𝟬𝟬. 𝗽𝗿𝗼́𝗹𝗼𝗴𝗼
․⚬་◦➣ PRÓLOGO.
DENTRE UMA CURVA e outra, Ravena corre por entre os corredores, os calçados sendo os únicos emissores do som de sua pressa e até mesmo desespero. Ela precisava, de qualquer jeito, sair daquela maldita fábrica e isso parecia mais impossível a cada outro corredor no qual entrava.
Onde está Raphael, afinal? , pensou, sentindo os pulmões arderem e a garganta secando, uma dor comum em sua rotina, mas não tão alarmante quanto neste momento.
Atrás de si, seu perseguidor a seguia com tranquilidade, os sapatos escuros tocando suavemente o solo enquanto prosseguia, ouvindo a mulher entrando e saindo de várias partes daquele minucioso labirinto.
E quando sentiu o som cessar, a loira se entregando ao cansaço, ele pôde finalmente utilizar de seus poderes para ir ao seu encontro, vendo a mesma parada, numa sala tão cinzenta quanto o resto daquele lugar, suja e sem saída.
─ Aí está você. ─ Ele diz, um sorriso tão diabólico quanto suas origens surgindo na face um tanto enrugada pelo tempo. ─ Foi ridículo pensar que fugiria de mim.
─ O que vocês querem? ─ Recuperando o fôlego, ela pergunta, sentindo a garganta fechar diante da falta de ar.
─ Queremos que você mostre. ─ Diz com simplicidade.
Encarando o demônio, a Melvac curva as sobrancelhas em confusão, tentando adivinhar o que, de fato, ele queria dizer com aquela frase.
─ O quê?
─ Você pode mostrar o que pode fazer, ou pode morrer. Quero que lute por sua vida.
─ Não estou com minhas armas, seu doente de merda. ─ Diz a loira, passando a se irritar.
─ Você nunca precisou delas. ─ Ele diz, e então tira o longo sobretudo que vestia, colocando-o cuidadosamente numa das estreitas estantes que tinha ali.
Respirando fundo, Ravena levantou os punhos, ambos fechados enquanto a mulher se preparava para lutar. Finalmente entendera o porquê de uma perseguição constante de semanas ─ pelo menos era o que achava ─, mas não daria a nenhum desses idiotas o gosto que queriam. Ela e Blackburn sabiam o que aconteceu com os outros, e não deixariam que acontecesse a ela também.
─ Oh! ─ Quando se vira para a mulher, encara a posição e sorri. ─ Quer se aquecer antes, Melvac? Está bem.
No momento seguinte, ambos lutavam um com o outro, Ravena tentando inutilmente acertar a criatura enquanto a mesma lhe chutava o estômago repetidas vezes.
Ela realmente não se importava com aquilo ─ precisava ser a isca e se ficasse roxa por alguns dias, que assim fosse.
Cambaleou então e as costas se colidiram com o concreto da parede, lhe causando dor. Levou a mão à barriga, sentindo a mesma formigar e doer, e sentiu-se momentaneamente cansada de toda aquela merda... até seu celular vibrar no bolso de sua jaqueta, o que só ela pôde, de fato, sentir.
Quando o demônio se aproximou novamente, ela cuspiu seu próprio sangue na face do mesmo, conseguindo algum tempo enquanto ia até os objetos do local e empurrá-lo para cima do homem a mesma estante na qual ele colocou o casaco.
─ Espero que esteja doendo aí embaixo. ─ Diz com deleite, observando enquanto ele se contorcia apenas para sair de baixo das grades.
Quando fez, encarou a mulher furiosa.
─ Chega de brincadeira, criança de Azazel. ─ Com o vocativo, ela cessou com qualquer sorriso, sentindo o peso das palavras sobre si.
Quando foi assim que lhe chamaram pela última vez? Ela tentava se lembrar, deduzindo que fazia pouco menos de uma década.
─ Vamos acabar logo com isso. Cada um de sua espécie que mato é mais oportuno para mim. ─ Com a bochecha avermelhada e um pouco roxa, o homem estende a mão e, no segundo seguinte, agarra o pescoço da loira, que sente a área em torno fechar, sufocar.
─ Você... ─ Ela começa, com dificuldade. ─ Não é um demônio comum. ─ Sentindo uma dor crescente, ela olha para o inimigo apenas para confirmar que, de fato, ele não era um demônio comum. Não era nem mesmo um demônio.
─ É grosseiro de sua parte me comparar a um daqueles. ─ Quando sorriu, uma aura lhe iluminou a face e corpo, e antes de fechar os olhos a fim de não se cegar, a Melvac jurava ter visto asas. ─ Mas é uma corrida, não é? Não há tempo para vocês nos identificarem e tentarem algo.
Convencido, mal percebeu a mulher sorrindo, os lábios mostrando dentes sujos de vermelho como se ela zombasse de suas palavras.
─ Por que está sorrindo? ─ Ele pergunta, com o cenho franzido.
─ Você achou mesmo que eu viria sozinha? ─ Com certa dificuldade ela diz, e quando o anjo passa a virar a face, algo lhe atinge o peito, fazendo com que os olhos e boca brilhem num nível intenso, anúncio de sua morte.
Ravena, por consequência, cai no chão de joelhos, e leva a mão ao pescoço enquanto seu parceiro vai até seu encontro.
─ Você está bem? ─ Raphael pergunta, empurrando o corpo para o canto e ajudando a irmã a se levantar.
─ Ralph ─ Ela levanta a cabeça, encarando os olhos castanhos do homem. ─ Nós precisamos de ajuda.
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