six and a beat!
PARK DANBI
Sooah me acordou na manhã de segunda-feira, já que por algum motivo meu celular não tinha despertado. Eu me lembro de ter murmurado alguma coisa pra ela antes de voltar a dormir e quando acordei novamente, dei um pulo da cama, vendo que estava quase atrasada. Não tive tempo de comer antes de sair de casa correndo em direção à estação, essa que parecia mais cheia do que o normal.
Eu estava com a sensação que hoje definitivamente não seria o meu dia. A escada rolante havia parado de funcionar de repente e eu tive que esperar quase cinco minutos para que todos que estavam na minha frente descessem dela. O vagão também estava mais apertado do que nunca e eu me encolhi num canto perto da porta nada, numa posição nada confortável.
Tinha começado a chover assim que coloquei os pés para fora da estação e eu tive que correr até o meu prédio no campus enquanto segurava minha mochila sobre minha cabeça — não que isso tenha me impedido de ficar toda molhada. Eu também tinha levado uma bronca pelo atraso, já que a aula era sobre a discussão do seminário. A única coisa que parecia ter dado certo naquele dia era meu lanche, pelo menos esse não tinha me deixado na mão. Resolvi ir andando para a agência no começo da tarde, aproveitando o sol fraquinho e o tempo nublado, mas pedindo aos céus que não chovesse novamente enquanto eu estivesse na rua.
A cara de bravo de Hansung foi a primeira coisa que vi quando entrei dentro da sala. O homem teclava furiosamente algo no computador e só pareceu perceber minha presença quando eu coloquei minha mochila na cadeira. Ele indicou com a cabeça para a mesa do lado, lotada de pastas.
— Ainda não almocei por causa dessa pilha — comentou, voltando a digitar.
— O que é isso tudo?
— Arquivos que precisam ser processados e colocados na nuvem.
— E por que você só não digitaliza eles? Aliás, isso não é serviço da administração?
— Porque a chefia quer que eles sejam digitados e por um acaso você acha que eles fazem alguma coisa? Na verdade, preciso que você me faça um favorzão.
— Do que precisa?
— Preciso que encontre Bonju-hyung e o peça para assinar alguns papéis antes que eu os processe — Hansung se levantou, pegando uma pasta já separada e me entregando.
— Por que eu?
Hansung levantou uma sobrancelha.
— Porque você é a estagiária e faz o que eu mandar. Ele deve estar na sala de reuniões ou na de prática vendo os meninos e vai logo e não demora, por favor, eu preciso muito ir almoçar.
Revirei os olhos assim que saí da sala, entrando no elevador logo em seguida. A sala de reuniões estava vazia, então me dirigi até a sala de prática dois andares abaixo, logo conseguindo ouvir o barulho da música abafada encher meus ouvidos. Espiei por uma frecha, vendo diversas pessoas ensaiando uma coreografia que parecia complicada demais pra eu conseguir acompanhar. Abri a porta devagar e me coloquei pra dentro sem fazer muito alarde. Por sorte, Bongju estava ali perto da porta também, encarando enquanto o grupo de Jungkook ensaiava.
Meus olhos foram direto no cantor, vendo-o se mexer no ritmo de uma batida contagiante enquanto a voz de uma mulher misturada com a de algum dos meninos entrou no meu ouvido. A verdade é que eu ainda não tinha pesquisado muito sobre o grupo, só sabia o básico do básico — tudo aquilo que minha prima tinha me contado, ou seja, pouca informação tinha sido retida no meu cérebro, porque ela sempre fica animada demais toda vez e eu acabava não prestando atenção.
A única certeza que eu sabia e que provavelmente muitas poucas pessoas tinham noção, era que Jungkook beijava muito bem e era bem sensível a toques.
Não que essa informação fosse me levar a algum lugar, mas era meio difícil de esquecê-la.
A música de repente parou e eles também, recebendo aplausos de alguns dos dançarinos que estavam ali. Jungkook saiu de sua posição e buscou uma garrafa de água posta no canto da sala e seus olhos pareceram encontrar os meus assim que se virou. Eu rapidamente me movi dali, indo em direção a Bonju, o chamando baixinho para que só ele me ouvisse.
— Posso ajudar você com algo, Danbi?
— Preciso da sua assinatura nesses papéis. Digo, Hansung precisa.
— Vamos fazer isso lá fora.
Segui o homem para fora da sala silenciosamente, entregando-o uma caneta e indicando onde deveria assinar assim que ele se sentou num dos bancos de descanso que tinha espalhado pelo corredor. Ele demorou um bocado para assinar a primeira folha e julguei que ele estaria lendo sobre o que toda aquela papelada se tratava.
De repente, a porta da sala de prática foi aberta e pude ver alguns dançarinos e membros do Bangtan sair dali, todos cumprimentando a mim e Bongju ao perceber nossa presença. Jungkook não demorou a aparecer, me cumprimentando com um sorriso ladino e curvando a cabeça levemente enquanto seguia o resto do grupo até o banheiro. Segui-o com o olhar, vendo quando ele virou a cabeça para me encarar de novo.
— Senhorita Park?
A voz de Bongju chamou minha atenção, me fazendo tirar os olhos de Jungkook para encarar o homem ao meu lado, que me entregava a pasta com os papéis já assinados.
— Ah, obrigada, senhor — me curvei, pedindo licença e me dirigindo até o elevador.
O resto do dia não demorou a passar, mas eu acabei decidindo ficar além do horário para adiantar o serviço de amanhã. Resolvi ir embora quando senti que não aguentava mais ficar sentada naquela cadeira com os olhos grudados no computador. Me despedi de Hansung e fiz meu caminho até a saída do prédio, vendo que chovia forte lá fora. Ótimo. Meu celular vibrou enquanto eu encarava a chuva que caía, pensando se valia a pena esperar mais um pouco para ver se ela passava, ou arriscava a me molhar. Peguei o objeto do bolso, vendo uma mensagem de Sooah.
[sooah]: vc já tá vindo?
[danbi]: tô saindo da agência, pq?
[sooah]: não vai de metrô, aconteceu um acidente nos trilhos e eles fecharam a estação de Gangnam
[sooah]: me avisa quando estiver vindo
[sooah]: to fazendo frango frito :)
Bufei, não acreditando que teria que pegar um ônibus pra ir embora. Calculei quantos minutos iria levar mais ou menos daqui até em casa, adicionando mais alguns minutos no trânsito por causa da chuva e mais algumas paradas que ele provavelmente faria pelo caminho. Se eu fosse esperar a chuva passar, chegaria tarde demais e eu tinha aula amanhã cedo.
— Que merda.
Abri a porta e saí correndo para atravessar a rua, já sentindo todo meu corpo ser atingido pela água. Mal vi o que tinha pela minha frente, só corri, corri e corri, até chegar ao ponto de ônibus mais próximo. O teto ajudou a proteger-me da chuva, mas não fazia nada pelo frio que eu sentia. Olhei pra baixo, encarando minhas roupas encharcadas e meu cabelo pingando, abraçando meu próprio corpo numa tentativa de me esquentar. Fiquei ali esperando por uns cinco minutos, sem sinal algum do ônibus, assim como não tinha sinal de que aquela chuva passaria tão cedo. Me encolhi mais no banco, sentindo o vento ficar mais forte e alguns pingos me atingir. Depois de hoje eu definitivamente iria comprar um guarda-chuva.
Uma buzina chamou minha atenção e levantei os olhos para ver um carro preto parado na rua, de frente ao ponto. A janela do passageiro se abriu até a metade e eu levei um susto ao ver Jungkook ali dentro, me chamando com a mão. Engoli seco. Porra, porra, porra, o que eu faço? Ele gritou alguma coisa, mas eu não consegui entender pelo barulho da chuva. Ele pegou seu celular, apontando para ele e depois para mim. Senti meu celular vibrar no bolso.
[desconhecido]: entra no carro, vou te dar uma carona
Como ele tinha conseguido meu número?
Jungkook buzinou de novo e eu mordi o lábio inferior em dúvida.
Vou ou não vou?
Vou ou não vou?
Meu celular vibrou de novo.
[desconhecido]: por favor?
Apertei a alça da minha mochila enquanto corri em direção ao automóvel, vendo-o abrir a porta rapidamente para que eu pudesse entrar. O ar gelado do interior do carro me atingiu com força e eu senti todo o meu corpo se estremecer num arrepio.
— Você tá bem? — Jungkook fechou as entradas do ar-condicionado que ficavam em frente ao banco do passageiro e eu o agradeci mentalmente por isso. — Não posso desligar o ar, se não vai embaçar o vidro.
— Não precisa, tá tudo bem — respondi, minha voz saindo um pouco trêmula.
— Eu acho que tenho um blusão aqui atrás... — Jungkook apoiou a mão no meu banco enquanto a sua outra se aventurava pelo banco traseiro.
— Não precisa-
— Toma — encarei sua mão, que agora segurava um blusão preto que parecia bem mais confortável do que a roupa molhada que eu usava. — Pode pegar, seu queixo tá tremendo de frio.
Sorri fraco, pegando a peça da sua mão e colocando no meu colo. Tirei a jaqueta que usava, vestindo o blusão de Jungkook em seguida. O cheiro doce invadiu minhas narinas, mas não sabia se aquele era seu perfume ou o amaciante da roupa, mas era cheiroso da mesma maneira.
— Obrigada e desculpa por molhar todo seu banco.
— Não precisa pedir desculpas, tá tudo bem — Jungkook deu partida com o carro. — Com essa chuva, o ônibus ia demorar muito mais tempo.
— Nem me fala, é por isso que prefiro metrô.
Jungkook riu pelo nariz.
— Eu nem lembro a última vez que andei de metrô, acho que eu devia ter uns quinze anos.
— Sério? — Jungkook assentiu. — Que sorte a sua não depender de transporte público.
— Ah, mas eu sinto vontade de andar de metrô, ônibus, sei lá...
— Você sente saudade de fazer essas coisas... normais?
Jungkook ficou alguns segundos em silêncio enquanto encarava a rua, a luz vermelha do semáforo iluminando a curvatura do seu rosto.
— Um pouco.
Assenti, mesmo sabendo que ele não estava me enxergando totalmente. Resolvi não tocar mais naquele assunto, sentindo que o clima ficou meio estranho de repente, como se eu tivesse entrado numa área proibida da sua vida, uma área pessoal demais para a pouca intimidade que nós tínhamos.
— Eu vi vocês ensaiando hoje — puxei o assunto, vendo sua boca se curvar num leve sorriso.
— O que você achou?
— Vocês são bons, a coreografia parecia difícil.
Jungkook riu.
— Aquela coreografia é uma das mais fáceis que a gente já teve.
— Nem fodendo.
— Isso quer dizer que você gostou?
— Talvez.
— Então, pode ser que você seja uma fã em potencial.
Soltei uma gargalhada, achando graça de como ele parecia estar querendo me influenciar em gostar do grupo dele, como se aquilo fosse tão difícil.
— Não se preocupa muito com isso, Jeon Jungkook, não vai acontecer tão cedo.
— Jeon Jungkook? Andou pesquisando sobre mim?
— Hmm, um pouquinho. Também não queria chegar de mãos abanando na empresa.
— Como eu disse, você é uma fã em potencial.
O encarei e soltei outra risada. Jungkook era divertido e, apesar de às vezes me sentir um pouco intimidada com sua presença, ele conseguia deixar o clima mais leve. O nosso assunto fluiu durante o percurso até minha casa, ele me contou um pouco sobre como veio pra Seoul e como era a sua vida de trainee e, nesse gancho, acabei contando sobre como era minha vida na universidade, algo que ele parecia genuinamente curioso, apesar de ter me falado que odiava estudar.
Jungkook também disse que seria um gamer profissional se não fosse cantor e nós acabamos trocando nossos usuários no Overwatch, com ele prometendo que iria arranjar tempo pra me vencer numa partida.
— Vai achando que você vai ganhar. Aposto um combo do Burguer King que isso não vai acontecer.
Ele riu, me fazendo prometer de mindinho que eu iria pagar pra ele se eu perdesse.
Quando Jungkook parou o carro na frente do meu prédio, a chuva já tinha parado. Encostei minha cabeça no banco, virando o rosto para ele e vendo que ele me encarava também, com um sorriso pequeno.
— Obrigada por ter me trazido e desculpa pelo trabalho.
Jungkook negou com a cabeça.
— Não teve trabalho nenhum, eu gostei de ter conversado com você.
— Obrigada mesmo assim — ajeitei minha mochila nos braços. — Aliás, como você conseguiu meu número?
— Pedi ao Yugyeom.
— Hm, faz sentido... Bom, eu já vou indo, então, antes que volte a chover.
— E toma um banho quente assim que chegar, se não você vai acabar pegando um resfriado.
Sorri, descendo do carro. Jungkook abriu a janela e eu me virei, acenando pra ele em despedida.
— Cuidado na estrada.
Observei-o partir com o carro enquanto caminhava até a entrada, sentindo-me contente demais para quem tinha levado um banho de chuva.
Assim que entrei na sala, fui bombardeada de perguntas, mas a preocupação de Sooah mudou rapidinho de como eu tinha chegado em casa tão rápido para onde eu tinha conseguido aquele blusão. Foi aí que me toquei que eu ainda usava a roupa de Jungkook e que tinha esquecido a minha jaqueta dentro do seu carro.
— Depois eu te explico tudo, preciso tomar um banho quente.
Entrei no quarto mais rápido que tudo, ouvindo a voz abafada da minha amiga reclamando que eu estava de segredinho. Tirei o celular do bolso e como se nós dois tivéssemos lido a mente um do outro, vi uma mensagem sua.
[jungkook]: vc esqueceu sua jaqueta no meu carro
[jungkook]: eu levo pra vc amanhã
[danbi]: eu ia mandar msg agora sobre isso
[danbi]: e eu vou lavar seu blusão e te entregar limpinho
[jungkook]: pode ficar com ele
[jungkook]: se vc quiser
[jungkook]: eu tenho mais uns dois iguais a esse
[danbi]: não precisa, eu te devolvo
[jungkook]: pode ficar, ficou bom em vc
Boom, boom.
Meu coração acelerou de uma forma que definitivamente não era normal e eu não pude evitar abrir um sorrisinho.
[jungkook]: o sinal vai abrir
[jungkook]: não esquece de tomar um banho quente
[jungkook]: boa noite, danbi
_____
oie!
tô de volta e muito feliz com esse capítulo.
eu tenho uma impressão que baab é tão orgânica, sei lá, vendo o jungkook investindo em alguém assim me dá essa sensação.
espero que vcs sintam ela também, pois é meu objetivo hehe
até o próximo <3
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