twenty-one and a beat!
PARK DANBI
As palavras de meu pai ecoam na minha cabeça enquanto eu coloco todos os objetos que mantive na minha mesa de trabalho durante esse tempo dentro de uma caixa de papelão. Tem alguns papéis inúteis que eu amasso e jogo no lixo numa série de arremessos quase perfeitos. Não posso dizer que não estou triste por não ter sido efetivada, mas estou definitivamente muito frustrada. É como se todo meu empenho tivesse sido em vão e todo meu tempo tivesse sido perdido nessa empresa.
Pelo menos meu currículo vai ficar bonitinho, penso comigo mesma.
— Já tá indo embora, Danbi?
É Hansung, claro.
— Não estou muito a fim de ser zoada por você — digo de uma vez.
— Calma, calma... Eu não vou te encher. Quero saber se precisa de ajuda pra alguma coisa — o encaro suspeita. Hansung oferecendo ajuda? Deve ser seu ato de rendição logo no final da minha jornada nesse lugar.
— Não, mas obrigada.
— Tudo bem.. — ele se vira, mas logo volta a me olhar, estalando os dedos como se tivesse se lembrado de algo. — A chefia quer falar com você, quase me esqueci.
— Deve ser pra dar baixa no contrato... — suspiro alto, me sentindo frustrada de novo.
— Ei, não fica tão triste, daqui uma semana já é Natal e a magia do final de ano vai te renovar, confia?
— Não muito...
Hansung dá de ombros, voltando a se sentar na sua mesa e colocando seu fone de ouvido. Acho que talvez eu sinta falta dessa rotina.
______
Há um clima meio estranho dentro da sala da minha chefe. Ela parece observar todos meus movimentos, o jeito que respiro, para onde olho, como meus dedos seguram a caneta enquanto assino os papéis que tinha me pedido há cinco minutos. Sabe a sensação de quando você está mentindo e a pessoa sabe que você está mentindo e quando ela te olha é como se estivesse lendo sua mente ou vendo sua alma?
Essa era a sensação. Estranha pra um caralho.
— Eram só esses papéis que eu precisava assinar? — pergunto, na tentativa de acabar logo com aquilo e sair dali.
— Sim... — ela pega a pequena pilha de papéis e os ajeita com um toque na mesa, os grampeia e depois guarda numa pasta, sem dizer uma palavra.
— Bom... Acho que é isso então — eu me levanto, mas minha chefe logo faz um sinal com a mão para que eu me sente novamente.
— Tem mais uma coisa que preciso conversar com você, Srta. Park.
Me sinto nervosa, como se tivesse um furacão dentro de minha barriga. Não faço ideia de qual rumo aquela conversa pode tomar, mas só esperava que aquilo não fosse sobre Jungkook.
— Pode falar...
Ela cruza os dedos na frente do corpo e se inclina mais perto de mim. Sinto como se eu fosse vomitar de nervoso, pois seu olhar é tão frio e ao mesmo tempo tão amedrontador que me sinto uma criança indefesa prestes a levar a maior bronca do mundo.
— Você sabe que sempre foi uma ótima funcionária, muito prestativa e eficiente, certo? — eu demoro alguns segundos até concordar. — O problema é que, veja bem, nem todo mundo nessa empresa, ou em qualquer outra empresa, na verdade, é capaz de manter relacionamentos dentro das normas profissionais, se é que me entende.
Não, nem fodendo.
— Faltou muito pouco mesmo, Srta. Park, para que você fosse efetivada na empresa. Mas como eu disse, nem todo mundo consegue ser estritamente profissional. E eu entendo, juro. É muito tentador a possibilidade de uma vida fácil, não é mesmo? Estar com alguém que tenha posses e dinheiro para uma vida boa... — seu tom é calmo, mas sinto como se suas palavras fossem facas sendo jogadas contra meu corpo. Aquilo não podia estar acontecendo, simplesmente não podia. Minha garganta seca, meus dedos ficam gelados e eu sinto que posso cair dura no chão de tanto que me sinto nervosa. — Não quero que isso seja constrangedor para você, é por isso que apenas eu e Sr. Bang sabemos do seu relacionamento com Jungkook.
— Meu... relacionamento com Jungkook? — minha voz falha e por algum motivo eu tento me defender daquilo que sei que não poderia nem mentir. — Eu e ele somos só amigos.
— Danbi... Não precisa mentir mais. Nós checamos as câmeras de segurança espalhadas pelo prédio pra saber onde e com quem os nossos idols estão, como é que você foi descuidada assim?
Não sei o que falar. Não sei se fico mais chocada por ter sido descoberta ou pela falta de privacidade que acaba de ser revelada na minha frente.
— Enfim, não vamos prolongar isso e tornar as coisas mais desconfortáveis do que já estão. Como eu disse, apenas eu e Sr. Bang sabemos desse... assunto. E pretendemos que ele não saia desse prédio, então fique tranquila, você não vai ter sua vida exposta, apesar das especulações que alguns funcionários fazem.
Eu não consigo encará-la, pois ainda tento processar todas as suas palavras sendo jogadas contra mim. Apenas me levanto, sentindo minhas mãos trêmulas e com vontade de chorar. Mas ela me chama de novo, antes que eu possa abrir a porta para ir embora.
— Não seja tola, menina... Você e pessoas do tipo dele não são feitas para ficarem juntas. Simplesmente não vai acontecer, não vai funcionar. Acabe com isso antes que isso te machuque de verdade.
______
Debaixo do meu cobertor é quentinho o suficiente pra me proteger do frio lá fora, mas ao mesmo tempo em que me sinto aquecida, me sinto um completo lixo. O que é justo, claro, levando em consideração que apenas hoje fui demitida e chamada de interesseira em uma escala de tempo muito pequena.
O que me deixa mais triste é o fato de que eu sei que todas aquelas palavras são mentiras e que eu não deveria me sentir mal por isso, devesse talvez sentir raiva, mas não tristeza. Eu ainda penso em mandar mensagem para Jungkook, explicando da situação, mas não consigo. Não queria nem ter que pensar naquela situação, mas eu não sou capaz de controlar meus próprios pensamentos.
Quando a porta do meu quarto é aberta e a luz é acessa, eu vejo Sooah parada ali, com um prato de pano no ombro e as mãos na cintura, sei que minhas horas debaixo daquela coberta estão acabadas.
— Não vou levantar — já me pronuncio e vejo-a franzir o cenho.
— O que você tá fazendo?
— Pensando... — ela suspira.
— No que você está pensando?
— Em coisas...
— Park Danbi, levanta agora e vem me ajudar na cozinha.
— Argh, eu não quero! — cubro minha cabeça com o cobertor, mas logo sinto ele sendo arrancado de cima de mim. — Me cobre de novo, tô com frio.
— Anda logo.
Sooah sai do quarto e como uma cachorra que obedece seu dono, eu levanto, suspirando frustrada, e a sigo até a cozinha, onde ela está cozinhando minha comida favorita, o que me faz querer chorar por alguns segundos, mas logo passa.
— O que rolou? — ela pergunta, cortando uma cebola de maneira extremamente furiosa.
Me sento no balcão da cozinha e encosto minha cabeça no armário antes de começar a contar tudo o que tinha acontecido, desde a demissão até ser chamada de interesseira pela minha chefe. Era engraçado até acompanhar os movimentos de minha amiga enquanto eu lhe contava a história, pois os cortes e as mexidas na panela ficavam cada vez mais brutais ao decorrer dos eventos. Ok, isso me alegrou um pouco.
— Eu não acredito que essa vaca te falou essas coisas.
— Pois pode acreditar. E sabe o que é pior? — quando percebo, sou eu quem estou cortando alguns legumes com tanto ódio que a faca parece deslizar mil vezes mais fácil do que antes. — É que é tudo mentira!! E eu sei disso, mas ainda me deixo ficar triste com essa merda toda.
— Corta essa cenoura mais fino... E para de ficar triste por causa disso! Quer dizer, com a demissão você pode até ficar, mas depois do que aconteceu talvez tenha sido uma benção ter saído daquele lugar. Que porra é essa de ficar vigiando aqueles meninos pelas câmeras. Estranhos do caralho.
— Nem me fala, eu nem sabia que eles faziam isso. Que inferno, será que eu conto pro Jungkook?
— Não sei... Aliás, você já falou com ele sobre o que aconteceu?
— Não, ainda não tive coragem — deixo a faca e a cenoura cortada pela metade na tábua e me viro para Sooah. — Ele tá fora da Coréia e a gente mal tá se falando, não quero que ele fique preocupado.
— É, mas uma hora você vai ter que falar pra ele que o chefe dele sabe o que tá rolando entre vocês...
— É...
Sooah me encara curiosa, e logo sei que mais uma série de perguntas vão vir por aí. Por que é que ela me lê tão bem?
— Tem certeza que é só isso que tá te incomodando? Você anda meio pra baixo ultimamente.
Penso alguns segundos em como verbalizar aquilo que tenho pensando há quase dois meses. Pois é tão difícil pra mim acreditar que eu possa ter dúvidas sobre coisas que antes eram tão certas que me sinto hipócrita de falar aquilo em voz alta.
— É que... não sei se meu namoro anda muito bem... Quer dizer, ele tá bem, eu acho, mas não sei ao certo porque faz tanto tempo que não vejo Jungkook que nem sei mais.
— Como assim?
— Sei lá, sabe... Eu sinto que eu e ele estamos tão distantes, e não só fisicamente, até porque ele tá em outro país há quase 3 meses, mas também emocionalmente, sabe? E talvez isso seja fruto dessa distância toda, a falta de tempo e nossos horários que nunca batem. E agora que fui demitida quando ele voltar esse tempo que tínhamos vai ser ainda menor...
— Mas vocês já passaram alguns meses separados quando ele tava fazendo shows, lembra?
— Lembro, mas agora é diferente. Acho que agora eu me sinto muito mais apegada a ele do que eu era antes no começo do nosso namoro, e a saudade que eu sinto é maior... E fico pensando se essa distância e saudade não afeta nosso namoro de forma ruim também... Eu entendo a distância e posso tentar lidar com isso até certo ponto, mas poxa... Tem vezes que a gente fica uns 3 dias sem conseguir trocar mais de 10 mensagens... É só 'bom dia' ou 'boa noite' o tempo inteiro. E não é culpa dele, nem minha, mas... Só me sinto triste.
Sooah suspira e se senta numa das cadeiras da mesa, me pedindo pra sentar também. Ela segura minhas mãos na dela, e eu sinto que as palavras que vão sair de sua boca vão me machucar.
— Olha, você sabe que eu gosto muito dele, e eu amo vocês dois juntos e torço tanto e tanto e tanto... Mas eu amo mais você, com Jungkook ou sem Jungkook. Eu não quero te ver presa num relacionamento em que você não sente mais conexão, não importa se alguém tem culpa ou não, você não é obrigada a se prender a algo que não te deixa mais feliz, entende?
— Mas o Jungkook me faz feliz... — sinto uma lágrima caindo.
— Eu não estou dizendo que ele não faz. A felicidade não é um sentimento contínuo, ela vai assim como ela vai embora. E ela volta depois, é claro. Mas a questão é: você tá disposta a se sentir assim toda vez que ele está longe? Não é justo com você, Danbi. E tenho certeza que ele também deve ficar triste com essa distância, mas estou falando de você e somente você. Quero que pense assim, tá? Em como você se sente, sempre. E aí, toma a decisão que precisa ser tomada.
Não sei em que momento do seu breve discurso eu começo a chorar, mas quando percebo estou chorando feito um bebê em seu colo.
É horrível e doloroso pensar que talvez eu esteja colocando meu relacionamento em um lugar que não cabe mais, pois eu queria que Jungkook coubesse em todos os momentos possíveis da minha vida. E pensar que talvez essa não seja a coisa certa me dói tanto, mas tanto.
Eu tento pensar e raciocinar e achar alguma solução que não me machuque, que não machuque ele, mas eu só penso que tudo o que quero e parar de me sentir triste e distante do homem que eu amo.
Só queria que ele estivesse aqui comigo.
______
oie!
quanto tempo, né?
espero que não se assustem com a notificação e mais ainda com a reviravolta de sentimentos desse capítulo para o capítulo anterior :D
sentimentos são fluídos, hehe
perceberam a passagem de tempo né? finalzinho de ano e pá tudo uma loucura na vida da Danbi e na vida do Jungkook, aparentemente.
bom, eu tive um surto de inspiração hoje e fiz esse capítulo, já entrando na reta final de baab. desde o começo eu tinha um final pra fanfic, e eu pretendo continuar com esse final, mas vocês só vão saber o que vai acontecer quando chegar rs então não fiquem preocupados, nem tristes, nem com raiva logo de primeira quando terminaram de ler esse capítulo aqui, blz? ainda vão acontecer coisas e conversas para guiarem vocês sobre essa loucura que é viver e sentir o amor!
não peço desculpas pelas demora, pois levei meu tempo (esse que anda muito corrido, não é fácil estudar e trabalhar, gente), mas fico feliz por ainda ter gente aqui que quer a continuidade da história. to sempre de olho em vocês, obrigada mesmo!
acho que é isso, espero voltar logo, mas também não prometo muita coisa.
obrigada pelo carinho sempre, sempre sempre!
se cuidem E SE VACINEM CARALHOOOOOOOO
#forabolsonarofilhodaputarolamurcha
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