23² - chapter twenty-three
Boa leitura💛
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John B voltou a dirigir pela estrada de terra por onde tinham vindo, mas quando chegaram em um determinado ponto da mesma viram que a maré havia subido ainda mais.
— Que droga! A maré! — Pope exclamou. — Isso não parece nada bom.
— É muito fundo? — Hope perguntou mexendo em suas pulseiras de forma aflita.
— Não sei. A estrada sumiu. — John B falou parando a kombi.
— A maré subiu mais rápido do que pensei que fosse subir. — JJ falou olhando para frente. — Uh, John B, qual é a altura das velas de ignição? — ele perguntou com leve preocupação na voz.
— São altas, tudo bem. — John B respondeu meio aflito.
— Não, qual a altura delas? — JJ insistiu olhando o amigo.
— Ah, é... — John B falou antes de olhar pela janela da kombi. — São acima do farol traseiro. — ele falou fazendo Pope e JJ se entreolharem.
— Tá, e o quanto é isso? Uns noventa centímetros? — Harrison perguntou olhando JJ.
— Noventa centímetros. — JJ confirmou olhando Harrison.
— A água não chegou a noventa centímetros. — Kiara afirmou.
— Então, qual o problema? — Pope perguntou para JJ.
— Não, problema nenhum. Imagina, tá tudo bem. A kombi passa. — JJ falou com leve ironia na voz e Hope riu pelo nariz.
— Senhoras e senhores, apertem os cintos e se segurem. — John B falou e Hope trocou um olhar apreensivo com as meninas.
— Ele sabe que aqui atrás não tem cinto, né? — Sarah perguntou baixinho para Kiara e Hope.
— Do jeito que é lesado, capaz de achar que tem. — Hope respondeu se segurando na lateral do banco.
— Vamos pro hiperdrive. — John B falou.
— Deixa eu rezar aqui rapidinho. — JJ falou fazendo o sinal da cruz. — Pai nosso que estais no céu...
— Três, dois, um...
John B acelerou a kombi e todos manifestaram sua apreensão por meio de gritos baixos e incentivos para o amigo, afinal a kombi havia atolado na lama, mas com mais um pouco de insistência, John B conseguiu a fazer andar e agora eles entravam na parte alagada do mangue.
— Acelera, acelera! — todos exclamaram juntos enquanto Hope fechava a janela com pressa por conta da água e da lama.
— A velocidade é sua amiga. A velocidade é sua amiga, John B! — JJ falou incentivando o amigo a acelerar ainda mais com a kombi.
— Isso! Vai! Vai! — todos gritaram juntos quando perceberam que estavam praticamente na estrada novamente.
— Você conseguiu! Conseguiu!
— Ah meu Deus! — Sarah exclamou baixinho quando John B perdeu a direção da kombi e a mesma atolou na lama.
— Aí, merda! — as meninas exclamaram juntas.
— Não, não, não, não, não, não, não, não. — John B resmungou aflito.
— Acho que calculamos errado. — Pope falou e as meninas se olham.
— Eu sabia. Eu devia ter dirigido. — JJ resmungou enquanto John B encostou a cabeça no volante.
Todos desceram da kombi e foram para a parte de trás da mesma, a água já chegava a altura de seus joelhos. Os meninos abriram a parte de trás da kombi e concluíram que a mesma não sairia dali sozinha, ou seja, ela ficaria presa ali até que a maré voltasse a baixar.
— Então nós vamos andando. — Harrison falou conclusivo.
— E deixar a Twinkie aqui? Sem chance. — John B falou ressentido. — A maré está subindo.
— Então o que nós devemos fazer? — Sarah perguntou olhando John B.
— Não ficar aqui. — JJ falou no instante em que Hope e Kiara se entreolharam e a morena soltou um suspiro.
— Eu posso pegar a picape do meu pai, não tem ninguém usando mesmo. — Hope falou antes de Kiara e a amiga apenas a olhou com um pequeno sorriso.
— É uma boa, o pai não usa ela desde que trocamos de carro. — Harrison disse.
— Tem certeza? — John B fala olhando os gêmeos.
— Nada pode piorar, certo? — Hope retrucou sorrindo de lado. — E eu quero sair dessa água, está me deixando agoniada.
— Vamos precisar prendê-la. Tem um gancho no Castelo. — JJ falou olhando os outros.
— Fica a uns 3 km daqui.
— É uma boa ideia. — Sarah falou trocando um olhar com as duas amigas.
— Se vocês vão fazer isso. Precisam agilizar. A maré está subindo e a Twinkie pode afundar.
— Vocês dois vão e a gente fica, beleza? — Pope falou para Hope e JJ.
— O meu irmão não pode ir? — Hope perguntou olhando para o mesmo.
— Não posso, a Kie odeia ficar longe de mim. — Harrison disse e Kiara sorriu para a amiga. — Vão, andem logo.
— Cretinos.
Hope murmurou para seus amigos antes de pegar sua bolsa e sair da água lamacenta, com os pés afundando no lodo escuro do mangue. Ela puxou a mochila com dificuldade, como se estivesse tentando escapar da sensação de sufocamento que a envolvia. JJ a seguiu, se colocando à frente, liderando o caminho por entre as raízes entrelaçadas e as plantas baixas que dificultavam a caminhada.
— Pode parar de cantar essa porcaria? — Hope pediu, irritada, enquanto tentava se equilibrar nas pedras escorregadias e ajeitava a bolsa nas costas.
— All right stop collaborate and listen
Ice is back with my brand new invention
Something grabs a hold of me tightly
Flow like a harpoon daily and nightly
Will it ever stop yo I don't know
Turn off the lights and I'll glow... — JJ cantou, ignorando completamente o desconforto que o ambiente trazia, seu sorriso irônico contrastando com o suor que escorria pela testa.
— Para de cantar! — Hope disse irritada.
— Oh, desculpe... eu estou apenas tentando fazer o clima ficar mais leve, beleza? Não quero que você sofra em silêncio, já que, pelo que percebi, eu sou a causa de toda a sua irritação e dor no mundo. — JJ virou o rosto para ela abrindo os braços.
— Não me venha com esse papinho de "fazer o clima ficar leve". — Hope falou, com a voz baixa. — Eu não pedi para estar aqui com você, ok? Eu não pedi para o que tínhamos se transformar nisso.
— Ah, claro, até porque toda a culpa foi minha, certo? Eu que fiz você se afastar. Você não tem nem ideia do quanto foi difícil para mim também, Stuart! — JJ deu um passo em direção a ela, o estalo das raízes sob seus pés quebrando o silêncio pesado. — Você acha que foi fácil? Você acha que eu não sinto nada?
— Sério? Depois de tudo o que aconteceu, você ainda vem com essa história? — Hope perguntou incrédula. — Nem sei porque estou te respondendo depois de tudo o que você falou pra mim, ah é, e tudo o que não me falou também.
— Eu o quê, Hope? O quê exatamente eu fiz? Porque, pelo visto, você não sabe o que é errar. — JJ disse, a voz já mais alta, irritada. — Você terminou com tudo. Você não teve coragem de enfrentar meus problemas comigo e agora fica jogando tudo nas minhas costas, como se eu fosse o único culpado dessa merda toda!
— Você não entende, JJ. Nunca entendeu. Você mesmo me disse isso. — Hope disse. — Isso não é sobre o que aconteceu entre nós, JJ. Isso é sobre você não ter tido coragem o suficiente para me dizer o que você sentia. Não é sobre nós dois. É sobre eu ter me sentido sozinha durante o tempo que ficamos juntos, porque você não soube dizer o que sentia.
Após alguns segundos, e de forma quase instintiva, JJ pegou a mochila de Hope e a colocou em seu ombro, puxando-a levemente pela mão para seguir o caminho entre as raízes pesadas do mangue, como se aquele gesto fosse tudo o que restasse de qualquer vínculo entre eles.
— Vamos logo, precisamos ir rápido. — JJ murmurou.
Hope e JJ caminharam em silêncio por mais alguns minutos, o som dos passos pesados sobre o solo mole e escorregadio do mangue quebrando o silêncio tenso entre eles. O cheiro de sal e terra úmida preenchia o ar, misturado ao som abafado das águas que se moviam preguiçosamente entre as raízes retorcidas das árvores de mangue. A lama estava mais fofa e viscosa do que o normal naquela parte, onde nenhum veículo poderia passar.
E então, sem aviso, Hope escorregou ao passar próximo da margem onde a água formava um rio. Ao tentar se agarrar em JJ para se equilibrar, ela puxou a jaqueta dele com força e, antes que pudesse se dar conta, os dois caíram na água fria e barrenta.
— Mas que porra! — Hope gritou, tentando puxar o pé que ficara preso na lama viscosa.
JJ, que já estava alguns passos à frente, se virou ao ouvir o grito. Ele a viu lutando para liberar o pé, e sem pensar, correu até ela. Estendeu a mão com rapidez, com os olhos fixos nela.
— Segura firme! — JJ disse, puxando-a com força, tentando tirá-la da água.
Mas o mangue não era fácil de vencer. O terreno escorregadio sob seus pés fez com que JJ também perdesse o equilíbrio. Ele deslizou para o lado, e de repente, os dois foram puxados pela força da água, caindo novamente no lodo. Hope foi arrastada mais uma vez, mas dessa vez, JJ também estava preso, e os dois se viram lutando para se erguer. JJ, com um esforço visível, se levantou, com os olhos fixos em Hope, e a puxou com mais força na direção da margem. Mas num movimento descontrolado, ele perdeu o equilíbrio para trás e, com ela em seus braços, ambos caíram na margem do mangue. Hope, sem saber como, caiu em cima dele, o impacto suave, mas suficiente para os dois se estatelarem na lama. Seus rostos estavam tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro. Os segundos seguintes se arrastaram, como se o tempo tivesse desacelerado, tornando o ambiente ao redor indistinto. JJ, com as mãos ainda nos ombros de Hope, olhou para ela.
E então, sem qualquer aviso, ele se inclinou para frente e beijou Hope. Não foi um beijo calculado, mas uma reação instintiva, uma tentativa talvez de fazer algo com a tensão que pairava entre eles se disseminasse. O beijo foi rápido, quase abrupto, mas intenso. Um toque breve de lábios, mas que parecia reunir toda a raiva, a saudade e a dor que ambos carregavam. Quando os lábios se separaram, a realidade voltou com um peso insuportável. Hope ficou imóvel por alguns segundos, os olhos ainda ligeiramente fechados e a testa encostada na testa de JJ, como se estivesse tentando processar o que acabara de acontecer. Ela respirou fundo, como se tivesse voltado de um lugar distante. O que quer que fosse que estivesse acontecendo entre eles agora, nenhum dos dois sabia como seguir em frente.
— É melhor não darmos mole para os crocodilos JJ. — Hope olhou para ele com um olhar cínico, mas ainda havia uma leve suavidade em seu rosto, algo que ele não poderia ignorar.
JJ ficou em silêncio por um momento, como se estivesse processando as palavras dela e a situação. Ele não respondeu imediatamente, apenas se sentou na margem do pântano depois de ajudar Hope a se sentar ao lado dele, agora tentando se recompor, passando a mão no rosto molhado.
— Acho que já demos mole o suficiente, não é? — JJ disse rindo um pouco.
Hope o observou e riu junto dele. Mas, naquele momento, Hope só conseguia pensar em tudo o que viveram juntos, todas as risadas e momentos. Eles haviam se beijado, sim, mas o que isso significava agora? A distância emocional entre eles parecia ser maior do que nunca, apesar daquele momento de proximidade inesperada. Ela se levantou, ainda sem uma palavra final. Ela pegou sua mochila do chão e colocou as duas alças nos ombros. Sem mais uma troca de olhares ou palavras, Hope começou a caminhar, tentando se afastar do que acabara de acontecer.
JJ permaneceu na margem, observando-a por um instante, sem saber o que fazer com a sensação de que, por mais que tentassem, algo sempre os afastava no final. Ele então se levantou e voltou a caminhar também. Hope e JJ continuaram a caminhar juntos, agora mais lentamente, os passos pesados e desajeitados. O silêncio entre eles estava mais tenso do que nunca, mas, como sempre, a provocação pairava no ar, esperando a hora certa para explodir.
— Sabe, Hope... — JJ começou com um sorriso torto, enquanto caminhava ao lado dela. — Você tem uma maneira incrível de fazer com que eu me sinta um herói. Sempre que você cai na lama, eu sou o cara que vem salvar o dia.
— Ah, claro, você é o "herói" que só sabe agir quando as coisas ficam feias. — Hope respondeu com sarcasmo. — Só que, ao contrário do que você pensa, eu não sou exatamente uma princesa em apuros.
— Não? — JJ perguntou divertido. — Então fala aí, Hope, qual é o seu tipo? Você é mais o tipo mulher gato, ou aquela que prefere sujar os pés na lama e ficar o dia inteiro se queixando?
— Ei, para com isso! — Hope retrucou. — Isso é mais uma dessas piadas de "JJ Maybank, o galã do pantano"? Porque se for, posso passar a próxima hora te ouvindo cantar, e isso sim vai ser um show de terror.
— Ei, eu sou um bom cantor, não vou deixar você me menosprezar assim! — JJ ergueu a voz, exagerando a postura de um astro da música. — Você só não entendeu ainda, Hope. Estou tentando te deixar mais leve, enquanto você fica aí, com cara de quem comeu um limão podre.
— Falta muito? — Hope perguntou. — Não aguento mais você tagarelando. Sério, se continuar assim, vai ser melhor que a gente se ignore e se odeie. Porque, no momento, não sei quem é mais irritante: você, com essas piadas, ou eu, com a vontade de te empurrar para os nossos colegas crocodilos.
JJ olhou para ela com uma sobrancelha levantada, como se estivesse prestes a lançar outra provocação, mas então, em vez disso, ele deu um sorriso de canto de boca e deu um passo à frente.
— Eu não me incomodo, Hope. — JJ disse com a voz mais suave, mas com aquele brilho travesso no olhar. — Na verdade, é bom saber que você ainda consegue me provocar. Isso quer dizer que, no fundo, você ainda gosta da minha atenção em você.
— Acorda pra vida, JJ. — Hope falou, mais rápido do que imaginava. — Eu só... — ela hesitou, então completou, tentando manter o tom indiferente e falhando nisso. — ...não consigo entender por que você tem que ser tão irritante o tempo todo.
JJ se aproximou um pouco mais, e a distância entre eles, agora, era quase imperceptível. Ele podia sentir a tensão vibrando no ar, mas também sabia que ela estava jogando um jogo. Eles estavam se provocando, mas, no fundo, as palavras não faziam mais sentido. Estavam arrumando qualquer motivo para manterem uma conversa.
— O que posso fazer? — JJ disse com um sorriso de canto. — Eu sou o cara que não pode ver uma oportunidade de fazer você enlouquecer sem aproveitar. E olha, você ainda tem um sorriso de quem gosta disso, mesmo que tente me matar com os olhos.
— Eu só não sei como é que consigo ficar perto de você querendo te matar e te beijar ao mesmo tempo. — Hope disse enquanto segurava as mãos de JJ e os dois, finalmente, se viam livres do mangue.
— Acho que o 'beijar' já aconteceu, não foi? — JJ disse com um tom irônico. — Só faltou a parte de me matar, mas... a gente ainda tem o caminho de volta, né?
Hope o olhou, os olhos brilhando com um misto de raiva e diversão. E, por mais que tentasse afastá-lo, a verdade era que, no fundo, ela sabia que ele nunca sairia completamente da sua vida. E ela definitivamente não queria que ele saísse.
— Melhor você tomar cuidado, então. — Hope respondeu, com um sorriso travesso. — O problema é que, por mais que eu tente me livrar de você, ainda sou incapaz de te deixar totalmente fora da minha vida.
JJ não respondeu imediatamente. Ele apenas a observou, percebendo, pela primeira vez, que talvez os dois nunca conseguissem se afastar de verdade. Talvez fosse esse o jogo deles. E, no fim, talvez fosse isso que mantinha os dois ainda tão próximos, mesmo depois de tudo. Hope soltou um suspiro e os dois começaram a andar em direção a casa de Hope em silêncio.
— Falou sério sobre não me querer fora da sua vida? — JJ perguntou.
— Sabe... — Hope começou, hesitante, e então olhou para ele com um pequeno sorriso, como sempre sorria perto dele antes de brigarem. — Eu não sou tão boa com despedidas e em lidar com o que vem depois delas.
— Então, o que isso significa? — JJ perguntou, agora mais interessado, sem esconder a dúvida. Ele havia ouvido aquelas palavras antes, mas talvez nunca tivesse dado o devido peso. O tipo de relação que os dois sempre tiveram era assim, sempre à beira de algo, mas sem nunca realmente terem algo de fato.
— Significa que, por mais que eu sinta ser o melhor a se fazer, eu ainda não sei como e nem se eu quero te deixar ir. — Hope disse e antes que JJ pudesse falar mais alguma coisa ela riu. — Meu pai vai me matar por entrar assim em casa e no carro.
— Com certeza vai. — JJ disse sorrindo.
Ao chegarem em frente a casa de Hope, JJ a puxou para trás de um arbusto e ela o olhou confusa.
— O que foi?
— Vai mesmo fazer isso? Estilo GTA? — JJ sussurrou.
— O que?
— Tipo espião. — JJ falou e Hope franziu o cenho. — Não? Beleza, vai lá.
[Capítulo revisado]
3/3
Próximos 2 capítulos saem amanhã!
Espero que tenham gostado, essa cena do JJ e da Hope veio na minha cabeça e eu comecei a escrever empolgada, quando fui ver o capítulo tinha dado quase 5.000 palavras, aí precisei cortar e passar pro próximo, mas amanhã tem mais!
Não se esqueçam de favoritar e comentar bastante!
Bjs, Ana!!
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