Liturgy of the Requiem
Abre-se um livro fatal;
Dele consta o bem e o mal
Pensos ao terrestre val.
Do juiz postado o vulto
Será claro o que era oculto:
Nada mais sobeja inulto.
Dies Irae — estrofe 5&6
OS CONTOS DE BICHOS papões que são trazidos a vida para fomentar o medo na mente e no coração das crianças para que vejam que nenhuma ação fica impune nada mais é que uma alusão ao lobo sob a pele de cordeiro que vagueia entre seus semelhantes e semeia confiança e conforto antes de devorá-lo. A noção dessa verdade era o que realmente tornava essas histórias fontes de medo — o maior monstro que poderia se encontrar nada mais seria que outro ser vivo, outra pessoa. Diva aprendeu rápido sobre delimitar o que poderia cultivar e o que deveria podar para que não acabasse sendo vítima da falsidade ainda em tenra idade, mas não evitou que a fatídica noite ocorresse e destituísse tudo que lhe transmitido por anos. Esse momento traumático definiu um antes e depois na qual seu senso de julgamento se baseava mais no que se apresentava sobre bondade e maldade que por emoções e instintos mais complexos que uma percepção visual que tinha muito mais falhas que acertos.
Diva acreditou que, pela vida mais mundana que levava, não teria problemas em se adaptar e que não se preocuparia com alguém atrás dela imitando seus passos e se moldando a ela igual uma sombra e vigiar cada esquina esperando um possível ataque. Ela finalmente se encaixaria perfeitamente ao conceito humano de normalidade, nada nela saía do discurso seguro de não-comum que muitos pregam diante do que fugia de um parâmetro. Ainda assim, sentiu, mesmo de costas, um par de olhos incisivos pousados em sua nuca, tão incômodos e insistentes que queimavam-lhe enviando descargas de cortisol direito pro cérebro.
Nem mesmo os longos cabelos castanhos que espalhou, para uma cortina improvisada, tiveram algum efeito atenuador na sensação de pinicação. Será que alguém a teria localizado mesmo após tanto esforço para apagar seus rastros?
Para sua sorte, não havia muitos clientes no último turno: um casal nas últimas mesas, uma jovem perto da saída e um grupo de estudantes do ensino médio degustando o lanche antes de retornarem em segurança para casa.
Crispou os lábios involuntariamente ao invejar um pouco a ignorante liberdade daquelas crianças, de não saberem quase nada do mundo e do que nele habitava longe das luzes incandescentes dos postes e a projeção espalhafatosa das fachadas de alguns estabelecimentos. Viver onde as trevas se integram a qualquer diminuto e indefeso feixe para consumi-lo.
— Boa noite, Diva. Vejo você amanhã de manhã! — Cindy soprou um beijo para Diva ao sair pela porta.
— Boa noite. — o tom de Diva murchou ao se ver com uma garçonete a menos. Ainda tinha outras duas: Becky e Ashley que logo também finalizariam seus expedientes.
— Poderia me ajudar? — a voz feminina pediu, baixa e cautelosa.
— Claro — Diva murmurou no automático. — O que precisa?
A garota, talvez não muito mais nova que ela, mostrou possíveis rotas para uma universidade do outro lado da cidade: em uma minuciosa investigação sobre ônibus para ir direto ao prédio, as linhas do metrô e lojas de ponto de referência. Diva conhecia alguns, explicando o um pouco do trajeto e onde deveria parar para encontrá-lo, os demais acabou sugerindo que buscasse por outros recursos. Com um suspiro aliviado, a jovem sorriu e ajustou a mecha atrás da orelha em um reflexo de nervosismo que se dissipava gradualmente.
— Muito obrigada. Não sei o que faria sem sua ajuda. — agradeceu com os olhos azuis cintilantes. — Não quero perder mais aulas do que já ando perdendo.
Diva nutria uma vontade estranha de ser necessária, uma compensação pessoal por não ter sido forte o suficiente para proteger seu núcleo familiar, de oferecer mais que uma palavra de sabedoria produtiva ou uma bobagem para uma risadinha ocasional, entretanto, sua mente não estava muito ligada nesse patético traço de personalidade — tudo que consistia em seu plano de tarefas era terminar seu serviço e ir pra casa, com Dante. Ele a faria sentir inteira e menos bizarra.
— Qualquer coisa tem uma lista ali — indicou um telefone próximo ao balcão e uma espécie de livro grosso de páginas amareladas. — Talvez veja algo mais detalhado e útil para evitar esses inconvenientes.
Ela arregalou ligeiramente os olhos esverdeados.
— A propósito, meu nome é Dalila. — a garota loura estendeu a mão cordialmente. — Eu venho quase todas as noites e você parece ser nova por aqui...
— Eu fui contratada a pouco tempo. — respondeu ajeitando o uniforme. — Me chamo Diva. Se precisar de alguma coisa pode falar comigo.
Por mais detestável que soasse, torceu para que ela não a chamasse, que simplesmente continuasse em sua tarefa.
— Até mais, Diva. — Dalila se despediu com um gesto breve antes de sair do Fredis.
Diva suspirou tanto pela culpa quanto pelo alívio. Para alguém que se colocava a disposição de outras pessoas, de ser alguém solícita e nunca negando favores, ter uma dose de liberdade e poder escolher se atenderia ou não... Lhe preencheu com uma miríade de emoções. Uma delas a impressão de ter cometido um erro imperdoável. Chacoalhou a cabeça para afastar a insegurança e findou seu horário, pegando um saco de doces que seu chefe separou para ela e suas colegas para que não saíssem de barriga vazia.
— Se cuida, Diva. — Becky acenou ao mudar de rua.
Abraçando o corpo, Diva concentrou todos os pensamentos no percurso, reprimindo pequenas paranoias que brotaram ao atravessar uma esquina, quando passava perto de um beco escuro ou com o piscar das luzes de um dos postes. Tudo que parecia um truque para tirar um pouco da calma que estava, a custo, mantendo. De repente, ao erguer a cabeça, um vislumbre de um vulto correu pela sua visão periférica, obrigando-a a aumentar a velocidade de seus passos até que saiu em disparada para perto do bar cujo nome mal conseguiu gravar.
Será que estava acontecendo de novo?
Agarrou a maçaneta da porta de Devil May Cry com um tremor perturbador se erigindo sobre ela, um frio sinistro que rastejava pela espinha e arrepiava seus pelos. Desajeitadamente encaixou a chave que soou com um clique suave e reconfortante antes que algo grande roçasse nela e a desconcertasse o bastante para emitir o grito mais estridente que sua voz pôde exprimir.
— Buh. — Dante exclamou com a sobrancelha erguida e uma expressão confusa. — Eu te assustei, doçura?
— Dante. — balbuciou com a voz esganiçada. — Achei que tivessem... Fico feliz que seja você.
— Achou que fosse outra pessoa? Ou está devendo algo? Se for o caso, conheço uma ou duas coisinhas para enrolar devedores. — brincou, colocando as caixas de pizza na mesa. — Como você chegou tarde, decidi que faria o jantar essa noite.
— Pedir pizza não é jantar — replicou, rindo. — Mas agradeço por pensar em mim. — largando a bolsa, ela foi até uma das caixas e a abriu.
Sob a luminescência argêntea da lua, a presilha adornada de pedrarias azuis defletia em múltiplas facetas coloridas na superfície do móvel criando um efeito prismático ligeiramente oscilante — dançando em seu rosto imerso em pensamentos, vagando sem rumo assim como as luzes cintilantes que se assemelhavam a estrelas salpicadas no céu noturno.
As borboletas, no âmbito do esotérico, simbolizavam transformação, um renascimento espiritual e se questionou o propósito da escolha de Dante com o presente em virtude da sua deficiente, quiçá nula, apreensão de misticismo e se existia um sentido mais profundo ou exclusivamente uma feliz coincidência que acabou se encaixando nas circunstâncias; de uma mulher estilhaçada e em luto que se agarrou a última fagulha de esperança para alguém cujo espírito forjado no trauma se renovou através de meses de extensa e gradual reconstrução emocional com um homem que contratou para protegê-la.
A qualidade de Dante em compreensivo com as crenças alheias denotava o genuíno esforço dele em permanecer em um campo neutro. Para Diva, independente do que acreditava, quando se tratava de um vínculo gostava de imaginar que inconscientemente são instrumentos das emoções que se alberga. Talvez fosse mais que a estética do adereço que atraiu Dante e o motivou a dá-lo, mas nunca saberia quais das teorias que engendrou competia com a verdade... Nem mesmo pela boca do seu guardião.
Esfregou os olhos com uma única coisa em mente: conversar com Dante. Tinha sido a última passagem antes de fechar os olhos e despertar em um efêmero instante molhada, confusa com o meio-demônio a imobilizando em um abraço firme, porém cuidadoso, para que não saísse de seu alcance.
— Não... — balbuciou. — De novo não...
Quando desarmou as defesas para filtrar as fraquezas nas rachaduras dos muros que fortificou por anos, desfazendo a constante e tortuosa conjectura de que era um fardo para quem se cruzava com ela, para ser uma pessoa normal — ao menos simular — e ser abruptamente lançada para a realidade imutável que nunca supriria esse anseio lhe causou o mais exasperante sentimento de deslocamento, de não pertencimento que absorvia suas idealizações e as apodrecia. O toque da mão calejada de Dante em sua testa a sacudiu e o horror encravado em sua compleição se dissolveu em lágrimas, de vergonha, de medo primal e angústia que se mesclaram em um lamento silencioso.
Reviveu a Diva de doze anos que se espremia em lugares ocultos pela antiga residência e fingia que estava invisível para que ninguém a achasse, para não ser confrontada com o fato de que não era somente diferente das pessoas atrás dos altos portões que separavam seu mundo do delas, mas do resto de sua família também — uma aberração, uma anomalia. Sua vidinha pacata sem grandes preocupações prestes a desmoronar lhe restando fugir e se esconder para reaver um pouco do controle.
Alexander tentava lhe brindar consolo, amenizar sua tristeza e ser um bom pai adotivo. No entanto, nem ele em toda sua infinita compaixão tinha sido capaz de ajudá-la.
“Você não é uma aberração, estrelinha. Você é especial, nunca pense de outra forma”
Do que adianta?
Cerrou os punhos.
— Outro apagão. — Dante murmurou sem nenhum julgamento. — Que seja sonâmbula não é algo que incomoda, posso lidar bem com isso. De verdade. Estamos falando uma condição bem humana, já viu um demônio sonâmbulo? — ele soltou com um tom de escárnio típico de uma piada bem articulada, o que enxergava como uma das várias cartadas dele em se aprofundar em um assunto descontraidamente sem ferir ninguém no processo. — Mas quando se esconde informações é mais difícil ajudar, não acha? Um pouco mais de comunicação seria bem-vinda. Ela é a chave, não é?
Diva respirou fundo. Dante usou a lógica dela contra ela com mais sensibilidade do que esperava.
— Eu não posso proteger você se não souber do que exatamente precisa ser protegida. — sem responder, Diva apertou o tecido da camisa dele descartando suas convicções desgarradoras, chorando igual uma criança. — Ei, fica tranquila, estou aqui, doçura. Não há o que temer.
— Sinto muito, Dante. — balbuciou chorosa.
— Pelo que? Pela roupa molhada? Podemos resolver isso com uma boa pizza. Talvez com um dos seus bolinhos, eles são bons também. — o sorriso bobo dele mexeu em um ponto fragilizado em seu âmago.
Ela se perguntou se merecia tamanha bondade, se deveria estar muito mais que grata pela maneira que o Devil Hunter conduzia a conversa para salvá-la da miséria na qual almejava se enterrar.
— Nas vezes que comentei sobre curtir a noite não era nesse sentido — ele ergueu ligeiramente a cabeça, esticando a mão para verificar se a chuva passara. — Melhor voltarmos, pelo que sei camisola não é o ideal para saídas noturnas.
Enxugou as lágrimas e checou o estado da camisola, ao longo do tecido havia manchas de terra que também se estendiam pelas pernas e braços enlameados. Estava encharcada, suja e descalça, uma escolha bastante duvidosa pra visual no meio da noite e certamente a confundiriam com alguma figura fantasmagórica.
Diva se levantou com o auxílio do caçador que ostentava o sorriso caloroso e o semblante sereno de quem não havia sido tragado para uma situação babélica... Contudo, Dante possuía uma inclinação nada circunspecta a gostar de se meter em qualquer reduto onde o caos reside. Ele não caçava ativamente, não era da sua alçada fazê-lo, sua sorte que atraía para si feito uma mariposa a luz.
Tal qual ela, Dante também não se vestira para uma noitada: sua camisa escura ensopada grudava em seu tronco e as calças largas de moletom vermelho escuro compartilhavam o rastro de lama que sua camisola.
— Acho que estamos prontos pra alguma festa de lama. — comentou com a voz falhada para soar bem humorada.
— A festa promete mesmo para estarmos a caráter. — balançou a cabeça e mexeu no cabelo molhado. — Vamos, a chuva está diminuindo. — estendeu a mão e Diva o segurou como se sua vida dependesse disso, como tem sido desde que o conheceu.
Dante a guiaria de volta pra casa.
Contemplou a presilha abismada e franziu o cenho. Por que parcialmente lúcida colocou o enfeite no cabelo? Ela refletia sobre ele ao ser reclamada pelo sono e deve ter sentido que precisava do acessório para sair para seja lá o que fosse. Retirou peça por peça das roupas sujas e as jogou no cesto para lavar depois que arranjasse um tempo livre.
Escutou Dante se aproximar do banheiro, se escorando contra a parede.
— Pra resumir, você não é sonâmbula. — ele começou para apaziguar a tensão. Diva imaginou exatamente como ele estaria: casualmente parado ao lado da porta com os braços cruzados, mirando o assoalho. — Podemos descartar isso da lista.
Diva despejou uma pequena quantidade de shampoo no emaranhado castanho de madeixas.
— Não sou sonâmbula — confirmou, esfregando o cabelo. — É bem mais complicado que isso.
— Isso é bem mais interessante, gosto do que foge do comum. Me dê algo mais específico que consigo pegar.
Ela suspirou longamente.
— Sempre tive esses apagões em pequena e grande escala — escovou os cabelos, meio absorta. — Eles ficaram mais frequentes depois que fiz doze anos, não só... Ficaram mais perigosos...
Se transportou para a manifestação mais potencialmente destrutiva que teve, quando Alexander teve que neutralizar seus poderes temporariamente.
— De que tipo de perigo estamos tratando aqui?
— Do tipo que alguém, por tabela, pode se machucar.
— Hm — Dante tateou o corpo, inspecionando a procura de algum ferimento. — Estou inteiro, mais alguma coisa?
Diva riu.
— Alexander e meus irmãos adotivos não falavam sobre as coisas que eu fazia com detalhes, diziam que agia como se estivesse em busca de alguma coisa e que dizia nomes, um deles de um lugar.
— Qual lugar? E qual o nome desse lugar, madame?
— Arawn — sussurrou.
— É alguma ilha? Nunca ouvi falar.
— Não sei dizer, nunca fui explorar — se olhou no espelho embaçado pelo vapor.
— Seria bom verificar por via das dúvidas. Nunca se sabe o que se pode encontrar disso.
— Eu não sei onde fica e nem como vou ir até lá. — suspirou. — Seria outro problema pra localizar...
— Essa parte pode deixar comigo. Tenho os meus meios pra ver isso.
— Obrigada, Dante — pigarreou constrangida, percebendo que esquecera uma parte vital do ritual de banho: a toalha. — Pode pegar uma toalha pra mim, por favor?
Acatando o pedido Dante pegou a toalha e entregou a Diva que estendeu uma das mãos pra fora do banheiro.
— Nunca achou esquisito esses apagões?
— Na verdade... Nunca vi eles como algo comum. Cresci ciente de que tinha algo que quase ninguém teria, não pelo fato de ter poderes, mas por ser algo distinto. — se arrumou lentamente, ponderando sobre as palavras que se discorriam de sua boca ressequida. — Tive doze anos de espera, doze anos de mistérios. Aceitei que isso era tudo que teria naquele momento.
— Teremos tempo para descobrir.
— Sempre tive pra mim que Alexander escondia algo de mim, talvez o que verdadeiramente era o ritual Dies Irae. — disse fechando a porta do banheiro ao terminar de se trocar. — Algo que custou a vida dele. Quando minha casa foi atacada, ele parecia ter um plano de contingência que te incluía... — Diva fixou o olhar no meio-demônio. — Eu me pergunto se ele sabia que aquilo aconteceria.
— Se ele sabia, foi bem esperto de ter te enviado até mim.
— Como pode ter tanta certeza disso?
— Ainda dúvida? — a contornou com uma atitude destemidamente despreocupada. — Você está bem, intacta. Estou fazendo um excelente trabalho te mantendo segura. Claro, tem alguns imprevistos, mas consigo fazer funcionar. Só confie em mim e deixe que eu cuide do resto.
Dante tinha razão, ele fora pra ela muito mais que um guardião dedicado... Alguém que a sustentaria em meio ao mar revolto da incerteza, um pilar. Sua âncora.
Ansiosa, abraçou o Devil Hunter com toda a força que o fervor de seu espírito permitiu.
— Vai molhar sua roupa — alertou rindo.
— Não tem problema. — sorriu discretamente. — Obrigada por me ajudar... Como tem feito esses meses.
— É parte do meu trabalho.
Ela assentiu.
— Boa noite — acenou, subindo para o quarto com o coração aos pulos.
De manhã, ao se aprontar para seu turno, a nuvem escura que pairava sobre sua cabeça desaparecera e não estava mais tão absorta na ideia pessimista de que alguém poderia encontrá-la. Ela seguiu sua rotina sem grandes complicações, enumerando mentalmente o que precisava comprar para o jantar mais tarde.
A lanchonete vibrava com uma nova energia e ao esquadrinhar o local, percebeu que a garota loura, a Dalila, estava ali tomando suco e entretida na leitura de algum livro e ao erguer a cabeça acenou alegremente. No dia anterior, tentou ser prestativa para ajudá-la, mas estava muito mais evasiva que o contrário — não favorecendo sua imagem como garçonete.
Acenou de volta pensando se deveria pedir desculpas ou tratar como um incidente isolado que não carecia explicação, afinal, elas não se conheciam efetivamente. Diva a fitou com uma repentina e efervescente sensação de que deveria ser cautelosa ao redor dela, saber onde pisaria em um terreno desconhecido.
— Eu agradeço pela informação de ontem — Dalila cantarolou com o livro em seus braços, seu rosto reluzia em empolgação que combinava com a aura dela. — E lamento pelo inconveniente. Espero não ter abusado da sua boa vontade ontem.
— Não se preocupe, não foi nada. — Diva se apressou para chegar no balcão.
— Eu prometo compensar!
— Não precisa — forçou um sorriso gentil.
— Tem certeza? — seu timbre mudou, de alegre para sombrio. — Não quer nem mesmo saber sobre o Dies Irae, discípula da deusa?
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