Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 5

— Mãeeee já to indo pra escola — disse Henrique pelo porta de sua casa.

Maria, no entanto, apenas continuou vidrada na televisão assistindo a programação da igreja daquele dia.

Aqui estava um fato sobre a sua mãe: há mais ou menos um ano ela havia se convertido para uma congregação neopetencostal e, desde então, estava obcecada pela religião. A questão era que Maria não era muito boa das ideias, então ela levava tudo que era dito pelo pastor ao pé da letra.

Uma vez, por pouco, Henrique impedira ela de vender os móveis da sua casa para dar de dízimo.

— Não quero mais me apegar ao mundo mundano — justificou ela.

É claro que ele já havia tentando levar-lá em um psicólogo ou até mesmo mudar a sua congregação para uma menos radical, mas não havia dado em nada. Ela acreditava que não tinha nenhum problema e que, caso tivesse, "o pastor curaria".

Apesar de tudo, Henrique não poderia desistir dela. Afinal, ela era sua mãe, e naquele mundo só tinham um ao outro.

Seu pai, Carlos, foi um bêbado de merda que batia na sua esposa e vivia no bar. Já se passaram cinco anos desde sua morte — vítima de bala perdida — mesmo assim, Henrique não conseguia apagar toda a dor que ele havia causado a sua família.

É por causa dele que ela ficou assim, pensou ele. Tinha quase certeza que os problemas mentais de sua mãe resultaram de todas as pancadas que Carlos dara nela.

Até o dia de hoje Henrique se recusava a ser chamado pelo nome dele, preferindo seu segundo nome. Se possível gostaria de apagar ele da sua mente, mas aqueles pensamentos eram involuntários e sempre acabavam o atormentando.

Ele usou sua chave para destrancar o cadeado que transpassava a corrente ao redor do guidão da sua bicicleta.

Em seguida, saiu pelo portão de casa, o fechando em seguida. Colocou seu fones de ouvido. Subiu no banco da bike com sua mochila nas costas e começou a pedalar, descendo o Morro de Vila Acima.

O aleatório havia caído em uma de suas músicas favoritas. Muleque de Vila do Projota.

"Eu falei que era uma questão de tempo
E tudo ia mudar, e eu lutei
Vários me disseram que eu nunca ia chegar, duvidei
Lembra da ladeira, meu?
Toda Sexta-feira meu melhor amigo é Deus e o segundo melhor sou eu

Eu tanto quis, tanto fiz, tanto fui feliz
Eu canto Xis, canto Péricles, canto Elis
Torcedor do Santos, desse pão e circo eu também quis
Não sei feliz, mas geral merece não ser infeliz

Prosperei com o suor do meu trabalho
Me guardei, lutei sem buscar atalho
Ou sem pisar em ninguém
Sem roubar também, então sei
Que hoje o meu nome é Foda e meu sobrenome é Pra Caralho."

Projota era uma das suas maiores inspirações. Um cara negro, periférico, morador de comunidade que ascendeu na vida e transformou a vida da sua família através de sua música. Aquele era o exemplo que queria seguir para vida.

Afinal, desde que Henrique se entende por gente ele sabe que tudo é especialmente mais dificultoso para pessoas como ele. Pretos tinham que trabalhar o dobro para, só então, ficar de igual para igual com os brancos.

A vida não é justa, então seja você mesmo a sua justiça, aquele era seu lema.

Um bando de meninos descalços brincava de bola na rua.

Henrique parou a bicicleta e esperou eles saírem do meio para passar.

— Tchau Henrique — disse um deles a sua costa.

Mais a frente, ele viu um de seus amigos andar pelas calçadas, carregando uma sacola de compras.

Ele parou a bicicleta e gritou:

— Eai, parça.

Ao ouvir sua voz, Quequel virou e o fitou. O seu rosto coberto de tatuagens e piercings se movimentou para formar um sorriso que já era característico seu.

Em seguida, caminhou em sua direção.

— Mano, faz tempo que não vejo você trampando por aqui pela quebrada — disse Quequel.

Ele tocou em sua mão com o toque que já era rotineiro entre o seu círculo de amigos. Uma batida e um soco.

— Cara ando muito ocupado ultimamente por aí a procura de trabalho... mas tá tudo sussa. E ai, qua é as boas?

— Mano, você tá sabendo do show do Mc Caraio que vai acontecer no próximo domingo? — disse ele tocando no assunto. — Cê pá eu posso arrumar uns ingressos aí pro cê bro.

Henrique havia ouvido a notícia, porém, ultimamente ir à qualquer tipo de festa estava na última das suas prioridades.

Agora que havia arranjado um trampo bem que ele poderia chamar a sua namorada para os dois irem no baile de funk. Se bem que faziam dias que não se comunicava com Elisangela e sequer sabia se ainda estavam realmente em um relacionamento. Mas ele que não iria correr atrás dela.

— Quem sabe... mano, eu vou pensar.

— Tudo certo tudo certo.

Falando em Elisangela, ele tinha algo a perguntar para Quequel.

— Mano, tu tem alguma noticia sobre a Elisangela? Faz tempo que ela não me manda mensagem, tô achando estranho...

Henrique percebeu que ele controlava o riso.

Quequel apenas respondeu: — Mano, abre teu olho. É a única coisa que te falo, de irmão pra irmão.

Henrique deu de ombros, não entendendo o que ele sugeria. Ou melhor, preferindo nem saber.

Henrique colocou a sua bicicleta entre o suporte de bicicletario da escola.

Ele havia aprendido a pior forma que a qualquer brecha dada na Alves Pereira para ser roubado você seria. Quando era aluno do nono ano havia feito a besteira de esquecer a corrente do cadeado para guardar a sua bicicleta.

No momento ele não achava que deixar-la desprotegida apenas um dia causaria algum problema. Bom, quando tocou o sinal da última aula e ele saiu para pegar-lá ela não estava mais lá.

Ele guardou a chave do cadeado em seu bolso e seguiu pelos corredores da escola, em direção da sua sala.

Quando entrou na sala, o professor lhe lançou um olhar interrogatório.

Henrique fora se sentar em seu lugar costumeiro, a penúltima cadeira da primeira fila.

— Como eu ia dizendo... O ENEM está logo ai e, como a maioria de vocês já devem saber, espero, uma boa redação é de extrema importância para que suas notas alcancem níveis satisfatórios.

Henrique tentava prestar atenção mas duas meninas trocavam conversas nas carteiras atrás de si.

Ele achava que pelo fato de estar cursando o turno da noite e a maioria da sala ser composta, em sua maioria, por adultos ele estaria em uma classe com pessoas responsáveis que estavam ali para estudar. Porém, bastou apenas um dia de aula para perceber que a confusão era a mesma, só que dessa fez feita por adultos.

— Para treinar a escrita de vocês, a partir desse semestre, começarei a dar foco na escrita. Para a aula de hoje vocês terão a tarefa de escrever uma redação com o seguinte tema: profissão do sonho  — Ele olhava de um por um enquanto falava caminhando pela sala. — Quero saber qual é a meta profissional de cada um de vocês. Não esqueçam de caprichar na introdução, desenvolvimento e conclusão, colocando pontos sucintos de discussão e a sua posição em relação ao tema.

Jean, o palhaço da turma, falou: — Profe eu quero me tornar um cantor de funk, você pode me informar qual faculdade eu preciso fazer?

Todos na sala riram, inclusive Henrique.

O professor estava sério.

— Se você quer se tornar um cantor de funk, Jean, nem precisa frequentar uma escola. Qualquer zé ninguém consegue fazer sucesso cantando letras de músicas chulas e vulgares sem nenhuma profundidade.

Jean se calou ao ouvir o ralho do professor.

Henrique não concordava com o professor mas ficou calado.

Funk salva vidas.

Todos começaram a fazer as suas atividades.

Henrique olhava para folha em branco no seu caderno. Ele batia com a caneta em sua carteira, esperando a inspiração para escrever o seu texto. Nada veio.

O som do ventilador de teto girando era a única coisa audível.

Sonho de profissão...

Sim, ele tinha uma sonho de infância. Sempre quando costumava ser indagado pelos professores sobre o que queria ser quando crescesse, Henrique sempre respondia com extrema confiança: — Quero ser professor.

Havia aprendido cedo demais que aqueles sonhos eram fantasiosos demais para alguém como ele. Se quisesse cursar uma faculdade ele teria que pegar um ônibus de, em média, umas seis horas para a cidade mais próxima que tivesse uma Universidade. Seria praticamente impossível conciliar aquilo com a sua agenda de trabalho, então havia se contetado em ao menos terminar o ensino médio.

Ou trabalhava ou estudava, era algo que aprendera cedo demais e de forma trágica.

Fantasia de criança preta não dura muito.

E isso ainda era um privilégio, considerando que a maioria dos habitantes do Morro de Vila Acima sequer terminara o ensino fundamental.

Ele percebeu que as horas haviam passado. Pegou seu celular por baixo da carteira e olhou de relance o horário.

Eram 20:30.

Henrique levantou da carteira.

— Professor, tenho um compromisso importante para ir. Infelizmente terei que sair.

O professor o olhou de sua mesa.

— E quando você não tem um compromisso importante ultimamente, Carlos Henrique?

— Você sabe... é que estou correndo atrás de trabalho ou qualquer bico que seja. Mas prometo que essa é a última vez que saio antes do fim da sua aula.

O professor Rodolfo apenas acenou a cabeça em concordância. — Você escreve muito bem Carlos Henrique, espero que não desperdice seu talento.

Henrique arrumou seu material em sua mochila e rumou seu caminho para fora da classe.

Dirigiu-se na direção dos banheiros e entrou em uma cabine. Tirou de sua bolsa a camisa social.

Tá toda amarrotada.

Ele tentou alisar-lá com a mão de forma a desfazer as dobras visíveis. Em seguida, retirou o seu uniforme e a vestiu. Retirou do bolso de sua calça jeans um pente de bolso e penteou seu cabelo encaracolado.

Quando saiu da cabine, deu uma última olhada de relance no espelho e saiu.

Destravou o cadeado da corrente, tirando a sua bicicleta do suporte de bicicletario. A manejou do fundo da escola para o pátio e saiu pelos portões da frente do Alves Pereira.

— Boa noite — disse o vigia ao o ver sair.

Henrique respondeu o mesmo.

Então, estava pedalando pelas ruas noturnas do bairro, com os ventos soprando as suas madeixas negras enquanto se apressava para chegar na reunião a tempo.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro