Um
“Quinze chamas dentro daqueles olhos de oceano.”
Billie Eilish | Ocean Eyes
01 de outubro de 1997,
quarta-feira.
Sempre me perguntei como seria o meu momento clichê. Se o garoto colocaria bilhetes românticos no meu armário, se ele me esperaria na saída da escola com flores e chocolates, ou até mesmo se espalharia pétalas de rosas pelo meu quarto no dia em que me pedisse em namoro.
Eu costumava acreditar no amor, imaginar uma vida inteira ao lado de uma determinada pessoa. Passava tardes desenhando corações no meu caderno e idealizando o casamento dos sonhos.
Já sonhei diversas vezes em mergulhar nos livros de romance que eu lia, tomando o papel da protagonista invisível – nem tão invisível assim – e me apaixonando perdidamente pelo cara mais incrível do mundo. Nós dois entraríamos em uma redoma de amor, felicidade e cumplicidade, tendo o tão desejado "felizes para sempre" depois de tantos conflitos.
Porém, a vida teve maneiras ardilosas e atrozes de me apresentar o sentimento mais bonito do mundo. Aquele que te consome, promete mudanças boas e fortalece.
Bem, o meu primeiro amor consumiu todas as minhas energias, até se certificar de que não havia sobrado uma única gota sequer dentro de mim. As mudanças – que deveriam ser boas –, foram as piores possíveis e as minhas forças se esgotaram completamente. O sentimento que deveria me proporcionar somente coisas boas, acabou se tornando completamente repulsivo para mim.
A vida real é muito diferente desses clichês baratos que só servem para alimentar o nosso lado mais sensível e carente.
A realidade é impiedosa.
Cruel.
E triste.
Pisco repetidas vezes, afastando meus pensamentos melancólicos logo de manhã cedo. Ajeito minha mochila nos ombros, tirando os fones do meu walkman, onde Bonnie Tyler berrava Total Eclipse Of The Heart e aperto a campainha do ônibus ao notar que a parada da minha escola é a próxima.
Como se a galera lá de cima estivesse totalmente contra mim no dia de hoje, assim que desço os dois degraus do transporte escolar e piso com minhas sapatilhas pretas na calçada de concreto, uma chuva forte e gélida começa a cair pela cidade de Snowdalle.
A nossa cidade é mediana – cerca de cento e cinquenta mil habitantes –, localizada no sul de Bellis. Esse estado é conhecido pela temperatura, na maioria das vezes, extremamente quente. O que algumas pessoas não sabem, no entanto, é que existem cidades onde o clima é bastante diferente do restante do estado. Snowdalle, Darenwood e Otter Hills – nossas cidades vizinhas – são um bom exemplo disso. Nós vivemos o verão intensamente, com temperaturas ultrapassando os trinta graus. Não temos praia aqui, infelizmente. Portanto, o pessoal dirige por cerca de três horas até a praia em Hammon Springs.
Na primavera, nossa cidade é tomada por flores de diferentes cores, algumas ruas de paralelepípedos são enfeitadas por túneis naturais de árvores saudáveis e com folhas extremamente verdes. No outono, elas adquirem uma tonalidade bonita entre o amarelo, laranja e vermelho. As chuvas são constantes, alagando algumas regiões e aumentando o fluxo de água no lago Soul. As ruas ficam cobertas por um tapete de cores por conta das folhas secas, deixando Snowdalle parecida com Paris – pelo menos, é o que os turistas nos dizem.
Já no inverno, a cidade parece que perde a vida. As pessoas já não saem com tanta frequência e quase não vemos carros nas ruas – já que a neve toma conta do asfalto. As temperaturas são abaixo de dois graus, o que significa que andamos com muitas camadas de roupas durante três longos meses. O lago que fica no Snowdalle Park vira uma pista gigante de gelo, então, é bem comum aos finais de semana as famílias irem até lá para patinar.
O inverno é bom para ficar em casa, com meias de lã, chocolate quente e algum filme rodando na televisão. Não para ir à escola, pegar ônibus e depois ir para o trabalho.
Neste exato mês, estamos passando pelo queridíssimo outono.
Praguejo baixinho, esperando o ônibus passar. Retiro minha mochila amarela dos ombros, colocando-a sobre minha cabeça. Quando o motorista arranca com o veículo, atravesso a faixa de pedestres correndo, tentando escapar das grossas gotas de chuva que ensopam meus cabelos ruivos e o uniforme da minha escola.
Totalmente em vão.
Assim que chego na esquina da High Five Snakes, meu corpo colide em alguém. Não tenho muito tempo para reagir quando sinto minha sapatilha deslizar no asfalto molhado, levando minha bunda diretamente para o chão e minha mochila para alguns metros longe de mim. Sinto uma infinidade de palavras pejorativas se acumularem em minha língua, prontas para serem ditas em voz alta quando vejo todos os meus pertences se espalharem pela calçada.
Inferno!
Meus olhos desviam das minhas coisas momentaneamente, tentando achar o culpado por me levar ao chão. A primeira coisa que vejo, são coturnos pretos e gastos parados ao meu lado. Sigo o percurso olhando para cima, analisando a calça jeans preta e a jaqueta de couro da mesma cor. Tento observar seu rosto, mas sou impedida pelas gotas de água que caem do céu nublado diretamente em meus globos oculares.
— Merda — escuto o cara gemer para si mesmo.
Sério isso?
Eu que estou sentada no asfalto, com os meus materiais totalmente esparramados pelo chão, passando pelo constrangimento de cair em público e o queridão solta esse palavrão como se o ocorrido fosse inconveniente apenas para ele?
O cara dá alguns passos para frente, pegando minha mochila e começando a recolher minhas coisas. Me levanto rapidamente, passando minhas mãos pela calça jeans. Sei que estou com a bunda totalmente molhada, mas agradeço pelo tecido ser escuro, assim ninguém nota.
Me aproximo do desconhecido, recolhendo meu estojo roxo que caiu perto de uma poça de água. Arregalo os olhos e sinto meu rosto corar quando o garoto segura um dos meus absorventes entre os dedos, finalmente me permitindo encarar seu rosto.
E… uau.
Eu já vi diversos caras aqui na High Five Snakes, e a maioria deles segue um padrão específico; jogador, olhar superficial, arrogância em nível extremo, toxicidade que daria inveja à Chernobyl e músculos que com certeza adquiriram tomando muitos anabolizantes.
Mas esse cara parado em minha frente, foge totalmente de todo o padrão imposto por aqui. Seus cabelos bagunçados são de um loiro-escuro, praticamente castanhos. Ele tem o maxilar marcado, lábios rosados perfeitamente desenhados e sobrancelhas grossas. Há uma cruz invertida tatuada um pouco abaixo de seu olho esquerdo, mas o que mais me chamou a atenção nele, foram suas íris azuis.
Elas são claras como o oceano, mas transmitem uma tempestade devastadora.
— Está com pressa? — O desconhecido indaga, endireitando a postura.
Preciso inclinar minha cabeça um pouco para trás, já que o cara em minha frente parece um poste de rua. Engulo em seco, pegando minha mochila de sua mão. Me sinto intimidada diante de seu olhar intenso e curioso.
— Você deveria prestar mais atenção por onde anda — ignoro sua pergunta, ajeitando as alças amarelas em meus ombros.
A chuva ainda cai sobre nós, mas não com a mesma intensidade de antes.
— Não era eu quem estava correndo na calçada.
Cerro os dentes, observando um sorriso torto estampar os lábios avermelhados do garoto. Não há uma entonação forçada em sua voz, ela é simplesmente rouca, melodiosa e causa calafrios em minha pele naturalmente. Ao julgar pelo seu sotaque, creio que não é de Bellis.
Britânico, talvez?
— Você é novo aqui?
— Está tão óbvio assim? — Ele arqueia as sobrancelhas, cruzando os braços. O movimento faz com que sua jaqueta de couro abrace perfeitamente seus bíceps.
— É que você parece ter saído de um velório — não controlo minha língua, analisando seu traje totalmente preto outra vez. — E se ainda não notou, todo mundo aqui segue um padrão com o uniforme. É diferente.
O uniforme da High Five Snakes não é feio, pelo contrário; a saia quadriculada em tons de verde musgo e preto combina perfeitamente com a camisa social branca que estou vestindo. O brasão da HFS está bordado no canto superior esquerdo do blazer, que possui o mesmo tom de verde da saia. O brasão contém o nome da escola em letras cursivas pretas sobre o escudo e a serpente verde. Já o uniforme dos garotos, é composto por uma camisa social branca, blazer preto e calça social da mesma cor. A gravata standard é verde musgo também, e tanto as garotas quanto os garotos precisam usá-la.
Embora eu use a saia diversas vezes, prefiro muito mais as minhas calças jeans escuras.
— Digamos que de onde eu vim, as coisas são tão sombrias quanto as minhas vestes, huh?
Arregalo os olhos, abraçando meu próprio tronco ao me sentir acanhada. A chuva começa a se intensificar novamente, alguns raios atravessam o céu escuro, projetando claridades e emitindo estrondos que me causam pavor.
Odeio tempestades.
— Você fica fofa assustada — observa, sorrindo. — Sou Scott. Scott Summer.
O desconhecido – agora conhecido – estende sua mão em minha direção. Desço meu olhar até ela, notando um anel prateado rodeando seu polegar. Observo também alguns calos presentes em sua palma. Diante do meu silêncio, ele ri pela minha cara de desgosto e a guarda no bolso de sua jaqueta.
— Sabe, essa é a parte em que você diz o seu nome e aperta a minha mão.
— Eu não digo meu nome para estranhos — respondo, convicta.
— Estamos nos falando há uns cinco minutos, acho que já somos conhecidos.
Sorrio, passando a língua úmida sobre meus lábios secos e rachados. Sinto o gosto adocicado do meu brilho labial de cereja quando o faço.
— Você é apenas um cara que me derrubou no chão e que está tomando o meu tempo.
Ele ri, sacudindo os ombros.
Passo pelo garoto alto, seguindo meu caminho até o portão da escola, sem aguentar ficar um segundo a mais sob o olhar misterioso do loiro. Porém, sua voz ressoa alta atrás de mim para que qualquer pessoa que circulasse por ali pudesse lhe ouvir:
— Você esqueceu seu absorvente comigo! — Me viro abruptamente para ele, sentindo meu rosto adquirir matizes avermelhadas.
Me aproximo do poste ambulante outra vez, arrancando o pacote transparente de seus dedos e o jogando no fundo da minha mochila.
— Eu mal conheço você e já te odeio — resmungo, sentindo o sangue borbulhar em minhas veias.
Scott sorri, desta vez exibindo seus dentes brancos e estupidamente alinhados, antes de dar um passo à frente.
— Não sabe o prazer que é ouvir isso — ele umedece os lábios com a pontinha da língua, escondendo as mãos nos bolsos da jaqueta de couro novamente. — A gente se esbarra por aí, ruivinha.
O loiro passa por mim, chocando de leve seu ombro largo com o meu. Inspiro o ar com força, sentindo o rastro de sua loção masculina com um leve toque de tabaco se impregnar em minha volta. Viro a cabeça para trás a tempo de vê-lo entrar em um carro vermelho com duas listras brancas no capô. Reviro os olhos e libero o oxigênio dos meus pulmões ao notar a ironia no "esbarra". Com passos firmes e decididos, volto a caminhar em direção aos portões de ferro da High Five Snakes.
Entrar para a HFS – uma das melhores escolas particulares do estado – fora um trabalho árduo. Na época, meus pais ainda trabalhavam em uma padaria durante a manhã e em um restaurante na parte da noite. Nos finais de tarde, Sarah, Christopher e eu nos reuníamos em minha casa para estudar. Passávamos horas com a cara socada nos livros, ansiando para o dia dos testes chegarem logo. Quando ganhamos uma bolsa com oitenta por cento de desconto, nossos pais fizeram uma pequena comemoração lá em casa. Nós havíamos batalhado muito durante as férias para entrar na High Five Snakes, então, quando conseguimos alcançar nosso objetivo, a sensação fora arrebatadora.
O "A+" em minha prova, diz que sou uma ótima aluna em inglês. Sorrio satisfeita com o resultado, encarando os fios loiros e ondulados de Sarah Herrera sob meus óculos de grau. Cutuco suas costas com a ponta do meu lápis, fazendo minha melhor amiga virar para trás.
Seus cabelos estão soltos, formando ondas suaves e únicas até sua cintura. Sarah tem as maçãs do rosto rosadas naturalmente, trazendo um pouco de cor para a sua pele pálida. Os lábios são cheios e estão com uma camada gosmenta de brilho labial rosa, que reflete pequenos cristais de glitter por conta da iluminação de nossa sala.
— Eu tirei um C — conta, revirando seus grandes e incríveis olhos azuis.
— Pelo menos não foi um F — dou de ombros. — É o que se ganha quando passa a madrugada toda escutando Girls Just Want To Have Fun.
Provoco, vendo o rosto de Sarah se retorcer em uma careta de indignação. A loira é extremamente apaixonada por essa música e escuta ela umas mil vezes todos os dias.
É irritante demais.
— Eu nem escutei ela na semana passada — se defende. — Passei todas as tardes estudando essa maldita matéria.
— E as madrugadas?
— Conversando com o Christopher pela janela do meu quarto.
Ela sorri, exibindo as covinhas fofas em ambas as bochechas rosadas. Seus olhos ganharam um brilho diferente somente pela menção ao nome do nosso melhor amigo. Os dois moram na mesma rua, o que facilita os papos jogados ao vento durante a noite. Nós três somos melhores amigos desde que me entendo por gente, e Sarah gosta de Christopher desde que entramos no ensino médio.
Tudo começou do modo mais inocente possível. Nossos pais estudaram juntos quando eram mais jovens, e consequentemente acabaram aproximando os filhos nos encontros que faziam aos domingos. No início, não fui muito com a cara de Sarah. Ela pegava minhas bonecas e não queria devolvê-las na hora de ir embora. Então, acabei sendo mais próxima de Christopher durante um tempo. No primeiro dia de aula na nossa antiga escola, descobri que Sarah seria minha colega de classe. Nós não conhecíamos ninguém ali, portanto acabamos sentando juntas.
Fora uma das melhores escolhas que fiz em toda minha vida.
Como Christopher e eu estávamos muito próximos, ele pediu que seus pais o trocassem de turma. Quando Chris chegou em nossa sala no dia seguinte, Sarah não aprovou a ideia e começaram as brigas bobas entre os dois. Eu sempre estive no meio, acompanhando o caos que eles sempre foram. Não sei ao certo em que momento aconteceu, mas chegou um dia em que eles já não implicavam mais um com o outro. Nós três saíamos para tomar sorvete, patinar no lago Soul – tentávamos –, e marcávamos a noite das garotas lá em casa como três melhores amigos normais.
Com o passar dos anos, Christopher começou a ajudar o pai na oficina da família Almonte – por conta de um acidente de carro que o senhor Racer sofreu e o impossibilitou de andar por alguns meses. Nesse período, Chris adquiriu mais peso e massa muscular. Ele já não era um garotinho magrelo que fazia de tudo para nos irritar, o loiro amadureceu e começou a ter mais responsabilidades do que nós duas juntas. Christopher ajudava o pai de manhã, estudava durante a tarde e auxiliava a mãe, Delphine, com os afazeres domésticos na parte da noite. Quando entramos na High Five Snakes é que tudo começou a mudar – na verdade, acho que Sarah já nutria sentimentos pelo nosso melhor amigo desde muito antes, mas somente há quatro anos que realmente demonstrou entre as entrelinhas.
Porém, a loira nunca teve coragem de revelar seus verdadeiros sentimentos, e isso tudo piorou ainda mais quando Christopher arranjou uma namorada no ano passado; Anne Hero. A morena é legal na base do possível, embora a relação deles seja um tanto quanto… problemática. Chris diz que ela o faz feliz, mas sabemos muito bem que na maior parte do tempo não é assim.
Mas isso não é um belo clichê romântico, onde os meus melhores amigos de infância se apaixonam perdidamente um pelo outro. Essa é uma história real, onde minha melhor amiga é loucamente apaixonada pelo meu melhor amigo e segura vela para o cara que ama.
Melancólico, eu sei.
Encaro Sarah seriamente, torcendo os lábios para o lado. Deve ser realmente horrível ter que reprimir tudo o que sente dentro de si, por puro medo de perder alguém importante. Mas, mesmo assim...
— Eu deveria contar o que sinto para o Chris — Sarah tenta imitar a minha voz, completando meus pensamentos. — Você sempre fala isso, já até decorei. Então, acho que você já sabe a minha resposta também.
— Se depender de você, ele nunca ficará sabendo — digo, tentando não revirar os olhos.
— Exatamente!
— Você sabe que isso só vai te fazer mal, Sarah.
— Eu convivo com isso há quatro anos, um dia passa — balança os ombros, tentando parecer indiferente.
Falhou miseravelmente.
— Mudando de assunto, a festa na empresa dos seus pais ainda vai acontecer amanhã? Se sim, eu já separei dois vestidos incríveis para usarmos!
— Ah, sim — balanço a cabeça, confirmando. — Meus pais estão muito empolgados com a nova parceria deles. Ouvi dizer que o cara que fechou o contrato é extremamente competente.
Meus pais deram a volta por cima e agora são donos da One Enterprise Fashion, uma pequena empresa de moda que fabrica roupas e calçados para todo o estado de Bellis. Meu pai é estilista, minha mãe administra todo o resto e eu sou a secretária. Eles contam com uma equipe enorme, que são divididas em tarefas. Cada um lá tem seu próprio escritório e trabalham muito bem em conjunto. Embora Marina Green e Robert Walker tenham se separado há exatos dois anos, ambos têm um convívio saudável dentro da empresa.
Ainda bem.
— Perfeito!
O sinal estrondoso da nossa escola ressoa por todos os lados, anunciando o tão aguardado intervalo. Recolho minhas coisas, colocando-as dentro da minha mochila. O tecido amarelo ainda está molhado, o que leva minha mente diretamente para algumas horas atrás.
Eu realmente espero nunca mais trombar com aquele cara na minha vida.
Sigo Sarah para fora da nossa sala, rumando com o mar de alunos até a cantina. No caminho, Christopher se junta a nós duas, com seu típico sorriso de orelha à orelha estampado no rosto, os cabelos dourados desgrenhados e a mochila preta dependurada em um de seus ombros.
— Entrou quatro alunos novos na nossa escola — comenta ele, assim que passamos pelas portas duplas da cantina.
Franzo as sobrancelhas. É um pouco raro ver novatos por aqui.
— Fez amizade com algum? — Questiono, pegando uma bandeja verde sobre a mesa.
Me sirvo de sanduíche, batatas-fritas e suco de uva. Meus amigos pegam o mesmo – com exceção de Sarah que troca a batata-frita por salada de alface com tomate.
— Não, mas a garota nova sentou do meu lado na aula de história — responde, se sentando em uma das mesas espalhadas pelo local. — O nome dela é Emma, ou algo assim.
— É bonita? — Sarah indaga, bebendo seu suco roxo.
— Melhor ver com os seus próprios olhos, eles estão vindo para cá — Christopher sussurra, voltando a atenção para sua bandeja.
Faço o mesmo, ouvindo um murmurinho se aproximar de nós. Bandejas são largadas sobre a mesa e aos poucos, os tais novatos se sentam nos bancos redondos embutidos. Ao meu lado, sinto um cheiro um pouco familiar de couro e colônia masculina.
Engulo em seco.
Ah, não!
— Que sorte a minha não ter me esbarrado em você nos corredores, huh?
Não preciso virar meu rosto completamente para o cara ao meu lado. Eu reconheço aquela voz, principalmente a ironia presente nela.
— Que azar o meu você ter escolhido justamente essa mesa para se sentar, huh? — Rebato, encarando Christopher em minha frente. Ele observa a cena sem entender absolutamente nada. Não duvido que Sarah esteja com a mesma feição.
Afundo os molares na carne da minha bochecha, controlando a vontade de falar todos os palavrões que controlei lá fora, quando vi meus pertences esparramados em meio à chuva.
— É assim que vocês recebem os novatos? Que falta de educação, ruivinha.
— Ah, desculpem a ignorância da minha amiga — Sarah pede. — Deve estar naqueles dias.
— Eu aposto que sim — o loiro solta uma risadinha, o que me faz lhe encarar.
Scott está terrivelmente perto. Seu braço encosta no meu e por mais que nossas peles estejam separadas pelos tecidos de nossas roupas, sinto o calor emanar daquela região.
— Bem-vindos à High Five Snakes — Chris sorri. — Espero que estejam sendo bem recebidos.
— Muito obrigado...
— Christopher.
— Scott. Muito prazer — os dois apertam as mãos, sorrindo.
Encaro os outros três novatos, vendo duas garotas e mais um cara. Uma das meninas tem cabelos lisos e pretos, veste uma jaqueta parecida com a de Scott e possui a tatuagem de uma rosa em sua mão direita. O rapaz, que está ao lado da morena, tem cabelos platinados, mas não possui nenhuma tatuagem nas mãos. E a loira – que creio ser a tal de Emma que meu melhor amigo citou –, tem seus olhos azuis grudados em mim.
Eles parecem querer me passar algum tipo de aviso, só não sei dizer qual.
Emma parece uma modelo famosa, dessas que aparecem na televisão desfilando em passarelas. Seus lábios são perfeitamente desenhados, os cabelos praticamente brancos caindo como cascatas pelos seus ombros. As unhas são grandes, pintadas com um azul claro da cor de suas íris.
Okay, eu realmente preciso parar de lhe encarar. Sua feição não é das melhores me observando.
— Bom, já que ninguém se apresenta, eu mesma faço as ordens — a morena diz, suspirando. — Meu nome é Helena Watson. O loiro aqui é o Felipe Blenson. O tatuado ali é o Scott Summer. E essa loira é a Emma Rei.
— Então, qual é o seu nome? — Felipe pergunta, me encarando com expectativa.
— Anastásia Walker — respondo, vendo Scott sorrir de canto.
Idiota.
— Esse cara aqui na frente é o meu amigo Christopher Almonte, e essa é a minha amiga, Sarah Herrera — os apresento, empurrando minha bandeja. — Foi um prazer, mas eu preciso ir — comunico, me levantando do banco. Christopher e Sarah fazem o mesmo, pegando somente seus sucos de caixinha.
— Vocês podem me apresentar a escola? — É Helena quem indaga, segurando firmemente sua mochila preta de couro. Parece deslocada.
Sorrio.
— Claro.
Felipe acena em nossa direção, com um sorriso simpático nos lábios. Diferente de Emma, que parece estar prestes a colocar fogo em toda essa escola.
Viro as costas, pronta pra seguir meu caminho para longe da cantina. Porém, mais uma vez, a voz de Scott ressoa alta atrás de mim:
— O prazer foi meu, Anastásia Walker.
Caralho eu voltei!
Desculpem o palavrão, mas meu Deus, que saudade que eu estava disso aqui.
Começamos as postagens oficiais de Beautiful Storm, espero que amem, surtem e guardem essa história no coração de vocês. Sejam bem-vindos velhos e novos leitores, amo cada um de vocês e obrigada pela paciência hoje e sempre!
Não se esqueçam de votar e comentar, isso é megaaaa importante.
Próximo capítulo na Sexta-feira, 00:00!
❤️
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