21. ʜᴇɪʀ
"...Ele quebrou seu coração e deixou dinheiro em suas mãos..."
Daddy issuies - The Neighborhood
*Esse capítulo podem conter gatilhos de temas como: Alcoolismo, Violência verbal e física (Da parte parental do protagonista).*
PARK JIMIN
Eu não tinha entendido bem a gravidade da situação quando olhei os gráficos pela primeira vez. As ações tinham caído quase trinta por cento, a porcentagem exata dos investidores desistentes.
Andei de um lado para o outro, sentindo cada músculo do meu corpo tensionar. Puta que pariu! Eu estava muito ferrado.
Desde que meu pai anunciou que estava prestes a dar a posição de CEO para mim, os investidores dispostos a assumir a presidência da empresa revoltaram-se. A maioria vendeu suas partes das ações e saíram do programa, restando apenas os mais importantes. Phillip, como não foi bobo nem nada, comprou todas as ações deixadas, chegando a ser o único investidor com trinta por cento. A JJ ent. — empresa do pai de Jungkook — e a Bluev — a produtora da família do Taehyung —, ficaram com as outras partes das ações e isso me dava vantagem sobre toda artimanha que Phillip estava planejando.
Mas havia algo muito pior para se preocupar. Um segredo que eu era obrigado a guardar para o bem da minha própria vida. Algo pior do que a maior empresa de entretenimento musical da coreana estar decretando falência.
O homem que eu chamava de pai estava doente, praticamente arrastando-se pela empresa. E nada mais fazia efeito, nem seus remédios caros eram capazes de curar seu coração. Sofria de um caso raro de cardiomiopatia dilatada. Uma doença que afetava o músculo do coração e impedia o bombeamento adequado do sangue, e tudo que eu sabia depois disso era que o coração se expandia no peito até finalmente... enfim.
Depois de quase morrer de infarto, a onze anos atrás, ele descobriu a doença e a partir dali fez questão de começar a arruinar a minha vida pouco a pouco. Mas não se tratou só disso. Sua sede de ganância crescia cada vez mais com o tempo, e ele foi me puxando para o meio da merda que era a sua vida.
Tudo podia piorar, cada vez mais porque Park Jihoon era alcoólatra desde que me conhecia por gente, eu só tinha lembranças dele bêbado. Essa era a verdadeira causa de sua doença, e provavelmente o que o mataria.
Quando parava para pensar no passado, não tinha uma memória sequer que salvasse Park Jihoon do ódio profundo que eu sentia. E, por muito tempo, fui perseguido pelas imagens claras dele vindo em minha direção com os punhos cerrados para acertar-me o primeiro soco do dia. Eu tinha dez anos quando aconteceu pela primeira vez, depois disso eu rezava toda noite para que ele não tocasse em mim ou na minha mãe.
— Acha que é possível haver alguma reversão? — perguntou Taehyung, mordendo o lábio inferior. Encarei-o enquanto balançava a cabeça. — Por que não contou aos outros? Digo — ele ajustou-se na minha cama —, eles já estão revoltados com você porque está adiando a presidência. Acha que vão resistir as chantagens de Phillip? Acha que seu pai vai esperar até você se formar?
— Pior do que deixar seu filho bastardo com a empresa, é deixar um criminoso com ela — falei, sendo sarcástico. — Ele vai esperar. Nem que seja até seu filhinho caçula se disponibilizar à presidência.
Eu era fruto de uma traição, não era bem algo para meu pai se orgulhar. Jihoon tinha uma família antes de encontrar a minha mãe e fazê-la sua amante sem que ela soubesse. Bom, ela não sabia nos primeiros anos, até encontrá-lo com sua família enquanto me levava para passear no carrinho que ele mesmo havia dado.
"Ver sua família feliz, rindo ao seu lado, quebrou meu coração em mil pedaços", foi o que mamãe disse.
Minha mãe o amava tão cegamente que me doía vê-la se submeter aos xingamentos dele. Jihoon duvidava que eu era mesmo seu filho, duvidava que era o único homem de minha mãe. Aquele imbecil, não sabia o quão dependente ela era de seu raso amor, se era possível mesmo chamar aquilo de amor. Era o amor mais repulsivo que tinha visto na minha vida. Eu me negava a amar alguém a ponto de ouvi-la me xingar de tudo que era nome — alguém que duvidasse do meu amor.
Eu me negava a amar ele.
Era uma dependência que eu rezava com afinco que tomasse um fim. Minha mãe não merecia passar aquilo. Nenhuma mulher merece passar aquilo.
Meu pai se recusava a acreditar que eu tinha seu DNA e eu também me recusava a acreditar que tinha um pai tão doentio como aquele. Mas querendo ou não, eu era um Park. Eu era o herdeiro.
Taehyung riu, soltando ar com desdém.
— Hyujin não move nem a bunda da cadeira, quem dirá uma empresa — murmurou meu amigo. — E quanto a Jungkook. Falou com ele sobre isso? Vai precisar da ajuda da JJ também para retardar a tragédia.
Passei a mão no rosto, posando a outra na cintura, pensativo. E aí estava outro problema para resolver. Eu mal falei com ele desde o encontro caótico que tivemos, e suas saídas estavam sendo muito frequentes, eu quase não o via durante a semana.
— Não falei com ele ainda. Jungkook anda distante — falei, parando ao notar o seu olhar sobre mim. — O que foi?
Tae apertou os olhos e cruzou os braços.
— Você acha que ele está com raiva de você? A atitude dele não faz o menor sentido. Ou tem mais alguma coisa que queira me contar?
— Eu já disse. Ela aceitou o convite no desespero e, quando viu que não tinha volta, veio me pedir ajuda. Você viu quando ela chegou aqui na sexta. Eu não estava nem esperando visita.
Fui o mais sincero que pude, mas Taehyung não pareceu convencido.
— Ele costuma fugir quando as coisas não andam bem. O Jeon não lida bem com expressão de sentimentos, muito menos crítica construtiva.
É, eu sabia bem disso.
Parte de tudo que aconteceu nos meses passados foram gerados por isso. Mas eu não o culpei por completo, esse era o jeito dele de ser, só que isso não justificava a maneira com que tratava as pessoas envolvidas.
Jeon se esforçava de verdade para poder melhorar isso, mas não dava muito certo. E da vez que recomendei a terapia, ele riu da minha cara, como se eu tivesse sugerido uma coisa absurda. Não tinha nada de absurdo em fazer terapia, e talvez essa fosse a única forma de melhorar a forma como ele lidava com seus sentimentos — e os sentimentos dos outros.
— A nossa empresa está quase pronta, Jimin. Mas se for necessário você assumir a Park's, faça isso. Pelo menos, até seu pai se recuperar.
Eu não queria esperar para fazer meu sonho acontecer, e assumir a Park's me atrasaria. A única coisa pela qual lutei por anos estava em risco por causa do meu pai, de novo.
Até quando eu perderia as coisas por sua causa? Até onde sua sombra me assolaria?
— Eu odeio ele. Você sabe. — Alisei o tecido da bermuda, encarando Tae, sério. — Só de deixar a Mauve para liderar a Park's, me deixa, sei lá...
— Com medo? — Meu amigo ajustou-se na cama e eu senti um embrulho na barriga.
Medo. Eu estava mesmo com medo? Medo de Jihoon? Não. Eu me recusava a ter medo dele.
Taehyung continuou pondo os papéis para o lado:
— Não deixe ele entrar de novo na sua cabeça. Eu sei que seu pai não te atinge mais como antes, e também sei que você se blindou por causa dele. Mas você sabe, Jimin, ele vai achar um jeito. — Ele cruzou os braços, com um olhar compreensivo. — Jihoon vai procurar uma brecha para entrar na sua cabeça. Você sabe disso. Vai tentar te manipular como fez com... — parou, baixou o olhar e engoliu em seco.
— Como ele fez com a minha mãe. Eu sei, cara. — Sentei-me ao seu lado, cutucando-o com o cotovelo. — Valeu por se preocupar. Sério. Ultimamente não tenho tido muitos motivos para sorrir. Só penso em desgraça, música, trabalho e sexo.
— Pelo menos tem música.
— Pelo menos tem sexo — ressaltei para ele, que sorriu.
Algo no meu amigo havia mudado, era algo além do seu corte cacheado ou das suas roupas novas. Taehyung estava agindo como se tivesse ganhado na loteria. A alguns dias atrás, lhe perguntei se tinha fechado algum contrato ou se havia dormido com algumas de suas colegas de pintura — pelo menos as que lambiam seu saco depois de soltar uma piada sem graça, como de costume.
Taehyung foi o meu primeiro amigo do ensino médio e o único que posso considerar confidente, fora Jessi. Eu sabia bem quem ele era, sabia tanto ao ponto de perceber que estava caidinho pela loira, amiga de Júlia.
— Não é por nada não, mas você tá meio estranho... — falei e ele me olhou franzindo o cenho, fazendo-se de desentendido. — Foi a loirinha, não foi? Ficou balançadinho... — brinquei e meu amigo abriu um sorriso maior que a cara. — Vocês estão transando?
— Tem jeitos diferentes de curtir uma pessoa sem que haja sexo, Jimin.
Soltei uma risada.
— Ah, não! Você se apaixonou?
Era fofinho vê-lo com aquela carinha de apaixonado. Era mais fofo ainda quando ele voltava das saídas com ela, parecendo um palhaço. Não havia rolado nada entre eles, nem um beijinho sequer, pelo menos foi o que ele me disse no dia em que voltou do museu com ela.
Nenhum beijinho...
— Eu não teria vergonha de dizer, caso acontecesse. O que já não é o seu caso.
O que ele queria dizer com aquilo? Eu era bem corajoso, se eu quisesse de verdade me envolver com alguém, eu diria a deus e o mundo. Só que isso não iria acontecer tão cedo. Definitivamente não. Não estava muito afim de meter uma garota no caos que era a minha vida.
— Eu não me apaixono há anos.
Comentei, um pouco incomodado.
Eu nunca tocava nesse assunto com ninguém, nem mesmo com minha irmã. Jessi sempre falou que todas as minhas namoradas eram péssimas, não tinham nada a ver comigo ou que só não gostava porque sentia-se no direito de não gostar.
— Claro. Tirando sua primeira namorada, as outras duas eram por que mesmo...? — Ele deixou uma gargalhada sair.
— Por que minha mãe obrigou? — confessei e nós rimos.
Minha mãe era uma cartomante e acreditava em muitas coisas místicas, muitas vezes irreais para mim. Um certo dia, ela disse algo que eu nunca fui capaz de esquecer, bom, nem eu e nem os outros dois — Jungkook e Taehyung. Foi uma história tão engraçada que virou um tipo de piada interna que desagradou minha mãe, mas com o tempo ela levou na boa as zoações.
Mamãe havia previsto que eu teria apenas quatro namoradas na minha vida toda, mas uma só seria capaz de me fazer ficar louco de amor e todo aquele papinho de romances e tals. Previu também que Taehyung se casaria cedo e que teria uma vida muito feliz até sua morte, se apenas valorizasse sua esposa. E para Jungkook... Então, a previsão de Jungkook foi tão caótica que nem tocamos no assunto perto dele... Dona Solin previu que Jungkook viveria procurando uma amada, que estaria bem diante dos seus olhos, mas que sofreria muito até conseguir ser bom o bastante para ela e para si mesmo. "Ele terá que lutar de verdade por essa mulher. Até conseguir ser bom o bastante para ser visto", disse minha mãe. Ela falou tão sério sobre Jungkook, que mesmo não sendo totalmente descrente, eu ousei, por alguns minutos, acreditar em suas palavras.
— Foi engraçado. Sua mãe acreditou justamente no namoro de uma semana. Eu tenho pena dela por ser sua mãe. — Taehyung gargalhou, lembrando-me das peças dos primeiros anos da faculdade. Era tão bom.
Não podia dizer que namorei muitas mulheres na minha vida, mas podia falar sobre uma com muita convicção. Começando por Kate, a minha primeira namorada.
Meu primeiro namoro da vida foi com Katherinne Kim, no último ano do ensino médio. Ela era filha de um empresário amigo do meu pai, e eu o odiava, porque eu sempre era obrigado a passar as tardes com sua filha quando havia reuniões. Kate era insuportável. E foi assim que começou.
Kate foi o meu primeiro amor, primeiro beijo e primeiro tudo. Eu nunca seria capaz de esquecê-la e tudo que fez por nós. Conclusão: o pai dela entrou em falência por causa do meu pai e, no final de dois mil e quinze, ela se foi para os EUA. Até hoje eu sinto muito por ela.
Após a previsão louca da minha mãe, eu entrei na faculdade, e cheio do espírito bagunceiro, decidi trollar a ela, usando uma ficante como namorada fake, Jeong-yeon era o nome dela. Deu certo? Claro que não deu. Solin nem chegou a acreditar minimamente. Para minha mãe, a mulher da minha vida era bem específica e dizia o tempo todo que eu saberia quem ela era na hora que a visse, mas vivia analisando cada uma ao meu lado para ver se adivinhava.
Alguns meses depois, decidimos voltar a brincar com a mamãe, e foi aí que chegou a Ellen. Uma ficante de uma semana que eu tive quando fui a Daegu com Yoongi. A garota fumava tanta maconha que não estranharia se seu perfume tivesse canábis na composição. O engraçado era que ela havia sido justamente a mulher que minha mãe mais gostou. Dona Solin ficou tão convencida que tive que contar que era uma brincadeira, se não eu iria acabar em um casamento.
— Sim. Minha mãe só gostou dela porque Ellen curtia ervas e pedras — disse, rindo.
— Ela era esquisita.
— Ela era fofa, Tae. Mas infelizmente, fiquei sabendo que está casada com um traficante. — Eu ri porque parecia ironia.
Tae fez uma careta.
— De CEO para traficante. Que reviravolta triste. — Tae riu e olhou o celular, desmanchando o sorriso.
Revirei os olhos, sentindo que viria algo ruim.
— O que foi agora?
— A notícia ruim ou a boa? — Ele moveu seus olhos em minha direção. Sibilei um tanto faz e ele continuou: — A boa é que os caras vêm para cá, curtir uma cervejinha e um vídeo-game. E a ruim é que amanhã querem a gente na reunião auxiliar. Seu pai vai estar lá.
Meu coração palpitou forte no peito e o ar pareceu se comprimir rapidamente.
A cada tempo que passava, eu sentia que meu pai estava mais e mais invadindo meu espaço. Bom, sendo mais exato, sentia como se o único objetivo de sua vida fosse me tirar do sério. Invadindo minha vida como se fosse radioativo, e tomando conta de cada área até me sufocar.
Acho que a única coisa legal que ele fez por mim foi ter deixado a minha mãe em paz e ter me deixado escolher os cursos que faria na faculdade.
Na visão dele, eu era seu fantoche perfeito e fazia questão de mostrar isso em público, usando-me muitas vezes como reflexos de seus atos heróicos por fazer o mínimo como pai. Por mais que me odiasse, Jihoon nunca, em hipótese nenhuma, me deixaria herdar a sua empresa sendo um desqualificado.
Com certeza, eu teria feito uma das piores burradas da minha vida se não tivesse tido o direito de escolher minha profissão. Sorte dele, eu ter escolhido algo que o beneficiaria.
— Que horas vai rolar a cervejinha? — indaguei, tentando afastar a sensação ansiosa de algo muito fodido estar prestes a acontecer.
O que ele faria dessa vez? Jogaria a cadeira na minha cara?
Seja lá o que estava prestes a acontecer, eu precisava arrumar meus pensamentos, antes de ser posto à prova novamente.
❉
— E aí, cara! — Kai deu um aperto forte em minha mão, abraçando-me calorosamente. Ele era de fato um amigo caloroso. — Tá forte, Jimin, andou tomando bomba?
Sorri amarelo, às vezes os amigos de Taehyung faziam umas piadas que, céus, eram terríveis. Eu nem estava tão musculoso assim, ele só tentou me agradar porque estava na minha casa.
— A casa é de vocês! — Taehyung falou atrás de mim, o que me deu vontade de olhar para a cara dele e fazê-lo repensar o que disse.
Eu amava meu amigo, mas era a minha casa.
Hoseok e Taehyung eram os únicos do meu círculo de amizade que estavam ali. Eu sabia onde Jungkook estava — na casa de sua nova ficante —, os outros, até onde Hoseok havia me dito, estavam terminando o TCC da pós-graduação. Menos mal.
Sentei-me na ilha da cozinha, bebendo mais um gole de refrigerante enquanto eles começavam a festinha, enchendo o rabo de álcool.
Eu bebia consideravelmente, na maioria das vezes, acontecia em eventos sociais, quando era forçado a interagir com umas pessoas meio nada haver. Nessas horas, eu realmente bebia. Mas nada a ponto de ficar bêbado. Acho que foi um tipo de trauma depois da minha infância/adolescência.
Hoseok estava jogando com os outros amigos de Taehyung. Tae era mais amigável que eu, digo, ele não era tão social quanto eu, mas com certeza tinha mais amigos por conta de sua personalidade divertida e cômica, ao contrário da minha, que Jin julgava ser sarcástica e forte, uma boa coisa na verdade, por mais que isso não tenha me dado ótimas experiências.
Eu só tinha oito amigos de verdade, tirando a minha irmã. Eu me orgulhava disso com muito carinho. Ter muitos amigos nunca foi algo que eu desejei, — apenas ter o necessário e importante, valia a pena de verdade.
Quando me dei conta, eles estavam em um assunto que sempre ocorria: mulheres. E mais uma vez, como sempre, eles estavam me puxando para o assunto como se minha vida fosse a mais interessante do mundo.
Eu estava tão quieto durante a conversa, que mais parecia estar bisbilhotando do que sendo o assunto dela. Eu odiava entrar nesses tipos de conversas íntimas. Ainda mais com estranhos.
Dei mais um gole no refrigerante, então Kai abriu a boca novamente, como esperado, para perguntar sobre a minha vida.
— Jimin, eu e os caras queríamos saber... — pigarreou ele quando o encarei. Diziam as más línguas que Kai Roberts tinha medo de mim porque sua namorada perfeita vivia no meu pé. Não tinha como saber se a parte do medo era de fato verdade, mas sobre sua namorada... era verídico. — Bom, está rolando um boato de que está saindo com a garota do primeiro ano. Parece que alguém os viu saindo de um restaurante, na sexta-feira.
Isso era estranhamente específico, tanto que assustei-me ao saber que tinha gente na minha cola mesmo longe daquela maldita universidade.
Revirei os olhos, movendo o olhar para Tae e Hoseok, que deram de ombros.
— Tá, mas o que você quer saber? — perguntei, com eles encarando-me atônitos, em silêncio total.
Entendi que eles estavam querendo futricar a minha vida, mas eles poderiam tentar disfarçar, não?
Kai engoliu em seco, mas seus amigos haviam deixado para ele a missão de me expor. Seu olhar falhou sobre o meu, como se estivesse de frente para algum tipo de assombração.
Uma assombração bem bonita e sexy.
— Queria saber se é verdade. Sobre a garota.
Não consegui conter a risada.
— Não vai importar muito se eu disser a verdade, e vocês acreditarem nos boatos. — Dei mais um gole no refrigerante. — Isso não pareceu um sim e nem um não. Justamente o que eu queria.
— Mas e quanto a Jungkook? — outro cara perguntou. Esse era Jabie, filho de um amigo do meu pai. Para mim, ele não fazia a mínima diferença quando estava de boca fechada, mas quando ele abria a matraca, saía mais merda do que um valão. — Ele não estava saindo com ela? É Júlia o nome dela, não é? Ou... ela tá saindo com os dois?
Ele indagou, rindo com os outros.
O Jabie boca de valão havia atacado novamente e forcei-me, jurando aos céus que eu não socaria uma almofada em sua goela.
— Vocês não fazem isso? — perguntei, sem me esforçar em não parecer grosso. — Não entendo por que isso parece um absurdo. Até onde eu sei, ela é solteira.
A sala tornou-se silenciosa, e até mesmo Taehyung estava em um silêncio mortal, parecendo disperso. Hoseok, diferente de todos, estava com um sorriso no rosto, se divertindo às minhas custas.
Os outros olharam-me engolindo em seco. De fato, Lúcifer me caía bem como apelido. Suas caras estavam tão aflitas que só faltavam fazer reverência e se desculparem formalmente por eu ter dito a mais pura verdade na lata. O que não seria má ideia, já que ofendem uma mulher pelas costas.
Eu acabava com o clima dos amigos do Taehyung, por isso esse tipo de encontro acontecia uma vez no mês — e geralmente eu não estava entre eles. Sem querer me gabar, eu era o melhor quebrador de climas, mas, de alguma forma, nada no mundo inteiro, me fazia ir com a cara deles — o único que salvava fora meu amigo, era Kai.
— Que isso, Jimin? — Jabie sorriu. — Então quer dizer que ela está mesmo saindo com os dois?
Mexi no meu colar prateado, tentando achar uma maneira de dissipar a vontade que estava tendo de mandar aquele imbecil para fora da minha casa.
— Não. Ela é nossa amiga. Que eu saiba, amigos saem uns com os outros, não é? — Taehyung finalmente se meteu, fitando-me com um olhar de repreensão. Eu teria que quebrar uma das cláusulas do contrato com Júlia se tivesse que dizer que não estava rolando nada entre nós.
— Verdade — reforçou Hoseok, pondo o controle do vídeo-game de lado. — A Jay é a nossa garota. Nenhum de nós ficaria com ela. Vocês são hilários! — riu o de mechas loiras.
Eu já não podia concordar com a parte de "Nenhum de nós ficaríamos com ela".
"Nossa amiga", isso era tão estranho, eu não a considerava uma amiga, mas também não diria que era inimiga. Tirando o fato de ela ser uma teimosa, chata, intrometida e um tanto insegura. Não era motivo o suficiente para odiá-la a ponto de ser minha inimiga.
Anti-amiga seria o jeito certo de chamá-la. Colega também cairia bem, se chegássemos a três segundos de conversa sem rolar uma discussão.
— Ah! Foi mal então — desculpou-se Jabie. — Achamos que estava rolando algo. As pessoas falam muita coisa e acaba deixando nossas mentes confusas...
Aposto que estariam com a mente menos confusa se cuidassem de suas vidas.
Não falei mais nada, não me colocaria em mais uma situação constrangedora entre os amigos sem miolos que Tae tinha. Meu deus, eu teria lhe dado uma bronca antes se soubesse que eles eram tão sem noção.
— Ei! Me contem como foi o vôlei semana passada — joguei, e foi assim que todo aquele clima de campo minado se foi. Eu falei, eu era muito bom em quebrar climas. Não sei agora se devo me orgulhar ou me envergonhar disso.
Fora todo o caos que aconteceria na manhã seguinte, aquele dia havia sido ótimo. Teria sido melhor se os outros estivessem também, mas Hoseok e Tae eram suficientes naquele momento. E foram eles a única razão para eu não ter entrado no quarto e ligado a guitarra a todo volume.
NOTA DA AUTORA:
Olá, meus amores? Como estão depois desse capítulo?
Bom, como viram, esse capítulo cita algumas coisas sobre o passado do nosso guitarrista favorito, e cá entre nós, ainda há muita coisa a ser descoberta sobre ele.
Estão curtindo os pontos de vista do Jimin? Se tiverem alguma coisa para dizer sobre o nosso tatuado, vamos comente ai! Vou adoram saber o que estão achando sobre ele até agora — sem contar que isso me ajuda muito a construir melhor meu personagem...
Esse capítulo conteve alguns assuntos que podem gatilhos para algumas pessoas (que citei no início), e sim, eles vão se estender durante toda a história. Mudei a classificação de Bad idea, pois, a classificação antiga (+16) não bate mais com o futuro do enredo que produzi para essa nova versão.
Os avisos de gatilho, caso ocorra algum, serão mencionados no topo do capítulo, de agora em diante.
Vou adiantar de ante mão que, parte do relacionamento que Jimin tem com o pai é inspirado na minha vida pessoal, então, estou estudando o máximo com base nas coisas que vivi e pesquisei, para passar os temas com o máximo de propriedade e responsabilidade possível.
Espero que tenham gostado desse capítulo. Que ele tenha esclarecido alguma duvida ou curiosidade. Não é um spoiler, mas, as coisas estão para esquentar...
Aguardem ansiosamente para o próximo capítulo...
(Votem, e comentem para ajudar a engajar a fanfic, famíliaaa. TÁ QUASE CHEGANDO NO 100K DE VIWS)
AMO VOCÊS INFINITAMENTE INFINITO.
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