Capítulo 1 -
Por: Rafael Santana - Instagram: @raffael.santtana
- Duas pedras de gelo, por favor.
É bastante comum eu estar em festas, baladas e quaisquer outros lugares onde seja possível encontrar belas mulheres. Às duas horas da madrugada, é até pecado não me fazer presente em uma das muitas festas que acontecem aqui perto de onde eu moro.
É um lugar novo para mim. Música alta, luzes insinuantes e um ambiente cheio de vida. Ainda prefiro ficar aqui, observando o lugar, sentado em um banco e com os cotovelos apoiados no balcão onde um "Barmam" altamente elétrico serve-me sistematicamente algumas doses de uísque.
Costumo beber a quantidade certa para não embriagar-me – acredite, diferentemente de muitas pessoas, eu sei e consigo parar exatamente quando quero -, pois prefiro estar ciente e no controle de toda e qualquer situação que me sobrevenha. Sou um tanto sistemático e não costumo tomar decisões de forma precipitada e muito menos pelo calor das emoções.
Apesar do ambiente, a noite não está tão interessante. Deixo as cédulas que pagam o que consumi sobre a bancada. Não estou preocupado com o fato de esta noite não ter sido como eu imaginei, pois ainda tenho um final de semana que, com certeza, será perfeito para mim. Eu o farei perfeito.
Moro no último andar, na cobertura de um prédio no centro da cidade. Escolhi propositalmente o edifício mais alto daquele lugar. Possuo uma qualidade (ou defeito, se assim preferir), que é a de manter-me no melhor ângulo de observação seja onde estiver, principalmente quando desejo algo, ou alguém. As pessoas costumam confundir a minha alta confiança com prepotência, no entanto, juro que tudo isso pouco me afeta. Apenas eu sei de todos os obstáculos que tive de superar para chegar no lugar em que estou. A verdade é que, eu nunca gostei de exibir o que tenho. O que eu gosto mesmo, é de usar o conhecimento que, religiosamente, adquiro todos os dias.
O meu quarto, que é o meu reduto e o meu ambiente favorito, permanece sempre trancado a sete chaves. Somente eu adentro, por isso eu mesmo faço questão de arrumá-lo. É melhor assim.
Antes mesmo de deitar-me, ouço o celular tocar. Na tela do dispositivo está escrito: Roni. É o meu melhor amigo, na verdade o meu único amigo de confiança.
— Oi, Roni! O que quer ligando neste horário?
— E aí, cara! Tudo bom? Desapareceu da minha vida! — do tipo palhaço, Roni não dispensa uma piada. — Um galã de olhos claros como você, bem-sucedido, sedutor e o famoso príncipe das baladas, desistiu das noites? — completou.
— Não, Roni. Primeiro, eu estive há alguns minutos em uma bar aqui perto, mas não estava tão interessante. Segundo, esquece isso de príncipe, cara. Sem falar que, também não o encontrei por lá, então resolvi vir embora.
— Ih, Pedro, já te vi bem mais animado, hein! Mas tudo bem, não tem problema. Que tal irmos amanhã naquela casa de shows onde sempre visitávamos? – ele disse.
— Eu já recusei um convite de tal importância, meu amigo? Está combinado. Passarei em sua casa e iremos. Agora, vê se dorme, cara.
— Hehe, é isso aí, Pedrão! É assim que se fala. Você sabe que com todo o seu charme as coisas facilitam para mim. — o Roni quer conquistar as mulheres apenas por títulos e exibição. Eu quero tê-las apenas por prazer e por um momento.
— Você tem potencial, meu caro amigo. Mas ainda há muito o que aprender. Até mais e boa noite. — desliguei.
Levanto cedo. Às 6 horas da manhã eu já estou sentado na cama e já tinha lido o primeiro capítulo de um livro sobre a Psicologia Comportamental. Eu admiro saber sobre como se dava o comportamento do outro. Na verdade, eu diria que preciso saber.
Não, eu não sou um psicopata, ainda que tendo poucos amigos, no caso, o Roni. E mesmo morando sozinho, eu gosto de pessoas e do convívio, principalmente com as mulheres. Eu sei muito bem o que eu quero. E se quero, vou tentar conseguir.
Não me considero um narcisista, mas é fundamental estar bem para qualquer situação. Levanto-me da cama e vou ao banheiro. Enquanto tomo banho, penso em como eu quero que seja esta noite. Coloco meu terno preferido e vejo pela janela o mundo movimentar-se, fazendo um convite para que eu pudesse aproveitá-lo categoricamente. O mundo está à minha espera, melhor não demorar.
Ainda é cedo e há muito tempo até o crepúsculo surgir e a noite dominar o dia. Um perfume francês e uma boa comida em um restaurante aqui perto talvez ajude a passar o tempo.
— Bom dia, senhor! Seja bem-vindo ao "Le Monde" e sinta-se à vontade. — disse o garçom.
— Obrigado. Gostaria de uma mesa mais ao fundo do restaurante, por favor. — eu prefiro sentar bem no fundo pelo fato de que haveria (no caso deste restaurante) uma visão total do ambiente.
— Siga-me, por favor, senhor. — um restaurante de comida francesa e de um requinte altamente agradável, onde os garçons o tratam da maneira mais hospitaleira possível. Ninguém acreditou que um dia eu pudesse estar em um lugar como esse.
Acompanho o garçom até a mesa que estava disponível no lugar que eu queria e, percebo, que hoje poderá ser o dia em que eu não sentarei no final do restaurante.
— Er...por favor, essa mesa aqui está livre? — mudo de ideia rapidamente e resolvo sentar ali mesmo, bem mais perto da entrada do lugar.
— Sim senhor, está desocupada. Vai se acomodar aqui mesmo? — não gosto muito do título "senhor", mas é comum sermos tratados assim naquele lugar.
— Sim, sim, obrigado. Vou ficar bem aqui. Farei meu pedido em instantes. – respondi.
O motivo pelo qual eu mudo de ideia é simplesmente uma bela mulher que está sentada bem perto da nova mesa que eu havia escolhido, propositalmente. Sento-me de frente para ela. Enquanto a dama ainda não percebe a minha presença, eu já observei cuidadoso e educadamente todos os seus detalhes.
— Garçom, um espumante, por favor — sinalizo.
Ela finalmente havia notado a minha presença ali. Olhei à distância nos seus olhos, e por 30 segundos disfarcei o olhar, lançando-o em outra direção. Está decidido. Ela será a pessoa que me ajudará a passar o tempo até que a noite chegue, se assim ela desejar. Volto a olhá-la e, em seguida, ergo levemente o meu copo em sua direção. Aquela mulher estará aqui, sentada comigo, sem que eu precise dizer uma única palavra. Pude perceber por sua linguagem corporal que o "sim" era inevitável. Isso não é confiança demasiada, eu apenas junto as peças e movo-as como acho mais eficaz.
Levanto-me da minha mesa e sigo até o banheiro. Eu passaria bem ao lado dela, era caminho. Mantenho o meu olhar reto, seguindo o meu caminhar. Ao passar por ela e deixar uma leve fragrância do perfume francês que eu havia experimentado, dou uma leve olhada e comprovo: ela tinha acompanhado a minha passagem.
Depois de retornar do banheiro, percebo que ela não está mais na sua mesa. Confesso que não estou entendendo, mas a sua bolsa preta com detalhes dourados ainda está ali.
— Bom dia! — ouço uma voz aveludada por trás de mim e sinto uma leve mão tocar o meu ombro. Ao me virar, a vejo ali, de pé, com seu semblante dizendo que o meu convite teria sido aceito. É a confirmação do que eu esperava.
— Bom dia, senhorita. — levanto-me discretamente e seguro a sua mão, oferecendo-a o assento à mesa.
Confesso que, ela é ainda mais linda de perto. Está em um vestido que desenha todo o seu corpo e com um olhar que eu já conhecia, pois já tinha observado de longe. Sei que o nosso dia havia apenas começado e com certeza ela adoraria ver os livros que eu tinha em casa. Não sou de me apaixonar. Na verdade, eu não quero o amor.
— Desculpe-me a indelicadeza de não ter dito o meu nome. Prazer, eu sou o Pedro.
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