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Dor e realidade

|Will I be you?
Will you be me?
I waited for so long
— Let me in, Haseul

Respirei fundo enquanto sentia os olhos de meu pai queimando as poucas partes expostas da minha pele como se eu estivesse vestida de forma inadequada para uma visita. Quando percebi que passei tempo demais quieta, comecei a falar:

— Na casa de Kahei, creio que nossa cozinheira tenha lhe avisado, pois foi isso que pedi-lhe para fazer. — Fiquei surpresa com o tom calmo que minha voz adquiriu, com certeza aquilo o convenceria, mesmo que eu não estivesse mentindo.

Ele riu e descruzou os braços, tocando meu queixo com uma das mãos me fazendo encará-lo. Percebi o ódio em seus olhos e por alguns segundos temi ter caído em uma armadilha, onde a cozinheira não queria nos ajudar e sim, prejudicar. Distanciei tal pensamento e tentei convencer a mim mesma de que a raiva daquele olhar era originário de seu próprio coração, não culpa minha, mas ainda assim meus pecados pesavam nas minhas costas como a verdadeira culpada.

— Deveria saber que não acredito em criados, filha. Agora me diga, o que foi fazer lá? — Puxei a mão dele do meu queixo e dei alguns passos para trás, tentando não demonstrar medo.

Acabei esbarrando na mesinha de centro, onde vi o motivo de tudo aquilo sendo iluminado pelo que sobrava da luz do sol: bebida. Uma taça quebrada e uma garrafa vazia de vinho estavam largadas ali, além das manchas roxas no carpete branco que provavelmente não iriam sair e teríamos, mais uma vez, que trocá-lo.

— Uma visita, como sempre. Todos da vizinhança sabem que ela está ocupada ultimamente e não podendo sair muito.

— Sabe muito bem o que eu penso sobre essas visitinhas, não é? — Perguntou apontando o dedo indicador perto do meu rosto, apenas balancei a cabeça sentindo o medo aumentar a cada segundo. — Empregados que foram para a cidade em busca de compras espalharam fofocas sobre vocês duas, sobre a proximidade que muitos lá para outros lugares acham normal, mas não nós, pessoas de bem. Acho bom que pare de perambular entre as propriedades enquanto ela não estiver muito bem casada.

— Pessoas de bem? E pessoas de bem apontam o dedo para a filha? — Pergunto afastando a mão dele e endireitando ainda mais minha postura até que minhas costas doessem. — Não é errado visitar amigas, ou é?

— Acha que eu sou idiota, não é? — Perguntou e levantou a mão por poucos segundos atrás levá-la até o cabelo. — Realmente acreditou que não ouvíamos Kahei entrando aqui, tantas horas da madrugada, Haseul? — Assustei-me quando senti as duas mãos dele nos meus braços, apertando minha pele contra seus dedos.

Meu mundo desabou. Eles sabiam. Era óbvio que sabiam, a janela faz barulho quando é aberta e o quarto deles é logo ao lado, Kahei é a única que me visitaria naquele horário por ser a única que faz visitas, qualquer um com cérebro poderia ter raciocinado tal coisa. Mas mesmo assim, uma parte da única certeza que tinha foi arrancada a força de mim de forma impiedosa.

— Agora isso é proibido? Qual o problema? — Falei em voz mais baixa do que antes, com medo da resposta que eu sabia muito bem como seria, no entanto, agora ela me atingiria muito mais do que antes, quando era apenas empatia pelas pessoas que precisavam ouvir aquilo todos os dias.

— Acha que os empregados daquela família são bons como os nossos? Que não abrem a boca a espalhar fofocas pela cidade? — Ele gritava e apertava meus barcos de um jeito cada vez mais forte, cada vez mais o medo me possuía. — Óbvio que eles viram Kahei chegando em casa de manhã, óbvio que te viram chegar cedo lá, óbvio que eles acharam que vocês estavam se agarrando como duas impuras pecadoras! Acha que só por não ir até a cidade teu nome não corre por lá?

— Mas é mentira, não fizemos nada de errado. — Inconscientemente, me encolhia cada vez um pouco mais tentando escapar, entretanto, claramente não consegui.

Onde estaria minha mãe em um momento como aquele? Dormindo tão profundamente que não ouvia os gritos? Apavorada demais para ajudar a própria filha? Não a culpava, talvez eu também ficasse assustada demais quando dependia em quase todos os sentidos de um homem como ele. Mesmo assim, precisava dela, ela com certeza o acalmaria.

De repente, tudo fez sentido; a taça quebrada não estava ali por acaso, por um simples descuido de um bêbado que perdeu sua cabeça, não, com certeza não, muito menos uma garrafa largada assism. Eles teriam discutido antes disso tudo?

Inocentemente, cometi o erro de perguntá-lo as indagações que passavam por minha mente, recebendo apenas uma sacudida bruta no meu corpo pelas mãos que seguravam meus braços e um comando para não desviar do assunto.

— Ah, Haseul, minha filha — Ele soltou um dos meus braços, mas em compensação, aumentou a força no outro. Passou a mão livre pelo meu rosto, como a fizesse carinho. — fale a verdade, assuma que vocês estão pecando e poderei resolver isso sem apelar para nada drástico, se é que me entende. — As carícias haviam descido, seguindo pelo pescoço agora até a pouca parte descoberta do meu ombro.

Não havia entendido qual era a insinuação, mas não atreveria a perguntar novamente. Apenas comecei a falar, rezando para que minha voz saísse firme o suficiente:

— Estou falando a verdade desde o início. Se você não aceita que sua filha tenha uma amiga, eu sinto muito, mas por favor, reveja seus conceitos do que é bom e do que é ruim.

A pressão contra meu braço restante passou, mas uma batida forte no meu rosto fez com que meu corpo se desequilibrasse e quase encontrasse o chão junto com cacos de vidros. Para meu desgosto, aquele não foi o único, ele parou apenas quando eu já entava no chão e com alguns cortes feitos pelos restos da taça.

— Espero que tenha aprendido a lição. — Novamente, segurou meu rosto e me obrigou a encará-lo. — Você não me engana, Haseul. Se não cometeu o pecado ainda, ele está aí dentro, esperando para sair, e minha obrigação como pai é impedir isso a qualquer custo.

Ele se levantou e saiu, me deixando sozinha enquanto um pouco de sangue saía dos meus braços, ombros e até do rosto, era pouco, mas ainda deixava algumas manchas no vestido. Com um pouco de esforço consegui me levantar, a crinolina havia dificultado tudo além do espartilho também, mas consegui.

Estava indo para o quarto quando a cozinheira apareceu na porta a cozinha e veio até mim, me analisando e observando os machucados.

— A senhorita está muito machucada, não posso deixá-la aqui junto com ele por toda a noite, ainda mais sozinha! Venha, vou te levar para minha casa.

— Não precisa. Mas sozinha? Onde está minha mãe? — Na verdade, precisava. Os machucados latejavam e o sangue não parava de sair mesmo que os cortes não tenham sido tão profundos, estava doendo e realmente necessitava de uma ajuda.

— Sua mãe recebeu a notícia de que a irmã teve o primeiro filho e saiu logo cedo, antes de seu pai começar a beber, nada aconteceu com ela ou com outro empregado, fique tranquila. Agora venha, vou te ajudar. —  Ela pegou gentilmente na minha mão e me levou até a cozinha.

Da cozinha, fomos para o jardim onde percebi que nenhuma das duas carruagens da família estavam, além de nenhum outro empregado tirando a cozinheira. Não andamos muito até chegar em uma casinha pequena, um pouco afastada das outras duas, onde ela tirou uma chave do bolso do avental e abriu a porta. Era modesta, com apenas uma cozinha pequena embutida com um quarto que era separado apenas por uma parede pela metade, assim como a do empregado que está cuidando da minha gata.

Olhei para o relógio em um dos canto da casa, indicando ser sete da noite o que confirmava minhas suspeitas. Sentei em uma cadeira de madeira enquanto ela pegava uma maleta onde tinha várias coisas de primeiros socorros que colocou aberta em cima da mesa. Começou a limpar os cortes devagar, ainda assim doía um pouco, mas não reclamei, por sorte, não demorou muito até os curativos estarem prontos.

— Tire o espartilho e a crinolina, observe se tem algum machucado aberto em outros lugares também. Estarei organizando algumas coisas na cozinha.

Fui para o quarto com cuidado e fiz o que ela mandou, percebendo que não tinha nenhum corte por ali, apenas alguns hematomas vermelhos. Coloquei apenas o vestido sem as peças que tirei e voltei para a cozinha, me sentando novamente na cadeira.

— Não tem nada grave. — Ela apenas mexeu a cabeça e demorou um pouco com o que estava organizando, mas voltou logo, se sentando em uma outra cadeira na minhs frente. — Com licença, estou com muita vergonha de não saber seu nome mesmo conhecendo-te desde que me lembro, qual é?

— Oh, querida, não precisa se envergonhar, está tudo bem. Eu me chamo Elise, mas não precisa me chamar assim se não quiser, já estou velha, pode me chamar de senhora.

— Elise é um lindo nome. — Sorrio por um tempo, mas a bochecha voltou a doer e logo parei. — Posso perguntar outra coisa?

— Claro, estou aqui para isso.

Procurei as melhores palavras para não parecer ingrata, mas ainda assim, perguntei hesitante:

— Por que está fazendo tudo isso por mim?

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