A Origem
Míla, Grécia Antiga - 609 a.C.
Antícero Deimos era o seu nome. Ele foi o princípio de tudo ou, melhor dizendo, o princípio da desgraça do mundo. Era um curandeiro famoso com habilidades excecionais, requisitado pela elite e pago em altas quantidades de ouro pelos seus serviços. Apesar disso era humilde, não recusando ajudar qualquer alma que precisasse de socorro. Era temido por forasteiros que o julgavam bruxo, mas Antícero apenas tinha grandes conhecimentos em herbologia. Dizia que podia curar qualquer doença com uma das suas ervas. Esta afirmação era verdadeira, pois nunca ninguém havia falecido aos seus cuidados em cinco anos de serviço. Até à chegada daquele fatídico dia... Um dia que transformou Antícero e o mundo para sempre.
Numa bela manhã de primavera, pouco depois do nascer do sol, Antícero foi acordado pelo som de fortes pancadas na madeira. Ainda meio adormecido, levantou-se e abriu a porta que o separava da rua. Foi abordado por um homem novo irradiando riqueza, mas que apesar de jovem, possuía um olhar cansado e gestos pesados, como se não dormisse há várias noites.
- Tem de me ajudar - implorou o homem, claramente desesperado - O meu nome é Emílio Mallory, filho de Mirava e Demétrio Mallory, e resido em Atenas. O senhor é Antícero Deimos, o curandeiro?
Antícero esbugalhou os olhos. Atenas ficava a três dias de distância da sua cidade! O pobre homem devia estar muito aflito para ter viajado por tanto tempo só para se consultar com ele. Ainda por cima tendo vários médicos de qualidade na capital.
- Sou sim. Qual é o problema? - perguntou, curioso e já mais desperto.
- É a minha esposa - esclareceu Emílio, tentando disfarçar o tom de voz que começava a tremer - Já há alguns meses que ela vem sofrendo de fraqueza e febre, mas nas últimas semanas piorou! Consultámos os melhores médicos de Atenas, mas eles não encontraram solução. Foi aí que me recomendaram o senhor. Todos sabem que a elite de profissionais se encontra na capital, mas você decide viver longe de tudo numa pequena cidade! Peço-lhe, por favor, venha comigo até Atenas para ajudar a minha mulher! Pago-lhe o que quiser!
- Apenas recebo no final do tratamento e no caso de melhora do paciente - Antícero afastou-se e abriu a porta completamente - Por favor, entre. Vou arranjar-me e preparar os suprimentos. Aproveite para descansar um pouco. Deve estar exausto.
Após se vestir, Antícero fez perguntas detalhadas sobre os sintomas da esposa de Emílio e arrumou numa pequena mala todos os frascos de ervas que pensou que poderiam ajudá-la. Assim que ficou pronto, partiram imediatamente.
A viagem até Atenas foi mais rápida do que Antícero julgara possível. Os cavalos possuíam uma resistência formidável, parando muito poucas vezes. Emílio trouxera dois subordinados que se revezavam a conduzir a carruagem. Chegaram à capital no dia seguinte, quando a lua já estava bem alta no céu. O casal vivia numa grande habitação de dois andares. Anticero confirmou já as suas desconfianças de que Emílio devia ser um homem importante.
Durante a semana seguinte, Antícero analisou com cuidado todos os sintomas de Élia, a mulher de Emílio. Recomendava a toma de diversas ervas, mas estas apenas mascaravam os sintomas. Élia continuava com vómitos e convulsões. Pela primeira vez na sua vida, Antícero estava a perder um paciente.
Emílio não se conformava em ver a sua esposa cada vez mais fraca a cada dia que passava. Como forma de aguentar a sua dor, culpava Antícero pela piora da mulher. Acreditava que as ervas que ele recomendava estavam a piorar a doença, fosse qual ela fosse.
Um dia, Élia recuperou milagrosamente. Os sintomas passaram e Emílio sentiu-se feliz como nunca! Apesar dos avisos de Antícero de que uma recuperação repentina antecedia sempre uma piora significativa, capaz de levar à morte, Élia decidiu passear com o seu marido e aproveitar o ar livre novamente, mesmo que fosse a última vez.
No início da noite, enquanto Antícero estudava os pássaros, sentado num banco do pátio da casa, Emílio aproximou-se a correr. Élia jazia nos seus braços. O curandeiro aproximou-se rapidamente chegando no momento em que Emílio pousava a esposa no chão. Explicou como estavam felizes e como a sua mulher estava radiante, algo raro nos últimos meses. Enquanto dançavam ao som de uma música que se fazia ouvir a alguma distância, Élia perdeu as forças, desmaiando. Foi nessa altura que Emílio pegou nela e a levou a correr para casa.
Antícero mediu o seu pulso, confirmando o pior: Élia tinha falecido. Emílio ficou em estado de choque pelo resto do dia, tendo que ser transportado para o seu quarto. Durante a noite, não se ouviu qualquer som. Já no dia seguinte e, não obtendo nenhuma reação da parte de Emílio, Antícero decidiu verificar se este se encontrava bem. Quando abriu a porta do quarto, ele estava sentado à janela.
- Está tudo bem? - perguntou Antícero, aproximando-se dele.
- Saia - ordenou simplesmente Emílio, continuando a olhar pela janela.
- Como quiser, mas por volta da hora de almoço vou trazer algo para comer, não pode ficar com o estômago vazio - insistiu Antícero.
- Não entende? - gritou Emílio, olhando para Antícero - Saia da minha vida, saia de Atenas! Volte para o buraco de onde o fui buscar!
Antícero olhou espantando para Emílio, enquanto ele voltou à sua posição, observando a paisagem com um olhar vidrado. O curandeiro saiu do quarto e decidiu cumprir o desejo do pobre homem. Na verdade, ele próprio estava em choque. Nunca havia perdido um paciente antes e não fazia ideia de como isso tinha acontecido. Que doença era aquela? Seria contagiosa? Era necessário encontrar informações o mais rápido possível.
Demorou três dias a voltar à sua cidade natal. Enquanto isso, usava a sua magnífica memória para tentar entender a doença, mas era difícil pois nunca tinha encontrado algo assim. O melhor era ir falar com a sua mãe e avó, ambas curandeiras. Quem sabe, talvez já tivessem encontrado algo parecido. O problema era que as duas viviam a mais um dia de viagem. Decidiu ir a casa primeiro, descansar uns dias e depois fazer a viagem até à casa de família.
Acabou por ficar cerca de duas semanas na cidade, pois havia recebido dezenas de pedidos de ajuda enquanto esteve fora. Era quase impossível para um curandeiro ter férias, havia sempre alguém doente. Como a cidade era pequena e Antícero era o único com conhecimentos médicos, acrescentando o fato de ser o melhor da Grécia, praticamente não havia descanso.
Quando finalmente houve uma brecha de tempo, partiu imediatamente para a terra da sua família. O que Antícero não sabia era que a dezenas de quilómetros de distância, em Atenas, havia um homem cujo ódio por ele crescia mais a cada dia. Emílio sofria com uma dor irracional e a única forma que encontrara para escapar a ela fora culpar o homem que contratara, o homem que deixou a sua amada morrer.
Numa noite em que a sua dor parecia mais forte, decidiu pegar num cavalo e sair para espairecer. Acontece que encontrou um homem a colher plantas, tal como Antícero costumava fazer. A sua vontade foi a de trespassa-lo com a sua espada, mas no seu íntimo sabia que aquele homem era inocente. O verdadeiro culpado encontrava-se a poucos dias de distância. Num impulso, ergueu as rédeas do cavalo e dirigiu-se na direção da cidade de Antícero, sem levar mantimentos, apenas com o seu ódio a alimenta-lo.
Chegou perto da casa de Antícero dias depois, ainda o sol não tinha nascido. Aproximou-se da porta com a sua espada na mão, mas encontrou um pedaço de tecido pregado com as seguintes palavras escritas: "Ausente por motivos pessoais. Regresso na lua cheia" e alguns símbolos que permitiam a quem não soubesse ler, soubesse que Antícero não estava em casa. Emílio, cego pelo ódio, deu um murro na porta. Esta não era muito forte, pelo que desprendeu um pouco. Curioso e procurando por vingança, forçou a fraca fechadura e entrou na pequena casa.
Reparou na grande quantidade de frascos que preenchiam uma parede. Quando estivera naquele local pela primeira vez, Antícero revelara-lhe que mantinha algumas ervas e loções venenosas guardadas, pois muitas vezes conseguia curar com elas certas intoxicações. Emílio abriu todas as portas procurando por esses venenos. Finamente encontrou o único armário trancado na casa. Pegou na espada e forçou a fechadura, revelando dezenas de frascos com diversas consistências. Só podiam ser aqueles.
Emílio olhou em volta. O que poderia fazer com aquela informação? Foi nessa altura que aquele homem cego pela vingança teve uma ideia que acabaria por mudar o mundo. Antícero possuía um pequeno depósito de água que armazenava a chuva, um presente de um inventor que conhecera anos atrás. Pegou em todos os frascos que pôde e despejou-os para dentro do depósito. Voltou a entrar na casa e arrebanhou várias ervas e bagas que lhe pareciam igualmente venenosas ou com consistência parecida. Esmagou-as num pequeno pote e despejou-as para dentro do depósito. Assim que o fez, a água começou a borbulhar perigosamente, atingindo uma estranha cor prateada incandescente. Emílio recuou, assustado.
Se continuasse assim, daí a pouco seria impossível Anticero não reparar que a água não tinha sido alterada. Emílio começava a pensar noutras soluções quando o som borbulhante da água cessou. Aproximou-se cuidadosamente do depósito. Incrivelmente, todos os materiais colocados tinham adquirido uma consistência igual à da água: incolor e inodor, completamente líquida. Afastou-se, satisfeito com o seu feito. Tudo tinha corrido pelo melhor. Decidiu ficar na cidade até à lua cheia para observar os resultados. Mal podia esperar pela chegada do homem que lhe arruinara a sua vida e a da mulher amada.
* * * * *
Sem conhecimento do ocorrido, Antícero voltou à cidade pouco tempo depois. A sua casa não tinha qualquer sinal de arrombamento, pois Emílio disfarçara o ocorrido contratando um homem para arranjar as fechaduras. O curandeiro não desconfiou de nada.
A viagem até casa de sua mãe não fora muito reveladora. Descobriu que os seus antecessores se tinham cruzado com a mesma maleita de Élia, mas todos os pacientes tinham falecido. A única coisa que sabia era que a doença não era contagiosa, mas, possivelmente hereditária passando de pais para filhos.
Improvável seria alguém passar um dia sem beber água, quando na sua própria casa existe uma fonte quase inesgotável. Quando se dirigiu ao pequeno depósito com a intenção de saciar a sua sede, Antícero não desconfiou de nada. Abriu a torneira e bebeu o líquido fresco.
Emílio, que soubera da chegada do curandeiro, escondera-se há algumas horas por entre as arvores que rodeavam o casebre. No derradeiro momento em que o viu beber a água envenenada, sorriu. Mas o efeito não fora o desejado. Anticero voltou para dentro de casa calmamente, como se nada estivesse acontecido. Porque é que os venenos não tinham funcionado? Seria de pensar que tudo aquilo tivesse feito efeito quase imediatamente. Mas o curandeiro agira como se nada tivesse acontecido.
Emílio ficou parado, sem ação. O que faria agora? Sentia-se zangado por o seu plano não ter dado certo, ou feliz por não ter morto uma pessoa? Decidiu partir para sua casa, mesmo com um aperto no estômago. Talvez tivesse sido pelo melhor. Se os venenos não resultaram, podia ter sido um sinal de que ele não era aquele tipo de pessoa, vingativa, amargurada. Devia deixar Anticero viver a sua vida. Tal como Emílio devia voltar a aprender a viver a sua sem a presença da esposa.
Na verdade, o veneno continuava bem ativo na água que Antícero ingerira, mas acontece que os seus efeitos não se fizeram sentir por várias horas. As primeiras consequências surgiram a meio da noite, quando o curandeiro já dormia. Acordou com o sangue a arder-lhe nas veias e o coração a bater desvairado. Assustado, tentou levantar-se e sair da cama, mas acabou por cair no chão. Tentou pensar o que seria aquilo e que remédio devia beber, mas o seu cérbero parecia ter sido coberto por uma névoa e a sua habilidade de pensar fora-lhe retirada. Tentou gritar por ajuda, mas a sua voz escapou-lhe da garganta, saindo apenas um som rouco. Mesmo que alguém o ouvisse, quem poderia ajudá-lo a não ser ele próprio? Que irónico seria se ele, um curandeiro renomado, o melhor da Grécia, morresse por uma maleita desconhecida...
Tentou novamente levantar-se e dessa vez foi bem-sucedido. Caminhou até uma prateleira de remédios tentando pensar em qual deveria tomar, mas o seu sangue ardia cada vez mais, uma dor que ele não conseguia suportar. Deixou-se cair entrando num estado dormente. A sua mente estava acordada, mas o corpo adormecido. Não se conseguia mexer, mas sentia tudo o que estava a acontecer. A certa altura, começou a sentir dores insuportáveis em todos os ossos do corpo e, diria até, que na sua alma.
Não soube quanto tempo permaneceu naquela forma, mas a certo ponto as dores começaram a desvanecer. Ao mesmo tempo, sentiu no peito as batidas do seu coração a diminuírem. Com a certeza de que estava a morrer, Antícero contentou-se com o seu destino. Os batimentos foram reduzindo e reduzindo, até ao ponto em que pararam por completo.
* * * * *
Antícero entreabriu os olhos. Estaria morto? Porque, para dizer a verdade, sentia-se mais vivo que nunca. Levantou-se rapidamente, tão rápido que pensou impossível. A sua mente estava tão aguçada como nunca, talvez até mais. Tentou caminhar em frente. Sentia uma leveza incrível! Olhou para trás onde antes havia estado deitado. Não havia qualquer sinal do seu sofrimento. Nenhuns fluidos, nada! Abaixou-se. Sentia um cheiro muito leve, desaparecendo pouco a pouco. Se pudesse adivinhar, diria que era sangue.
Seria possível? Como poderia ele cheirar sangue se não o via em lado algum? O cheiro acabou por ficar tão leve que acabou por desaparecer. Depois disso, começou a sentir uma fome terrível. Ou talvez fosse sede. Fosse o que fosse, precisava imediatamente de a saciar. Dirigiu-se à rua vendo tão bem como fosse dia, embora fosse de noite. Pegou num pequeno copo junto do depósito, preparando-se para beber água. Mal abriu o reservatório, sentiu um cheiro asqueroso, um cheiro a morte. Olhou para a água. Parecia normal, mas o cheiro... era horrível, como se todos os venenos do mundo tivessem sido misturados num só. Uma luz fez-se na sua cabeça. Rapidamente dirigiu-se ao armário onde mantinha as substâncias perigosas e descobriu que a maior parte havia desaparecido.
Estariam eles colocados na água quando ele a bebera horas antes? Foram eles que lhe deram aquelas estranhas sensações de morte? Mas depois recuperara tão bem, parecia até que tudo em si melhorara. A visão, o cheiro, os seus reflexos...
Quem se atreveria a tentar envenená-lo? A única pessoa que tinha razões para isso era Emílio, mas Antícero sabia que ele não era o tipo de homem fraco, envenenando as pessoas em vez de as confrontar em batalha. Além disso encontrava-se de luto, na cidade de Atenas a três dias de distância.
A sua fome aumentava cada vez mais. Estranhamente, não tinha vontade de comer carne ou frutas, beber água ou vinho, era uma fome inexplicável por algo que ele não sabia bem o que era. Para além disso, sentia a falta de algo, alguma coisa que havia estado com ele toda a vida e agora não sentia. Não era uma sensação boa, aquele sentimento de que tinha perdido alguma coisa.
Antícero assustou-se por uma lembrança. Levou uma mão ao peito, tentando sentir o coração. Depois tocou numa veia no pescoço e em todas as outras veias importantes do seu corpo. Não conseguia sentir o seu coração bater... afinal estava morto? O que se passava? Era impossível estar vivo sem um batimento cardíaco! E aquela sede que sentia, aquela estranha sede?
Antícero olhou em volta. Tinha de confirmar se estava morto ou vivo. Mas como haveria de fazer tal coisa? Decidiu ir até à cidade, mas caminhou lentamente e sem nenhuma tocha. Era impossível ver tão bem de noite, sem qualquer luz. Algo estava muito estranho. À medida que se aproximava do aglomerado de casas, sentia um cheiro a sangue cada vez mais forte. Um gato passou por si e ele sentiu o seu cheiro. Além disso, ouviu o sangue a correr nas suas veias. Começou a salivar. Abanou a cabeça. Como era possível ter vontade de comer um gato? Logo um gato, o seu animal preferido no mundo! Não era possível... Riu-se incrédulo, tentando mascarar o susto que sentira.
À medida que se aproximava da cidade, o cheiro a sangue aumentava. O cheiro a sangue de pessoas. A sua fome aumentava e com uma intensidade mais forte que quando cheirara o gato. Decidiu parar. Aonde iria aquela sua sede de sangue? Não era normal! Não sentia qualquer vontade de beber água ou de comer um bom bife, apenas queria sentir o sabor a sangue na sua boca, vê-lo a escorrer pelo corpo da sua vítima... O julgamento de Antícero falhou, tal como a sua memória. Apenas se lembrava vagamente de um grito e de um sabor metálico na sua boca.
* * * * *
Antícero voltou a ter controlo dos seus movimentos e, embora sentisse que tinha acordado de um sono muito profundo, viu-se a correr numa floresta a uma velocidade humanamente impossível. O vento batia na sua cara e ele sentia uma liberdade incrível. Por momentos esqueceu tudo e apenas viveu o momento.
A alguma distância, ouviu um sapo a saltar para dentro de água, depois de se assustar com o barulho de um mocho. Mocho esse, que reclamava após uma tentativa falhada de apanhar um rato. Antícero ouvia ainda o sortudo rato debaixo de terra, que corria para se encontrar com a família.
Mas o momento de Antícero acabou rapidamente, junto com o seu alheamento aos sentimentos interiores. Ao suspender a corrida, Antícero sentiu medo. Um medo que preencheu a sua mente e fê-lo começar a pensar no que tinha feito. Teria morto alguém? Ainda conseguia sentir o sabor a sangue na sua boca, mas o sentimento desesperado de fome desaparecera. No que se tornara? Um canibal, com certeza.
Reparou que se encontrava na beira de um precipício. A noite estava gloriosa, bonita como nunca havia estado. Agora, Antícero além de ver a noite, conseguia senti-la! Sentia os seus cheiros, de animais noturnos que por ali passavam, das árvores que agora tinham um cheiro diferente. Nunca havia reparado nisso antes. As árvores, as plantas em geral, trabalhavam de um modo diferente à noite. Quase conseguia sentir uma vida dentro delas. Com os seus sentidos apurados, agora não havia lugar onde não conseguisse sentir vida.
Deveria ter medo da sua nova condição, deveria tentar entende-la. Mas sentia um bem-estar que nunca julgou ser possível. Juntamente com as suas mudanças físicas, viriam também mudanças psicológicas que mudariam Antícero para sempre. Ele não era mais o mesmo. Tinha ganhado uma pureza inimaginável. E se para continuar a senti-la tinha de passar a beber sangue, esse não era um problema. Continuaria a fazê-lo até ao resto dos seus dias. Isto se morresse, pois ele sentia-se invencível. Um poder crescera dentro de si e ele não queria perdê-lo nunca mais.
Antícero sentia-se imortal.
* * * * *
Nota da autora:
Olá meus seres! O que acharam da origem dos vampiros segundo Barbastella? Este foi apenas um "pequeno" prólogo para vos introduzir à história. Daqui em diante iremos conhecer os protagonistas da história atual.
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