"...Oh, você diz que eu fiz algo ruim, então por que foi tão bom, bom?..."

I did something bad - Taylor Swift

Foi uma manhã difícil para mim. Atrasei-me, cheguei em sala e fui repreendida por falar muito com Lisa, e a maior merda de todas, eu esqueci o trabalho da apresentação em casa. Conclusão, tive que apresentar sem a folha, e ficou uma merda audível. Eu nunca falei tanta asneira em minutos, estava parecendo prova de competição para quem passava mais vergonha na classe — e eu havia ganho.

Assim que o professor autorizou a saída para o intervalo, a turma rapidamente sumiu da sala. Lisa não me esperou, disse que precisava ver assuntos sérios com sua companheira de república. Como sempre, atarefada até o pescoço.

Comecei a arrumar minhas coisas, admirando o silêncio que estava, às vezes todas as pessoas falando de um lado para o outro me dava enxaqueca.

— E aí, gata?

Virei-me assustada, percebendo que encostado na soleira da porta estava Jeon Jungkook, sorrindo de lado com as mãos enterradas no seu moletom cinza. Jeon certificou-se de que ninguém estava vendo e adentrou a sala, vindo em minha direção.

Seus cabelos negros estavam presos em um rabo de cavalo com apenas duas mechas soltas, ele não parava de sorrir como se fosse uma criança prestes a aprontar.

Cruzei os braços assim que ele se aproximou.

— O que aconteceu? — Ele riu bobo. — Tem algo de errado?

Oh céus! Esse sorriso ainda me mata.

— É que... — Jungkook segurou minha cintura, se aproximando do meu ouvido, como se tivesse gente na sala para ouvir algo, sussurrou. — Vamos matar aula?

Claro. que. não? Eu acabei de saber que tirei uma provável nota baixa na minha matéria favorita, meu dia foi uma merda, levei chamada do meu professor favorito — e tomara que ele não me odeie —, ele acha mesmo que eu vou matar aula?

Respirei fundo, pensando bem se ia deixar a oportunidade de talvez beijar ele.

— Matar aula onde, Jeon Jungkook? — questionei.

Julgando meu pé frio, eu poderia acabar encontrando aquele professor infernal e ele provavelmente descontaria todo aquele discurso sem nenhum sentido em mim numa advertência pública.

"Não pense tão negativo, calma, Júlia..." — pensei, tentando tirar todas as chances de dar merda. Eu nunca havia matado aula antes, eu sei, todos os adolescentes costumam fazer isso, mas não era o meu caso.

— Na minha casa — ele respondeu, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Sim, eu já havia ido lá uma vez e, cá entre nós, não foi uma experiência muito boa ser expulsa pelo ignorante do amigo dele.

— Na sua casa? — Fora de cogitação? A minha cara devia ter sido péssima para Jeon gargalhar. — O que foi agora?

— Se você está preocupada com Park Jimin sem coração, não, ele não vai estar lá, e não, ele não vai chegar cedo — ele explicou, acariciando meu rosto. — Se você quiser que a gente vá para outro lugar...

Por que perguntou? Esse outro lugar seria provavelmente a minha casa, que resultaria em tédio profundo e horas em eu tentar explicar como eu sofro por ler livros de romance de época, e você provavelmente me acharia um tédio.

Mas o que faríamos na sua casa? Não ousei perguntar, porque afinal eu queria mesmo era finalizar toda aquela fanfic do JK me amando numa mesa de... "sendo um parzinho romântico frufru onde ele te dá rosas e te faz gozar numa mesa de jantar". Porra, Park Jimin!

Seria uma besteira? Sim.

— Vamos! — Peguei minhas coisas, e logo quando saí, enviei uma mensagem para Lisa: "Estou matando aula, me manda depois a foto do quadro".

❉

Surpreendi-me mais do que esperava. Da última vez que havia posto o pé no apartamento, ou tudo estava uma bagunça total e eu não consegui ver beleza alguma, ou eu estava tão louca que nem reparei.

A sala junto com a cozinha americana, tinha uma paleta de cores metalizada, com madeira escura e azul marinho, combinando perfeitamente com as plantas espalhadas como decoração. Só de olhar para o sofá, eu conseguia sentir o conforto e o aconchego de coisa cara, definitivamente eles eram ricos para ter um sofá daquele tamanho. Eu não havia reparado, mas na parede perto da varandinha, tinha uma estante de livros organizados em cores — isso só me dava mais satisfação em olhar.

Passei um tempo em silêncio só para admirar o quão brilhante era aquele piso. Céus! Eu queria fazer um branqueamento nos meus dentes só para ficar igual aquele chão.

Eu deveria me apaixonar por uma casa? Eu já estava pensando na mesma tonalidade para o meu quarto.

— Parece que é a primeira vez que você vem aqui. — Jeon riu, retirando uma garrafa de água da geladeira e enchendo dois copos com cuidado. — Taehyung que cuidou da decoração, ele é bem detalhista e artístico, se dependesse dele, aqui viraria uma espécie de exposição de quadros.

E era verdade, havia algumas cópias de quadros famosos nas paredes, como "A noite estrelada" de Van Gogh, presa à única parede vazia da sala.

— Ele escolheu aquela parede só para aquele quadro, ele é doido  — o alto completou, me entregando o copo.

Eu estava tão perdida nas cores da casa, em toda a decoração, que quando fui parar no quarto de hóspede eu nem me lembrava de como havia parado lá. Ainda estava perdida, tudo era muito grande, diferente de como eu havia visto antes.

— Costumamos chamar esse quarto de "Quartos do Jimin e dos hóspedes". — Jeon se jogou na cama, dando leves batidinhas me chamando. — Ele odeia quando trazemos hóspedes, ele é meio egoísta com as coisas. E gosta de passar na cara. Oh! Se gosta...

Eu ri, ele estava totalmente certo, e não que eu também estivesse, toda base de caráter que eu tenho do Jimin é fundamentado nas merdas que ele fala o tempo todo.

— Eu tenho que concordar. — Deitei-me, olhando para o teto junto a Jeon. — Ele parece aquelas pessoas que provavelmente daria um bom agiota. — Jungkook gargalhou me acompanhado. — É sério.

— Realmente. Não sei como ele ainda não jogou na nossa cara sobre essa casa. A gente também não é burro, não vamos brincar com a vossa alteza real, porque somos apenas inquilinos.

— Típico de garoto rico mimado. — Revirei os olhos. — Ele tem mais o quê? Uma fazenda, um jatinho ou uma praia?

Eu estava amando toda a exposição que estava acontecendo, principalmente por estar fofocando sobre o que achava de Jimin para o amigo dele. Que ironia, não?

— A parte da praia é verdade — ele acrescentou. — Mas Jimin é longe de ser mimado, o cara faz de tudo. Tudo mesmo!

— Meu dia estava sendo péssimo — Virei-me de lado, apoiando minha cabeça na mão. — Estava sendo uma merda total, acho que foi o tanto de reclamação que eu fiz. Sou muito grata, universo!

Acho que a toda raiva que emanei a dois dias atrás naquela discussão com Park Jimin, desequilibrou meus chakras.

Jeon expôs seu sorrisinho diante da minha loucura.

— Vai me dizer que você anda com cristais também? Ametista? Quartzo rosa?

Revirei os olhos, rindo.

— Não. Não o de Quartzo, mas uma Turmalina negra, para proteção de coisas negativas, tipo seu amigo. — É sério, é ótimo ter uma turmalina.

Mas será que ele acha que eu quero um amor? Ele sabe o significado do quartzo rosa? Fui descoberta?

— Você tem cara de fazer essas coisas. Quartzo rosa na bolsa e — ele parou, pensativo —, livros de romances de época com muitas cenas quentes. — Ele riu, cobrindo o rosto. — Você gosta mesmo, olha sua cara!

Esse cara é um tipo de vidente? Merda!

— Você é terrível! — Dei um tapa em seu peito, impulsivamente. — Não significa que eu seja muito diferente de outras garotas. Sou apreciadora de arte e energia, não há nada melhor. Você nunca leu nada, "Romeu e Julieta", "Orgulho e preconceito"?

— Que estranha! — Sentei-me na cama, o encarando com indignação. — Estranha de um jeito bom. Não achei a palavra certa, desculpa.

Jeon sentou-se ao meu lado, segurando meu queixo, mapeando meu rosto com seu olhar.

— Você é muito fofa, e ao mesmo tempo... — Ele respirou fundo, parando seu olhar sob meus lábios. Ele passou a língua por sua boca, voltando a encarar meus olhos. — Não sei dizer...

Respira...

— Acho que foi o Quartzo rosa — falei, observando-o voltar a me encarar, após suas risadas, e tudo em seu rosto parecia me pedir algo.

Seus olhos passeando por meu rosto, sua mordiscada no lábio, sua boca entreaberta. Eu não sabia como agir, eu deveria beijá-lo? Meu coração disparava a uma velocidade irreconhecível, eu respirava com dificuldade e todos aqueles segundos pareciam uma eternidade de silêncio que separava ele de mim.

Em um movimento rápido, me coloquei sobre Jungkook, assustada com a maneira que meu corpo reagiu. Eu só podia estar maluca, reagindo da maneira que queria pela primeira vez desde o acontecimento no estúdio.

Jungkook franziu o cenho, exibindo um sorriso ladino e eu, simplesmente, não aguentava mais esperar para ser tocada por ele. Sem mais delongas, direcionei minhas mãos a sua nuca e o beijei.

Quente, era isso que ele era. E eu, eu estava cobrando a mim mesma por não ter feito aquilo antes. Era como um choque rápido e intenso, aqueles que demora um pouco para acreditar que realmente aconteceu. Nossas línguas passeavam lentamente uma pela outra, cheia de desejo.

As mãos de Jungkook passearam até meu quadril, os apertando mais forte, a cada fricção que eu fazia com sua intimidade, que pouco a pouco ficava mais enrijecida.

Ainda parecia mentira, uma ilusão muito, muito boa. Dei espaço para que eu pudesse respirar, mas ele fazia questão de me enlouquecer. Jeon desceu o beijo para meu pescoço exposto, brincando comigo.

Como poderia ser tão bom? Rebolei lentamente mais uma vez sobre ele, ouvindo-o suspirar em meu ouvido. Por que isso me balança tanto? Eu deveria me sentir assim? O que eu faço?

Ele parou me encarando, lentamente levantou minha blusa, vendo minha lingerie — pior dia para usar bege. O baterista me deitou na cama rapidamente, me beijando.

Mas eu não sabia o que fazer, eram muitas coisas novas para mim, muitas situações, posições e todos os jeitos que eu nunca havia experimentado antes, e talvez não fosse uma coisa que eu devesse contar para ele... ou deveria.

Jungkook desceu o beijo do meu pescoço, passeando por entre meus seios. Ele me olhou sorrindo e continuou descendo até abaixo do meu umbigo, me dando um curto-circuito. Oh céus! Eu queria tanto que ele continuasse a me enlouquecer.

Queria que ele me mostrasse, era isso que eu queria. Eu precisava saber do que se tratava o "eles se amaram por toda noite"— Por mais que parecesse cafona — , eu precisava saber se era doloroso, prazeroso ou apenas desconfortável. Coisas que nunca ousei tentar.

Ele voltou a mim, se sustentando sem seus braços musculosos enquanto me comia com os olhos. Jungkook acariciou meu rosto, sorrindo. Com ele pode ser tão... lindo? Ele não podia continuar me torturando, era injusto.

— Você está bem? — concordei, mentindo. Eu estava muito nervosa, nervosíssima e com muito medo de me arrepender, por mais que tudo estivesse indo maravilhosamente bem. — Se não...

Sem deixá-lo completar, toquei sua mão, guiando-o para meus seios novamente, numa súplica silenciosa para ele continuar. Sem fazer muitas voltas, sua mão desceu até o cós da calça e, antes de começar a descer, ele me encarou pedindo permissão. Eu concordei, sentindo sua mão tocar o tecido fino da minha calcinha. É AGORA.

— Não dá pra fazer isso. — Ele retirou a mão, levantando-se rapidamente.

Eu ouvi direito?

— O quê? — Levantei-me. — O que não dá...

— Isso não está certo, Júlia. — Jeon pegou minha camisa, jogando-a para mim. — Somos companheiros de equipe agora, isso vai ficar muito estranho. E você é... Você é...

— Não entendo o que há de errado, me desculpe.

Jungkook respirou fundo, com seu rosto calmo.

— Eu não quero confundir as coisas com você, Júlia. Você é incrivelmente talentosa e uma amiga maravilhosa. — Cruzou os braços, se afastando mais de mim. — Eu não quero ter nada com ninguém agora, e você... você não é esse tipo de garota.

— Que tipo de garota? Garota que transa? —  retruquei, sentindo no fundo da minha alma que aquela teria sido a ideia mais fodida que eu tive. —  Você não quer transar comigo por que eu sou... virgem?

Sim. Estava estampado na cara dele que era exatamente por isso. Mas no que eu estava errado? O que me fazia diferente das outras garotas normais?

— Não é bem assim. Não é isso que eu quero dizer. — Jeon Jungkook coçou a nuca. — Eu não quero que você ache que isso significa algo. Você ainda não entende...

— Não. Parece que eu estou entendendo perfeitamente. Você não quer transar comigo porque acha que eu vou grudar em você. — Pelo menos assisti filmes de romance o suficiente para entender como funciona isso. — Vai falar alguma coisa?

Jeon pôs as mãos na cintura, sem dizer nada.

— Por que você me trouxe aqui? — questionei, sabendo no fundo o que significava. — Por que. Me. Trouxe. Aqui?

— Ju, Você não... — Ele respirou fundo. — Eu não quero ter nada com ninguém agora e você seria uma provável opção de namorada...

Que merda, será que ele estava com pena? Pena por eu ser virgem? Não, isso não pode ser possível. Achava que esse tabu já tivesse sido extinto.

— Mas você não parece preparada pra isso... pra mim. Me desculpa fazer você vir aqui para acabar desse jeito... eu... — completou ele.

— Você me chamou até aqui pra transar e desistiu... que engraçado! — brinquei, sentindo meus olhos se encherem.

Encarei Jeon Jungkook como eu jamais havia pensando em encarar, com ódio e decepção. Nunca esperei ouvir tanta baboseira dele, em tão pouco tempo. Eu queria bater na minha própria cara por ter me submetido a escutar aquilo.

A porta do quarto foi aberta por Park Jimin que pareceu confuso, uma mulher ao seu lado nos encarou com a mesma confusão no olhar que Jimin.

— Tudo bem por aqui? — a mulher ao lado de Jimin perguntou. O olhar de Jimin pousou sobre mim. — A gente acabou ouvindo a DR...

Encarei Jimin, mais uma vez todas as suas advertências eram verídicas. Vesti minha blusa rapidamente, envergonhada por estar em toda aquela situação, envergonhada por ter sido burra demais.

— Desculpe a confusão. Já estou de saída — falei e, antes de sair, encarei Jeon Jungkook. — Você me surpreendeu, JK! — Dei um leve tapa em seu braço.

Sempre há dois lados da história, e sobre isso, eu esperava fielmente que não tivesse um lado ruim.

Nota da autora:

BOA NOITEEEE, MEUS AMORESS!!!

Mais uma atualização do sábadooo! E como viram, esse capítulo foi babado kssksksksks

É, gente, semana passada me perguntaram por que não teve dois capítulos, como eu estava fazendo antes. Então, aqui está a resposta: Eu estava postando dois caps todos os sábados porque eu estava sem escrever "Babá, babi!", então estava dando mimos para vocês, por minha falta de responsabilidade. Mas, agora tudo voltou ao normal, e estou postando somente um por semana.

Me conta ai, tá muito diferente da primeira versão? Estão gostando? Até agora, o que acham que vai acontecer?

Não esqueçam de deixar as suas maravilhosas estrelinhas para me ajudar essa fic chegar em outres armys apaixonadas. E não esqueça de compartilhar com us amiges.

Com todo amor do mundo...

PAM