𝟭𝟭. 𝗮𝗹𝗴𝘂𝗺𝗮 𝗰𝗼𝗶𝘀𝗮 𝗰𝗼𝗺𝗼: '𝗼 𝗾𝘂𝗲 𝗮𝗰𝗼𝗻𝘁𝗲𝗰𝗲 𝗲𝗺 𝗩𝗲𝗴𝗮𝘀, 𝗳𝗶𝗰𝗮 𝗲𝗺 𝗩𝗲𝗴𝗮𝘀'
․⚬་◦➣ ALGUMA COISA COMO: 'O QUE
ACONTECE EM VEGAS, FICA EM VEGAS.
RAPHAEL É O ÚLTIMO A passar pela porta do bunker, carregando duas enormes malas de mão consigo, e com o rosto mais carrancudo que o habitual. Em um processo de adaptação por parte de Elliot, eles acabaram por ficar mais tempo em Illinois. Além disso, toda a imprevisibilidade em lidar com a situação do lobisomem gerou muito mais prejuízo do que lucro, mesmo que a assustada senhora Harper ainda estivesse viva e bem.
Agora que finalmente tinham voltado para o Bunker, a situação não poderia ser mais desagradável. Elliot tinha se fechado de vez, Raphael mal se comunicava com os outros em seu processo de mau-humor constante e Sam, o mais são entre os três, parecia profundamente cansado, e não em um sentido físico.
No fundo, o que os três desejavam eram boas notícias de Ravena e Dean para aliviar um pouco o clima ruim.
Quando desceram as escadas, encontraram Dean com a cara nos livros, com algumas cópias de diversos temas sobrenaturais espalhados pela mesa principal do salão, todos com marcações improvisadas em cada página. Provavelmente estudando sobre as Crianças de Azazel enquanto esperava o retorno dos outros.
Ele levantou a cabeça e cumprimentou os três.
─ Vocês chegaram!
─ É. ─ Ralph responde, colocando as malas no chão. ─ Onde está a Rav?
─ Deve estar chegando.
─ Como assim "Deve estar chegando"? ─ O Blackburn levantou uma sobrancelha e cruzou os braços.
─ Ela não te contou? Precisou abandonar o caso. Acho que a sua mãe passou mal.
─ Isso não é possível, Dean.
Agora, é Dean que parece confuso, e ele se levanta da cadeira como se demonstrasse ainda mais interesse no que aquilo viria a se tornar.
─ Por que não?
─ Ela morreu há dois anos. E obviamente nós cremamos o corpo.
Quando todos os rostos se tornam um misto de dúvidas, a porta atrás deles é aberta. Ravena desce as escadas com a maior tranquilidade do mundo, carregando uma mochila pequena nas costas. Quando ela para, o sorriso em seu rosto parece diminuir.
─ Eu perdi alguma coisa?
Dean abre a boca para falar, mas no mesmo frame de segundo, Raphael já está puxando a irmã para um outro cômodo, sem nem anunciar a ação, o que faz com que a Melvac se desequilibre no processo.
─ Nos dê um segundo. ─ Ele diz antes de fechar a porta do quarto mais próximo que encontrou, e ele encara ela com tanta raiva nos olhos que a mulher facilmente identifica o X da questão.
─ Merda.
─ Por que não me contou?
─ Ralph, eu...
─ Não, não venha com justificativas. Se alguma coisa acontecesse com você, ninguém saberia como te encontrar.
─ Você saberia.
─ Por que não me contou? ─ Ele insiste, cruzando os braços.
Ravena mexe nos cabelos, soltando um longo suspiro em seguida.
─ Eu não sei. Acho que queria manter isso na surdina.
─ De mim!?
─ De todos eles. Ninguém precisa saber disso.
Raphael fica em silêncio.
─ Sei que não concorda comigo, mas é a minha decisão.
─ E eu respeito ela. Mas poderia ter me contado para onde realmente ia, ao invés de fingir que ia para outro lugar.
─ Você tentaria vir junto.
─ Bom, acho que eu tenho o direito, não é?
Ela o encara com receio. O Blackburn parece frustrado, mas ela sabe que boa parte disso tudo é preocupação. Agora que estão com Sam e Dean (e Elliot), fica muito mais difícil lidar com o que anteriormente foi uma rotina para ambos os irmãos.
─ Você está bravo?
─ Não muito. ─ Ele assume, sentando-se na cama que preenchia parte do ambiente. Não demora muito, e a morena o acompanha. ─ Mas isso não tem muito a ver com você.
─ Caso difícil? ─ Ela sugere.
─ Estressante. Se educar uma criança é como treinar o Elliot, então eu seria um péssimo pai. ─ Ele apoia a cabeça no ombro da irmã, dando um curto suspiro em seguida. ─ Acho que vou deixar essa tarefa da maternidade apenas para você.
Ela ri por um período pequeno, e depois o rosto se torna sério novamente.
─ Então... Contou para eles sobre a Aurora?
─ Acham que ela está morta.
Ravena se afasta dele, os olhos castanhos confusos enquanto analisavam o irmão.
─ Por que fez isso?
─ Acho que entrei em pânico. Ela já nos disse para agirmos como se isso tivesse acontecido.
─ Com os outros! Sam e Dean nem conhecem ela.
─ Acho que eles não vão chegar a conhecer.
─ Por que acha isso? ─ Ela se levanta. ─ Por que acha que ela não vai conhecer eles?
─ Você me deu a entender que era isso que aconteceria. E é o que nossa mãe quer.
─ Ela quer o que achamos ser melhor para nós dois.
─ Se Dean descobrir sobre isso...
─ Em algum momento ele vai ter que saber, Ralph.
─ Ou talvez não. Você parecia ser contra a ideia até dois minutos atrás.
─ É, porque eu não queria ter que contar de modo repentino, como se fosse algo pequeno. Não é algo pequeno. Agora que você falou que nossa mãe morreu, insinuando que eu menti...
─ Você mentiu. ─ Ele corrigiu. Ela apenas ignorou.
─ ... Ele vai me interrogar sobre o que eu fui fazer durante todos esses dias. Eu fiquei fora por uma semana inteira. Não é pouca coisa.
Raphael parece pensar. As íris castanhas vagam pelo chão de cimento queimado como se procurassem pela alternativa mais eficaz. E então, ele se levanta.
─ Tente fazer o 'Elefante Branco'.
Ravena arregala os olhos.
─ Nem fodendo.
─ Rav...
─ Você sabe o que isso quer dizer. Se eu falar isso com Dean, se eu pedir isso pra ele, ele nunca mais vai ter acesso a toda essa situação.
─ Ele nunca insistiu depois disso, não é mesmo? Então qual é o grande problema?
─ Ele faz parte disso, porra! ─ Ela gesticula com as mãos, certa de que o seu tom de voz se tornou maior e com isso, aumentou a possibilidade de os três meninos terem escutado algo lá fora.
─ Não vamos começar a brigar, não é?
─ Nós já estamos brigando, Ralph! ─ Ela anda pela sala, mexendo nos cabelos. ─ Eu não vou fazer isso. Não. Nem fodendo que eu faço isso.
─ Dean vai insistir no assunto. Não precisa de muito pra saber que ele vai insistir no assunto.
─ Ótimo. Talvez seja a hora de contar.
─ E o que vem depois? Aurora vai nos matar se eles descobrirem.
─ Aquela mulher está a dois passos de usar uma bengala. Não vai fazer nada contra nós dois. Ou contra o Dean e o Sam.
─ Ela ainda sabe usar uma espingarda muito bem. Você sabe disso. E por que está metendo o Samuel nisso?
─ Pelo mesmo motivo que eu envolvi você nessa situação toda. Os dois vão saber sobre isso, e acho melhor não demorar tanto para contar.
─ Não vamos contar.
─ Você está sendo escroto, Raphael. Essa escolha é minha.
─ Rav, qual é. Se eles descobrem sobre isso, provavelmente vai expor todo mundo a uma situação horrível.
─ Eu deveria estar com mais medo que você, mas ainda assim estou tentando incluir eles.
Ela respira fundo, apoiando as mãos na cintura. De repente, sua garganta parece estar fechando, bloqueando qualquer molécula de oxigênio de entrar em seu organismo. Não dava para respirar.
─ O que foi? ─ Ele tenta se aproximar, mas ela o impede com o dedo indicador, sinalizando que parasse de andar até ela.
─ Não. ─ Ela levanta o olhar para ele, e depois vai até a porta. ─ Essa decisão é minha. Até que eu conte, não quero ninguém sabendo sobre isso. Está bem?
A mão está na maçaneta, a porta está aberta. Eles sabem que agora, todos podem escutá-los, então Raphael não tem muita escolha a não ser concordar com os termos e condições da Melvac.
─ Ótimo. ─ Ela sai, batendo a porta em seguida.
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