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27. ᴀᴄᴄɪᴅᴇɴᴛ

"Vai correr se eu falar de sentimento?"

E se eu falasse o que eu sinto - Aka Rasta


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JÚLIA PARKER


     Não sabia que ler Dark romance em um ônibus com o bonitão do lado fosse tão perigoso. Deveria fazer isso mais vezes se quisesse arriscar minha reputação. Se é que eu tinha alguma.

Nas longas três horas de viagem, tentei manter meu leitor digital distante o suficiente dos olhos enxeridos de Park Jimin. Algumas vezes, cheguei a espiá-lo para ver se havia algum tipo de expressão vergonhosa em seu rosto.

Ler uma cena de sexo explícito no Kindle da garota que você pegou não é lá uma das coisas mais confortáveis do mundo, ainda mais em um ônibus lotado — com crianças berrando para lá e para cá.

Tinha outras coisas mais importantes para me preocupar, coisas como: Me hospedar na casa da mãe do Jimin.

É, estar prestes a conhecer a mãe dele não era nada confortável e desejoso — era absurdamente assustador. "É só dois dias" — pensei respirando fundo —, mas não eram dois dias, eram dois dias com a mãe dele — e ele. Cada vez que eu pensava, ficava mais nervosa.

Só dois dias... Só dois dias... Só... Puta merda! DOIS DIAS.

O táxi parou bem na frente de uma rua um pouco íngreme. A rua pelo menos não parecia assustadora, tinha casas bonitas com detalhes deixados pelo tempo. De fato, aquela era uma rua antiga e bem preservada, com jardins bem cuidados e as gramas bem aparadas.

Por mais que o lugar fosse bonito e estranhamente feliz aos meus olhos, o bairro não parecia nada como a cidade grande — com grandes construções, shoppings, movimentações —, o que me levava a pensar que aquele local fosse habitado por idosos em sua maioria.

A mãe dele era aposentada? Idosa? Ela era casada? Até onde me lembrava, Jennie havia dito que ela não era casada com o Senhor Park. Então, não. Ela não era casada.

Por que nunca tinha escutado nada a respeito dela? Tinha acontecido algo ruim para ele nunca ter citado ela?

Pensando bem... por que Park Jimin diria algo a respeito de sua mãe comigo? Nem conversamos direito.

Puxei minha mala, apertando o puxador com tanta força que minha palma doeu. Estávamos indo, eu infelizmente a conheceria daquela maneira — tendo que me hospedar em sua casa por livre e espontânea pressão.

Como eu a cumprimentaria se mal sabia seu nome? Será que ela gostaria de mim? Modéstia à parte, mas eu era ótima com velhinhos. Mas... Ela era velha?

Céus! Eu não sabia de nada!

— Pode me dizer pelo menos o nome dela? — perguntei, tentando manter meu tom de voz neutro com o nervosismo.

Jimin não parou de dar seus passos largos, respondendo-me sem nem se virar:

— Ela se chama Lee Solin. — Continuei o encarando, esperando mais alguma informação decente. Jimin pigarreou e acrescentou: — Ela é... simples. Bem simples.

Analisando bem as feições do loiro, podia jurar que estava nervoso ou ansioso.

— Está nervoso? — perguntei enquanto virávamos mais uma rua, e ele parou bruscamente com a mala.

— Eu por acaso pareço nervoso?

Franzi o cenho e analisei seu rosto. Jimin mordia o lábio inferior enquanto, ao mesmo tempo, tentava não juntar as sobrancelhas e franzir a testa.

Fiz uma careta.

— Parece.

Ele soltou o ar pesadamente, virando-se com um tipo de irritação.

— Não estou nervoso, pra você saber. — Voltou a andar, mas dessa vez, com passos vagarosos até uma das casas.

Ele podia me dizer mais sobre ela. Qualquer coisinha que fosse, mas... simples? Que merda "Simples" queria dizer? E por que ele estava nervoso?

Já estava pensando se Lee Solin me odiaria pelo conjunto exótico de couro preto que eu usava, no sol escaldante que começava a subir às oito horas da manhã. Eu deveria ter usado cores claras, que merda!

Eu estava à beira de um colapso nervoso quando paramos em frente a casa.

A moradia era linda, tinha um tom caramelo com as telhas meramente postas em ordem, como se estivessem sido trocadas recentemente. As janelas e a porta dupla de entrada eram de uma madeira escura semelhante ao carvalho bem polido, e o cheiro que saía da casa era de uma fruta cítrica. Era maracujá.

Precisei esfregar os olhos para ter certeza que não era uma alucinação pré-óbito.

O guitarrista soltou a sua mala, e pôs as mãos na cintura, avisando.

— Tente não parecer...

A voz de uma mulher interrompeu-o, chamando a total atenção para a figura madura e delicada de Solin na janela.

— JIMIN? É VOCÊ, JIMIN?

Era ela, com certeza. Mesmo de longe dava para perceber, os olhos de Jimin vinham dela.

A mulher sorriu antes de dar a volta e aparecer abrindo as enormes portas duplas. Jimin abriu os braços como uma criancinha, quando atravessou uma pequena distância até sua mãe.

Agradeci por estar distante o suficiente para não entender o que falavam. Era uma mistura de choro e murmúrios.

De repente, as árvores atrás de mim pareceram muito mais interessantes que o momento familiar entre Jimin e a mãe. Vinte minutos foram necessários para eu constatar que as espécies eram de eucalipto.

— Júlia?

Virei-me ao ouvir a voz de Solin. Ela estava com os olhos inchados, e Jimin, assim como eu a minutos atrás, achou que o jardim da sua mãe precisava de uma análise.

Sorri aproximando-me do pequeno corpo da senhora Lee, que não tinha muito mais que um e cinquenta de altura, e cabelos grisalhos e longos. Diria que sua idade não passava de cinquenta, quarenta e cinco, a mais velha quase não aparentava sinais avançados de idade.

— Que coisinha linda, Jimin! — Solin abraçou-me forte. Não tive tempo de exibir minha careta para o diminutivo. Ela me afastou um pouco e analisou meu rosto: — Seus olhos...

— Mãe! — soltou o loiro, ainda de costas para mim.

Ela revirou os olhos para ele, voltando-se a mim.

— Seus olhos têm cor de Gentileza. — Sorriu, e eu fiz o mesmo, lançando um olhar rápido para o Jimin. — Me chame de Lin, e nada de formalidade. Eu não sou tão velha assim.

Segurei-me para não rir do guitarrista quando ele virou para mim, com os olhos vermelhos de chorar.

— Vamos entrar, mamãe. — Jimin passou o braço pelo pescoço da Lin. — Estamos exaustos.

Era fofo e constrangedor ver os dois daquela forma, ainda mais depois de descobrir que eu era uma "Coisinha linda". Coisinha...

— Vamos, querida! — chamou Lin, aos risos. — Fiz uma torta para vocês.

Quando entramos na casa, tive a leve impressão de já ter estado ali antes. Dava um sentimento parecido com nostalgia e infância feliz. Isso! Era justamente isso que Solin me passava — nostalgia e infância feliz.

A mais velha educadamente traçou seu braço com o meu, me puxando através de um corredor, até uma linda cozinha americana que cheirava a maracujá e doces da minha infância. Jimin tinha ficado atrás de mim, analisando sua mãe com um sorriso.

Os olhos dele ainda estavam vermelhos, ameaçando chorar ou pular de alegria a qualquer instante. O guitarrista estava puramente feliz, e seus olhos brilhantes mostravam isso.

O que quer que estivesse ocorrido com Jimin, eu queria saber. Queria saber o que tinha deixado ele daquele jeito.

A mulher estendeu a mão para a mesa de jantar no cômodo aberto ao lado da cozinha.

— Vamos comer crianças! Estão pálidos de fome.

Eu estava morta de fome mesmo, a viagem havia sugado minha energia toda. Energia, alma, felicidade...

Caminhei até a mesa, puxando uma cadeira. Lancei um olhar rápido a Jimin, para que ele se juntasse a mim. Já era constrangedor demais falar com a sua mãe, fazer isso sozinha acabaria comigo. Felizmente, Jimin se juntou ao meu lado da mesa, com uma expressão amigável e orgulhosa.

Certo, tudo ficaria bem...

Ele com certeza achava ridículo eu pedir sua ajuda para lidar com Solin sendo extremamente fofa e simpática. Sim, era ridículo um pedido de ajuda, mas era isso ou um desmaio instantâneo.

Não ousei falar nada, aliás, o que eu diria? Que não precisava de toda aquela recepção e que eu ficaria muito satisfeita em apenas dormir por dois dias seguidos?

Lin sentou-se à nossa frente, apressando-se para nos servir. Por baixo da mesa, o joelho de Jimin se chocou com o meu, e parecia um aviso — um que eu tive dificuldade de entender.

"O que foi?" — foi o que eu tentei dizer no olhar que passei para ele, e ele falou "Relaxa" sem emitir nenhuma palavra.

Oras! Relaxa?

Ergui as sobrancelhas, como se dissesse "É sério? Nem sabia que tinha que relaxar..."

— Pode parar de falar telepaticamente, okay? — Viramos para ela. — Tentem flertar discretamente.

Franzi a sobrancelha, olhando para o Jimin, que respondeu com um sorriso de canto.

— Ela é péssima nisso, mãe.

— O quê? — soltei com o tom um pouco alto. — Eu não flerto com você!

No mesmo instante, Jimin virou sua cabeça lentamente para mim, com um sorriso presunçoso.

Queria xingá-lo de tudo que era nome, mas não podia — não com a mãe dele nos assistindo.

Engoli em seco e disse:

— Dona Lin, para minha total felicidade, eu e seu filho não temos esse tipo de relação — Só nós pegamos uma vez para nunca mais. — Convivemos juntos por causa do projeto.

Lin sorriu pondo meu prato na minha frente.

— Tudo bem, querida. Jimin já me falou algumas coisas. Era uma brincadeira.

— O que ele disse? — perguntei mais rápido do que pensei.

Ela emitiu uma gargalhada quando virou o rosto, supostamente, lembrando das palavras.

— Ele disse que são apenas colegas de trabalho e enfatizou a Celine como namorada. — Na hora que ela disse, não consegui conter a minha risada.

— Namorada? — olhei para Jimin, que me olhou com as sobrancelhas erguidas. Virei-me para ela, assumindo a postura de atriz: — Ainda é difícil de acreditar que ele está namorando, sabe? A personalidade dele...

— Como é minha personalidade? — Jimin rebateu, e eu revirei os olhos, voltando-me a Solin.

— Ele é um pouco difícil de lidar. Não sei se a senhora entende... — completei por fim.

Ao contrário do que eu imaginei, Solin riu e levou o garfo à boca.

— Sei bem do que está falando. Ele me puxou.

Puxou a ela? Queria que ela me dissesse onde para eu poder ver.

Jimin não era horripilante, claro, às vezes tinha uma aura misteriosa e marcante demais, mas não era medonho.

Ele conseguia estar na medida quase certa, entre a doce e o amargo. Era como um Fini de morango coberto com o ácido azedo e viciante — por fora azedinho e por dentro...

— Gostoso, não é?

— Hum? — sobressaltei, engolindo em seco,

— O recheio da torta. Não está gostoso? — Solin perguntou novamente. — Fiz de um jeito especial, que uma amiga me ensinou.

Levei a segunda garfada do recheio para boca e eu concordei envergonhada.

Eu só podia estar delirando.

— Okay, deixa eu ver se eu entendi — respirei fundo, arrumando a minha postura. — Vamos ter que...

— Dividir uma cama.

Ótimo... que merda!

— Não é nada que já não tenhamos feito. Dormimos juntos uma vez, lembra?

Claro que eu lembrava desse dia fatídico, como não lembraria? O negócio era que isso aconteceu bem antes dos nossos amassos.

— Não vai rolar. — Levantei-me um pouco nervosa da cama de casal que supostamente teríamos que dividir. — Você não disse a ela que éramos apenas amigos? Não deu nenhuma outra alternativa mais agradável?

Jimin ergueu uma sobrancelha, soltando um "Hm?" logo em seguida.

— Então...? Você não sugeriu mais nada? — Esfreguei a testa, pondo as mãos na cintura.

— O que você quis dizer com "alternativa agradável"?

Tentei manter meu tom baixo, com medo que Lin escutasse alguma coisa do seu quarto — que era próximo ao nosso.

— Você disse que somos amigos, logo, não podemos dormir juntos.

Que mentira mais esfarrapada!

— Ela disse que uma coisa não tem nada haver com outras. Tá que somos amigos — ele enfatizou. — Ainda é uma cama. E ao menos que alguém queira ter torcicolo, o que não é o meu caso, o sofá da sala está liberado.

Aquelas palavras me acertaram no meu coração. Como se de fato fosse algo ruim, mas não era. Não mesmo.

Tudo bem. Éramos amigos. Amigos que com certeza se pegariam firme naquele colchão absurdamente delicioso.

Engoli em seco, pensando.

Percebendo a minha demora de decisão, Jimin pigarreou e disse por fim:

— Se te incomoda tanto dormir comigo, eu durmo na sala.

Senti uma pontada de culpa ao encará-lo desviando o olhar do meu.

Jimin estava vendo a mãe dele depois de anos e ia dormir na sala por minha causa? De maneira nenhuma. Eu jamais me perdoaria por isso.

— Eu durmo na sala — decidi.

Ele juntou as sobrancelhas, cruzando os braços. Deixando alguns fios de cabelo despencarem sem querer em seu rosto.

— Você não quer mesmo que eu deixe a visita no sofá, não né?

Tecnicamente, nós dois éramos a visita.

— Não há nada em dormirmos juntos. Se está com medo da minha mãe...

— Não estou com medo da sua mãe.

— Então me diz o que é.

Ele estava parado numa posição estranhamente sexy, com os braços cruzados no peito enquanto suas sobrancelhas estavam juntas, tentando entender onde eu supostamente queria chegar com aquele papo furado.

Tive que respirar fundo e desviar o olhar do seu, para conseguir responder.

— Nós dois... — minha língua travou. Como eu diria a ele que não podia ficar tão perto? Como eu diria a ele que tinha vontade de ser tocada por ele?

Jimin riu inclinando a cabeça levemente para trás, entendendo.

— Você tá com medo de rolar alguma coisa entre nós? — o tom de Jimin machucou meu ego.

Eu queria muito que rolasse. Queria sentir cada parte de seu corpo musculoso...

— Não é medo de você.

Eu confio em você — era o que eu queria dizer antes da minha cara esquentar 50° graus celsius.

Eu tinha mais medo de mim. Do que eu era capaz de fazer. Eu não hesitaria em beijá-lo se eu quisesse.

E esse era o meu medo.

Jimin se esforçou para não rir, mas o pequeno sorriso se repuxou no canto de seus lábios, entregando o seu entretenimento.

— Relaxa, eu não vou fazer nada que você não queira.

Então eu quero.

Jimin pareceu entender o que quer que eu tentei transparecer. E um estalo saiu de sua língua, antes de revirar os olhos e dizer.

— Estou na sala. Descanse.

Aquilo era uma despedida broxante. Expulsei-o de seu próprio quarto — de seu antigo quarto de infância — só por ter medo de mim mesma.

Que patética!

Joguei-me no colchão, soltando o ar que eu nem sabia que tinha preso durante todo aquele tempo.

Patética e burra, era isso que eu era.

— Foi por uma boa causa, Júlia...

Repeti aquilo para mim mesma durante minutos, até perceber que eu continuaria o desejando independentemente da situação.

Ele estando, ou não, naquela cama.

Acordei com um som alto de natureza, vindo da sala. O cheiro de incenso tinha tomado conta do ar e, quando abri a porta do quarto, fui bombardeada por um defumador de ferro brilhante — que Lin balançava com um enorme sorriso.

Eu devia estar carregada de energia negativa, já que foram necessárias três vezes girando aquilo ao meu redor.

Solin empurrou uma pequena mesa de cabeceira para o lado da minha porta, e em cima dele pôs algumas decorações.

— Se arruma, vamos dar uma passeada! — disse ela aos risos, voltando a girar e girar seu defumador pelo corredor.

— Mãe! Vai com isso pra lá! — ouvi Jimin berrar de longe, e gargalhei indo ao banheiro.

Lin não especificou onde exatamente passaríamos, só pegamos o carro e fomos, até parar numa loja de artigos esotéricos não muito longe.

— Essa é a loja de uma amiga minha. — Ela arrumou a ecobag no ombro, pondo minha mão entre o seu braço. — Você também gosta dessas coisas, por isso quis te mostrar...

— Gosto? — Congelei confusa.

Lin me olhou com um sorriso de contagiar até os mais inibidos, como eu.

— Meu filho me mostrou a ametista que você deixou na casa dele um dia. Ele até me perguntou para que servia! — respirou fundo, sorrindo. — Ele nunca pergunta sobre isso. Jimin morre de medo dessas coisas.

Gargalhei.

Quando ele mostrou a ametista? Por quê? E como ela sabia que era eu?

A mais velha me puxou para dentro do estabelecimento, me expondo a todos aqueles cheiros e cores magníficas. Eu moraria lá dentro se fosse possível, e compraria tudo se fosse rica.

— Sabe por que eu te trouxe aqui, menina?

Com o coração a mil, neguei com a cabeça. Era a primeira vez que Lin se dirigia a mim com aquele tom sério.

— Quero que escolha um presente para você.

— Não precisa se incomodar, Senhora Lin...

Ela parou, encarando-me.

— Não tem nada me incomodando, menina! — Ela virou para o lado, apontando para uma enorme drusa de ametista. — Eu confio em pessoas que gostam de ametista.

Eu ri.

— Por quê?

Lin pôs a mão dentro do sutiã, puxando uma ametista pequena e roxa do seio esquerdo.

— Eu também sou ansiosa, minha querida.

Não tinha conhecido muitas pessoas que gostassem das mesmas coisas que eu quando comecei. Era mais uma coisa entre mim e o Youtube. Incensos e cristais — e também tinha as tentativas falhas de aprender tarô.

— Só falta a senhora dizer que lê tarô — brinquei, mexendo nas pequenas casinhas artesanais da prateleira à nossa frente. Lin não disse nada, e eu a encarei, encontrando o mesmo sorriso. — Céus! A Senhora...

— Pare de me chamar de senhora! — Ela fez uma careta brincalhona e continuamos a andar. — Sim, eu sou taróloga.

— Desde quando? — Não consegui conter minha curiosidade e empolgação.

— Ah, menina... — Ela olhou para cima, como se lembrasse de algo muito bom. — Desde os 13 anos de idade. Inclusive, foi assim que eu sustentei o Jimin por muito tempo.

Ele nunca tinha dito aquilo. E isso entrava para a lista das muitas coisas que Jimin não me contou.

Voltei a mexer nos objetos.

— Não conversamos sobre isso.

Nem sobre nada, na verdade.

— Que tipo de amigos vocês são? Céus! — Os que se pegam em segredo? — Antes de Jihoon pegar o Ji de mim, nós vivíamos bem felizes na nossa casa. Tínhamos dificuldades, claro, mas éramos bem felizes. Ele era só um adolescente quando foi para a cidade grande, e não sabia muito como interagir com as pessoas. Sempre teve dificuldades em fazer amigos...

— Por que Jihoon levou... — quando notei que seria muito invasiva com a pergunta, parei. Mas Lin continuou sem parecer sentida.

— Ah, garota... — arquejou. — Jihoon nunca foi um homem muito saudável. Nem mentalmente e nem fisicamente. E quando descobriu o problema no coração... Que ia morrer... — ela engoliu em seco, fingindo se interessar nos colares. — Ele tomou meu menino de mim judicialmente, e como eu não tinha um trabalho estável, ele conseguiu, e o levou de mim.

Não perguntei mais nada, temendo que ela chorasse, mas Solin estava disposta a continuar.

— Jihoon precisa do Jimin. Ele precisa que alguém pague por todo o caos que ele fez em vida. — Olhei para ela. — Jihoon costuma tirar a felicidade do meu menino, do mesmo jeito que tirava a minha.

Eu quis perguntar, eu quis, porém, nada saiu dos meus lábios. Nem um som.

Uma mulher negra de lábios carnudos e cabelos volumosos e definidos aproximou-se de nós, com outro sorriso. Eu podia achar que estava em um sonho onde tudo era mil maravilhas e sorrisos deslumbrantes, mas era real.

— Júlia, essa é Lydia. A amiga de quem falei — Lin apresentou. Estendi a mão para a mulher e sorri para ela. — Lydia, minha amiga, pode me mostrar aqueles conjuntos que...

As duas mulheres piscaram uma para a outra com um sorriso suspeito, e quando entrelaçaram as mãos ao entrar numa porta atrás do balcão, entendi o que deveria fazer.

— Desculpa fazê-la esperar tanto — disse a mais velha, quando saímos do táxi. Sorri para ela, tentando convencê-la a acreditar que as meia-hora que fiquei zanzando na loja não foram nada. — Pode dizer que você ficou entediada.

— Fiquei — disse, sem perceber a fluidez que fui sincera.

Solin apenas gargalhou, puxando sua sacola.

Um cheiro avassalador de comida preencheu o quintal. Os temperos e as especiarias praticamente saltaram da janela da cozinha com um cheiro ótimo — e pelo som alto, podia sugerir que Jimin estava se divertindo.

Eu mal sabia que ele cozinhava, os meninos da república nunca comentaram sobre os cozinheiros da casa. Jimin não tinha cara de se dar bem com a cozinha, e muito menos com coisas domésticas.

Sempre acreditei que o dom da cozinha não era pra qualquer um — como um tipo de dádiva ou dom divino —, e saber que Park Jimin cozinhava era como pensar em Angelina Jolie sendo presidenta dos Estados Unidos.

Entramos sorrateiramente na casa — quase na ponta do pé. Queria ver com os meus próprios olhos. Pelo canto do arco da porta, pude ver de relance o corpo de Jimin se balançando no ritmo da música enquanto cortava tomates.

Talvez Angelina Jolie servisse muito bem como presidenta.

Andamos mais um pouco em direção à cozinha, quando o guitarrista cozinheiro virou.

Segurei-me para não rir. Era a coisa mais engraçada que eu já tinha visto.

Jimin estava com o cabelo loiro lambido para trás, com uma bermuda e camisa simples, com um avental.

Um avental de biquíni.

Pus a mão na boca quando ele franziu o rosto.

— O que foi agora? Nunca viu um avental? — perguntou ele, sério.

Não um de biquíni.

Ri esfregando o rosto, e quando voltei a encarar o guitarrista, ele estava sorrindo para mim.

— Por que não avisaram? — disse ele, desviando-se para a mãe.

— Queríamos pegar você com a mão na massa. — Solin espiou a comida na mesa, e abriu um sorriso.

— Então, sirva-se. — Jimin tirou o avental com um sorriso gentil para a mãe.

O jantar foi perfeito — uma mesa farta de misturas para as carnes de porco bem temperadas na grelha. O arroz estava ótimo, e tudo tinha sabor de casa da vovó. Onde será que Jimin tinha aprendido tais habilidades culinárias? Imaginei que tivesse tido um tipo de matéria particular culinária no ensino médio, algo só para filhos de CEO.

Quando terminei de lavar a louça, tomei um bom banho e fui dormir — ou tentei, pelo menos. Jimin estava a metros de mim, dormindo num bom sofá que ainda lhe custava o pescoço.

— Eu sou uma vaca insensível! — murmurei a mim mesma, afogando meu rosto no travesseiro.

Eu era uma vaca egoísta.

Queria mesmo que ele não dormisse comigo, mas ainda queria que ele dormisse bem. Alternar da cama para o sofá não me faria tão mal assim...

Cuidadosamente, levantei-me da cama, arrumando a pequena camisola de cetim roxa que Lin tinha me dado de presente, rezando que nada saísse do lugar.

Abri a porta, tomando todo cuidado para não esbarrar na mesa de cabeceira ao lado do batente, e então respirei fundo.

Caminhei em direção à geladeira, forçando-me a não olhar para a sala — onde Jimin estava deitado. Não dava para vê-lo muito bem, pois o sofá estava de costas para a ilha, mas ele ainda estava lá, e eu estava me cagando.

Não deveria estar ali.

Servi-me com um copo de água, virando-me para trás. Quase joguei o copo no chão quando vi o guitarrista apoiado do outro lado da ilha de mármore, com um sorriso preguiçosamente insuportável.

— O que faz aqui? — perguntou com a voz gutural de dar arrepios.

Estendi o copo de água em resposta, e ele não falou nada, com os olhos fixados nos meus.

— Por que não está dormindo? — perguntei.

— Não consigo dormir direito no sofá — confessou ele, com um tom debochado.

Tentei não sorrir.

— Sinto muito.

Jimin atravessou a ilha, pegou o copo vazio da minha mão, e encheu para beber. Fiquei em silêncio, engolindo em seco a cada som que escapava de suas ações.

— Conversei com a sua mãe... — comecei a falar ainda de costas. Não sabia como tinha dito aquilo com tanta calma quando ele se apoiou no mármore ao meu lado. — Ela me contou como você foi parar em Seul.

Uma parte de mim viu o guitarrista tensionar, quando apertou os lábios.

Eu não deveria ter tocado naquele assunto. Não naquele momento.

Comecei a achar que tinha invadido demais sua privacidade tocando no assunto. E me desesperei, explicando:

— Ela não contou muito, não precisa ficar preocupado com nada...

Ele me olhou, franzindo o cenho.

— Eu não estou preocupado — rebateu, sério. — Imagino que ela tenha entrado no assunto do meu pai... — concordei, com a cabeça e ele continuou. — Minha mãe gostou de você.

Forcei-me a sorrir com a troca repentina de assunto.

— Eu me dou bem com os mais velhos. — Pisquei.

— Você tem cara.

Elevei as sobrancelhas, cruzando os braços:

— E o que isso quer dizer?

Jimin riu.

— Levando em conta que minha mãe gosta de coisas estranhas e cafonas...

— Você está me chamando de estranha e cafona? — Os olhos dele me analisaram por alguns segundos. — O que foi?

Jimin levantou seus antebraços da ilha, fazendo-me virar para ele. Os braços dele passaram por baixo dos meus, apoiando-os no mármore, ficando mais próximo da minha altura.

— Você nem me deixou terminar... — Os olhos dele fitaram meus lábios rapidamente antes de voltar aos meus olhos. — Eu quis dizer que minha mãe gosta de coisas originais e de grande valor.

Ele estava tão perto, tão perto, que sua respiração batia levemente em meu rosto.

— Então isso não muda o "estranha" e o "cafona".

Ele riu, virando o rosto rapidamente.

— Você não é nenhum dos dois — confessou ele, me encarando. — Vai por mim, eu te diria se fosse. — Revirei os olhos e ele ajustou a postura, prensando-me na ilha.

— Jimin, eu acho melhor... — Os nossos olhos se encontram fixos um no outro. Queria dar uma desculpa para afastá-lo de mim o mais rápido possível, mas não consegui.

Mas se eu me afastasse, eu me arrependeria muito.

Você acha melhor... — ele sussurrou em um questionamento, enquanto sorria maliciosamente.

Ele sabia melhor do que ninguém o efeito que fazia em mim. Não era tão burro, mas eu deveria trabalhar naquilo. Eu deveria ao menos disfarçar aquela atração ridícula.

Seus olhos estavam fixos em meus lábios, e eu sabia bem o que aconteceria quando ele aproximou seu rosto do meu.

Nossos lábios finalmente se encontraram de novo, na ardente euforia do momento. Minha boca sentira tanta saudade dele que queria aproveitar cada vez mais dela. Sua língua dançando e acariciando a minha em um ritmo lento e torturante. Eu queria — queria muito — ele.

Jimin pegou minha cintura, apoiando-me na ilha, enquanto eu terminava de bagunçar o seu cabelo.

Meus seios estavam extremamente rígidos naquela camisola, e um calor fervilhante se instalava entre as minhas pernas.

Isso é real? — perguntava a mim mesma mentalmente.

Ele parou o beijo de repente e olhou para o meu busto rígido. Um sorriso malicioso nasceu em seus lábios, e ele voltou a me encarar.

Numa onda calorosa, o guitarrista colocou as duas mãos sobre as minhas coxas brincando com a sensibilidade delas, descendo e subindo. Arrepiada e completamente inebriada com aqueles toques...

O que mais ele seria capaz de fazer com aqueles dedos...

Jimin voltou a me beijar, puxando-me mais para si até senti-lo duro e volumoso.

Meu corpo esfregava-se sobre ele involuntariamente. Uma mão apertava minha cintura, enquanto a outra segurava minha coxa. Meus dedos desceram de sua cabeça, acariciando seu pescoço.

Ele afastou sua boca da minha, ofegante, enquanto minhas pernas latejavam de desejo.

Não me importava se ele era um idiota. Não me importava se fosse bem ali. Eu queria que ele fosse o primeiro.

— Vamos para o quarto — disse ele, erguendo-me em seu colo.

Se eu fosse me arrepender de algo, preferia que fosse depois. Mas primeiro, eu queria vê-lo suando em cima de mim.

A casa havia se tornado pequena com todo aquele calor e, quando me dei conta, nós estávamos próximos à porta.

Um barulho ressoou forte por todo o corredor e ficamos paralisados.

— O que foi isso? — tentei sussurrar o mais baixo que podia.

— Quem colocou isso no meio do caminho? — eu riria se ele não estivesse de fato irritado.

Olhei para o lado e as decorações da mesa de cabeceira tinham caído feio. Jimin tinha chutado o móvel com tanta força que todas as decorações tinham se espatifado no chão.

Passos pesados soaram de dentro do quarto de Solin.

Jimin me colocou no chão vagarosamente para não fazer barulho, e disse:

— No três. — Eu assenti, arrumando a camisola. Ele deu um passo na ponta dos pés e sussurrou: — Um... — Deu outro passo para trás de mim. — Dois... — Eu virei a maçaneta da porta devagar, e outro passo de Solin soou. — Três. — Jimin correu para a sala e eu entrei no quarto.

Meu coração estava disparado, e cada pulsação parecia um esforço.

Encostei-me na porta e, cedendo o peso do meu corpo, escorreguei sobre ela.

Solin saiu e abriu a porta de seu quarto. Mais nenhum passo foi ouvido.

Seríamos pegos no flagra. Pela mãe dele.

Cobri minha boca para evitar qualquer som, quando uma risada saiu de mim. Uma risada em um momento como aquele? Eu só podia ser louca!

Que merda está acontecendo comigo? — sussurrei para o quarto.

Uma risada baixa invadiu o corredor, e uma porta se fechou.






NOTA DA AUTORA:

Olá!

Já peço desculpas a todos pela demora para soltar esse capítulo. Muita coisa aconteceu na minha vida durante esses últimos três meses, e muitas dessas coisas ainda estão acontecendo.

Voltei a escrever, terminei meu curso de informatica, e estou fazendo um curso de unhas de gel ( <3 ). Ainda quero arrumar um emprego, mas as coisas ainda estão correndo lentamente por aqui, então já peço a paciência de todos.

Continuarei escrevendo, continuarei a gravar storys, mas não com tanta frequencial.

Fiquem bem, tá? Me desejem sorte...

Com todo amor do universo inteiro, eu sou imensamente grata

PAM

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