Capítulo trinta
Ricardo
-Droga!!! Droga!!! - jogo meu celular na parede com toda força e ele se espatifa inteiro - como pode uma coisa dessas, ninguém some desse jeito, eles são um bando de incompetentes.
-Eu disse a você que não seria fácil achá-lo, mas tem que ter paciência, uma hora ele vai dar um vacilo daí agente pega ele.
-Paciência! ! ! - esbravejo novamente - como você me pede paciência, já faz quase um mês que aquele miserável do Alberto fugiu e tudo que a polícia e os investigadores conseguiram foram pistas falsas que ele mesmo deixou, até agora nem sinal dele e muito menos do meu dinheiro.
-Estamos tentando localizar a Nicole, tenho certeza que ela nos levará até ele, mas isso não vai acontecer da noite para o dia.
-Eu quero que toda essa pressão acabe Joseph, ele está por perto, que outra maneira ele enviaria todas aquelas ameaças para a Helena, estou pirando com a idéia de que ela possa estar correndo perigo.
-Eu sei Ricardo, mas com tantos seguranças que você colocou perto dela ele não tem chance de fazer nada, ela está segura.
-Ele me odeia Joseph e vai fazer de tudo para me atingir onde ele sabe que é o meu ponto fraco na Helena.
-Ouvi o meu nome - ela chega na porta e como sempre está sorrindo mesmo com toda a pressão dos últimos dias - estão falando de mim.
-E quando esse maluco não fala de você hein, acho que até dormindo deve sussurrar o seu nome.
-Engraçadinho, bom dia Joseph bom dia meu amor - ela olha para o chão e vê o meu celular todo quebrado - o que aconteceu?
-Nada não.
-Sei, vou fingir que acredito - ela vem até mim e me dá um beijo - sem notícias do Alberto.
-Até agora só buscas infundadas.
-Uma hora vocês o pegam.
-Espero que não demore muito para isso acontecer se não o Ricardo pira - olho para Joseph e ele se cala, não quero que Helena se preocupe mais do que o necessário - eu vou indo qualquer novidade te aviso.
-Vou com você Joseph.
-Vai onde? Pensei que trabalharia em casa hoje.
-Não começa com essa história, não vou parar com a minha vida por causa daquele lunático.
-Não quero que pare com nada, o que lhe peço é apenas cautela não há motivos para se arriscar.
-Pelo visto essa discussão vai longe, então já vou indo, tchau - Joseph sai e fecha a porta e Helena me encara já nervosa.
-Não vê que é exatamente isso que ele quer, nos causar medo, quer que paramos de viver nossas vidas.
-Se é isso que ele quer, palmas pra ele, pois está conseguindo.
-Já faz quase um mês que aquilo aconteceu, uma hora dessas ele deve estar muito longe daqui e você fica ai vivendo em função dele.
-Me perdoa minha doutora mais eu não consigo esquecer o que ele fez, naquele dia em que voltamos tudo que eu mais queria era que tivéssemos paz, no entanto.
-No entanto nada, não quero mais parar a minha vida por causa do Alberto, não quero e não vou, e agora se me der licença tenho muito trabalho no meu escritório e não se preocupe já estou acostumada com os seguranças nem vou mais reclamar - ela me dá um beijo e sai antes que eu possa impedi-la.
Agora sozinho a raiva me consome ainda mais, como pude me enganar tanto em relação ao Alberto, como pude ser tão idiota.
E antes que eu perceba as lembranças daquele dia me invadem.
Lembranças de alguns dias atrás.
Depois da noite perfeita que tive com Helena acordei me sentindo muito bem como a vários dias não me sentia, Helena fez questão de passar em seu apartamento antes de ir ao hospital ver o estado de saúde do Sebastian, a avó dele e a Kate já haviam saído, eu insisti para levá-la e ela até que aceitou mas na hora que estávamos saindo Carlos me ligou dizendo ter novidades a respeito do desfalque na empresa então não pude ir, combinamos então de que eu a encontraria no hospital mais tarde.
Não demorou muito e Carlos chegou mas antes que começássemos a falar meu celular começa a tocar, assim que vi que se tratava de Helena atendi imediatamente, ela estava em pânico, chorava e seus soluços me deixaram apavorado, ela não dizia coisa com coisa e mesmo sem entender nada saí correndo entrei em meu carro e dirigi como se o próprio diabo estivesse atrás de mim, foi por pura sorte que não sofri um acidente, tudo que sei é que cheguei lá dentro de poucos minutos.
Quando saí do elevador vi Helena do lado de fora de seu apartamento, alguns vizinhos estavam com ela e tentavam acalmá-la, quando ela me viu se jogou em meus braços e seu choro aumentou, ficamos um tempo ali abraçados ela não disse nada e eu também não perguntei, tudo que importava naquele momento era que ela estava bem.
Uma senhora veio e lhe deu um calmante e a convidou para entrar em seu apartamento ela aceitou de imediato e eu continuava sem entender nada.
Pouco tempo se passou e Helena dormiu em meu colo graças ao calmante, a senhora muito gentil ofereceu um quarto para que eu pudesse deitá-la, assim que eu a deitei na cama o porteiro me chamou e disse que a policia havia chegado e queriam falar comigo, eu não queria sair do lado de Helena mais ainda não sabia o que havia acontecido para deixá-la naquele estado então eu fui e deixei aquela senhora com ela e pedi que me chamasse imediatamente caso ela acordasse.
Assim que cheguei no corredor fiquei mais confuso ainda pois além dos polícias havia também um grupo de homens com camisas de um logotipo de uma empresa de controle de pragas e animais, mas bastou eu entrar dentro do apartamento para entender o motivo deles estarem ali.
A casa estava toda quebrada os moveis revirados e várias cobras e escorpiões rastejavam pelo chão, um rastro de sangue seguia por todo apartamento, os polícias me chamaram até o quarto e lá tudo era ainda pior, mais parecia com cenário de um assassinato, na cama havia mais uma cobra e o lençóis que um dia foram brancos estavam vermelhos de sangue, na parede estava escrito bem grande também com sangue " Vadia você me paga".
Meu estômago se revirou não por nojo ou coisa assim, mas por ódio um ódio descomunal por quem fez toda essa merda, Alberto.
No mesmo dia peguei tudo que pertencia a Helena e ela se mudou para minha casa, o que muito me preocupou foi que ela ficou dois dias de cama e não tocou no assunto e depois passou a agir como se nada tivesse acontecido.
Desse dia pra cá tudo foi só piorando, ameaças chegavam pelo correio, pneu do carro sendo rasgado, mas o que me deixava mais irado é que ninguém conseguia chegar até o Alberto, todas as provas estavam lá na sua casa, ao desvios de dinheiro, tudo que ele aprontou na ilha e até mesmo sua tentativa em acabar com minha vida ele não fez questão de esconder nada e isso me deixava com medo pois eu não tinha idéia de até onde ele seria capaz de chegar.
Volto ao momento presente pois relembrar só me causa raiva, raiva por tudo que aquele miserável de uma figa fez mas principalmente raiva por eu não ter conseguido proteger a pessoa que mais me importo nesse mundo.
Pego as minhas chaves e resolvo ir até o escritório de Helena, contratei uma equipe que sei ser a melhor para fazer a sua segurança mas mesmo assim prefiro ficar por perto.
Saio do escritório e vou em direção a porta de saída, levo um susto quando abro a porta e alguém cai em meu colo desmaiada, e quando vejo Nicole em meus braços toda machucada me assusto ainda mais.
Pego ela em meu colo e a levo para o quarto de hóspedes já gritando Inês, ela chega depressa e quando vê Nicole quase tem um ataque.
-Meu Deus!!! É a .... o senhor fez isso - ela aponta para o corpo inerte e todo roxo desmaiado na cama.
-Ficou maluca mulher, acha mesmo que eu seria capaz de fazer uma coisa dessas - esbravejo irritado por ela pensar que eu seria capaz de bater em uma mulher.
-Desculpe senhor, mas é que depois de tudo que ela fez e da raiva que o senhor anda nesses últimos dias eu pensei que. ....
-Então pare de pensar besteiras - a interrompo alterado - e chame um médico imediatamente.
Ela sai correndo e eu fico olhando para Nicole sem saber ao certo o que devo fazer, então fico ali apenas à olhando.
Já se passou um bom tempo e ela ainda está inconsciente até que se mexe e aos poucos vai voltando a consciência e quando me vê começa a chorar desesperada.
-Me perdoe Ricardo, por favor me perdoe, eu não sabia o que ele tinha em mente, no começo achei que ele queria apenas dinheiro só depois percebi que ele é completamente louco, aí já era tarde, eu tentei sair fora mas ele não aceitou e tentou acabar com minha vida, eu fugi num momento que ele se distraiu mas eu tenho medo, ele é capaz de qualquer coisa para destruir você - nem surpreso com as suas revelações eu estava, afinal agora já sei do que ele é capaz, e eu devia dizer para ela não se esforçar pois estava machucada e muito abalada mas eu precisava saber em que buraco aquele desgraçado estava escondido.
-Tudo vai se resolver ele vai pagar por todo o mal que está causando, mas eu preciso saber onde ele está, me diz onde ele se esconde - ela me olha com medo e não fala nada - me diz porra!!! - grito e ela se encolhe na cama com medo, me aproximo ameaçador - eu perguntei onde ele está - seguro em seus braços com força querendo uma resposta - fale logo Nicole está esperando que ele fuja? Fale antes que eu ....
-Senhor Ricardo - Inês me chama da porta, olho pra ela com raiva por ter sido interrompido e vejo que já está acompanhada do médico - o médico já chegou.
Solto o braço dela e me afasto, cumprimento o médico e saio irritado por ela não ter me falado onde ele estava, vou até o escritório e ligo para a polícia e informo sobre a presença de Nicole na minha casa.
Não demorou muito minha casa já estava cheia de policias inclusive aquele investigador que eu tanto detesto, Caio, mas sou obrigado a engolir.
O médico a examinou passou alguns remédios e foi embora e agora a polícia a está interrogando, eu queria ficar no quarto mas eles disseram que com o meu nervosismo eu poderia atrapalhar, então fui obrigado a esperar do lado de fora.
Assim que eles saem do quarto os questiono sobre o paradeiro do Alberto.
-Ela falou onde ele está?
-Ela não sabe.
-O quê? Como assim ela não sabe, tenho certeza que ela está mentindo, vou obrigá-la a dizer de um jeito ou de outro - tento entrar no quarto mas Caio me impedi.
-Ela está dormindo agora, essa mulher já sofreu o bastante por hoje e se ela disse que não sabe eu acredito, então não se meta.
-Ela está mentindo seu idiota, eles estavam juntos nisso, então quero que me diga como ela não sabe onde ele está, isso não tem cabimento.
-Ela está muito abalada, tente entendê-la, mas disse que ele a levou para as redondezas da cidade vizinha em um lugar que parece um sítio, era noite e ela não prestou atenção no caminho e quando fugiu também era noite, ela andou durante a noite toda perdida e desorientada e veio parar aqui graças a uma mulher que a encontrou na beira do caminho desmaiada, temos uma idéia de onde é, mas aquela região é muito grande isso pode demorar dias.
-Mas não quero esperar dias - falo já possesso de raiva - acho que vocês não estão entendendo, a mulher que eu amo está correndo perigo por causa desse lunático e eu o quero fora do meu caminho não importa quanto isso custe, então façam o que for preciso mas achem ele, só quero que façam o seu trabalho e deixem de serem incompetentes.
-Está querendo ensinar nosso trabalho senhor Montanari - Caio fala todo alterado é visível o quanto nos detestamos - sei que o senhor está nervoso mas mesmo assim meça suas palavras pois eu sou uma autoridade aqui, e não vou aceitar que me desrespeite.
-Ricardo!!! - Helena entra na sala e Caio suaviza sua expressão na mesma hora me deixando ainda mais irritado - Aconteceu alguma coisa? Oi Caio a quanto tempo - ela vai até ele e o abraça e o ciúmes que sinto quase me cega - gente falem alguma coisa, não me digam que prenderam o Alberto.
-Não meu amor, ainda não.
-Mas então por que a polícia está aqui?
-Viemos interrogar a Nicole - Caio responde.
-O quê!!! Como assim vieram interrogar a Nicole? Não me diga que aquela vagabunda está na minha casa - Helena olha para mim em busca de resposta.
-Vou deixar vocês conversarem a sós, quando ela estiver melhor me avise que venho tomar o depoimento dela, enquanto isso vou atrás das pistas que ela nos deu - ele sai, e Helena me olha esperando por uma explicação.
-Eu posso explicar.
-Espero que possa mesmo.
E eu tentei, mas Helena ficou com muita raiva por eu ter acolhido Nicole na nossa casa, quis que eu a levasse para um hospital mas eu ainda tinha esperança de que ela lembrasse de algo importante sobre o paradeiro do Alberto então eu queria mantê-la por perto.
Naquele dia Helena dormiu sem conversar comigo e eu nem dormi pensando num modo de ter pelo menos um dia de paz.
***********
-Bom dia meu amor - acordo Helena com um belo café da manhã com tudo que ela gosta, ela me olha confusa afinal dormimos sem nos falarmos direito.
-Bom dia - me diz seca - aquela mulher já foi embora né.
-Helena por favor não quero discutir com você, vamos esquecer que ela existe.
-Como vou esquecer que ela existe, se ela está bem aqui ao lado, pode me explicar como se faz essa mágica?
-A doutora pode me dar um voto de confiança, preciso tê-la por perto, sei que ela sabe mais do que disse, mas só posso fazer isso se você confiar em mim, meu amor.
-Que seja - fala com pouco caso - só não me peça para virar amiguinha dela, eu quero aquela vaca bem longe de mim, entendeu bem? Eu estou cansada de tudo isso, cansada de viver com medo e cercada desse monte de seguranças, tem horas que eu tenho vontade de desaparecer e só voltar quando tudo estiver resolvido.
-Quanto a isso não se preocupe - vendo que ela está mais calma me aproximo e deito ao seu lado na cama - o que me diria se eu lhe prometesse um fim de semana inteiro só nós dois, longe dos problemas, da Nicole e principalmente do Alberto.
-Estou começando a gostar dessa idéia, fale-me mais sobre isso -ela se aconchega em mim me deixando excitado na mesma hora.
-Já está tudo pronto é só você dizer sim e vamos passar o fim de semana num chalé muito aconchegante de frente para uma linda lagoa, retirado da cidade e eu poderia dizer que quase sem ninguém pois preciso de pelo menos uns dois seguranças. E aí o que me diz?
-Deixe eu ver se entendi, chalé aconchegante, lagoa, fim de semana inteiro longe de tudo e praticamente de todos - ela fingi pensar - não sei se aceito essa proposta, acho que para eu aceitar você teria que acrescentar uma coisinha nessa lista tipo fazermos amor o tempo todo e só parar quando eu me enjoar de você ou seja não parar nunca - ela se joga em cima de mim e começa a beijar minha boca quase com fúria o que me deixa louco de desejo.
-Posso tomar esse beijo como um sim?
-O que você acha.
-Vou avisar agora mesmo ao Nestor para que ele escolha mais um segurança para nos acompanhar, enquanto isso pode ir fazendo as malas.
Quando volto ao nosso quarto já está tudo pronto e Helena está com um sorriso gigante nos lábios ela pula em meus braços feito uma criança que acaba de ganhar um brinquedo novo.
-Nem acredito que vamos ter um fim de semana inteiro só para nós dois e o senhor está proibido de tocar no nome do Alberto ou qualquer coisa relacionada a ele, estamos entendidos?
-Alberto? Quem é esse tal de Alberto? Não conheço ninguém com esse nome - começamos a rir e fomos em direção ao carro feito dois adolescentes vivendo o primeiro amor.
Eu mesmo fui dirigindo enquanto Nestor e o outro segurança vinham em outro carro mas sem estar muito perto, quero que esse fim de semana seja o mais normal possível.
Chegamos ao nosso destino quase na hora do almoço, Helena fica extasiada com o lugar, o chalé é localizado numa montanha e não tem vizinhos, embora fique a poucos minutos da cidadezinha mais próxima, com dois andares, feito inteiro de alvenaria muito aconchegante e moderno, sem contar com a lagoa bem em frente que completava a paisagem fazendo com que se tornasse digno de um filme de Hollywood.
Trouxemos comida pronta pois cozinhar não é o nosso forte e passamos o dia inteiro somente aproveitando a companhia um do outro, ríamos de tudo e estávamos realmente desligados dos problemas que vínhamos enfrentando nos últimos dias.
-Mais que merda, não acredito que me esqueci de trazer - ouço Helena resmungando no banheiro e vou ver do que ela reclama.
-Esqueceu de trazer o quê? Posso saber ou se trata de algo obscuro da sua vida que esconde de mim - brinco ao entrar no banheiro mas Helena fica séria e eu me preocupo - o que foi minha doutora aconteceu alguma coisa?
-Eu esqueci de trazer meu anticoncepcional - ela diz brava e eu começo a rir.
-Jura? Está nervosa por causa disso? Pois eu adorei a idéia quem sabe assim já damos logo um jeito de fazer o nosso primogênito - chego e a agarro por trás e começo a beijar o seu pescoço ela me empurra com brutalidade quase me derrubando no chão.
-Não fala isso nem de brincadeira - ela agora está pálida e em seu rosto uma expressão indecifrável me deixa confuso - e por favor não toque nesse assunto novamente.
-Como assim não tocar nesse assunto, pensei que você tivesse aceitado meu pedido de casamento, e embora eu nunca tivesse pensado nisso antes agora não existe nada nesse mundo que me deixaria mais feliz do que ter um filho com você, de preferência uma menina linda como você minha doutora - tento novamente abraça-la e mais uma vez sou empurrado.
-Já disse que não quero tocar nesse assunto - dessa vez ela grita - esquece isso de termos um filho e se realmente me ama não fala isso nem de brincadeira pois eu não quero ter um filho com você entendeu bem eu não quero.
Helena agora está chorando e eu a olho sem entender nada, e infelizmente não consigo deixar de me sentir mal, será que ela pensa que serei um pai tão ruim assim que a simples menção de ter um filho comigo a fez ficar nesse estado.
Engulo meu orgulho ferido e tento falar com a voz mais calma que consigo, embora por dentro uma parte de mim busque uma explicação para que ela expresse tamanho horror em se ter um filho comigo.
-Tudo bem Helena, como quiser - saio do banheiro e procuro por Nestor para que ele vá até a cidade comprar o anticoncepcional mas acabo desistindo de mandá-lo e resolvo ir eu mesmo, pois precisava digerir essa conversa estranha que acabo de ter com Helena.
Compro o remédio e para esfriar a cabeça passo num pequeno bar e peço um whisky, não consigo deixar de me sentir magoado com o que Helena disse, fico ali por um bom tempo remoendo nossa conversa e tentando buscar uma explicação mas nada do que me vem a cabeça parece uma justificativa plausível para o medo e horror que vi Helena demonstrar quando falei em termos um filho.
Fico ali por um bom tempo e nem vejo que a noite chegou, o bar começa a ficar mais barulhento só então me dou conta de que a hora passou rápido demais.
Pago a minha conta e entro no carro disposto a tirar essa história a limpo, ela me esconde alguma coisa e com certeza vou descobrir do que se trata.
Pego a estrada de chão e cheias de curvas que levam até o chalé onde deixei Helena mas quando estou na última curva vejo muita fumaça no céu e meu coração vira um gelo.
Acelero o máximo que consigo e paro o carro em frente o chalé que está com o segundo andar todo em chamas, do lado de fora avisto Nestor caído no chão com um tiro nas costas ao que parece morto, isso me arranca o chão acabando com a ilusão de que aquele incêndio possa ter sido um acidente e como que para confirmar minhas suspeitas ouço o grito de Helena lá dentro, corro, entro no chalé e paraliso quando a vejo sendo segurada por Alberto e com uma arma apontada para a sua cabeça.
-Ricardo!!! - Helena grita meu nome e lágrimas saem dos seus olhos.
-Veja, chegou quem estava faltando para completar a festa.
-Alberto, por favor abaixe a arma e vamos resolver isso entre nós dois, nada disso tem haver com a Helena é um problema nosso, então solte ela e vamos sair daqui antes que mais alguém se machuque - não sei onde tiro forças para falar, tudo que sei é que tenho que manter a calma pois Alberto parece totalmente descontrolado.
-Desculpe Ricardo não era para ter chegado a esse ponto, tudo foi se complicando e agora não tem mais volta.
-Tudo bem - dou alguns passos em sua direção - vamos conversar, mas antes solta a Helena, olha ao nosso redor está tudo pegando fogo seria melhor que conversássemos lá fora.
-Acabou Ricardo, agora tudo vai se ajeitar - olho para suas mãos que tremem sem parar e seus olhos estão vidrados como se não vissem nada a não ser eu em sua frente.
-Eu concordo tudo vai se ajeitar - um pedaço da escada cai logo atrás de mim em chamas e Helena grita desesperada fazendo com que Alberto se descontrole ainda mais.
-Cala a boca sua vadia, tudo isso é culpa sua - ele aperta mais a arma na sua cabeça e eu assistindo tudo sem saber o que fazer para salvar a mulher da minha vida, dou mais alguns passos mas ele nota - se eu fosse você não me aproximaria nem mais um passo, a não ser que queira que tudo termine mais rápido.
-Não faz nada Alberto eu te peço - falo já desesperado.
-Um pouco tarde para você me pedir qualquer coisa não acha - ele fala sorrindo o que me deixa mais apreensivo ainda - mas antes que tudo termine deixe eu te contar uma história, era uma vez um homem muito poderoso que iludiu a sua secretária fez um filho nela e a abandonou, ela ficou tão desesperada sem ninguém e com um filho pequeno para cuidar que não aguentou e morreu de tanta tristeza, o homem poderoso quando soube da morte da mulher pegou a criança e pagou um casal para tomar conta do menino, esse menino cresceu junto com o filho do homem poderoso, sempre na sombra desse filho que era perfeito, o homem sempre iludiu o menino e dizia que ia assumi-lo como filho, mas a verdade é que ele sempre teve vergonha desse filho bastardo, até que o homem morre sem assumir o filho e fim.
-Alberto do que você está falando, eu nunca soube de nada disso eu sinto muito por tudo que você passou e se você e eu somos irmãos vamos sair logo daqui, nós sempre vivemos como irmãos, você e eu sempre ficamos juntos - ele suaviza um pouco o olhar.
-É verdade, sempre nos demos muito bem eu sempre quis ser como você e fiz de tudo para ficar por perto quando precisava de mim - agora ele começa a balançar a cabeça para frente para trás feito um louco, aceno para que Helena não fale nada, pois é visível como ele está fora de si.
-Sempre fomos bons juntos como verdadeiros irmãos não é, vamos continuar assim meu irmão, é só você largar a arma e tudo vai voltar a ser como sempre foi, tá bom?
-Eu não posso, tudo piorou depois que essa mulherzinha apareceu, para voltar a ser como antes ela não pode mais estar aqui - ele engatilha a arma e eu entro em pânico.
-Não!!! Alberto deixa ela ir, eu prometo que vai ser só eu e você, apenas nós dois.
-Você promete? - ele pergunta e começa a rir - tudo era perfeito antes dela, você confiava em mim e seguia meus conselhos depois que ela apareceu você a colocou como prioridade, e passou ouvir somente a ela, só que você não sabe de nada meu irmão ela não é essa pessoa que pensa que ela é, deixa eu te contar um segredinho da doutora Helena ela abortou um filho seu, a muito tempo na primeira vez que vocês transaram ela engravidou de você e não quis o seu filho e o arrancou de dentro dela - olho para Helena e ela está com os olhos fechados mesmo assim as lágrimas caem sem parar.
Alberto começa a rir sem parar e se distrai por um segundo mais foi o que precisei para pular em cima dele e jogá-lo no chão, Helena cai um pouco afastada e a arma também.
Dou um soco em Alberto e ele revida me dando um chute me tirando de cima dele, ele se levanta e procura pela arma mas não a encontra.
Nesse instante o chalé esta quase todo em chamas sei que não demora muito tudo vai ruir, olho para o lado e vejo Helena ainda no chão e tossindo muito por causa da fumaça me levanto com dificuldade e vou até ela, mas escuto um barulho e vejo Alberto pegando a arma e quando ele aponta em nossa direção um pedaço de madeira cai em cima dele o derrubando.
Tudo agora é fogo e fumaça, Helena está com dificuldade para respirar, então eu a tomo em meus braços e saio de dentro do chalé em chamas.
Coloco ela no chão e olho pra trás sei que o chalé não demora muito vai desabar e o Alberto está lá dentro.
Helena
Tudo em mim dói, meus olhos ardem e meus pulmões custam buscar ar, o fogo agora já tomou quase tudo e no momento só consigo agradecer por estarmos vivos, Ricardo me deposita no chão e olha para trás.
-Você está bem? Não está ferida? - ele pergunta todo preocupado.
-Estou bem e você?
-Estou - ele olha novamente para as chamas.
-Quero que saiba que eu não arranquei nosso filho como ele disse eu jamais faria isso eu.....
-Shiiiii - ele coloca o seu dedo em meus lábios - eu sei que você nunca faria uma coisa dessas pois eu conheço o que vai aqui - leva a mão no meu coração e mais uma vez olha pra trás - eu te amo Helena nunca se esqueça disso, você é o meu mundo mas eu não posso deixá-lo morrer lá desse jeito - ele beija suavemente meus lábios, se levanta para sair e eu seguro em sua mão.
-Não vai, por favor não volte lá.
-Eu já volto.
E para meu desespero ele entra novamente no chalé em chamas, ouço umas sirenes ao longe.
-Ricardo!!! - e a última coisa que vejo antes da escuridão me envolver foi o teto do chalé desabando.
Voltei amores, quanta emoção hein!!!
Capítulo cheio de revelações e acontecimentos.
As coisas literalmente pegaram fogo, só resta saber quem vai se queimar.
Espero vcs no próximo, enquanto isso vota e comenta esse aqui se estiver curtindo.
Beijoca da JÔ 😘😘😘
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