das consequencias... ele não é um consolo pra me satisfazer, é uma pessoa tem sentimentos.
Cheguei em casa com dor de cabeça de tanto pensar e repensar em tudo.
― O que ouve? ― Minha mãe nem me da tempo de raciocinar e já agarra meu braço, e posso ver a marca nítida da mordida que dei nele na noite anterior. ― Mas o que é isso meu filho? ― Ela me pergunta aflita e eu não sei o que responder a ela.
Não era comum eu aparecer com marcas no corpo assim. E minha escola era bem tranquila; o tipo de escola que essas coisas nunca aconteciam.
Mas antes de eu me embolar tentando arrumar uma resposta Harye veio ao meu resgate.
― Eita cara! Desculpa mesmo por isso... não vi que te machuquei. Prometo não beber nunca mais! Obrigado por me segurar ontem eu tava loco. Serio mesmo.
― Você mordeu o meu filho? ― Ela já muda de preocupada para furiosa mas ele não da muita trela a isso.
― Não enche. ― Vi ele começar a debater com minha mãe fazendo sinal para que eu aproveitasse a deixa pra sair dali; mas eu não podia fazer isso.
― Calma. ― Me intrometi. ― Mãe eu só tentei ajudar ele. Ee esta passando por algo terrível. Já pensou se fosse com você? Se o papai morresse assim na sua frente? ― Falei e ela se calou indo embora. ― Obrigado cara.
― Di boas. ― Diz ao ver que ela não estava próximo para nos ouvir. ― A real é que não menti tanto. ― Diz ao me acompanhar pelo corredor ate o nosso quarto. ― Você me ajudou, só não foi ontem e não fui eu que te... E ai? Se divertiu? ― Diz ao mudar o foco da conversa do nada e eu tenho uma mini parada cardíaca. ― A minha primeira vez foi terrível. Doeu de mais, o cara parecia que não sabia o que tava fazendo ou não tava ligando muito pro meu bem estar ou prazer. Pensei em te fazer uma boa primeira vez mas... to na bad meu pal não quer subir não. Mesmo pra você todo gracinha assim.
O que, que se responde?
Eu só morri.
― Caramba. Você precisa mesmo falar assim? ― A voz dele me da mais arrepio que as falas do outro.
Eu gelo.
Não consigo me virar, ainda não estava pronto para o encarar. Não tinha entendido o que sentia ainda; muito menos como deveria me comportar com ele agora.
― Eu só não gosto de tratar tudo como se fosse um assunto proibido. Eu em. ― Harye diz ao por a mão no meu ombro e eu só continuo ali parado com cara de que morri e já podem me enterrar.
― Mas você tem que ter o mínimo de tato. ― Ele diz com uma voz seria e posso deduzir que entrava no quarto, e ate respiro mais aliviado; só que Harye me empurra para dentro já trancando a porta. ― Não ta vendo que ele esta desconfortável com isso?
― Esta tudo bem. ― Interrompi aquela discussão antes que nossas mães escutassem algo. ― Foi só sexo certo? Não é como se estivéssemos loucamente apaixonados. ― Disse ao por minha mochila de volta no armário.
Não queria ver a reação deles.
Isso seria um enorme problema.
Eu só queria me trancar no meu quarto e fazer de conta que nada tinha acontecido. E acho que eles perceberam isso e não vieram puxar conversa ou falar disso novamente; foi como se tudo não tivesse passado de um sonho louco.
E eu não sei dizer exatamente como me senti em relação a isso.
Mas acho que... me senti mais seguro.
Conseguir fazer tudo isso e não ser descoberto me fez sentir melhor comigo mesmo, foi um alivio ver que minha vida continuou a mesma, mesmo depois de tamanha aventura. Ate pensava em repetir, mas essa idéia me soava mal; vinha um alerta na minha mente me exigindo pensar direito e não me arriscar novamente. Então eu nem mesmo conseguia olhar para o Dylan.
Mas eu... conversava com Harye.
Ele era uma boa companhia quando se acostuma com seu... jeitinho, sem falar que explicava todas as minhas curiosidades.
Mas tudo isso mudou quando, eu descobri o que estava havendo com o meu amor platônico de colégio. Algo em mim despertou, eu... precisava fazer algo. Precisava o ajudar de alguma forma, e eu não podia mais contar com outras pessoas para isso. Tinha de ser eu!
Vou explicar melhor.
Dois dias depois da reunião que tivemos onde eu não conseguia tirar os olhos da marca em seu pescoço eu acabei presenciando algo bem incomum.
Como sempre eu acabava ficando no colégio um pouco depois da hora por conta das atividades extras, comia algo no refeitório e ia para um dos cursos.
Mas neste dia em especial o vi sair cedo, como era... meio obcecado por ele, sabia todos os seus horário e o que fazia; então estranhei quando ouvi sua voz na área dos fundos da escola, já que o vi sair.
Fui ate lá curioso com o que estaria fazendo ali, poderia estar a dar uma bronca em algum casal pervertido como sempre, mas eu sou curioso e estava com tempo livre; e o que vi me pegou de surpresa.
Ele estava sentado sobre as escadas chorando culposamente.
Eu não entendi aquilo.
Por que ele estaria assim...? Eu ate tentei teorizar, mas nada me vinha à mente.
― Thomas? ― Sua voz soa assustada ao me perceber ali. Minha vontade foi me esconder, mas seria ridículo.
Sem falar que fui completamente capturado por seus olhos...
Pareciam uma prisão de gelo, misteriosos e lindos.
― Me desculpa eu... Você esta bem? Digo... Posso ajudar em algo? ― Digo tentando não parecer um completo idiota, ou um maníaco perseguidor, mas ele se levanta e sai dali.
― Não. ― Responde seco ao sair e eu fico com essa cena na mente.
Bem... ate o dia seguinte.
Como disse eu era... maníaco por ele. Então sabia todos os seus horários; e usei disso para tentar conversar com ele seriamente. Eu sabia que ele tinha perdido a mãe há alguns meses atrás, ela estava doente a uns bons anos e finalmente descansou; mas ele vivia com seu padrasto, um homem severo que exigia dele uma perfeição de príncipe. Imaginei que o homem estivesse abusando desta autoridade e queria o ajudar. O pai de Harye era um bom advogado e poderia ate me aconselha no que fazer.
Mas ele não estava na aula e os seus colegas disseram que ele ainda estava no vestiário... Gelei. Ele não era de se atrasar assim.
― Na real ele anda estranho de mais esses dias. Parece que ta com vergonha ou algo assim então não toma banho com a galera. ― Um dos colegas dele diz como se zombasse do fato. ― Ele finge que ta ocupado com algo na quadra ou quer treinar mais. Só que já conheço bem ele. ― Completa rindo e eu apenas agradeço e saio dali.
Eu não podia falar com ele no vestiário.
Ver ele sem roupas era um pecado que jamais iria cometer.
Mas o destino é um... traquina.
― Ei! Já que vai lá falar com ele, pode me fazer um favor? ― O mesmo cara vem ate mim no corredor. ― É importante e esqueci de falar com ele. E ele já vai embora e eu não posso sair daqui. ― Diz ao olhar para a sala preocupado, logo tirando um envelope do bolso. ― Pode o entregar por favor?
― Claro. Sem problemas. ― Sorri amarelo e sai.
Lógico que pra ele não tinha nada de mais eu ir ate o vestiário e entregar essa porcaria.
Unf.
Respirei fundo.
Não tinha jeito, se era importante e eu não tinha uma boa desculpa para negar que não levantasse suspeitas... ou zombarias...
Aja normalmente. Sempre aja normalmente!
Entrei naquele vasto vestiário de piso frio e armários negros com bancos brancos como as teclas de um piano, indo ate os armários da turma dele onde esperava não o encontrar e poder por o envelope ali dentro para que ele encontrasse. Mas ele já estava ali.
Ele sequer me viu, mas eu o vi.
E meus desobedientes olhos já varreram todo seu corpo.
Mas a visão foi muito diferente do que eu havia esperado.
Seu corpo lindo estava forrado de hematomas e ferimentos. Parecia ter entrado em uma briga com o violento do Harye de tão grave que estava. O mais impressionante era sua bunda, ate parecia uma tatuagem da via láctea.
Tinha cortes em sua cintura e nos braços. Marcas de luta. Mas as da cintura eu conhecia bem, pois tinha ficado com uma parecida quando... fiquei com o Dylan. E olha que ele foi "gentil" comigo.
Mas aquilo não parecia ter sido nada gentil.
Foi ai que ele se virou e me encarou.
― T-Thomas... ― Sua voz ate soou tremula ao me perceber ali e ele se cobriu imediatamente com a toalha. Ficando bem envergonhado de eu te -lo visto.
Eu não sabia o que dizer. Ou como reagir.
― Eu vim te entregar isso, o Murilo pediu e... Desculpa. Já vou embora. ― Disse pondo o envelope sobre o banco e sai dali.
Minha cabeça girava.
Isso não... não podia ser o que eu estava imaginando.
Alguém...
Ele...
Não pode ser. Eu me nego a aceitar que foi isso.
Mas se foi? Eu não posso deixar ele assim. Tenho que fazer algo!
N sei vcs, mas... quando tentei brincar "assim" fiquei sentindo uns 3 dias. kkkkk contei mesmo! Quando perdi a virgindade.. nem comento pra n dar medo pq cada Ppk é única e reage de um jeito. Mas foi levemente traumático kkk
Postei a capinha dessa obra que é do mesmo mundo com personagens que vão aparecer nessa, mas não cabe e para não desviar do foco dessa separei. Ainda não postei ela pq estou dando foco a esta e quando as cenas da outra surgem eu filtro pra lá. em um proximo cap posto a sinopse pq n fiz ainda. BJs
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro