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Prólogo

|Should I secretly go up
to you and kiss you?
Should I hold tour
hand and tell you?
That I like you,
because I like you.
— Everyday I Love You, Vivi feat. Haseul

Haseul corria pela casa desviando dos tantos móveis caros e tentando não escorregar na tapeçaria, estava fugindo de sua mãe para não colocar um vestido mais apresentável do que o usado no momento, mas isso significava que precisaria ficar parada e não queria isso. Já sabia dos novos vizinhos e rezava para que eles tivessem uma filha pequena, assim teria uma amiga nova, no entanto, como todas as vezes, precisaria ir lá para saber, consequentemente, trocar de vestido.

— Haseul, minha filha — a mãe dizia correndo, com falta de ar pelo aperto do espartilho e dores no pé. — A visita será mais rápida caso colabore comigo.

Quando a garotinha quase bate a cabeça na parede antes de virar para o corredor, sua mãe finalmente consegue pegá-la no colo. Juntas, foram para o quarto da mais velha, que não precisou de muito esforço, ao contrário do que fazia anteriormente, para trocar a filha. Haseul olhava com raiva para o vestido branco, que facilmente iria se sujar em dois minutos com ela, mas o que poderia fazer?

Ainda nos braços da mãe, ambas foram para a sala. Haseul tentou sair do colo da mãe para ir abraçar o pai, mas tudo o que pode foi ser beijada na testa por ele. Os três saíram da casa em direção a carruagem, um pouco simples comparada com as outras da vizinhança, mas era antiga e tinha valor sentimental. A mais nova observava a paisagem como se nunca tivesse passado milhares de vezes pelo lugar, mas não se importava e admirava o lugar do mesmo jeito que o veria caso fosse sua primeira vez.

— Já chegamos? — A mãe de Haseul perguntou, recebendo um balançar de cabeça pouco animado de seu marido como resposta. — Viu, bebê? Nem foi tão ruim assim. — Disse abraçando a filha mais forte, que soltou uma gargalhada.

Haseul desceu do colo, saindo da carruagem com a ajuda do pai e dando pulinhos quando tocou os pés no chão, mas a felicidade não durou muito, já que sua mãe ordenou que parasse. A família seguiu pelo caminho até a casa onde estavam sendo aguardados, era bem parecida com a deles no quesito paleta de cores, mas absolutamente diferente em questões de tamanho. Cada vez mais Haseul torcia para encontrar alguma criança lá, tudo para valer mais a pena ter colocado aquele vestido tão ruim e visitar pessoas que nem conhece.

Lá dentro, Kahei balançava as perninhas sentada no sofá da sala e observava a janela, esperando que finalmente as pessoas chegassem. Não que eles estivessem atrasados, apenas queria muito conhecer os novos vizinhos, assim saberia se eles são chatos ou não, velhos ou não. Observava a mãe, sentada na cadeira, enquanto bordava algo que ela não soube identificar, também olhava para o pai, com o rosto inexpressivo e sério. Cansada daquilo, decidiu ir até a janela de frente para a entrada, que ficava no corredor, e ali continuou até ver duas pessoas grandes andando acompanhadas por uma criança pouco mais baixa que ela. Quis pular de felicidade, mas apenas correu até a sala novamente, esperando que eles entrassem.

A felicidade brilhou no rosto de Haseul quando viu a menina de olhinhos pouco puxados sentada de frente para ela, mas se controlou, apenas sorrindo e acenando um pouco discretamente. Precisou aguentar a senhora que falava com ela como se fosse idiota, perguntando seu nome e sua idade, mas respondeu direito antes que sua mãe precisasse mandar que falasse, depois, passou a ser ignorada assim como Kahei, que apenas observava a garotinha ainda de pé brincar com os dedos da mão.

— Filha, por que não leva a visita para brincar lá fora? — Novamente o rosto da garota se iluminou, desejando sair logo daquela casa abafada. — Seja legal com ela.

— Sim, boa ideia. — A mãe de Haseul concordou, com um sorriso nervoso já que sabia o que aconteceria logo em seguida: vestidos sujos e muito trabalho.

Kahei não respondeu, apenas pulou do sofá e pegou a mão de Haseul, correndo com ela até o lado de fora. Os adultos ficaram aliviados por finalmente estarem sem a companhia infantil, mas claro que não admitiriam isso em voz alta.

— Qual seu nome? — Kahei perguntou se sentando no outro degrau da escada, jogando os sapatos para longe e brincando com os pés na grama.

— Haseul. O seu?

— Kahei.

Haseul tentou repetir o nome dela em voz alta, mas a pronúncia saiu diferente da anterior, então tentou novamente. Não conseguiu, como já esperava, então cruzou os braços e fez bico.

— É difícil.

— Não é.

— Posso chamar de Hei?

— Pode. — Deu de ombros e riu, começando a correr sendo seguida por Haseul.

Os empregados observaram a cena meio querendo rir, meio querendo chorar. A mulher que precisaria lavar o vestido de Kahei já entrava em desespero e previa mais um vestido perdido, no entanto, sabia que a garotinha não se importava e sequer imaginava o preço que ele custou. Mas precisavam admitir que a cena era adorável e a fofura das duas era encantadora.

A cena passaria a se repetir por mais tempo do que eles imaginaram naquele dia. Viram as pequenas garotas crescerem e continuarem tão amigas que chegava a ser surpreendente. Mas, lamentariam o fim, dado em um ato cruel em reação desesperada e horrenda ao simples fato de amarem. Deveriam ter aproveitado mais aquela fase das duas, não reclamado da bagunça que faziam enquanto brincavam no jardim.

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