Chapter 28
Com o sol iluminando gradativamente o quarto de Allison, as duas garotas dormiam profundamente, principalmente Rebekah, que pela primeira vez durante muito tempo, dormia tranquilamente e de forma profunda. Ambas estavam agarradas entre si, se aconchegando e aproveitando do calor corporal uma da outra.
Ao lado de Allison, Rebekah se sentia segura em baixar a sua guarda para dormir ao lado da mulher que ela estava amando. Poderiam facilmente falar que uma bomba explodindo no quintal não seria o suficiente para acordá-la, mas claro, Rebekah ainda era uma vampira original com uma audição invejável, isso com certeza a acordaria.
Allison Elizabeth Forbes
Abri os meus olhos de forma lenta, despertado os meus sentidos um por vez, enquanto esticava o meu corpo de forma preguiçosa. Ao tentar me mover, percebi que um dos meus braços estava entrelaçado ao corpo de Rebekah, que ainda dormia.
Sua respiração estava calma, seu rosto tranquilo, o que me surpreendeu, Rebekah parecia estar dormindo tão profundamente quanto um bebê. Diferente das outras vezes em que a vi dormir, dessa vez suas feições estavam calmas, o que me fez sorrir.
— Tão linda... - sussurrei para mim mesma, mesmo sabendo que correria o risco da vampira acordar, mas ela não acordou.
Faço uma pequena tentativa de tirar o meu braço, para poder me movimentar melhor na cama, apenas de já imaginar que não daria certo, me surpreendo quando faço o primeiro movimento e Rebekah ainda permanece com os olhos fechados e expressões relaxadas. Após mais algumas tentativas, consigo tirar totalmente o meu braço de cima dela.
Rebekah ainda estava dormindo, por um momento, até me preocupei sobre o seu bem estar, mas quando usei a minha audição para escutar suas respiração, assim como as batidas de seu coração, me acalmei pois vi que estava tudo certo.
Mas seu sono logo é interrompido com o repentino toque do meu celular, que fez Rebekah abrir os olhos de forma imediata, estragando todo o cuidado que eu tive até agora.
— Desculpa por isso. - lamentei, me sentando para buscar meu celular na cômoda — Eu deveria ter deixado no silencioso.
Quando leio o nome de quem estava me ligando, percebi que era um dos alunos representantes da minha turma, me fazendo franzir o cenho, já que não imaginava qual seria o motivo daquela ligação. Até que, antes de atender a ligação, meus olhos batem diretamente em uma tela em branco que ainda estava embrulhada da mesma forma que foi comprada.
— Ah não... Não! - me levanto um pouco desesperada da cama, sentindo uma espécie de tontura repentina que me fez me sentar novamente no colchão.
Meu corpo estava um pouco fraco, me fazendo lembrar também que ainda não tinha me alimentando de sangue humano como o planejado.
— O que foi? - perguntou Rebekah, confusa enquanto arrumava brevemente os fios rebeldes de seu cabelo.
— Meu quadro, eu esqueci que tinha que entregar. - falei, sentindo um pouco de desespero — E eu nem tirei ele da embalagem.
Rebekah ficou surpresa ao olhar para a tela, que estava jogada no canto do meu quarto. Ainda percebendo que a ligação ainda estava na tela do meu celular, respirei fundo e resolvi atender. Após breves cumprimentos, a pergunta sobre a tela logo foi feita, me fazendo sorrir de forma forçada.
— Claro que lembro. - respondi, fingindo confiança, fazendo Rebekah segurar um riso — Ela já está quase finalizada, faltam apenas alguns detalhes.
Falei tudo aquilo olhando para a tela em branco, evitando dizer que os "detalhes" que faltavam, eram apenas a tela inteira. Depois que a pior pergunta tinha passado e o representante de turma estava me fazendo outras perguntas e me dando alguns avisos sobre a graduação do curso, resolvi me sentar na cama, pois não me lembro do momento em que eu fiquei em pé no meio do meu quarto.
Assim que me sentei, senti Rebekah me abraçando, pondo o seu queixo apoiado em meu ombro, esperando pacientemente enquanto eu falava ao celular. Pouco tempo depois eu já estava desligando a chamada.
— Bom dia. - disse Rebekah, beijando meu rosto em um gesto de carinho, me fazendo sorrir.
Virei meu rosto para dar um beijo sem seus lábios.
— Bom dia. - falei, após o beijo — Dormiu bem?
Rebekah confirma, me deixando feliz. Viro meu corpo de frente para ela e retribuo o abraço, beijando carinhosamente a sua bochecha, fazendo-a sorrir.
— Já decidiu o que vai pintar? - perguntou Rebekah, após retribuir o meu beijo.
Antes de responder, fico pensativa sobre o que realmente entregar nessa pintura, já que teria que ser algo que traga emoções profundas, além de técnica. Teria que ser algo importante para cada aluno, sem ser algo muito superficial.
— Ainda não, mas tenho algumas ideias. - falei, deixando minha imaginação livre para decidir.
— Vai começar hoje? - ela perguntou, recebendo uma confirmação como resposta.
— Provavelmente. - respondi, apoiando minha cabeça em seu ombro, recebendo um pequeno cafuné — Não quero demorar muito para fazer, tenho que entregar logo.
Antes de falar alguma coisa, Rebekah fica quieta por alguns segundos, como se tivesse escutando alguma coisa, mas antes que eu pudesse sanar a minha curiosidade sobre o que ela escutava, Rebekah logo se pronuncia.
— Parece que Caroline já providenciou uma refeição para você. - comentou Rebekah, voltando sua atenção para mim — Mas não se contente com coelhos ou bolsas de sangue, você ainda precisa ter o controle da mordida.
Até então eu prestava atenção no que Rebekah estava me falando, mas quando meu cérebro processou uma palavra específica, ergui minha cabeça para encará-la com um olhar confuso.
— Espera. - franzi o cenho — Como assim "coelhos"?
Antes que Rebekah pudesse me explicar o motivo de um animal então fofo ser citado como fonte de alimento, o celular dela começa a tocar, sinalizando uma ligação. Quando Rebekah percebe quem está ligando, suas sobrancelhas arquearam em surpresa, atendendo a chamada de imediato.
De forma inconsciente, acabei me aproveitando da minha audição aprimorada para ouvir um trecho da conversa no telefone.
— Bekah, não pensou em contar para o seu irmão mais bonito que está namorando? - falou um homem, de forma bem humorada.
— Kol, como soube? - perguntou Rebekah.
— Só pisei nessa cidadezinha por alguns segundos e parece que as notícias se espalham rápido por aqui. - explicou Kol.
Julgando pelo barulho que fazia ao fundo da ligação do Kol, posso deduzir que ele está ocupado movendo alguma coisa pesada, mas apenas ouvindo, não consigo dizer o que seria.
Sem querer invadir ainda mais a privacidade da Rebekah, paro de ouvir aquela conversa e me levanto da cama, indo em direção ao quadro que eu teria que pintar, tirando-o da embalagem e posicionando ele em meu cavalete, que também estava no canto do quarto.
Por alguns segundos, fico analisando todo o branco da tela, de fato, eu tinha algumas ideias do que eu poderia tentar pintar, mas nenhuma delas parecia trazer a emoção que eu buscava para a minha pintura.
Foi quando meus olhos pousaram sobre Rebekah, que apesar de estar falando com um de seus irmãos, seus olhos estavam em mim, observando o que eu fazia. Naquele momento, uma nova ideia surgiu na minha mente e eu sabia exatamente o que fazer.
Na mesma hora, peguei o primeiro lápis que encontro e começo a fazer um breve esboço, apenas para não esquecer de todos os detalhes que eu queria. Enquanto me distraía com o lápis sobre a tela, só percebi que Rebekah já tinha terminado a ligação com o Kol, quando sinto suas mãos em meus ombros.
— Está inspirada... - elogiou Rebekah, observando meu confuso esboço — O que vai ser?
— Não vou te falar. - falei, levantando o meu rosto para ver uma expressão incrédula em seu rosto — É surpresa, vai ver quando tiver pronto.
— Sendo assim... - Rebekah se distanciou — Não te contar para onde vou.
Dessa vez foi a minha vez de olhar para ela de forma incrédula, Rebekah estava mesmo fazendo aquele joguinho comigo como forma de vingança.
— Eu não acho isso justo. - reclamei, vendo ela rir satisfeita.
Rebekah fica de frente para mim, segurando o meu rosto com suas duas mãos e aproximando nossos rostos.
— Seja uma boa garota, de noite vou te mostrar como vampiros caçam. - falou Rebekah, juntando nossos lábios em seguida.
— Sem coelhos? - perguntei, a fazendo rir.
— Quero que você tenha disposição para aguentar nossas brincadeiras noturnas. - comentou Rebekah, com um sorriso sugestivo — Sangue animal está fora do seu cardápio.
Então, ela se despediu, me dando um último beijo antes de ir e me deixar sozinha no quarto, pensando no quanto meu desejo por ela aumenta a cada minuto que passamos juntas. Quando a vi saindo do quarto, a sensação de não tê-la perto pode se comparar a um sentimento de vazio, como se algo tivesse faltando.
Telespectador
Caroline estava no andar de baixo, checando as mensagens em seu celular, recebendo atualizações sobre como anda a marca do caçador no braço de Jeremy, mas a tatuagem estava crescendo em um ritmo muito lento, eles logo precisarão pensar em um plano para adiantar aquele processo e conseguir a cura o quanto antes.
Apesar de entretida com o celular, seus instintos estavam ligados o tempo todo, assim como qualquer vampiro que não seja burro o suficiente para cair em uma emboscada. Caroline parou de mexer no celular quando escutou o primeiro barulho estranho na sua casa, aqueles passos eram completamente estranhos.
Caroline estava de costas para o barulho, mas seus ouvidos estavam captando qualquer movimento, assim que os passos ficaram perto o suficiente, a loira aproveitou que estava na cozinha e pegou uma das facas que estava a sua frente, ameaçando imediatamente a pessoa que apareceu atrás de si.
Quando os olhos de Caroline finalmente enxergaram o dono, ou a dona, daqueles passos, ela se viu indignada.
— É você. - Caroline falou de forma tediosa, colocando a faca no seu lugar de origem.
— Bom dia, para você também, Caroline. - Rebekah comentou de forma sarcástica.
Caroline tinha uma resposta afiada e provocativa na ponta da sua língua, mas seus pensamentos foram completamente interrompidos quando percebeu a vestimenta que Rebekah usava, tal vestimenta costumava ser vista na sua irmã mais nova, Allison.
— Isso é um ursinho? - Caroline ficou surpresa, pondo a mão em sua boca para esconder um riso — Acho que me preocupei à toa, não tem como alguém vestindo isso machucar a minha irmã.
Rebekah se sentiu tentada pelo seu orgulho, para tentar fazer com que Caroline parasse com aquelas piadas, mas ela ainda era a sua cunhada.
— Continue rindo, Caroline. - Rebekah comentou, sentindo o seu orgulho sendo ferido — Sua sorte é que eu estou de bom humor.
Ainda olhando para a forma como Rebekah estava vestida, Caroline deixou escapar algumas risadas, fazendo a vampira original cerrar os olhos para encarar a Forbes mais velha.
— Desculpa. - Caroline começou a ter uma pequena crise de riso — Eu tentei controlar, mas...
— Como eu queria poder quebrar o seu pescoço agora... - Rebekah falou uma última vez, antes de sair da casa e entrar no seu carro.
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