5. ᴄᴀsᴜᴀʟ
"...Você atrai nada além de garotas más..."
BadBoy - Marwa Loud
Naquela altura tudo estava desabando dos meus planos. Eu teria que encontrá-lo às duas horas no bar. E o fato de estar saindo com ele em menos de duas semanas que cheguei me deixa orgulhosa. Cá entre nós, eu não sou a melhor pessoa quando o assunto é encontros.
Eu estava em chamada de vídeo com Roseanne, e Lisa havia dito que não estava em casa, então ficamos só nós duas em ligação. Eu e Rosé entramos em uma discussão quase eterna por causa da roupa, e adivinha quem acabou ganhando no Joquempô? Eu.
O vestido preto rodado ganhou e, como ela não havia gostado muito da minha escolha, ficou balbuciando coisas como "Meu deus! Nada contra a sua escolha, mas não acha que vai sentir frio?". Ela e seus argumentos para me fazer desistir.
Para deixá-la mais feliz, optei que ela escolhesse o calçado e, como imaginei, ela escolheu o coturno de couro.
— Alguma coisa de couro tem que ter! — ditou ela, ainda chateada.
Encarei-me no espelho, estranhando o conjunto.
— Normalmente eu não usaria essa combinação.
— Claro que não usaria! — A loira revirou os olhos. — Meus olhos ardem só de ver esse vestido!
Gargalhei.
— Ele é muito fofo, Rosé. Não seja tão dramática, a Lisa adorou, então quer dizer que dois vence um.
— Que delícia! Agora é tortura? — indagou ela, deixando escapar sua risadinha. — Espero que ocorra tudo bem, Júlia. Mas eu ainda vou continuar na minha crença de que ele não presta.
Revirei os olhos, desligando a ligação e indo me arrumar.
❉
Assim que cheguei lá, fui surpreendida com Jungkook tocando bateria, no pequeno palco no canto do bar, com alguns homens mais velhos. Fiquei um tempo apreciando o modo como ele se portava e a maneira como sorria e balançava a cabeça com a batida.
Jeon ainda não tinha notado minha presença ali, mas sabia que eu já estava a caminho, devido as mensagens exageradas que eu estava mandando enquanto o Uber me levava ao endereço desconhecido.
Assim que a música acabou, Jeon pegou o celular do bolso e, logo após soltar uma risada, começou a procurar por mim.
— Olha onde ela está! — Jeon me abraçou, dando um beijo leve na bochecha. — Como foi o caminho? Eu vi as suas mensagens — ele soltou uma risada. — Foram muitas!
— Me desculpa! Eu não ainda não sei me localizar por Seol, então...
— Fica tranquila. — Ele pegou minha mão, me levando a uma mesa, onde um casal fofo estava sentado. Sentei-me, envergonhada, vendo a mulher que antes acompanhava o homem se levantar. — Esse é o Hoseok. — O homem se levantou, estendendo a mão para mim.
— Muito prazer, Júlia — ele falou sorridente. Seu cabelo castanho tinha algumas mechas loiras brilhantes, era impossível não notar o quão macio o cabelo dele parecia.
— Eu vou buscar algumas bebidas para a gente. Já volto — Jungkook declarou, se perdendo na multidão.
Em apenas alguns minutos, já tinha contado seis olhadas que Hoseok havia me lançado.
Encarei-me no celular por várias vezes seguidas, julgando ter algo na minha cara, mas nada.
Até ele se virar, finalmente falando:
— Ele fala muito de você — o loiro iluminado disse, soltando seu celular na mesa. — Ele fala bastante da sua voz também. Acho que ele já mostrou seu vídeo para todo mundo — ele riu novamente e eu o acompanhei.
— Isso quer dizer que sou famosa agora? Meu sonho se realizou! — gargalhamos. — É uma honra pra mim saber disso. Ele é ótimo na bateria. — Passei meus cachos para trás, envergonhada.
— Ele adora sua voz. E sendo sincero, quem não amaria a sua voz? Nós amamos a sua voz. — Ele se inclinou mais para frente. — Mas assim, me diz uma coisa. Você quer participar da nossa banda?
— O quê? Do Bangtan?
No mesmo instante, Jeon apareceu com uma bandeja de cerveja e rapidamente Hoseok se voltou para trás.
— O que foi agora? O que ele fez? — Jungkook perguntou sorrindo. — Quando ele faz essa cara de assustado é porque fez alguma coisa. — O alto pôs a bandeja na mesa, se sentando ao meu lado. — Quer comer alguma coisa? — Neguei com a cabeça. — Já, já minha banda favorita começa a tocar, é melhor que você coma.
Não pude conter o sorriso enquanto seus olhinhos estavam me fitando.
— Vou comprar batata. Batata sempre ajuda. — E lá ia ele de novo.
Olhei para Hoseok, ainda sem entender o que havia acontecido.
— Eu chamaria isso de: "Fica comigo, por favorzinho, Júlia Parker!" — Hoseok falou, fazendo uma voz engraçada enquanto eu ria, cobrindo meu rosto de vergonha.
❉
A banda foi maravilhosa, lotei meus stories de vídeos do Jeon cantando igual um desesperado e foi perfeito. Só tinha um problema. Depois de sete garrafas de cerveja, eu mal sentia meus dentes, e sabe o que isso significa? Se eu não sinto meus dentes, eu não sinto minha boca, logo eu não a controlo — logo, eu falo merda.
— Tá tudo bem? — Hoseok indagou enquanto eu tentava desesperadamente andar em linha reta até nossa mesa.
— Júlia? — O alto me olhou com aqueles olhos, que olhinhos perfeitos.
— Oi.
— Tudo bem?
Que boquinha perfeita...
— Claro — respondi.
— Sério? — Jeon perguntou novamente.
Oh céus, que cabelo macio.
— Claro.
— Então, por que você está mexendo no meu cabelo?
Parei imediatamente, assumindo uma postura estranha. Jeon cochichou algo para Hoseok, que logo se virou para mim.
— Você consegue ir para casa? — Hoseok perguntou e se respondeu: — Acho que não.
— Se chamarmos um Uber, você... — Jeon parou de falar. — Melhor não chamar um Uber.
Você, a essa hora, num carro de um estranho não rola.
— Que ironia, nem conheço vocês direito.
— O quê? — os dois falaram em um uníssono.
— Podem me levar em casa? — mudei logo de assunto.
— Onde você mora? — Jeon perguntou.
— Muito longe. — Não era à toa que o Uber tinha dado vinte mil wons. Eles cochicharam novamente.
— Vamos pra república. Fica tranquila, lá tem quarto de hóspede, qualquer coisa, a gente liga pra Jennie ajudar você — Hoseok falou. — Tudo bem pra você?
— Contanto que tenha cama, tá ótimo! — ditei, sentindo meu corpo se inclinar para a frente.
— Opa! — Jeon me segurou. — Vamos logo, gatinha.
E lá estava eu novamente, em um carro com dois caras que não faziam ideia do que estavam fazendo com uma doida, que, por acaso, não aguenta três garrafas de cerveja. Motivador.
Mas eu estava adorando aquilo, adorando ver a cara deles de "que merda isso vai dar?". Eu me segurava ao máximo para não vomitar enquanto o carro balançava como uma carroça. Engraçado.
Assim que chegamos, me deparei com a república, uma casa, com certeza maior que meu apartamento, pintada com uma cor branca, e um pequeno jardim naquela varanda incrível.
Eu nunca na minha vida quis tanto que eles estejam dormindo — Jungkook murmurou para Hoseok, que riu meio sem graça. Hoseok pediu para que eu subisse em suas costas para evitar que eu caísse e fizesse algum barulho indesejado, até porque eram duas da manhã.
Assim que Jungkook abriu a porta, nos deparamos com uma pessoa.
Loiro, alto, de cabelos raspado nas laterais, com uma camiseta preta, exibindo seu braço e pescoço tatuados. O homem erguia uma guitarra preta e branca, lançando um solo alto o suficiente para a casa toda ressoar. Era magnífico.
— Fodeu, cara! — Hoseok soltou, fazendo o Loiro nos encarar confuso.
No mesmo instante, o guitarrista parou de tocar, fuzilando Hoseok e Jungkook com seu olhar, soando nada agradável.
— Alguém vai me explicar o que é isso? — perguntou o cara, apontando para mim. Jeon interviu.
— É a Júlia.
— Percebi — o Loiro retrucou. — Eu quero saber por que ela está aqui. — Ele cruzou os braços.
— Olha, cara, ela está mal. Nós não íamos deixar ela voltar para casa bêbada, não sabíamos se algo ia acontecer...
— Então é por isso que você a trouxe aqui? Para a casa de três estranhos? — ele arfou, balançando a cabeça negativamente. — Pioraram as coisas, e se ela não lembrar de nada amanhã? Acordar achando que violaram ela? Vocês...
— Eu estou bem! — falei, saindo das costas de Hoseok, tentando me manter em pé. — Eu estou bem, okay, Loirinho?!
Ele deu dois passos à frente, rindo com escárnio.
— Se estivesse bem, com certeza não estaria aqui. — Ele me encarou de cima a baixo e olhou para Jeon. — Que merda, cara.
— VOCÊ É UM IDIOTA, SABIA?! — berrei involuntariamente. — Ele foi um fofo... em me ajudar. — O loiro virou a cabeça lentamente para me olhar. — Não adianta me olhar assim, seu idiota sem coração!
— Você acha que estou sendo um idiota? — concordei, cruzando os braços. — Você é burra ou o quê? Você está na casa de três estranhos. BÊBADA?! VOCÊ TEM NOÇÃO? — ele elevou o tom de voz.
— Jimin, ela vai dormir no quarto de hóspede. — Jeon se meteu na minha frente.
— Então você vai dormir na sala. — Ele me encarou com desgosto. — Já que ela vai dormir na minha cama.
— Vou arrumar a cama! Nem quero treta. — Hoseok passou por nós, entrando em um dos quartos do corredor.
Eu sentia que já havia o visto em algum lugar, mas minha mente estava confusa o suficiente para me convencer que nunca tinha o visto e de que nunca mais o veria de novo. Meus olhos ficaram paralisados nele por alguma razão. Os olhos acinzentados do loiro combinados com sua expressão de insatisfação me faziam pensar em como ele poderia ser tão bonito até com raiva.
— Nunca imaginei que vocês seriam tão burros... — o loiro murmurou, revirando os olhos. — Não sei por que ainda moro com vocês.
E eu só estava ali existindo. Analisando tudo bem quieta, até a porta fazer barulho e uma mulher muito bonita passar por ela.
Como se não fosse novidade, a mulher de cabelos longos, cor mel, cruzou os braços.
— Por que toda vez que venho aqui tem alguma garota? — disse ela, agora olhando para mim. — Jimin ou Jeon Jungkook dessa vez?
— Jeon Jungkook — o guitarrista soltou, fazendo a mulher esboçar um sorriso. — E ela está bêbada.
— QUE PORRA! COMO ASSIM?! — Ela apontou o dedo rápido na cara do alto, pronta para falar algo, mas logo foi interrompida.
— Jessi, pode, por favor, ajudar ela? — Jimin sugeriu, cruzando os braços.
Naquela altura do campeonato, nem sabia mais o que fazia ali. Eu só queria pregar os olhos numa cama quentinha.
A mulher me puxou para a cozinha, me enchendo de água, literalmente. Ainda era possível ouvir a voz do loiro falando alto com Jeon. Fiquei preocupada de que algo pudesse acontecer com ele, sei lá, ser mandado embora?
A mulher, ainda sem falar nada, retirou minhas botas, me levando com ela a um quarto.
— Esse não é um bom jeito de conhecer uma pessoa — ela falou encostando a porta.
— Lamento por me conhecer assim... — murmurei, me sentando na enorme cama. Ela riu, cruzando os braços. — O que foi?
— Que situação engraçada. — Ela se sentou ao meu lado. — Prazer, senhorita. Me chame de Jessi. — Ela estendeu a mão.
— Muito prazer, me chamo Júlia, mas me chame... — Apertei sua mão. — Me chame como quiser.
Jessica ficou um tempo me encarando até cair na risada.
— Agora, você vai descansar para amanhã você talvez sair viva daqui.
— O quê?! Gargalhou.
— Conhecendo aquele pirralho, ele não vai perder a oportunidade de perturbar seu juízo — a bronzeada falou, me enrolando com lençol.
❉
Assim que abri os olhos, fui tomada de pânico. Por alguns minutos, eu jurava que estava deitada em minha cama aconchegante, mas não. O quarto cinza estava iluminado pela luz que emanava da enorme janela. Meus olhos rapidamente encontraram a parede à frente, com algumas guitarras expostas como decoração. Incrível.
O quarto tinha um cheiro doce, mas forte o suficiente para saber que era masculino, o que indicava que não era o meu.
Vagarosamente, levantei-me e caminhei até a porta, abrindo-a com muito cuidado para não fazer barulho. O corredor estava vazio e silencioso, ou seja, não havia ninguém. Ou sim.
Andei na ponta do pé, em linha reta, até a porta.
— Acordei você? — Virei minha cabeça lentamente, até encontrar a figura de um homem frente a claridade da janela, o que fez minha vista doer. — Ou será que não se lembra de mim?
Espero que não tenha transado com ninguém.
O homem se aproximou e logo o reconheci. O loiro tatuado deu alguns passos à frente, ficando visível. Seu cabelo bagunçado e rosto inchado mostrava que ele havia acordado recentemente.
Eu só queria ir embora e esquecer o que aconteceu.
— Eu me lembro de você — falei, lembrando da maneira que falei com ele na madrugada. —
Foi mal por ontem, eu...
— Queria dormir com ele, não é?
— O quê?
Com Jeon. — Ele riu com escárnio, cruzando os braços. — Você não queria transar com ele?
— Você é maluco?! — falei, elevando o tom de voz.
— Eu jurava que era por isso? Geralmente é. — O cara se sentou na mesa me encarando fixamente enquanto brincava com seu colar prateado.
— Não sei nem o que ainda estou fazendo aqui.
— Muito menos eu. — Que educado ele...
Cruzei os braços, me preparando para o que viria.
— Cara, não sei o que você tem contra mim. Eu não te conheço. — Olhei-o de cima a baixo.
— E nem pretendo conhecer. Muito obrigada por ter cedido sua casa. Bom dia.
Pego minha bota, pronta para sair.
— Espero que não pretenda ir muito longe com ele. — Virei-me.
Ele provavelmente desconhece a palavra limite.
— Posso saber o que você tem a ver com isso?
Ele exibiu um sorriso ladino.
— Jungkook não é o seu tipo. Vai por mim. — Tá de brincadeira?
— Você não me conhece.
— Mas eu o conheço — retrucou. — Conheço ele o suficiente pra dizer que isso vai dar merda.
— Te garanto que está errado, Park Jimin. Suas suposições já passaram do limite. Não sente vergonha de ser assim? — Ele pôs a mão no peito, fingindo surpresa.
— Como se eu me importasse com isso...
— Pare de se meter na minha vida. Acho que melhoraria essa sua cara triste.
Ele franziu o cenho. No fundo eu sabia que havia tocado na ferida.
— Então, pare de ser tão mentirosa. Acho que te ajudaria a ser menos falsa. — Como? Quem esse cara pensa que é? — Não quero ser mal educado, mas já sendo. Vaza da minha casa, o recado já foi dado.
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