- Foi muita sorte eu ter encontrado você no dia que meu livro de histórias foi jogado ao fogo.

Lá estava eu, deitada na cama, examinando o misterioso livro que a noite havia deixado para mim.

Eu diria que o dono não cuidava muito bem dele, já que suas páginas tinham muitas orelhas e sua capa estava toda remendada. Não sei o que ouve com minhas mãos, mas senti que precisa registrar alguma coisa em suas lindas páginas vazias.

Peguei um pequeno lápis e comecei a desenhar alguns rascunhos... escrever não bastaria para marcar as páginas, que mas pareciam ter ido a guerra.

Aos poucos, já imaginava as histórias de cada personagem, e resolvi fazer um pequeno texto embaixo de cada desenho, lhe dando uma identidade própria.

"Com um dom para armar confusões e um jeito todo brincalhão de ser, Bendy, um pequeno demônio dançante nos encanta com sua alegria e sorriso próprio. Ele veio para alegrar a sua noite e lhe tirar boas risadas".

"Seu jeito meigo e bobo nos faz acreditar que Boris deveria ser considerado o personagem mais fofo que existe. Mesmo sendo irmão do pequeno demônio, ele não faz questão de arrumar confusões"

"Ser meio anjo e meio demônio nos mostra que Alice Angel tem uma constante bipolaridade, que a faz ser boa em algumas ocasiões.....ou má em outras. Mas, falar de sua voz é mais importante....e como é forte, assim como o seu ego. Com sua música "Angel of The Stage", ela se denomina: "A estrela do lugar".

Me senti muito orgulhosa pelos personagens...pena que não consegui pensar em nenhuma história que eles pudessem ser especiais. Eu via a beleza e o carisma deles...mas isso parecia me cegar ainda mais.

- Acho que estou imaginando demais.... melhor eu ir me deitar.

...No dia seguinte...

Os raios de sol pareciam mais felizes que o normal no início daquela manhã, tanto que acordei com eles esquentando o meu rosto na cama. Olhei para o relógio e vi que já eram 9:30. Estranhei....oras, eles deveriam ter me chamado para o horário escolar.

Toc Toc...

- Pode entrar.

Uma mulher entra no meu quarto, com um longo sorriso nos lábios.

- Senhorita Liz?

- Sim.

- Ah! Ela está aqui.

Eu não entendi nada, até que um casal entrou no meu quarto e sorriu para mim.

- Arrume suas malas querida.... você foi adotada.

Eu não sei como eu estava no momento.... só pude sorrir e ficar parada.

- Esses são Robert e Katy. Seus novos pais.

- Olá querida... é um prazer conhecê-la.

Eu continue paralisada....foi tudo muito rápido. Mas....como?

- Bom...vamos dar espaço para ela arrumar as malas. Que tal um café na recepção?

- Sim.

Eu não consegui parar de sorrir, não com essa notícia. Eu finalmente, finalmente vou sair daquele lugar horrível. Não pudia estar mais feliz.

...

Já na porta do quarto, eu ainda segurava a maçaneta, pensando na felicidade que eu sentia no momento.

- Com licença?

Saio dos meus pensamentos e me viro, encarando um rapaz, que parecia ter a minha idade....mas seus olhar era o que eu tinha antes da notícia da adoção.

- Aqui é o quarto 205?

- Sim...era o meu.

Aponto a porta a minha frente.

- Obrigado.

Vi que ele parecia ser solitário, assim como eu era.

- Qual o seu nome?

- Joey. Joey Drew.

- Prazer, Liz.

Ele me olhou, agora com um pequeno sorriso. Notei em baixo do seu braço um monte de folhas.

- Escreve?

Ele se espantou, mas viu que eu olhava para as folhas.

- Não.... desenho.

- A sim...Bom, então acho que fará mais uso desse livro do que eu.

Eu lhe entrego o livro.

- O que é isso?

- Um livro que eu achei...mas não vejo motivos para ficar. Ele com certeza será mais útil para você.

Ele parece gostar, tanto que guarda as folhas dentro do livro.

- Obrigado

- Disponha.

"Senhorita Liz"

- Acho melhor eu ir....boa sorte.

- Obrigado.

Desço as escadas e encontro meus futuros pais me esperando com a porta de um carro aberta. Era um carro grande e bem moderno.

- Vamos filha?

- Sim mãe.

A Katy sorri para mim e eu entro no carro, tentando segurar para não gritar de felicidade. Nos despedimos da madame e partimos para a minha nova casa.