Allison Elizabeth Forbes

Mystic Falls, nunca pensei que pisaria nessa cidade novamente, mas existem circunstâncias que me trouxeram para cá e eu não posso apenas ignora-las. Eu carregava apenas uma mochila em minhas costas, como ainda tinham algumas roupas na casa da minha mãe, não precisei me preocupar em trazer uma quantidade grande de pertences. 

Caminhando pela cidade, tentei ligar para a minha irmã, mas ela não atendia ao telefone, não importa quantas vezes eu tentasse ligar, Caroline simplesmente não atendia. Também tentei ligar para a minha mãe, mas como ela deve estar horário de trabalho, nem me importei em não ser atendida por ela.

Como a minha família não tem o costume de deixar a chave em baixo do tapete, resolvi passar um pouco da tarde no meu lugar favorito nesta cidade. O Grill.

Assim que passo pela porta da frente, aquele cheiro familiar toma conta dos meus sentidos, claro, sem contar com o cheiro de bebida alcoólica, mas o cheiro do delicioso hambúrguer que fazem aqui, é impossível não sentir o estômago roncar ao imaginar um deles na minha frente. Porém, não é o hambúrguer em si que me faz ter água na boca, são as batatas fritas que vem como acompanhamento.

Olho em volta para ver se tinha alguém que eu conhecia, mas parece que todos resolveram sumir dessa cidade, pois não encontrei ninguém até agora, nem mesmo o Matt está aqui no Grill.

— Com licença! - chamei um dos garçons do local — Você pode me dizer se Matt Donovan ainda trabalha aqui?

— Ele tirou um turno de folga. - respondeu o garçom, enquanto anotava um dos pedidos em seu caderno.

Depois disso, o garçom saiu de perto de mim e se direcionou a outra mesa, que estava chamando, me deixando lá sem poder ter a oportunidade de fazer mais perguntas.

Respiro fundo e me direciono ao balcão, onde geralmente as pessoas vão para pedir vários copos de tequila ou qualquer outra bebida alcoólica. Assim que me sento, em um dos bancos, uma garçonete veio me atender. Como eu não estava afim de beber, acabo pedindo uma porção das batatas fritas que eu gosto.

Deixei o meu celular em cima da mesa, passei alguns minutos encarando a tela do aparelho, esperando que minha irmã retornasse alguma das ligações ou ao menos mandasse alguma mensagem.

— Aqui está. - falou a garçonete, colocando uma porção de batata frita na minha frente.

Agradeci com um sorriso e comecei a comer, a crocância daquelas batatas trazia uma explosão de sabores na boca, me causando uma sensação de nostalgia, pois sempre pedia a mesma coisa desde a época em que Caroline e eu éramos crianças e eu ainda morava aqui.

Enquanto eu estava comendo, me distrai com uma mulher que estava bebendo sozinha, mas não muito distante de mim. Fico encarando seu rosto, tinha algo na expressão dela que trazia uma tristeza para o seu olhar, existia solidão dentro dela.

De repente, aquela mulher percebe que eu estou a observando e me encara, aquela troca de olhares me assustou, mas o que mais me pegou de surpresa foram as batidas do meu coração que dispararam assim que os nossos olhos encontraram um ao outro, me fazendo desviar o olhar poucos segundos depois.

Eu encarava aquelas batatas fritas de forma estática, pois eu ainda conseguia sentir o olhar dela sobre mim. Por um momento fechei os meus olhos, desejando que ela desviasse o olhar ou me ignorasse pois cada parte do meu corpo estava sentindo seu olhar sobre mim e aquilo fazia meu coração querer sair pela boca.

— Você parece familiar. - a voz dela era calma, transmitindo uma certa curiosidade.

Meus olhos se voltaram para ela, apenas para ter certeza se era comigo que a mulher estava falando e para a minha surpresa, ela estava olhando diretamente para mim. O olhar dela era sereno, quase cerrado, a garota parecia estar me analisando cuidadosamente.

— Já nos conhecemos? - perguntou, virando o seu corpo para mim.

— Não, mas você deve conhecer a minha irmã. - continuei observando ela calmamente, diferente do meu coração que parecia não querer se acalmar — Minha mãe sempre falou o quanto Caroline e eu nos parecemos.

— Caroline é sua irmã? - ela parecia surpresa. — Nunca vi vocês duas juntas.

— Eu não moro em Mystic Falls. - expliquei, voltando a comer as batatas — Vim para resolver alguns assuntos com a minha família.

Então, um sorriso genuíno cresceu nos lábios da loira, alguma coisa passava pelos seus pensamentos, mas eu conseguiria deduzir o que seria, o que atiçou a minha curiosidade sobre ela. Sem dizer nada, ela voltou a sua atenção para o copo de bebida alcoólica que estava na sua frente.

Acredito que você essa seria o momento perfeito para cada uma seguir um rumo e nunca mais nos falarmos novamente, mas alguma coisa dentro de mim queria saber mais sobre ela, sinto que ela tem muita coisa a dizer sobre si mesma.

Vi a loira virando todo o líquido do copo dela e se levantando para ir embora, no impulso, acabado me levantando também e segurando o seu pulso, sentindo um calafrio pela frieza de sua pele. Ao receber um olhar reprovador da mulher, solto na mesma hora, me arrependendo de ser tão impulsiva.

— Allison. - foi a primeira coisa que saiu da minha boca — Meu nome é Allison.

Ela me analisou novamente, pensei que ela iria me xingar ou reclamar que eu estaria forçando uma intimidade, mas ela apenas sorriu em minha direção.

— Me chamo Rebekah. - respondeu de forma doce — Dê lembranças a sua irmã.

Ainda em êxtase, demorei um tempo para perceber que ela estava apontando para o meu celular em cima do balcão, no qual a tela estava indicando uma ligação onde o nome da minha irmã estava destacado.

Rapidamente peguei o celular em mãos e atendi a ligação, ouvindo o som da voz da minha irmã do outro lado da linha. Não consegui responder a minha irmã de imediato, pois meus olhos ainda focavam no sorriso da loira enquanto ela se afastava acenando brevemente para mim.

— Allison? - perguntou Caroline, pela terceira vez — Está tudo bem?

Só consegui falar alguma coisa quando vi Rebekah saindo pela porta da frente, me fazendo voltar a realidade.

— Eu voltei para Mystic Falls. - respondi, voltando do transe.