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Above The Shadows

O coração galopava em um frenesi doentio e todo pensamento lógico desapareceu de sua mente que agora operava no automático — restando uma casca que abarcava um desespero tão desgarrador que seu corpo, fragilizado pela negligência, pânico e a incapacidade de raciocinar, a petrificou no lugar. Seu instinto de autopreservação a encorajava a se mover, a prestar os devidos socorros ao meio-demônio como um gesto de agradecimento pelo esforço que dedicara ao escoltá-la e ajudá-la em sua empreitada perigosa. A última coisa que desejava gravar na memória era a imagem do caçador sendo empalado e definhando enquanto ainda lhe soprava algum resquício de vida e lucidez, testemunhar mais uma morte e impossibilitada de interceder feito um pesadelo avivado.

— Dante! — berrou indo até o caçador, aos tropeços, para tentar, de alguma forma, salvá-lo. Ele estava imóvel, sem esboçar nenhuma reação tampouco um expressivo espasmo devido aos golpes violentos que recebeu com as armas fincadas nele. — Isso não pode estar acontecendo... Por favor, por favor. — sem conter o pranto, desmoronou aos pés do Devil Hunter, amaldiçoando sua incapacidade, a mesma que a impediu de evitar as mortes da sua família. — Sinto muito, muito mesmo...

Seus soluços preencheram o ambiente e se uniram a cacofonia de grunhidos animalescos e ferozes dos demônios que os emboscaram ardilosamente.

— Eu... Não posso fugir mais... — censurou seus receios internos, imbuindo-se com bravura. — Tenho que lutar...

Não vou recuar, esbravejou.

Agindo no ápice de sua adrenalina e sentidos apurados, combateu a fraqueza imobilizante e o medo para se erguer acima de suas debilidades e mostrar seu valor exatamente como Alexander lhe ensinou conforme crescia. Pela sua visão periférica teve vislumbres de grupos de demônios se alinhando para fechar quaisquer rotas de fuga, uma quantidade tão absurda que acabaria sem forças antes de eliminar todos os inimigos — virando um alvo fácil. Arriscar, sendo uma novata em batalhas e que sobreviveu sozinha por pura sorte, poderia lhe custar a vida, entretanto, não estava em seus planos desamparar o filho de Sparda. Sua prioridade seria arrastar Dante, um homem com o dobro de seu tamanho e estrutura corporal, de volta para a passagem sem que nenhum dos dois sofressem danos no curto percurso.

Limpou o rastro de lágrimas que molhou suas bochechas rosadas e se prontificou a permanecer ali, firme e conservando em si o surto de coragem que a acometeu. Com suas mãos projetou, com o intermédio de seu poder de conjuração, dois punhais para ter meios mais adequados para se defender. Apertou o punho das armas gêmeas, disposta a dar o primeiro golpe até escutar algo que, de início, não soube definir com precisão.

Uma risada melodiosamente sedutora ressoou tão nítida que todos os demônios se atentaram para o percursor do som, prontos para atacar impiedosamente de acordo com o que foram delegados a fazer.

— Por que essa carinha de choro, doçura? — Diva, trêmula, mirou abismada para o caçador que removeu as lâminas invasoras dos diversos cortes como se não fosse grande coisa. — Não me diga que está assustada com isso?

Diva desengonçadamente encurtou a distância que os separavam, perplexa demais para obter um entendimento coerente da situação. Sem se desviar, estendeu a mão timidamente para tocá-lo, não pensou muito a respeito, apenas queria checar suas condições, tateando o peito do meio-demônio como um meio de certificar que não tivesse marcas, querendo ter certeza de que não se afetara gravemente. Seus olhos, agora transbordando grossas lágrimas, não poderiam ser tão enganosos para fazê-la crer que estava morto à princípio. E aqui estava, um muro inabalável de  confiança, um homem irreverente e tão imponente como a fama sugere.

— Não achou que seria facilmente derrotado, não é?

— Mas... Como? — gaguejou atordoada, levando a mão a testa para assegurar a si mesma que não enlouquecera. — Eu os vi te... Atacando.

— Não é grande coisa. — deu de ombros, caminhando a frente da garota e olhando para a horda sedenta que o aguardava com uma ânsia animalesca de sangue. — Agora se me der licença, tenho um pequeno assunto para resolver. — empunhou Rebellion que ostentava o que muitos considerariam uma grande descarga de poder, seu aspecto remetia à algo sombrio e de grande influência.

Diva o assistiu atuar e executar o trabalho com eficiência: Dante possuía a destreza, o carisma e as aptidões de um honrado guerreiro — uma verdadeira força da natureza, imbatível e encantador. No entanto, vendo a performance do caçador e sua postura em ação, parecera muito mais difícil tirar os olhos de sua desenvoltura, mesmo que destroçasse os demônios, se sentia fortemente confusa e, ao mesmo tempo, segura. Ele bailava com graça a cada movimento de espada, a cada manuseio das grandes pistolas gêmeas para disparar nas criaturas mais distantes e, por fim, terminando o serviço com sucesso, sem sequer suar — perder o fôlego ou se despentear.

Deslumbrada, se resignou a ser uma espectadora do espetáculo que o meio-demônio lhe proporcionava. Ouvira muito a respeito da reputação do infame Lendário Devil Hunter através da perspectiva confiável de Alexander, de sua marca como um homem possuidor de um grande senso de justiça, de suas competências inimagináveis que superavam a média, de seu guarda roupa excêntrico, de seu talento inato com brigas e que ninguém teria capacidade de peitá-lo. No final das contas, seu bondoso tutor tinha razão, Dante fazia jus ao caráter que descrevera e o admirou ainda mais por tal feito.

— Está tudo bem, doçura? — seus lábios finos se curvarem em um sorriso simpático, estendendo a mão para acudi-la, tirando-a de seu estado parcialmente entorpecido. Diva segurou sua mão como se sua toda vida dependesse desse singular contato físico. Mais sóbria, sacudiu a cabeça em sinal positivo para responder sua pergunta.

— Meu herói. — brincou, o pavor sendo substituído por um alívio esmagador.

Dante riu do espirituoso comentário.

— Estou cumprindo bem meu papel então. E, pelo que estou vendo, terei muito trabalho para cuidar da senhorita. Não que veja algum problema com esse detalhe, mas... — sem deixar que o humor desaparecesse, a alçou para a estabilizá-la de pé. — É incomum ter tantos demônios por aqui. Tem mais alguma coisa que preciso saber?

— Eu sei tanto quanto você.

Diva reparou que ainda estava com a mão na dele, soltando-o de sobressalto, envergonhada demais para permanecer inalterada.

— Que barulhento. — a loira proferiu com alguns livros em sua posse. — Parece que perdi uma festa e tanto.

— Não foi grande coisa, você não perdeu nada. — deu de ombros, indiferente. — Encontrou algo útil?

— Achei algumas coisas, mas vou analisar quando voltarmos. — Trish mirou Diva que, sem precisar de um pedido formal, abriu um portal.

A jovem deu um vislumbre longo no que um dia fora sua casa, jurando para si mesma que faria o que lhe correspondia para encontrar os culpados para que nada daquilo fique impune. Até chegar esse dia, recordaria do local com carinho e onde passou praticamente a vida toda construindo boas recordações. Dante pousou a mão no ombro da garota imersa em pensamentos, trazendo-a a realidade.

— Vamos?

Diva assentiu.

— Sentirei falta daqui, mas devo olhar pra frente agora. — murmurou com melancolia.

Ao adentrarem o portal, Diva o fechou com uma fina camada de energia dourada se moldando aos contornos delicados de suas mãos. Dante afagou carinhosamente sua cabeça, consolando-a. Era estranho ter alguém, fora de seu âmbito familiar, lhe brindando uma atenção especial e se dedicando a cuida-la sem sequer conhecê-la. Seu coração angustiado pulsava com intensidade, seus batimentos aceleraram e o rubor coloriu suas bochechas. Reconhecendo um sentimento estranho que semeou, imediatamente retrocedeu e se repreendeu por essa distração deturpar seu objetivo por um breve instante.

— Estar de volta é bom. — o caçador se esparramou pelo sofá, relaxando sobre o estofado velho. — Pode ficar no meu quarto enquanto estiver aqui, se sinta a vontade. Comida, na cozinha — apontou para uma porta. — E se precisar, banheiro é nos fundos. Tem um no andar de cima também, esteja livre pra escolher o que for mais confortável.

— Eu vou fazer minha própria investigação. — Trish informou, levando os livros que recolheu com ela. — Aviso quando descobrir algo. E cuide bem da garota, Dante.

— Vou cuidar muito bem dela.

Um frio percorreu sua espinha, uma impressão esquisita e pontual de que ainda existia algo que precisava saber.

— Você parece bem desanimada — o caçador anuiu. — É complicado rever...

— Não é isso... — suspirou. — Só não sei bem o que fazer a partir de agora. — pressionou uma mão contra a outra em aparente nervosismo. — Tudo que sabia era que deveria te encontrar, mas não o que teria que ser depois. Tem pessoas atrás de mim e...

— Tente descansar por agora, nessa condições não vai ir muito longe.

Diva fitou Dante por um instante e sorriu pela gentileza.

— Vou te mostrar as acomodações — o ar suave e despreocupado dele a tranquilizou. Dante a guiou por uma escadaria e um corredor, por fim, ao quarto. A jovem estava acostumada em dormir em quartos decadentes ou edifícios abandonados, no entanto, nunca esteve em um que pertencesse originalmente a um homem.

— Seu quarto é bem... — inclinou ligeiramente a cabeça para ficar no mesmo ângulo que a coelhinha no pôster se encontrava, sem ter uma maneira de exprimir sua opinião sem que soasse ingrata. — Bem... Excêntrico.

Arregalou os olhos com o pôster um pouco mais explícito, não havia nudez, mas a posição que a mulher que o estampava estava bem a vontade mostrando as curvas de seu corpo — tão sensual quanto sugeria. A luz parca que iluminou o cômodo restringiu vagamente seu campo de visão, entretanto, ao se acostumar vislumbrou a falta de organização e asseio do local. Não era algo que a incomodasse realmente, porque não imaginava Dante se ocupando de tarefas domésticas.

— Obrigada por me deixar ficar no seu quarto, mas não quero incomodar nem nada.

— Relaxe, vou estar na segunda melhor acomodação da casa. — seu tom gracejador a encorajou a aceitar, mesmo que no fundo ficasse um pouco embaraçada com a situação.

Dante saiu, fechando a porta atrás de si. 

Sentou na cama e corou com o quão macio era e como fazia um bom tempo desde a última vez que teve a oportunidade de se deitar com tamanho conforto. Jogou o corpo drenado contra o colchão, apreciando a textura e o perfume que permeava os lençóis, não resistindo ao sono que a atraía, lentamente, para o seus domínios.

A princípio, o sonho a envolveu em sua trama para que pudesse desfrutar de um repouso tranquilo, sem as memórias dolorosas se infiltrando e convertendo o gentil mundo projetado pelo seu subconsciente em um corrupto pesadelo. Queria acreditar, mais que qualquer coisa, que estava segura agora que, finalmente, estava com Dante. Depositou toda sua confiança nessa ideia e se respaldou nas próprias palavras do Devil Hunter.

Não teria que temer mais nada.

Meses de fuga, sobrevivendo com o que conseguia e racionando água e comida, tudo para ter um lugar para se refugiar. Diva se tornou muito consciente de seu corpo e mecanicamente se encolheu o máximo que lhe fosse permitido enquanto sua mente se orientava mais e mais no devaneio. Andou sem rumo por entre as flores cintilantes e cheias de vida até se deparar com uma área onde não crescia nenhuma vegetação, uma terra morta. Curiosa, caminhou para a margem da campina, sem cruzar a linha invisível que se tornava fácil de traçar ao ver o ponto final que crescia as flores.

Há uns metros a sua frente, uma silhueta prostrada se mostrava presente, firme e imponente. Ele não se mexeu ao presenciá-la ultrapassar essa delimitação para se aproximar dele. Ao ser criada longe do convívio humano, Diva possuía uma ínfima parcela de ingenuidade e uma falta de discernimento quanto as intenções alheias.  

Sem hesitar, a jovem parou, desconfiada da inatividade da figura. Ela analisou bem a situação e se colocou em uma posição mais defensiva, porém, essa determinação para lutar durou pouco, pois, a campina mística que outrora a recebeu, se transformou na lembrança viva de seu lar devorada em chamas. Virando-se, desesperada e com os pensamentos caóticos, não encontrou mais o ser estranho.

— Alexander! — gritou, inconformada, correndo para a entrada para ajudá-los.

É um sonho, nada vai mudar.

Paralisou ali, assistindo impotente novamente sua família e antiga vida virarem cinzas. Estendeu a mão trêmula e, percebeu, para sua surpresa que havia uma marca escura que percorriam seu braço e, estranhamente, sentia-o rastejar sobre sua pele. A tatuagem tracejava seu percurso e acessou seu ponto vital. Horrorizada pela overdose de sensações, Diva rasgou a camisa que usava, não se importando com a pequena explosão de botões que se descosturaram, querendo se assegurar que aquilo não faria nenhum mal a ela.

Em seu peito as linhas escuras se entrelaçaram e... De repente gritou com toda sua força. Um poderoso e potente grito que residia de dentro da sua alma. Um que a despertou arrancando todo fôlego de seus pulmões.

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