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Nove

“Você pode pensar que eu não me importo com você, quando sabe bem lá no fundo que eu realmente me importo.”
Bee Gees | How Deep Is Your Love

07 de novembro de 1997,
sexta-feira.

          Entre a minha casa e a High Five Snakes, é um percurso razoável de vinte e cinco minutos – se for de transporte público. Com o carro é muito mais rápido, no máximo dez. Porém, peço que Scott dirija o mais devagar possível. A ansiedade se alojou no meu estômago como chiclete, pois hoje é o dia tão esperado da apresentação e embora a gente tenha ensaiado na varanda da minha casa antes mesmo de entrar na Shelby, ainda me sinto insegura.

E se eu tropeçar?

Cair?

Rir?

Chorar?

— Você está me deixando irritado — Scott murmura, se referindo ao balançar da minha perna e ao estalar dos meus dedos. — Vai ficar tudo bem. A coreografia tá ótima e não vamos errar nada.

Desde a nossa bebedeira e cantoria no Red Snakes na segunda-feira, Scott tem tentado ser meu... amigo? Eu realmente torci na manhã seguinte que as coisas entre nós dessem um passo generoso, mas tudo o que passamos dentro daquele bar ficou lá dentro; como uma bela lembrança. Não tocamos no assunto pelo resto da semana, embora eu adorasse falar sobre e relembrar nossa performance em cima do palco.

Não sei dizer ao certo o que somos. Não é como a amizade que tenho com Sarah e Christopher, mas também não envolve só um trabalho de escola. Às vezes, o loiro me conta coisas rasas sobre seu passado – nos intervalos das aulas particulares de física que estou lhe dando –, como a primeira vez que ganhou um carrinho de plástico. Nada muito profundo, sinto que ainda não confia em mim o suficiente para se abrir e me considerar realmente uma amiga.

Scott também não é grudento, nem fala melosidades banhadas no mel. Sua maneira de se comunicar continua a mesma. Na verdade, parece que estamos no início. Só que agora, ele tem me levado para o trabalho depois das aulas e aprendeu a controlar um pouco sua arrogância comigo.

— Podemos passar na cafeteria antes? Preciso de um café — engulo em seco, me concentrando na estrada para afugentar os pensamentos ansiosos. Quero realmente acreditar nele; de que vai ocorrer tudo bem.

Scott não responde, apenas dirige até lá sibilando a música I Want To Break Free do Queen que soa baixinha no rádio.

Salto do carro junto com o loiro assim que ele estaciona em frente à cafeteria. Sinto meu rosto congelar. As botas de cano alto protegem meus pés, os deixando quentinhos assim como a calça jeans grossa. Meu tronco está envolto por uma camiseta de mangas compridas e dois blusões pretos de lã – além do sobretudo bordô que chega até metade das minhas coxas. Entretanto, meu rosto e meu pescoço estão completamente expostos. Dou alguns passos para longe do carro e sinto quando um tecido quente de lã tampa a minha visão. Abro os olhos quando Scott termina de enrolar uma manta cinza exalando seu perfume masculino em volta do meu pescoço, tapando uma parte do meu rosto também. Sorrio, parando de tremer.

— Obrigada — agradeço, vendo-o assentir e abrir a porta de vidro para passarmos.

O loiro finalmente tem colocado o uniforme da escola, mas do seu próprio modo. E quando digo isso, significa que usa a camiseta social branca com alguma calça jeans surrada de seu guarda-roupas. O blazer é amassado e a gravata verde musgo é posicionada estrategicamente torta em seu pescoço. Scott não liga para os olhares em cima dele, que o julgam discretamente. Todo mundo da High Five Snakes segue o padrão imposto, já o loiro, desvia de todas as regras e comanda seu próprio universo sem se importar com os comentários pejorativos ao seu respeito.

Gosto disso nele.

— Anastásia? — A voz conhecida pronuncia o meu nome, mas eu estava ocupada demais encarando a nuca de Scott na fila do caixa para prestar atenção em sua presença.

Meu pai sorri ao ter minha atenção, seus olhos se vidrando no garoto em minha frente. Minhas íris recaem sobre a mulher sentada ao seu lado. Não é muito difícil de assimilar; ela é Adele. Analisando-a agora, me lembro de ver seu rosto pelos corredores da One Enterprise Fashion. A mulher possui cabelos pretos e ondulados, um rosto bonito e lábios cheios pintados de vermelho. Seus olhos castanhos também me analisam, um sorriso gentil se formando em sua boca.

— Estamos ferrados? — Scott sussurra, virando apenas o suficiente para que eu possa lhe escutar. — Se sim, me avise que finjo não ter te visto.

Reviro os olhos, dando um leve empurrão em suas costas para que caminhe pra frente. Gesticulo com as mãos para o meu pai um "espere um instante", e volto minha atenção para o cardápio gigante de cafés grudado na parede. Vou querer um extra forte.

— Meu pai conhece você — comento o óbvio. — Só não sabe que somos amigos.

— Eu não tenho amigos — me lembra, sorrindo. — Tenho conhecidos. Meus amigos são meus dentes e ainda assim, às vezes mordo a língua.

Suspiro, tentando não ficar irritada com esse seu ponto de vista sobre amizade. Me sinto desconfortável ao imaginar que enquanto eu o vejo como meu mais novo amigo, o loiro só me enxergue como uma colega de trabalho que sabe algumas poucas coisas sobre sua vida misteriosa.

— Ai, foda-se — dispenso, fazendo meu pedido quando chego ao caixa. Além do café, peço um muffin de chocolate. Scott pede o mesmo, apenas trocando o bolinho por um cupcake de maracujá.

Me aproximo da mesa de papai com Scott ao meu lado, apreensiva. Não sei se Adele vai ir com a minha cara, nem como será a reação do meu coração diante dessa apresentação. Desde a conversa que eu tivera com Robert no início do mês passado, evitei longos diálogos com meu pai. Nada além do típico "boa tarde" ou "como você está?".

— Oi — cumprimento, tentando soar simpática.

— Filha, essa é Adele — aponta para a mulher elegante que se levanta imediatamente. — Minha noiva.

Huh! Okay. Talvez a realidade tenha caído definitivamente sobre a minha cabeça. A pancada não é tão forte, no entanto, então consigo apertar a mão de Adele, sorrindo.

— Seu pai me fala muito sobre você — comenta, sem retirar o sorriso gentil dos lábios.

— Ah, é? — Encaro papai, surpresa. — Espero que somente coisas boas.

— Pode acreditar, Robert tem muito orgulho de você — Adele responde, voltando a se sentar. — Esse garoto é seu namorado? — Aponta e observo quando Scott tosse ao se afogar com o gole de café, agora tendo a atenção de nós três.

— Vocês namoram, Anastásia? — É a vez de meu pai perguntar. Céus! Já namorei uma vez, qual seria o problema se fizesse isso de novo?

— Não, pai. Scott e eu somos...

— Colegas — o loiro completa. — Nos aproximamos no dia em que você e meu pai fecharam contrato. Aliás, a parceria de vocês é incrível — desvio o olhar, tentando não me lembrar desse dia em que tive vontade de lhe acertar com um grampeador.

— Fico muito feliz que vocês estejam se aproximando, de verdade. Seu pai é um homem muito honesto e criativo — meu pai beberica seu café, segurando a mão da noiva sobre a mesa. Visualizo de relance a aliança brilhando; é de ouro com uma pedrinha de diamante em cima. — Eu ia falar com você hoje na empresa, mas já que estamos aqui, Adele pretende fazer um almoço no feriado de Ação de Graças. Clay quer conhecer você também.

Uno as sobrancelhas.

— Clay...?

— É meu filho — Adele revela. — Tem a mesma idade que você.

Abro a boca em um 'O', pois meu pai não citou que eu ganharia um meio-irmão de brinde. Sorrio, tentando absorver todas as informações.

— Você também está convidado, se quiser. Adele e Clay se mudaram de Otter Hills a poucos meses, ele precisa fazer novos amigos aqui em Snowdalle — meu pai está encarando Scott. — Tenho certeza que Clay vai adorar jogar algumas partidas de xadrez com você.

— Claro. Eu irei, com certeza — o loiro ao meu lado sorri, voltando o olhar para o relógio grudado na parede azul-bebê da cafeteria. — Estamos atrasados, Ana.

— Oh, desculpem — Adele pede, gesticulando com as mãos. — Boa aula para vocês. Iremos esperá-los no dia de Ação de Graças.

Nos despedimos de ambos rapidamente, saindo da cafeteria e entrando no carro. Um minuto depois, Scott murmura:

— Pode me xingar.

— Você é louco?! — Indago, arregalando os olhos em sua direção. — Jogar xadrez? Sério?

— Você duvida das minhas habilidades de jogar um simples joguinho de tabuleiro? — Questiona, fingindo aborrecimento. — Se eu tivesse um coração, estaria partido agora.

Solto um ruído.

— Não pode ser real. Eu estou em um pesadelo! — Descanso minha cabeça na janela, dando a primeira mordida no meu muffin de chocolate.

— Achei que seus pais eram casados.

— Até dois anos atrás, eram — suspiro. — Meu pai me contou no início de outubro que estava noivo daquela mulher, mas não havia citado esse tal de Clay.

— Você não parece muito contente — observa. — Está com medo de não ser mais a filhinha do papai?

— Vai se foder, Summer — bebo um gole do meu café, fechando os olhos. — E não é para você ir comigo no feriado. Já tenho problemas o suficiente, não preciso lidar com seus comentários sarcásticos também.

— É justamente por isso que eu vou — lhe encaro, pronta para dar um tapa em seu ombro. — Serei sua distração, caso não segure a barra de conhecer o irmão postiço.

— Você nem sabe jogar xadrez!

— Viu? Admire o sacrifício que estou fazendo por você — Scott pisca em minha direção, tirando a mão do volante momentaneamente para bebericar seu café e dar uma mordida no cupcake.

— Por mim? — Solto uma risada baixa e nasal. — Desde quando você se importa e faz sacrifícios por mim?

— Eu falei isso? — Ele me encara, fingindo espanto. — Quis dizer o sacrifício que estou fazendo pelo Clay. Tenho pena dele quando descobrir o porre que você é. Estarei lá para apoiá-lo nesse momento tão difícil.

Semicerro os olhos em sua direção, cruzando os braços e sorrindo. Scott, no entanto, assume sua feição apática de sempre.

— Você é malvado — enuncio, voltando minha atenção para a estrada. O loiro me encara de soslaio, erguendo levemente o canto dos lábios ao pronunciar:

— De nada.

A porta dos bastidores se abre de dois em dois minutos, revelando alguma dupla que acabara de cair no palco ou que acabara de executar a apresentação com perfeição. Charles entrou aqui antes de dar início as atividades e recolheu os trabalhos escritos por nós sobre as nossas duplas e o gênero musical, revelando algo que fez todo mundo revirar os olhos; teremos que voltar na High Five Snakes daqui dez anos para ler o que nossa dupla na época escreveu sobre nós. Agora, estamos na torcida que até lá Charles esqueça completamente sobre esse projeto.

Estou mordendo o canto do meu polegar, soltando lufadas de ar e me balançando sobre os pés. Já perdi as contas de quantas vezes ajeitei meu vestido preto soltinho e conferi se a maquiagem não estava borrada. Helena Watson tem um dom magnífico para isso; fez uma sombra prata esfumada em minhas pálpebras e passou um batom nude em meus lábios. A morena ajeitou meus cabelos também, deixando-os com pequenas ondulações nas pontas.

No canto do palco, atrás das grossas cortinas vermelhas, analiso orgulhosa minha melhor amiga soltar a voz atrás do microfone, enquanto Felipe Blenson dedilha as cordas de seu violão com perfeição. A música escolhida por eles é Listen To Your Heart do Roxette. Se Christopher elogia a minha voz quando vamos ao karaokê, pode ter certeza que com Sarah não é diferente.

— Vai dar tudo certo — Helena me garante, alisando meus ombros.

Ela é a dupla de Emma Rei. As duas estão vestidas igualmente; saia quadriculada preta e branca, meias arrastão, coturnos pretos e cropped combinando com a saia. Pelo o que ouvi ambas conversarem, vão se apresentar depois de mim e Scott com a música da Cyndi Lauper; Girls Just Want To Have Fun. A loira não ficou contente em ver que Helena estava me ajudando com o visual, pois em todas as vezes que seus olhos azuis se encontraram com os meus, ela fez questão de estampar em seu rosto o total desprezo que sente por mim.

Helena encara a platéia comigo que, devo dizer, ocupa todos os assentos do auditório. A apresentação do último ano é hoje, então significa que todos os alunos das outras turmas estão ali, inclusive os funcionários e professores. Isso só faz a dor de barriga se intensificar.

— Queria acreditar em você — solto uma risada frouxa, juntando as mãos contra o peito.

— Quando eu tinha apresentações na minha antiga escola lá em Londres, eu fechava os olhos momentaneamente e criava um cenário na minha cabeça; um onde eu estivesse completamente sozinha, sem ninguém para me observar. A tensão some quando você está executando a apresentação lá na frente. Acredite em mim, é só agora.

Sorrio.

— Obrigada pela dica — agradeço. — Vou tentar colocar em prática.

— Você consegue! — A morena deposita um beijo rápido em minha bochecha, se afastando para perto de sua dupla.

Respiro fundo, vendo Felipe dedilhar os últimos acordes de seu violão. Em seguida, um coro de palmas ecoa por todo o auditório. Pessoas assoviam e os dois agradecem, se retirando do palco. Cesso as palmas para minha melhor amiga quando a voz anuncia pelo microfone a apresentação de número sete; Careless Whisper.

É neste momento que sinto meu coração disparar ao ponto de fazer minhas pernas bambearem. Vejo de onde estou, Scott entrar pelo outro lado do palco, parando de frente para a platéia. Ele traja uma camisa social preta, os primeiros botões abertos e as mangas arregaçadas até os cotovelos, permitindo a visualização da caveira tatuada em seu braço. Além, de claro, a gravata completamente desalinhada em seu pescoço.

Fecho os olhos, respirando fundo.

Vai dar tudo certo.

De repente, só enxergo o loiro quando minhas pálpebras se abrem e meus pés são guiados até ele. Os primeiros acordes de Careless Whisper saltam das caixas de som e o olhar de Scott recaí sobre mim. Noto quando ele arregala os olhos momentaneamente, mas logo volta a fazer o que ensaíamos durante um mês.

Nas primeiras falas de George Michael, dou a volta em seu corpo, passando minhas mãos em seu pescoço e peitoral. De costas para ele, Scott segura minha cintura e minha mão esquerda, movendo-se junto a mim. Ele me gira e agora estamos com os rostos praticamente grudados um no outro – graças ao pequeno salto prateado que estou calçando –, enquanto nossos pés criam vida própria.

— Sei que você tem noção disso — sopra, seu hálito de menta ondulando em minha pele. — Mas está fodidamente incrível.

Sinto meus pelos ouriçarem. Uma onda eletrizante atravessa meu corpo e fixa-se em meu coração. Agora, não estou nervosa somente diante de tantas pessoas, mas também, diante da minha dupla. Minhas mãos transpiram suor em sua palma, deixando a pele do local pegajosa. Seguro sua nuca quando Scott me impulsiona para o chão, espalmando a base das minhas costas e minha mão direita, enquanto jogo os meus cabelos da maneira mais sensual que consigo.

— Obrigada — agradeço quando ele entrelaça nossas mãos em frente a minha barriga, minha cabeça descansando na curvatura de seu pescoço. Scott tem cheiro de loção pós barba, perfume masculino e um leve toque de tabaco. Mais um giro e estou de frente para ele, movendo nossos pés como se nossas vidas dependessem disso. Bem, nossas notas dependem. — Você também não está nada mal — quero dizer que está incrivelmente sexy desse jeito, mas me contenho. — Mas deveria ajeitar essa gravata.

Mais uma sessão de rodopios para um lado, depois para o outro e sou erguida pela cintura até estar com as costas em seu ombro, jogando os braços e a cabeça para trás.

— É meu estilo, ruivinha — sussurra ao me colocar no chão. — Sei que você gosta.

Seus braços se entrelaçam em minhas costas, enquanto abro as pernas em um espacato. Sinto meu coração martelar, mas desta vez, é pelo próximo passo. Ao atingir meu limite, volto para cima de supetão e entrelaço minhas panturrilhas em sua cintura. Impulsiono meu corpo para a platéia, dando um giro de meia lua e jogando meus cabelos ruivos para trás. As mãos de Scott são firmes segurando minhas costas e ambos sorrimos ao perceber que nenhum de nós dois caímos neste passo.

Escutamos assovios e murmúrios surpresos. Acreditem, eu também estou. Se essas pessoas soubessem o quanto de vezes bati com a cabeça no chão por conta desse maldito passo, estariam jogando rosas e bombons em nossa direção pelo esforço.

Nos últimos acordes, me afasto – fingindo ir embora – e Scott retira a gravata, envolvendo ela em minhas costas, me puxando para si de volta. Faço os mesmos passos do início, passando minhas mãos em seu pescoço e peitoral, encerrando a apresentação comigo inclinada para baixo e o rosto de Scott a pouquíssimos centímetros de distância dos meus lábios. Por um momento, penso que ele vai me beijar. Fecho as mãos em punho, pronta para socar seu nariz caso tente alguma coisa. Porém, as palmas, assovios e gritos empolgados o fazem endireitar a postura, me levantando consigo. Sorrio, finalmente encarando a platéia.

O sentimento de nervosismo aos poucos se dissipa, dando lugar a sensação de satisfação e missão cumprida.

Não se esqueça da estrelinha!
Até quarta-feira, ou antes... 👀💕

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