Allison Elizabeth Forbes

Meu corpo estava deitado sobre algo macio, meus olhos ainda estavam fechados, mas eu conseguia sentir o cansaço tomando conta do meu corpo. Eu não conseguia lembrar de quase nada do que aconteceu antes de apagar, mas alguns flashbacks apareciam para mim, conforme eu me obrigava a lembrar.

Ainda de olhos fechados, estico o meu corpo sentindo alguns estalos pela minha coluna, me fazendo sentir um alívio de imediato. Então eu finalmente abro os meus olhos, bocejando logo em seguida. Quando percebo o ambiente à minha volta, percebo que estou no quarto da Rebekah.

As cortinas estavam fechadas, deixando o quarto mais escuro apesar de perceber a luz batendo contra a cortina. Já estava de dia. Bocejo mais uma vez, posso sentir que dormi por um longo tempo depois da transformação, mas não parecia ter sido o suficiente, meu corpo ainda continuava dolorido apesar de estar deitada sobre essa cama super confortável.

Então, mais um flashback atinge a minha mente, a imagem de um outro lobo veio nas minhas memórias, mas não era um lobo qualquer, ele parecia familiar.

Me sento na cama, ao olhar para baixo, percebo que estou com um pijama, não preciso de muito para perceber que era um dos pijamas de cetim da Rebekah, pois consigo sentir o seu perfume no tecido da blusa.

Eu estava sozinha no quarto, mas posso sentir que ela estava ao meu lado enquanto eu dormia, pois o seu lado da cama estava um pouco bagunçado. Antes que eu pudesse me perguntar onde Rebekah está, sinto um cheiro delicioso vindo do lado de fora do quarto.

Me levanto da cama e vou na direção do cheiro, conforme eu ia andando pelo corredor, o cheiro ficava ainda mais forte, meu estômago já estava começando a roncar. Quando eu finalmente estava descendo para o andar de baixo, de longe, já pude ver Rebekah na cozinha, preparando alguma coisa.

Resolvi não falar nada, apenas me aproximar de forma sorrateira, sei que ela é uma vampira, então as chances de isso dar certo são quase mínimas, mas não inexistentes. Rebekah parecia estar bastante focada em não queimar as panquecas, não parecia me ouvir chegando.

— Não sabia que cozinhava. - falo assim que cheguei ao seu lado, dando um susto na vampira, que a fez quase derrubar a frigideira que segurava.

Assim que ela conseguiu colocar a frigideira de volta no lugar, recebi um olhar ameaçador vindo dela, o que me fez segurar o riso.

— Sabia que não se deve assustar uma vampira original? - Rebekah arqueou as sobrancelhas — Eu poderia ter quebrado o seu pescoço.

— Posso conviver com esse risco. - falei com um sorriso provocativo — Por que está cozinhando? achei que os vampiros se alimentam apenas de sangue.

— Não é para mim... - Rebekah pigarreou, voltando sua atenção para o alimento na frigideira.

Um sorriso cresce em meus lábios, Rebekah não admitia que estava fazendo café da manhã para mim, mas a sua forma tímida de falar nas entrelinhas era o bastante. Aproveito que ela não estava mais me olhando e me aproximo dela, passando os meus braços entre os seus, abraçando sua cintura enquanto ela cozinhava.

Nossa altura era quase a mesma, mas eu ainda conseguia ser poucos centímetros mais alta que ela, o que facilitou quando coloquei minha cabeça em seu ombro, me encaixando perfeitamente nela.

— Você se lembra de alguma coisa? - perguntou Rebekah, em relação a ontem.

— Algumas coisas. - afirmo — Mas na maioria das vezes eu não me lembro de nada. Por que? Eu fiz alguma coisa?

Rebekah riu.

— Você rosnou para mim. - falou entre risos — Achei bem ofensivo.

— Disso eu lembro. - comecei a rir — Eu tinha mandado você correr, mas lá estava você, no meio da floresta.

— Achei que você não controlasse o seu lado lobo. - comentou Rebekah, colocando a panqueca no prato e desligando o fogão — Mas você pareceu se controlar bem.

— Somos guiados pelos instintos. - respondi — E eu meio que precisava salvar você de novo, então...

Rebekah me olhou incrédula, como se tivesse se sentido ofendida.

— Eu sei cuidar de mim mesma. - suas sobrancelhas arquearam.

— É claro que sabe. - falo, sorrindo de forma provocativa.

Rebekah me encara com os olhos cerrados, o que me faz rir, provocar ela acaba de se tornar um dos meus passatempos favoritos. Fico um tempo encarando-a, sentindo o meu coração bater mais forte para cada detalhe que meus olhos captavam de seu rosto.

— Não vai comer? - perguntou Rebekah — Vai esfriar.

Então, voltei para a realidade, no qual eu precisava me afastar dela para poder me sentar na mesa e comer o que ela tinha preparado, mas se eu pudesse escolher, eu continuaria aqui, abraçando-a e sentindo o calor do seu corpo sobre o meu.

Concordo em um som nasal e a soltei, sentindo falta do seu toque e do seu perfume. Vejo Rebekah se distanciando de mim, pegando o prato e indo até a mesa. Ainda fiquei a olhando durante seu trajeto, enquanto me perguntava em qual momento eu tinha me apaixonado por ela tão rápido, a resposta parecia incerta, mas sei que meus sentimentos eram verdadeiros.

— Allison! - Rebekah riu ao me ver parada no mesmo lugar, olhando para ela — Vai ficar parada aí?

— Só estava pensando. - falei com um sorriso, finalmente andando até ela. 

{...}

Eu já estava terminando de comer, Rebekah tinha ido pegar um pouco de sangue que estava em um frigobar no seu quarto. As panquecas estavam muito saborosas, não imaginei que ela cozinhava tão bem assim, mas consigo perceber que faz um bom tempo que ela não cozinha, pois consegui ver uma panqueca queimada no lixo.

Assim que dou a minha última garfada na comida, me levanto e coloco o prato sobre a pia, para que eu possa lavar, mas antes de ligar a torneira, a campainha toca. Em um primeiro momento, fico sem saber se deveria atender, pois a casa não é minha.

Por sorte, Rebekah aparece, descendo as escadas, com uma taça em mãos, contendo sangue dentro dela. Então, a campainha toca mais uma vez, fazendo Rebekah ficar indignada.

— As pessoas dessa cidade não sabem esperar? - reclamou Rebekah, tomando um gole do sangue.

Aquilo me fez rir, não tinha visto o quanto Rebekah poderia perder a paciência em questão de segundos, já que ela nunca me tratou assim. Vejo Rebekah abrindo a porta principal, mas não consigo ver quem estava na porta.

— Posso ajudar? - Rebekah usou um tom irônico — Ou prefere quebrar a porta da minha casa?

— Bom dia para você também. - a mulher devolve o tom irônico — Eu estou procurando pela Allison.

Aquela voz...

Me aproximei devagar de onde as duas estavam conversando, buscando ter visão da pessoa que estava na porta e assim que consegui ter essa visão, meus olhos se arregalaram. Era realmente quem eu estava imaginando.

— E você quem é? - Rebekah questionou.

Antes que Rebekah possa ouvir uma resposta, a mulher percebe minha presença e sorri para mim.

— Hayley! - falo em surpresa — Não acredito que você está em Mystic Falls.

Apressei os meus passos para chegar perto dela, assim que chego perto dela, Hayley me puxa para um abraço apertado. A Marshall me tratava como uma irmã mais nova, me ajudando constantemente com minhas perguntas sobre os lobos.

— Oi, pequena. - Hayley aperta ainda mais o abraço — Tava com saudade.

— Como sabia que eu estava aqui? - perguntei assim que nos separamos do abraço.

— A lua cheia me pegou no meio do caminho para cá e parece que tivemos um encontro bizarro no meio da floresta. - explicou Hayley — O que me trouxe até você.

— Ah, então foi você quem me atacou ontem a noite? - perguntou Rebekah, cruzando os braços.

— Sim e... Desculpe por isso, sabe como é né? - Hayley piscou — Lobos não se dão muito bem com vampiros.

Então, Rebekah força um sorriso, antes de beber mais do sangue que restava na taça. Percebo uma tensão se formando no ar, a maior parte vinha da Rebekah, que não estava nada feliz quando percebeu quem Hayley era.

— Vou buscar mais sangue. - Rebekah olhou para a taça, agora vazia — Antes que eu resolva escolher uma refeição viva.

Rebekah fala a última parte enquanto olhava para Hayley com um sorriso estranhamente amigável no rosto. Antes de ir embora, buscar mais sangue, Rebekah se aproxima de mim e me surpreende quando sua mão toca o meu rosto e me puxa para um beijo.

— Volto logo. - falou Rebekah, me dando outro beijo.

Meu corpo inteiro trava, ela tinha me pegado de surpresa, meus olhos se fixam em Rebekah enquanto ela voltava para o andar de cima. Ainda estática, olho para Hayley que estava tão surpresa quanto eu.

— Parece que ela marcou território... - Hayley comentou, me dando vários tapinhas em meu ombro — Tem alguma coisa para me contar?

— Você não imagina o quanto. - voltei ao mundo real, fechando a porta e puxando Hayley para entrar na casa.