fourteen and a beat!
JEON JUNGKOOK
— Um cinema drive-in?! — foi a primeira coisa que Danbi disse ao ver a grande placa em neon vermelho e amarelo do lugar. Ela se virou para mim, com um sorriso e animação tão explícitas em seu rosto que me fez rir.
— Disse que você ia gostar.
Passei os ingressos que tinha comprado antes e entrei no lugar, procurando por uma vaga boa o suficiente para que pudéssemos ver a tela perfeitamente. Danbi se entusiasmou falando sobre como tinha ido pela primeira — e única vez — num cinema drive-in com o seu pai quando ainda era criança e que tinha sido uma das experiências mais legais que já teve.
Assim que achamos o local perfeito, Danbi fez questão de ela mesmo sintonizar o rádio do carro com a do cinema, para que pudéssemos ouvir o filme ali dentro. Ela parecia tão animada com aquilo tudo, pois mantinha um sorriso no rosto o tempo inteiro e eu agradeci mentalmente por ter tido a ideia de trazê-la aqui.
— Gostou da surpresa? — perguntei, já sabendo que a resposta era óbvia demais. Danbi assentiu, se inclinando e me dando um selinho demorado.
— Eu amei — sorri, apertando suas bochechas e lhe dando outro selinho.
— Não vai perguntar qual filme a gente vai assistir?
— Se for Homem de Ferro, eu juro por deus-
— Não é, eu prometo! — soltei uma gargalhada e Danbi semicerrou os olhos, brincando. — Eles vão reprisar um dos meus filmes favoritos, por isso esperei pra te trazer aqui hoje.
— Homem de Ferro 2? — ri alto, sendo acompanhado por ela.
— Não é Homem de Ferro, é sério... O filme se chama Love 911.
— Hmm, acho que nunca ouvi falar dele e desde quando seu filme favorito é de romance? — perguntou, como se aquilo pudesse ser algo muito difícil de acontecer.
— Eu sou um cara romântico — levei a mão ao peito, me fingindo de ofendido.
— Acho que não... — respondeu, um sorrisinho cínico no canto dos lábios. Resolvi entrar na brincadeira também.
— Eu acho que sim, eu te trouxe até aqui... — coloquei uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, segurando a lateral do seu rosto com a outra mão. — Fiquei um tempão esperando o dia certo desse encontro só pra gente ver esse filme — dei um beijinho no canto da sua boca —, a gente vai ficar aqui dentro do carro, só nós dois — outro selinho, dessa vez no outro canto —, pra eu poder te encher de carinho — agora um na boca — e muito beijo — mais um, dessa vez mais demorado.
Danbi sorriu e encaixou sua boca na minha, me puxando pra um beijo rápido.
— Tudo bem, vou acreditar em você.
Nós resolvemos que era melhor comprar o que iríamos comer antes que o filme começasse, então pedimos duas pipocas e dois copos de refrigerante para o garçom que ficava rondando ali pelo local. Não demorou muito pro filme começar depois disso. Eu passei meu braço pelos ombros de Danbi, tentando de alguma forma nos aproximar mais, o que era um pouco difícil, afinal estávamos dentro de um carro, mas ela acabou se entortando toda pra colocar a cabeça no meu ombro e assim ficamos até metade do filme, quando ela cansou e então foi minha vez de entrelaçar nossas mãos, me certificando que ficaríamos grudados de qualquer forma.
Em certos momentos do filme, tive que me esforçar pra não soltar algumas lágrimas, mas pude ouvir Danbi fungando baixinho vez ou outra e limpando o rosto rapidamente nas cenas mais emocionantes. Isso significava que ela tinha gostado, né?
Minha cena favorita começou a rodar e por algum motivo meu coração disparou forte. O personagem principal levantou sua garota no ar e eles se beijaram ali, no meio da rua, na frente de todos. Meus olhos caíram sobre Danbi, mesmo não podendo ver a frente de seu rosto, consegui ver pelas suas bochechas que ela sorria e sem ao menos perceber, eu estava sorrindo também.
Danbi fungou novamente quando a tela se escureceu e as luzes do lugar foram acesas e se virou para mim, então pude ver seus olhos inchados e o rosto parcialmente vermelho do choro. Sorri, passando a mão por suas bochechas para secá-las.
— Eu achei que eles não iam acabar juntos.
— Quando eu assisti pela primeira vez também pensei isso, ainda bem que teve um final feliz.
Comentamos um pouco mais sobre o filme e Danbi jurou que não tinha chorado em outras cenas além da final e eu só conseguia rir, me lembrando claramente de cada fungada que ela tentava disfarçar. Coincidentemente, sua cena favorita também era a mesma que a minha, já que segundo ela era um ''clichê perfeito pra um filme de romance clichê, não que eu odeie esse tipo de filme, muito pelo contrário''.
Nós tínhamos acabado de decidir que deveríamos passar num drive-thru para comprar sanduíches quando me lembrei que não estávamos ali para apenas ver o filme — e quem me dera fosse.
Um dos motivos daquele encontro também era conversar sobre nós e sobre o que iria acontecer daqui pra frente. Subitamente, uma onda de nervosismo tomou conta de mim quando percebi que aquele poderia muito bem ser o último — e talvez até primeiro — encontro decente que eu já tive com Danbi.
Ela pareceu perceber minha súbita mudança de expressão, pois juntou as sobrancelhas numa cara de preocupação também.
— O que foi? — tombou a cabeça pro lado, me encarando ainda. Suspirei, virando meu corpo para ficar de frente com ela.
— Eu quase esqueci... sobre aquilo.
Danbi suspirou alto, tirando os olhos de mim por alguns segundos, mas depois me encarando de novo. Ela virou o corpo, ficando de frente pra mim também.
— Eu realmente não sei como começar essa conversa... Na verdade, preferiria muito mais ter ela por mensagem, mas sei que isso não é a coisa certa a se fazer — assenti, sabendo exatamente como era aquele sentimento.
— Eu pensei muito no que eu queria falar, então vou falar tudo de uma vez e depois você me diz o que pensa, pode ser? — Danbi concordou e eu senti minhas palmas soarem de nervoso.
De repente, todo aquele ambiente do carro parecia pequeno demais e eu só conseguia pensar que daqui alguns minutos tudo poderia acabar. Engoli em seco, tentando me lembrar de como eu tinha começado o texto que ensaiei o dia todo na minha cabeça.
— Bom, eu já te disse que eu gosto muito de você, Danbi... e você também sabe que eu trabalho muito e que às vezes é difícil conciliar minha vida pessoal com minha carreira — Danbi assentiu, mordendo o lábio inferior e franzindo o cenho. — Com a tour começando eu vou ficar um bom tempo longe daqui, vou estar do outro lado do mundo, em um fuso-horário totalmente diferente do da Coréia e eu quero ser honesto com você, vai ser difícil da gente se falar, até mesmo por mensagem — suspirei alto, desviando o olhar para as pontas dos meus dedos que agora brincavam com os de Danbi. — Eu não tenho o direito de pedir para que você se prenda a mim, ou que se prive de conhecer outras pessoas por minha causa — voltei a encará-la, seu peito subia e descia tão descompassadamente quanto o meu. — Eu adoraria que hoje fosse o dia em que eu te peço em namoro, mas não acho justo com você e nem mesmo comigo, começar uma relação séria sendo que vamos estar tão longe.
— Jungkook...
— O que eu quero dizer é que você tá livre pra escolher como quer prosseguir com isso... com nós — a interrompi. — Se você acha que o melhor é nos afastarmos, eu vou entender seus motivos.
Eu e Danbi ficamos em silêncio por alguns segundos — que pareceram mais longos que o normal. Meu coração estava batendo tão forte dentro do meu peito que eu poderia jurar que ela iria ouvir cada batida. Engoli em seco quando vi que Danbi derrubou uma lágrima, secando rapidamente o rosto com a palma da mão.
Os olhos de Danbi brilhavam com mais lágrimas prontas para serem derramadas e senti meu peito arder de tristeza por ter causado aquilo. Tombei a cabeça pro lado, sentindo meu nariz arder pela vontade de chorar também.
Vi ela inspirar e expirar forte uma única vez antes de abrir um pequeno sorriso, o que me deixou bem confuso, sendo honesto.
— Eu pensei que você fosse me dar um pé na bunda.
Danbi falou aquilo com tanta tranquilidade e soou até como uma piadinha e eu não evitei sorrir, pois fazer graça no meio de uma conversa séria é a cara dela.
— Eu sei de tudo isso que você me falou, sei de todas as dificuldades que teríamos que enfrentar, eu sei disso — assenti, esperando que ela continuasse. — Eu tava me sentindo tão confusa em relação a você, pensando em como seria ter que lidar com sua falta e toda a saudade que eu ia sentir de estarmos juntos... E até agora eu não sei como vou lidar com isso, pra falar a verdade. E eu tenho medo, muito medo do futuro e de que eu possa estar tomando a decisão errada e acabar magoando você e a mim mesma depois... mas eu conversei com a Sooah hoje mais cedo e o que ela me disse fez tanto sentido, sabe?
— O que ela te disse? — perguntei, mas minha voz saiu um pouco falha pelo nó que havia se formado em minha garganta.
— Ela me disse que eu deveria lidar com o futuro quando ele chegasse — as mãos de Danbi foram parar no meu pescoço, a ponta dos dedos acariciando a minha pele e eu fechei os olhos brevemente, sentindo seu toque delicado em mim. — Disse pra eu perguntar pra mim mesma o que eu queria, sem pensar em obstáculos ou em futuros problemas. Só o que eu queria.
— E o que você quer? — murmurei, tendo a certeza que ela ouviria. Abri meus olhos, encarando o rosto de Danbi.
— Eu quero tentar.
Ela disse baixo também e eu pisquei algumas vezes enquanto pensava se tinha mesmo ouvido aquilo ou se foi alguma falha do meu cérebro. Danbi me encarava com um meio sorriso e os olhos guardavam um pouco de expectativa. Eu sorri, pegando sua mão e depositando um beijo em sua pele.
— Você quer tentar? — perguntei e, novamente, recebi uma confirmação.
— Eu não sei como a gente vai lidar com isso ou se ao menos vai dar certo, mas eu sei que não quero deixar de tentar e isso é o que importa, né? — assenti, entrelaçando nossos dedos.
— A gente vai fazer dar certo, de um jeito ou de outro.
Ela concordou, puxando minha mão e a beijando rapidamente também, depois apertando mais ainda nossos dedos.
— Nesse caso, quero te perguntar uma coisa — Danbi sorriu e eu esperei para que ela continuasse e pelo riso que ela tentava controlar no canto da boca, eu já imaginava o que era. Ela respirou fundo, soltando uma risada nervosa antes de falar. — Você quer namorar comigo?
Eu soltei uma gargalhada automaticamente, jogando a cabeça pra trás enquanto ria.
— Como você é besta, por que você tá rindo? — Danbi me deu um tapinha no ombro, mas riu também. — Algum problema em eu ter feito o pedido? Sou uma mulher independente.
Ri mais ainda com a última parte e depois de outro tapa no ombro, me recompus, mas ainda sentia vontade de rir pela sua feição.
— Não tem problema nenhum, só que eu queria ter feito o pedido — expliquei, mas Danbi deu de ombros.
— Você tava demorando demais, Jungkook.
— Eu já ia fazer, gatinha, mas você me atropelou e foi na frente — Danbi fez um biquinho, virando o rosto e fingindo estar emburrada. Eu sorri, levando minha mão até seu queixo, virando-a pra mim. — Mas respondendo a sua pergunta, sim, eu quero ser seu namorado.
Vi seus olhos brilharem e eu tinha certeza que ela via o brilho no meu olhar também. Danbi sorriu mostrando os dentes e sacudiu um pouco os ombros enquanto ria fraco e desviou o olhar rapidinho.
— Fiquei com vergonha agora — ela comentou enquanto fazia uma careta e vi suas bochechas ganharem um tom rosado. Meu coração disparou, achando a cena fofa demais, mas claro que eu não perderia a chance de caçoa-la um pouquinho.
— Você tá igual um camarão, todo vermelho — apontei pra sua bochecha e ela deu um tapinha em meu dedo enquanto ria e revirava os olhos. — Tô brincando, tô brincando — envolvi suas bochechas nas minhas mãos, aproximando nossos rostos. Meu sorriso diminuiu um pouco, mas ainda continuava lá quando ela roçava a ponta de seu nariz no meu. — Isso vai dar certo, eu te prometo.
Danbi assentiu antes de quebrar a distância entre nós, me beijando.
Internamente, eu sentia como se todo meu ser estivesse em chamas e a ardência que se instalou ali era de uma maneira boa demais pra ser verdade. E era assim que Danbi, a minha namorada, sempre me fazia sentir, como se eu estivesse sendo eletrizado de todos os jeitos e recebendo uma energia que me faz sentir vontade de viver tudo aquilo que tenho que viver.
Me lembrava a sensação de quando eu ouço uma música pela primeira vez depois de muito tempo, a euforia de ainda lembrar o ritmo e as batidas e os instrumentais, a animação no corpo que me faz levantar da cama só pra dançar e cantar alto a letra que ainda não tinha se apagado da minha mente. Era prazeroso e me fazia sentir vivo, assim como estar com ela.
E essa sensação era esplêndida, única e certeira em me fazer feliz.
_____
oie!
escrevi esse capítulo pelo celular, então se tiver algum erro ortográfico, podem me avisar.
esse capítulo tá relativamente curto, mas acho que acrescentar algo a ele não faz muito sentido.
faz um tempinho que fiquei escrevendo ele pelo bloqueio e ainda aconteceram tantas coisas essa semana que ficou cada vez mais difícil, mas tirei a manhã de hoje pra terminar e finalmente saiu, acho que não ficou tão ruim assim.
gostaram que a danbi pediu ele em namoro? eu achei tão legal colocar ela pra decidir como as coisas iriam acontecer entre eles e também como o jungkook é ciente da vida dele e como isso afeta seus relacionamentos. acho que ele ter deixado a escolha nas mãos dela, livre pra terminar ou tentar, sem pressão nem nada, foi a melhor opção.
espero que tenham gostado desse novo passo entre eles, pois vai ser meio difícil daqui pra frente.
vejo vocês no próximo!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro