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Border of Shadows

A luz parca, infiltrada clandestinamente pela abertura no teto, se derramou solene sobre a figura imóvel que fitava o resplendor com fascínio inquebrantável. Sem total manejo de suas ações, compelida por um instinto primitivo de reconexão, arriscou sair do escopo seguro proporcionado pela iluminação, roçando, sem querer, na aspereza do piso no qual símbolos tinham sido entalhados — incorporados unicamente ao trecho da área no qual se encontrava. O contato brusco com as formas insólitas ocasionou leves escoriações nos pés e um ardor tolerável que, no entanto, a liberou do transe. Arregalando os olhos, a jovem examinou, com o coração ansioso, o local visando identificá-lo, sem sucesso. Com a mente ainda em estado letárgico, se forçou a recordar da razão de estar ali, em meio as trevas insondáveis completamente sozinha.

Um ruído a arrancou de seu monólogo, não era alto o bastante para lhe causar mal estar com a possibilidade de uma criatura maior estar a sua caçada, embora tivesse como se defender, não tinha recursos para que o combate fosse menos problemático de se realizar — sem armas, sem uma boa visão do ambiente, sem saídas. Alerta, o olhar de vigilância constante esquadrinhando a área, conseguiu distinguir o característico e ritmado som de passos que se aproximavam aos poucos, quase poderia afirmar que arrastavam os pés pelo chão irregular. Não abandonou sua postura defensiva ainda mais com a revelação da multidão encapuzada, todos trajando um manto escuro e balbuciando incoerências e, ao vê-la, se agitaram com um fervor pavoroso clamando o nome dela.

As mãos frenéticas dispostas a agarrá-la de uma maneira doentia a puxaram em direções opostas, exigindo em voz alta que “entregasse seu coração”. De início suas ações, apesar do nível degradante e perturbador, se limitavam a tocá-la sem o uso de força bruta, contudo, por não obedecer as imposições, em resposta, se converteram em selvagens imperativos que chegavam a arranhá-la em meio ao febril e maníaco torpor. O toque suave, um gesto fugaz e balsâmico, a despertou do transe aterrorizante. Capturou o azul cerúleo que a mirava com o cenho franzido que se suavizou com a certeza de sua lucidez, abrindo um sorriso empático que afugentou o que restou das sombras do pesadelo.

— Bem vinda a realidade. — brincou.

Diva respirou mecanicamente, assimilando o ocorrido e lutando contra a onda de choque que a sufocou por um instante.

— O que aconteceu?

— Acho que cabe a mim a pergunta. — Dante argumentou, arqueando uma das sobrancelhas. — O que houve? Você estava varrendo e ficou assim, parada, sem reação alguma.

— Eu não sei... Isso nunca aconteceu antes.

Era uma grande mentirosa, pensou enojada.

Alexander lhe deixou a par de muitos comportamentos estranhos que possuía, nada macabro o suficiente para enquadrá-la em um perigo para terceiros, mas que, por pouco, não se colocou em situações fatais. Ele cogitou ser algum distúrbio leve que eventualmente sumiria conforme crescesse, porém, se mostrou um ledo engano. Talvez fosse um aspecto não vital permanente ou precisasse de alguém para orientá-la. A perspectiva de uma figura de responsabilidade como Alexander fora um dia lhe estremeceu por dentro, a pequena estrutura construída a base de confiança pelo mentor não seria algo que pudesse reproduzir para outra pessoa — ninguém substituiria o papel que ele tinha em sua vida. Diva se questionou se deveria contar sobre esse detalhe para Dante, temia que isso estragasse o pouco da normalidade que sustentava a florescente relação de companheirismo.

Chacoalhou discretamente a cabeça para expulsar os pensamentos pessimistas que eclodiram em sua mente já muito desgastada.

— Dá pra dizer que há uma primeira vez pra tudo. — finalizou a observação em tom espirituoso, confiando plenamente em sua palavra, algo que fez Diva se sentir culpada e seu estômago se retorcer em uma angústia visceral.

Por mero reflexo cerrou o punho ansiando apertar entre os dedos seu relicário que tanto a confortava para se deparar com o vazio desolador, um choque que a sacudiu de imediato e que fora substituído pela resolução ao recordar que ele estava sob a responsabilidade de Dante que lhe prometeu consertá-lo. Seu coração espavorido se encolheu no peito com a efervescente explosão de hormônios de medo e alívio que nublaram momentaneamente seu juízo, a obrigando a permanecer quieta para se recompor, uma ação que não passou despercebida pelos meio-demônio.

— Não precisa continuar — declarou, recebendo um olhar curioso em resposta. — Não queremos que você acabe indo dessa pra melhor, não é?

— Estou bem. — sorriu comovida pela evidente preocupação do caçador. — Talvez seja só um breve mal estar, tudo que preciso é de cinco minutos e estarei novinha em folha! — afirmou com entusiasmo.

Dante a fitou com o cenho ligeiramente franzido antes de se convencer, dando de ombros.

— Não exagere.

Diva assentiu, levando a sério a recomendação do meio-demônio.

O ritmado som de seus passos no assoalho ressoaram pelo escritório se dirigindo a janela de vidros borrosos devido as crostas de sujeira e testou a resistência da cortina velha que despencou com uma nuvem de poeira que a fez recuar entre tossidas.

— Há quanto tempo você não limpa esse lugar? — indagou surpresa.

— Não lembro a última vez, faz um tempo que esse lugar não recebe um bom tratamento de limpeza. — confessou com graça.

— Vou tentar resolver isso. — afirmou confiante.

Em um panorama otimista, finalizaria o serviço de limpeza com excelência e teria um ambiente asseado que compensaria as horas de esforço hercúleo para remover os resíduos do que definiria como anos de açúcar manchando o piso, as crostas de poeira nunca tocada encrustadas na mobília e daria um jeito no gosto suspeito de Dante no quesito decoração.

Sem perder a cadência e o humor espirituoso, Diva espanou as teias de aranha das arestas derrubando um fina camada de poeira no processo, o que não a surpreendeu dada as condições deploráveis das paredes, sequer duvidava da possibilidade de ter um desagradável encontro com alguma criatura asquerosa que desfrutaria do cenário imundo como uma residência — como uma barata. Entre espirros, passou um pano pela superfície dos móveis para recuperar o antigo brilho e não pôde deixar de notar a gradual mudança de tonalidade, começou com um branco, que se transformou em um cinza encardido até se assentar em um preto.

Apesar do empenho, da indubitável ânsia de cumprir o propósito auto imposto de cuidar da loja de Dante, não seria ingênua de ignorar as diversas falhas do Devil Hunter em preservar o mínimo de salubridade do local, não simplesmente largá-lo a sorte e a quem estivesse disposto a ajeitá-lo. Não desistiria, embora o desafio em si a fizesse reconsiderar certos aspectos de uma pequena promessa. Varreu a sujeira e jogou fora o lixo espalhado pelo escritório que variava de jornais velhos a engradados de cerveja, refrigerante e suco de tomate, colocando tudo em um grande saco preto. Demorou muito mais do que previu para organizar e lavar cada centímetro sujo, o que outrora não passava de um assoalho precariamente escurecido pela deficiente mão de obra, agora ostentava um brilho lustroso de uma esfregação caprichada.

Enxugando o suor que orvalhou em sua testa, a garota suspirou com a prática bem sucedida e como tinha tornado o espaço habitável. Explorando os planos de luzes provinda das janelas, Diva se indagou quais limites seriam determinados e o tanto de liberdade usufruiria para propor um arranjo distinto para proporcionar uma atmosfera menos sombria ali, talvez inserir algumas flores com cores suaves e uma fragrância que iria aprazer o olfato dos clientes que transitarem pelo recinto. Para se certificar que a decisão seria assertiva, sua alternativa principal era pedir o aval de Dante que permanecera em sua zona confortável descansando no sofá. Não querendo interromper seu cochilo, porém ainda desejando sua opinião sobre o que estaria autorizada a fazer dentro do estacionamento, a jovem contemplou a serenidade que dele emanava enquanto seu corpo preguiçosamente repousava sobre o acolchoado que mal comportava seu tamanho e estrutura corporal.

Tudo nele transmitia confiança tão tangível, tão intensa, que quase poderia saboreá-la com primor.

— Algum problema? — Diva ganiu com a pergunta ao ser flagrada sendo tão indiscreta.

— Não, não! — respirou fundo. — Estava pensando em acrescentar algo na decoração, flores talvez?

— Hm — ele abriu um dos olhos, avaliando a sugestão. — Contanto que não transforme minha loja em uma floricultura.

Diva riu.

— Pode deixar.

Dante observou como ela apanhou um recipiente com água e jogou algo dentro que não conseguiu identificar, durante todo processo não apartou a vista, mais curioso do que pensou que deveria estar. Arqueou uma das sobrancelhas ao testemunhar uma flor brotando do nada, quase como se estivesse nascendo em tempo real.

Diva sorriu e colocou o recipiente ao lado do retrato de sua mãe, assumindo que ali seria o melhor local para estar.

Antes que tivesse a oportunidade de questionar, uma voz alta soou:

— Não fiquei tanto tempo fora para as coisas por aqui terem mudado tanto. — o homem soprou um pouco da fumaça do cigarro e fitou a jovem que logo se pôs a saudá-lo como uma das atribuições de seu novo posto.

— Bem-vindo!

— Não se preocupe, doçura. Ele é um velho conhecido, não precisa tanta formalidade. — esclareceu a garota que assentiu obediente. — Diga logo o que quer, Morrison.

— Deseja tomar algo, senhor? — Diva se prontificou.

— Não precisa, mocinha. — o velho homem sorriu com amabilidade. — E pode me chamar de Morrison.

— Prazer em conhecê-lo, meu nome é Diva. — se apresentou com uma postura cortês. — E você deseja algo, Dante? — se virou ao caçador que franziu o cenho.

— Não.

Morrison repousou o olhar intrigado para o vaso com a rosa solitária que comunicava uma espécie de profunda e insondável melancolia — era uma beleza que correspondia com o meio no qual fora introduzida. Dante identificou o alvo de sua atenção esperando alguma interrogativa a respeito para justificar a existência da flor no lugar menos favorável para seu crescimento e que, discrepante a realidade, ali se encontrava indiferente a esse mero e determinante fator.

— Agora tem interesse em botânica? — o tom do homem mais velho não continha o mais mínimo desdém, contudo, havia indícios de diversão.

— É bom variar um pouco as vezes, sabe? — replicou com graça. — Adquirir novos hobbies, descobrir novos gostos.

Morrison balançou a cabeça com o disparate.

— Isso é obra dela — rematou com tanta certeza que não teria como Dante negar. Morrison era bastante perceptível em suas conjecturas e enganá-lo não seria uma opção sensata, ele, no fim, sempre acabava por desvendar as lacunas de uma história.

O caçador deu de ombros.

— Diga o que veio fazer aqui. — Dante o mirou.

— Tenho um trabalho, um pouco diferente do habitual.

— Diferente? — seus lábios se curvaram em um sorriso mordaz. — Se tiver um bom pagamento envolvido não me importo do que seja, claro, se for interessante também.

Morrison deixou um envelope sobre a mesa com uma quantia generosa de dinheiro no qual o caçador checou o conteúdo.

— E o que você queria dizer com diferente? Não é pelo pagamento adiantado, suponho.

— É mais pelo cliente. — dito isso, uma jovem mulher adentrou o espaço, seus movimentos eram tímidos e recatados. As feições do caçador se alteraram a medida que a realização o acertou: as vestes características, o ar de tranquilidade e a face delicada frisavam mais de quem se tratava e do que isso significava.

— Um freira? — Dante fixou seu olhar no informante que mantinha o ar inabalável.

— Por favor! — a voz da freira cortou a conversa paralela, seus gestos de tornaram mais inquietos, amedrontados. Diva se reconheceu na mulher, embora estivessem em condições diferentes. — Você é o único que pode nos ajudar!

Dante devolveu o dinheiro a Morrison sem dizer nada.

— Por favor! Há demônios escondidos em nosso monastério! Por favor, nos ajude! — implorou com a voz embargada. — Estamos perdendo pessoas e não sabemos como resolver isso. Todas as irmãs estão temerosas com a possibilidade de serem as próximas.

Diva se aproximou, contudo, ainda a margem da situação.

— Ouvimos falar desse lugar, mas não tínhamos certeza se deveríamos contatá-lo. — resfolegou angustiada. — Precisamos de sua ajuda, não importa o quanto tenhamos que pagar.

Com as palavras chaves jogadas para o meio-demônio, houve um breve instante de reflexão e, nesse intervalo, seus olhos encontraram os de Diva que parecia compadecida com o sofrimento da freira.

— Veremos o que dá pra fazer.

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