Chapter 49
Rebekah sentia seu coração acelerar a cada passo que dava para mais perto do quarto em que Allison estava. Apesar de saber o quanto seu relacionamento era cheio de compreensão, amor e sinceridade, Rebekah sabia que sentimentos como ciúmes poderiam causar mais dor de cabeça que o necessário.
Parando de frente para o quarto, Rebekah se concentrou para analisar os barulhos que vinham de dentro do ambiente, sendo capaz de ouvir Allison mexendo no zíper de uma das malas.
Certamente, Rebekah não estava nada tranquila com isso, ela estava apreensiva, pensando em como deveria ser a melhor maneira de lidar com aquela situação. Respirando fundo, um pouco inquieta, Rebekah pôs sua mão na maçaneta.
Ao abrir a porta, Rebekah observou que Allison estava de pé, de frente para a cama, organizando as malas, retirando algumas roupas que seriam necessárias de imediato. Seus ombros estavam tensos, seu olhar, fixo nas roupas, nem mesmo desviou o olhar quem tinha acabado de entrar. E nem precisava, Allison poderia sentir o cheiro de Rebekah a quilômetros de distância.
— Amor? - chamou Rebekah, se aproximando em passos cautelosos.
Embora sua resposta não tenha vindo de imediato, Allison respirou fundo, já imaginando o tipo de conversa que elas iriam ter. Allison sabia que, mesmo confiando e amando Rebekah, ouvir aquelas palavras ditas pelo Klaus, não foi nada gratificante. Os seus nervos estavam à flor da pele, ela conseguia sentir cada músculo do seu corpo pedindo por extravasar aquele sentimento insistente originado dos seus pensamentos que conseguiam criar a imagem perfeita de tudo que saiu da boca de Klaus.
Allison percebia a aproximação cuidadosa de Rebekah e se aproveitou disso para fechar os olhos e se concentrar nos seus sentidos. Sua audição focava nos coraçõezinhos que batiam em uma frequência cardíaca estável, fazendo sincronia com o coração de Rebekah. Seu olfato, focando única e exclusivamente no cheiro de sua esposa, funcionando como uma essência tranquilizadora para os sentidos da híbrida.
— Olha, o que você ouviu...
Allison abriu os olhos, encarando Rebekah que estava sentada na cama a sua frente.
— Amor, eu sei que você teve outros relacionamentos no passado. - Allison controlava o tom de sua voz com maestria, apesar da agonia interna que sentia, ela jamais elevaria a voz para Rebekah. — Eu sei o que mil anos de vida significam e seu que o Marc...
A híbrida parou por um momento, sentindo novamente uma onda de raiva surgir de forma repentina.
— Que ele foi importante para você. - completou Allison.
Rebekah não precisava de mais explicações ou justificativas, ela estava ciente dos sentimentos que passavam pela cabeça de Allison. A relutância em falar do nome do Marcel em voz alta, era por si só uma afirmação disso. Tantos séculos ao lado de Klaus, fazia Rebekah perceber facilmente que ele queria afetá-la de alguma maneira, assim como fez com seus relacionamentos no passado. Klaus sabia exatamente o que deveria fazer e falar para machucá-la.
— Eu não sou controladora, nunca fui esse tipo de pessoa. - Allison pegou a mala, que estava em cima da cama, e a pôs no chão. — Mas ouvir o Klaus falando sobre isso daquela forma... Não posso fingir que não gostei de ouvir aquilo.
Rebekah inclinou sua cabeça, prestando atenção em cada palavra, admirando a forma como Allison conversava com ela e explicava sobre os seus sentimentos. O diálogo, algo tão simples, tão necessário, aquela habilidade de poder falar sobre o que lhe incomoda não era para todos.
Allison sentiu a mão de Rebekah sobre a sua, envolvendo-a com carinho enquanto puxava a híbrida para mais perto.
— Meu passado com o Marcel foi há séculos. - explicou Rebekah. — Você é o meu presente e fará parte do meu futuro. Não existe a menor possibilidade de algo voltar a acontecer entre o Marcel e eu.
Allison moveu sua cabeça em concordância, absorvendo as palavras ditas por Rebekah
— Você pode não ter sido o meu primeiro amor, mas foi o primeiro e único amor que eu realmente tive.
A híbrida desviou o olhar, como se tentasse esconder o sorriso involuntário em seu rosto, sentindo-se tocada pelas palavras afetuosas de Rebekah, e envergonhada por se sentir boba e vulnerável na frente dela.
A Mikaelson deu um sorriso satisfeito e direcionou o seu olhar até sua barriga.
— Ouviram isso? - perguntou Rebekah. — A mãe de vocês fica emburrada quando está com ciúmes.
Allison deixou escapar o som da sua risada ao ouvir aquilo, voltando seu olhar para Rebekah. A vampira sabia que falar com os bebês era algo que Allison adorava fazer e quando viu a Rebekah usando disso para trazer leveza à conversa, fez com que a híbrida sentisse seu coração se aquecendo.
— Eu não fico emburrada... - falou Allison, se ajoelhando no chão para ficar de frente para a barriga de Rebekah.
— A mamãe também é mentirosa. - sussurrou Rebekah, com um sorriso travesso.
Allison ficou incrédula com o que acabara de ouvir. No entanto, resolveu não questionar, a híbrida sabia que estava em desvantagem, eram três contra um. Allison passou os seus braços em volta da cintura de Rebekah e a puxou para si, encaixando o seu corpo entre as pernas dela.
— Se vocês ficarem do meu lado, eu compro quantos doces vocês quiserem. - sugeriu Allison, beijando a barriga de Rebekah.
— Então esse é o seu plano? - Rebekah arqueou a sobrancelha. — Chantagem? Sério?
—Acho que eu sou a única em desvantagem aqui. Preciso reivindicar minha posição de alfa na família.
Rebekah soltou uma gargalhada. Allison abriu a boca, incrédula, fingindo estar ofendida com aquele ataque pessoal.
— Está duvidando de mim?
Rebekah movimentou sua cabeça negativamente. Logo, aproximando a sua boca da orelha de Allison.
— É engraçado você falar isso quando é você que está de joelhos para mim.
Um arrepio percorreu pelo pescoço da híbrida, permitindo ser provocada.
— Todo alfa se ajoelha para a sua parceira. - Allison se apoiou na cama para ficar na mesma altura que Rebekah. — E eu não tenho vergonha disso.
Allison, por fim, beijou os lábios dela, colando seu corpo ao da vampira. Rebekah sorriu ao sentir a mão de Allison deslizando por dentro de sua camisa, tocando sua pele com a ponta dos dedos, causando arrepios na vampira.
— Mas, se esse tal de Marcel der em cima de você... - as mãos de Allison exploravam a pele macia e quente de Rebekah, fazendo-a arfar. — Eu vou ser obrigada a mostrar a ele quem é que manda.
Rebekah mordeu os lábios, sentindo o toque de Allison subindo pelas suas costas, se aproximando do feixe do seu sutiã.
— Eu vou adorar ver isso...
{...}
Na manhã do outro dia, Allison descia as escadas com calma, com o seu humor totalmente revigorado após uma ótima noite de sono. Rebekah, igualmente bem humorada, estava terminando de trocar suas roupas para elas poderem visitar a cidade e achar alguma pista do seu irmão desaparecido, Elijah Mikaelson. A única pista que Rebekah sabia que teria que averiguar, era uma bruxa bem famosa na cidade, Sophie Deveraux, que parece estar ligada magicamente a Hayley e estava a usando como garantia de que Klaus e Elijah iriam conseguir acabar com o império do Marcel e o domínio dele sobre as bruxas de Nova Orleans.
Chegando na cozinha, Allison se deparou com Hayley, tomando um copo de suco e com um prato sujo por farelos de alguma coisa que ela acabara de comer. O sorriso da loba se abriu ao ver a híbrida novamente, já que na noite anterior elas não tiveram a chance de conversar.
— Allie... - falou Hayley, em um sorriso. Se levantando da cadeira apenas para abraçar Allison. — Não esperava te ver aqui.
— Nem eu, mas a Rebekah queria vir e eu não podia deixar ela vir sozinha.
Enquanto abraçava Hayley, seus ouvidos acabaram captando uma frequência cardíaca diferente, o que a fez franzir o cenho e se afastar de Hayley.
— Espera... - falou Allison, dando um passo para trás e encarando a barriga da loba a sua frente. — Hayley, você...
Allison ficou boquiaberta, focando sua audição nos sons que vinham do útero de Hayley, suas sobrancelhas se arquearam e um sorriso surpreso surgiu em seus lábios.
— Pois é, parece que nós duas nos envolvemos demais com essa família...
Allison apoiou suas mãos nos joelhos e se aproximou da barriga de Hayley, deixando a loba surpresa com aquele ato.
— Oi... - Allison sorriu, baixando o tom de sua voz. — Sabia que você vai ter dois primos? Tenho certeza que nunca vai se sentir só.
Hayley riu, observando a forma doce com que Allison falava com o bebê em sua barriga.
— Falando nisso, como é que a Rebekah ficou grávida? - perguntou Hayley, demonstrando sua confusão. — Não sabia que vampiros podiam engravidar.
Allison se colocou de pé novamente, encarando Hayley.
— E não podem, mas aprendi que uma bruxa poderosa e vingativa, pode surpreender com uma poção milagrosa... - falou Allison, sorrindo ao lembrar da noite em que tudo aconteceu.
— Bem que eu percebi que a Rebekah parecia diferente ontem a noite. Ela parecia mais...
— Não fale isso perto dela! - interviu Allison em um sussurro. — Ela quase jogou a mala pela janela quando percebeu que sua calça favorita estava um pouco... apertada.
— Eu ia dizer mais radiante. - respondeu Hayley, entre risos.
Allison respirou aliviada, enquanto ria junto da loba.
— Quanto tempo faz? - perguntou Allison. — A frequência cardíaca é mais alta.
Hayley não respondeu de imediato, pensando a respeito.
— Um pouco mais de dois meses.
Allison arqueou as sobrancelhas.
— Você parece calma... Rebekah mal entrou no segundo mês e parece que a cada dia eu estou mais perto de dormir na casinha do cachorro.
Hayley não se conteve, sua risada era alta e impossível de controlar.
— Ei! - Allison ficou boquiaberta. — Não ria de mim.
— Desculpa... - pediu Hayley, entre risos.
— Allison sua mania de rir para outras garotas quando eu não estou por perto...
Hayley e Allison olharam para a porta da cozinha, vendo Rebekah entrando do ambiente, se juntando à conversa. Assim que a vampira se aproximou, ela passou seus braços em volta da cintura de Allison.
— Nem mesmo grávida eu tenho um pouco de paz. - falou Rebekah, inclinando sua cabeça para beijar a híbrida. — Onde está aquele bastardo do meu irmão?
Hayley deu de ombros.
— Quando eu acordei ele não estava mais aqui.
— Ótimo, teremos muito tempo livre para ir à cidade. - respondeu Rebekah, se distanciando de Allison. — Precisamos ir.
— Onde vão? - perguntou Hayley
— Falar com a bruxinha que está ligada a você, Sophie Deveraux. - falou Rebekah. — Ela pode me ajudar a rastrear Elijah.
— Quer vir? - perguntou Allison.
— Claro, eu preciso comprar uma coisa na cidade...
— Então vamos logo, não quero perder mais tempo. - afirmou Rebekah, antes de puxar Allison para seguir ela.
{...}
No cemitério sagrado das bruxas ancestrais, Rebekah e Sophie Deveraux conversavam – discutiam – enquanto Allison explorava um pouco daquele cemitério, observando e lendo os nomes de cada lápide. Durante aquela conversa, Sophie passava o olhar pelo ambiente, sentindo uma fonte de energia vindo de algum lugar, mas não sabia distinguir a fonte.
— Eu já disse que não posso usar magia. - afirmou Sophie, parando de andar para ficar de frente para Rebekah, que tinha se sentado em uma das pedras.
— Uma bruxa que não pode usar magia é inutil. - rebateu Rebekah. — Não tem medo do que eu possa fazer com você se não fizer o que eu quero?
Sophie cruzou os braços, arqueando a sobrancelha.
— Se eu fizer magia eu morro, Marcel vai vir atrás de mim e vai me matar.
Allison, ouvindo aquele nome novamente, revirou os olhos.
— Desculpe, mas eu não tem nada que eu possa fazer. - Sophie deu de ombros.
— É inútil… - Rebekah se levantou. — Amor, vamos embora.
A híbrida concordou, se virando para se juntar a Rebekah e voltarem para a cidade. Sophie iria apenas observar as duas irem embora, mas, quando Allison passou ao seu lado de Deveraux, aquela essência mágica pairou no ar novamente. Sophie estava acostumada a sentir energia mágica de lobos normais, mas havia algo de diferente da Allison.
— Espera… - Sophie deu um passo a frente, chamando atenção das duas garotas. — Você… Você não é um lobo comum.
— Eu sou híbrida.
Sophie negou.
— Tem magia ancestral em você, porque? - Sophie parecia confusa, mas curiosa.
— Você consegue sentir? - perguntou Allison, trocando olhares com a bruxa.
Sophie Deveraux movimentou sua cabeça em concordância, dando mais um passo para próximo de Allison, recebendo um olhar cerrado de Rebekah.
— Os seus olhos… - Sophie inclinou sua cabeça para o lado, analisando a íris da híbrida. — Eu já vi essa heterocromia em algum lugar. De onde vem isso?
— Hécate, ela era a…
— Loba guardiã de Qetsiyah, a bruxa que criou os primeiros seres imortais, Silas e Amara. - completou Sophie. — Não são todas as bruxas que são merecedoras de um lobo desses.
— E ela é minha, obrigada pela palestra histórica sobre as bruxas.
Allison riu, tendo o seu braço sendo puxado por Rebekah, claramente incomodada com a aproximação e interesse de Sophie Deveraux.
Os olhos analíticos da bruxa passaram por Rebekah, rastreando uma nova fonte de magia e seus olhos a levaram diretamente para a barriga da vampira. Sophie arregalou os seus olhos, tampando a boca com uma das mãos.
— Você está grávida. - afirmou Sophie, ainda surpresa. — Eu consigo sentir a presença mágica deles, é forte e poderosa.
Então, Sophie intercalou brevemente entre a vampira grávida e a híbrida ao seu lado. Assimilando tudo que acaba de descobrir.
— Existe um antigo presságio entre as bruxas sobre os gêmeos de magia poderosa: Do ventre de um imortal, nascerão dois, unidos pelo sangue e pela herança mágica. Separados serão forças dispersas; juntos, serão imparáveis.
Sophie recitou cada palavra em um tom sério, mostrando dominância sobre o assunto, prendendo a atenção das mulheres à sua frente enquanto tinha os seus olhos fixos na barriga de Rebekah. Antes de continuar, Sophie encarou elas novamente.
— Existe um ritual antigo, feito por bruxas parteiras, para descobrir o sexo dos bebês antes do nascimento, eu poderia…
— Eu pensei que não pudesse usar magia na cidade. - questionou Rebekah.
— Não preciso usar magia, é uma tradição antiga, depende apenas da intuição de uma boa bruxa. - explicou Sophie. — É um procedimento simples, tenho tudo que preciso aqui.
Rebekah, ainda desconfiada, trocou olhares com Allison, tentando decifrar a opinião da híbrida sobre isso.
— Porque quer ajudar? - perguntou Allison, pondo a mão na cintura de Rebekah. — Você se ligou a Hayley e ela também está grávida.
— Eu não tenho nada contra ela ou o bebê que ela carrega. - afirmou Sophie. — Também sou capaz de sentir a herança mágica daquele bebê, mas eu precisava de alguma garantia de que o Marcel iria ser derrotado. Não tenho intenção de fazer mal a nenhum dos dois.
Allison ficou pensativa, ela sentia que Sophie não estava mentindo, mas ainda sim, com seu novo instinto protetor sobre Rebekah e os bebês, Allison não se sentia à vontade em confiar nela tão facilmente.
Respirando fundo, fazendo uma última troca de olhares silenciosos com Rebekah, elas pareciam estar de acordo com a decisão.
— Pode fazer. - afirmou Rebekah, vendo Sophie movimentar a cabeça em concordância.
{...}
Sophie tinha juntado todos os materiais de que precisava, Rebekah estava deitada com a cabeça no colo de Allison, na mesma estrutura de pedra em que ela estava sentada enquanto conversava com Deveraux.
A bruxa fechou os olhos enquanto segurava dois medalhões, posicionando-os em cima da barriga de Rebekah. Sophie não precisaria usar da sua magia, os próprios bebês poderiam ser capazes de guiar a bruxa nesse ritual.
— Isso vai funcionar? - perguntou Rebekah, impaciente.
— Estou tentando me concentrar…
Rebekah soltou um longo suspiro, revirando os olhos.
Deveraux começou a sussurrar palavras desconexas, incentivando a magia dos gêmeos para que ela pudesse descobrir o gênero deles. Alguns segundos se passaram e pequenas rajadas de vento começaram a passar pelas três mulheres.
Os medalhões balançavam, mostrando rapidamente as suas duas faces, cada uma delas indicava uma resposta diferente, o vento se tornou mais forte quando Sophie abriu os olhos e pôs a mão na barriga de Rebekah, fortalecendo ainda mais aquele vínculo.
De repente, aquele vento parou, os medalhões pararam de se mover como se alguma força mágica segurasse eles.
— Funcionou? - perguntou Allison.
Sophie, antes de responder, verificou a resposta dos medalhões e sorriu.
— Parabéns mamães… - Sophie mostrou os medalhões para elas. — Vocês vão ter uma linda menina e um lindo menino.
A boca de Rebekah se abriu em um sorriso largo, não sabendo lidar com aquela notícia, os olhos brevemente marejados de felicidade, a vampira agarrou com mais força o braço de Allison, que estava sobre ela, enquanto encarava os seus olhos.
Allison demonstrava estar igualmente feliz, a híbrida não conseguia parar de sorrir enquanto imaginava duas pequenas crianças, um menino e uma menina, correndo pela casa e chamando as duas de mãe.
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